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Máscaras africanas: beleza, magia e importância.

18 de abril de 2017

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BNCC

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Durante muito tempo, as máscaras africanas foram vistas pelos colonizadores europeus como peças exóticas, exibidas como curiosidades nos museus ou nas residências de viajantes ricos. Para os povos africanos, contudo elas têm um significado espiritual e religioso e, desde tempos remotos, são usadas em celebrações, nascimentos, rituais de iniciação, colheita, funerais, casamentos, preparação da guerra, para curar doentes e outras situações.

O uso de máscaras é uma característica dos povos da África Subsaariana (ao sul do deserto do Saara). Um povo pode ter dezenas de máscaras diferentes e, entre os numerosos povos do continente,  elas variam em estilo, tamanho, material utilizado, usos e significados. A máscara africana é, dessa forma, importante elemento de identidade cultural de cada etnia atestando a riqueza e a complexidade do patrimônio cultural africano.

**Este artigo remete para atividades no site STUD HISTÓRIA. Veja no final.**

Países africanos onde as máscaras africanas são mais usadas.

Significado e objetivo das máscaras africanas

Quando uma pessoa usa a máscara africana ela assume a entidade que a máscara representa, transformando-se no espírito evocado pela própria máscara que passa a residir dentro do corpo da pessoa.

A máscara africana procura captar a essência do espírito, e não os seus traços físicos reais; por isso, ela faz uso de distorções e abstrações. As máscaras africanas do povo Bwa, de Burkina Faso, por exemplo, representam espíritos invisíveis da floresta e por isso, têm formas abstratas, puramente geométricas. Já as máscaras africanas do povo Fang, do Gabão, Guiné e República dos Camarões, tem a forma do rosto bastante afunilada e reduzida a poucos elementos: os olhos são pontos, a boca é pequeno círculo, sobrancelhas e nariz unidos.

Muitas culturas africanas imprimem em suas máscaras elementos morais. As máscaras africanas dos Senefu, povo da Costa do Marfim, por exemplo, têm os olhos meio fechados, simbolizando uma atitude pacífica, autocontrole e paciência. Já as máscaras africanas dos Grebo, também da Costa do Marfim, têm olhos redondos representando estado de alerta e raiva, e o nariz reto que significa determinação e decisão. Em Serra Leoa, boca e olhos pequenos representam humildade, e uma testa grande e saliente representa sabedoria. No Gabão, queixo e boca grandes representam autoridade e força.

Da esquerda para a direita: máscara Fang, do Gabão, Guiné e República dos Camarões; máscara Bwa, de Burkina Faso; máscara Senufo, da Costa do Marfim , Mali e Burkina Faso.

 

Dançarinos do povo Bwa, de Burkina Faso

Máscaras africanas de animais

Os animais são comumente representados nas máscaras africanas. Uma máscara africana de animal pode representar, de fato, o espírito de um determinado animal e servir de meio para transmitir-lhe uma mensagem ou um pedido (por exemplo, para que fique longe da aldeia ou não devore a plantação).

Em outros casos, um animal pode servir de símbolo de virtudes específicas. Assim, por exemplo, o búfalo representa força física para a cultura Baoulé, da Costa do Marfim. Antílopes são associados a colheitas abundantes de milho para os Dogon e os Bambara, do Mali.

Há, ainda, as máscaras africanas que misturam traços de animais distintos, às vezes junto com traços humanos. Neste caso, elas representam virtudes excepcionais que distinguem um espírito, um grupo ou um indivíduo de status elevado.  As máscaras africanas kifwebe dos Songye, da República Popular do Congo, misturam listras de zebra, dentes de crocodilo, olhos de camaleão, boca de porco selvagem, crista de galo, penas de coruja e muito mais.

Da esquerda para a direita: máscara Songye, camaleão, da República Democrática do Congo; Gurunsi, búfalo, do Mali; Dogon, antílope, de Burkina Faso.

Beleza feminina

Outro tema comum das máscaras africanas é o rosto feminino. As máscaras africanas femininas dos Punu, do Gabão, por exemplo, têm olhos amendoados, sobrancelhas finas e arqueadas, nariz e queixo finos, maçãs do rosto salientes e trazem a pele embranquecida com caolin.  Já as máscaras africanas femininas do povo Baga, de Guiné-Bissau, tem escariações no rosto, nariz grande e seios caídos.

Uma das representações mais conhecidas da beleza feminina é a Idia, máscara africana de Benin, feita de latão. Acredita-se ter sido encomendada pelo obá Esigie (c.1516-c.1550) em memória de sua mãe. Para honrar sua mãe, uma rainha-guerreira grande estrategista militar e conselheira política, o rei usava a máscara em seu quadril durante cerimônias especiais.

Da esquerda para a direita: máscara Punu, do Gabão; máscara D’mba ou Nimba, arte Baga, de Guiné Bissau, vestida durante as cerimônia agrícolas, representação da mãe da fertilidade e protetora das mulheres grávidas.

Máscaras africanas de antepassados

A veneração dos antepassados é um elemento fundamental da maioria das culturas africanas tradicionais e, por isso, também eles são temas para máscaras. Um exemplo bem conhecido é a máscara africana Pwo Mwana (literalmente “mulher jovem”) do povo Chokwe, de Angola e República Democrática do Congo, que mistura elementos referentes à beleza feminina (face oval bem proporcionada, nariz e queixo pequeno) e outros referentes à morte (olhos afundados e fechados, pele rachada e lágrimas simbolizando a dor da morte). Representam um ancestral feminino que morreu jovem e é venerada em rituais associados à fertilidade. Os dançarinos Pwo Mwana  dançam de forma elegante e graciosa e usam trajes e adereços femininos.

Há também máscaras ancestrais relacionadas a pessoas notáveis, históricas ou míticas. O povo Kuba, da República Democrática do Congo, reverencia seu lendário fundador Woot com a máscara  africana mwaash ambooy, e a sua linda esposa Mweel com a máscara africana ngady anwaash. As máscaras africanas trazem um padrão de triângulos brancos e pretos pintados no rosto e são ricamente decoradas com búzios e miçangas coloridas. A feminina tem linhas diagonais nas bochechas representando lágrimas.

Máscara 1 e 2: Pwo Mwana (“mulher jovem”) do povo Chokwe, de Angola e República Democrática do Congo. Máscara 3 e 4: do povo Kuba, República Democrática do Congo.

Estilos e materiais de confecção das máscaras africanas

O artesão que cria a máscara africana tem um estatuto especial na sua comunidade. Em geral, essa arte é passada de pai para filho, juntamente com o conhecimento dos significados simbólicos transmitidos por essas máscaras.

Antes de começar a entalhar, o artesão realiza uma série de rituais na floresta, onde normalmente desenvolve o trabalho, longe da aldeia e usando ele próprio uma máscara africana no rosto. A máscara era criada com total liberdade, de forma intuitiva, dispensando rascunho. A madeira era modelada usando uma faca afiada. As peças iam do mais puro figurativismo até a abstração completa.

Em geral, o material mais utilizado é a madeira e o couro mas existem também, máscaras africanas de tecido, marfim, cerâmica, cobre e bronze. Algumas têm cabelos de fibras naturais outras tem chifres ou cristas. Há máscaras africanas pintadas, outras são decoradas com miçangas, penas, dentes, sementes ou búzios.

As máscaras africanas podem ser usadas de quatro maneiras diferentes: cobrindo verticalmente o rosto, como capacetes envolvendo toda a cabeça, como crista ou chapéu no alto da cabeça (que era comumente coberta por material como parte do disfarce) ou penduradas no peito ou quadril.

Máscara Baluba, madeira, da República Democrática do Congo (à esquerda); máscara Edo, marfim, Nigéria (à direita).

Formas de uso

A máscara africana nunca é usada sozinha. O traje é componente importante para esconder a identidade humana do mascarado. A música e a dança são fundamentais para criar o ambiente propício que capta a essência do espírito.

O dançarino mascarado é alguém escolhido ou iniciado nos oficios religiosos.  Durante a cerimônia de máscara, o dançarino entra em transe profundo, e durante este estado ele “se comunica” com os espíritos e antepassados que transmitem mensagens. Muitas vezes, as mensagens são confusas ou incompreensíveis e precisam ser decifradas por um homem que acompanha o dançarino mascarado durante o ritual. As cerimônias de máscaras africanas são sempre acompanhados de dança e música tocada com instrumentos musicais tradicionais.

A participação do público completa a cerimônia. Batendo palmas, marcando o ritmo com os pés, cantando e, algumas vezes, dançando junto com o mascarado, o público contribui para a intensidade do ritual. Essa forte relação entre humanos e espíritos é a grande marca da cultura tradicional dos povos da África Subsaariana.

Cerimônia de máscaras dos Dogon, no Mali

Festival de Máscaras de Dédougou, realizado em Burkina Faso.

Máscaras africanas para trabalhar em sala de aula

Baixe atividades sobre esse tema no site STUD HISTÓRIA. Clique no botão abaixo e faça um pedido na loja. Material gratuito.

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Eduino de Mattos
Eduino de Mattos
7 anos atrás

Joelza, OBRIGADO, estive (trabalhando/fotógrafo) na Nigèria (muito rápido) TODOS OS NIGERIANOS SÃO ARTESÕES, OBS; com um pedaço de da madeira, uma raiz de árvore,…E com um “pedaço de faca”,…SURGE UMA OBRA DE ARTE !

Vitor
Vitor
6 anos atrás

Qual é a importância da máscara

Sergio Luiz
Sergio Luiz
6 anos atrás

ganhei vários objetos africanos entre eles varias mascaras, todos em madeiras. algum especialista nesse assunto ???
os objetos são lindos porem quero sabe se são apenas artes ou tem algum significado religioso

MORGANA ENEILE T ALMEIDA
MORGANA ENEILE T ALMEIDA
6 anos atrás

Cara Joelza, riquíssimo material.
Obrigada por disponibilizar e possibilitar a outras/os educadoras/es este conhecimento e fonte do seu trabalho. Seu blog já foi adicionado aos favoritos!

Andrei
Andrei
6 anos atrás

A pesquisa de localização geográfica e disponibilização de moldes e fotos reais foi excepcional. Utilizamos os moldes na Mostra de Africanidades, evento da escola EMEF Oziel Alves Pereira, na periferia de Campinas-SP. Trata-se de uma série de oficinas e exposições de valorização da história e da cultura africana. Obrigado, abraços desde aqui e sigamos construindo coletivamente.

Niva
Niva
6 anos atrás

Obrigada por divulgar o trabalho. Excelente. Estou estudando com meus alunos do 9º ano.
Sou professora de Língua Portuguesa e mostrei um pouco dessa belíssima cultura à garotada.

Adriana
6 anos atrás

Parabéns!! Adorei conhecer um pouco mais sobre as máscaras africanas!
Obrigada!

PedroSantos
PedroSantos
6 anos atrás

Você poderia me falar um pouco sobre a máscara Edo, dá Nigéria!?

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[…] Máscaras africanas: beleza, magia e importância (para recortar, colorir e usar). O tema permite um trabalho interdisciplinar de História e Arte. O […]

MariaHeloisa Bento Da Silva
MariaHeloisa Bento Da Silva
7 dias atrás



MariaHeloisa Bento Da Silva
MariaHeloisa Bento Da Silva
7 dias atrás

Eu fasso muito isso gente
porque acho interressante
Eu meu irmão é minha irmã
Beijo a todosusos e significados

Obrigado por compartilhar. Lembre-se de citar a fonte: https://ensinarhistoria.com.br/mascaras-africanas-recortar-colorir/ – Blog: Ensinar História – Joelza Ester Domingues

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