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Índios Apiaká, de Hercules Florence: um olhar sobre a cultura indígena

9 de março de 2016

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O francês Hercules Florence, desenhista da Expedição Langsdorff,  conheceu, em 1828, as aldeias Apiaká nos rios Arinos e Juruena (no atual Mato Grosso). Esse encontro resultou em importantes registros textuais e artísticos daquele povo indígena – uma preciosa fonte para os estudos antropológicos e etnográficos.

Este artigo remete para atividades no site STUD HISTÓRIA.

  • BNCC: 7 e 8 anos. Habilidades: EF07HI12, EF08HI12, EF08HI14, EF08HI21

A expedição Langsdorff

Por volta de 1821, o barão russo Georg Heinrich von Langsdorff, médico, naturalista e explorador, foi nomeado embaixador da Rússia no Rio de Janeiro. Com apoio do governo russo e brasileiro, organizou expedições pelo interior do país com a finalidade de coletar espécimes da flora e da fauna, além de registrar costumes das populações que encontraram. Convidou um botânico, zoólogo, astrônomo e três grandes pintores para acompanhá-lo: Florence, Rugendas e Taunay (este último substituiu Rugendas que deixou a missão).

A expedição começou em Minas Gerais. Em uma segunda etapa, em 1825, partiu de São Paulo seguindo em direção ao Mato Grosso, chegando em Cuiabá em 1827. Daí continuou até Belém, no Pará onde, em 1829 a expedição foi encerrada depois de percorrer cerca de 16 mil quilômetros. Foi a maior expedição científica, cultural e botânica que se tem notícia. Seus relatórios mostram como viviam índios, caboclos e negros no interior do Brasil.

Durante todo trajeto, a equipe enfrentou inúmeras adversidades e contraiu doenças, especialmente, malária. O pintor Taunay morreu afogado no rio Guaporé. Langsdorff adoeceu e perdeu a memória. Planejava viver no Brasil até o final de seus dias, mas em abril de 1839 retornou à Alemanha, onde faleceu em 1852.

Palmeiras buritis, desenhadas em Quilombo, Mato Grosso, Adrien-Aimée Taunay, 1827.

Palmeiras buritis, desenhadas em Quilombo, Mato Grosso, Adrien-Aimée Taunay, 1827.

Os registros de Hercules Florence

Hercules Florence tinha vinte anos de idade quando chegou no Rio de Janeiro, em 1824, e foi trabalhar como caixeiro numa loja de roupas. Ao saber que se organizava uma expedição científica para percorrer o interior do país, ofereceu-se como desenhista. Conseguiu ser admitido no cargo pelo seu talento artístico e pelos seus conhecimentos de cartografia.

As gravuras de Florence primam pelo rigor científico. Seus registros dos costumes indígenas constituem o único documento sobre tribos indígenas extintas ou descaracterizadas pela colonização.

Além de colaborar com desenhos detalhados da flora, fauna e tipos humanos, Florence também fez mapas, registrou narrativas brasileiras e criou uma forma de registrar o som emitido pelos animais e pássaros.

Florence foi, também, pioneiro no trabalho com nitrato de prata que levaria, ainda em 1833, à invenção da fotografia. Em 1836, fundou o jornal “O Paulista”, em Campinas, onde residia, o primeiro jornal do interior da província de São Paulo.

 VídeoExpedição Langsdorff”, TV Cultura Digital

Os índios Apiaká

Na manhã de 11 de abril de 1828, em Mato Grosso, os expedicionários desembarcaram na margem esquerda do rio Arinos. Ali estava a maloca dos Apiaká que os receberam alegremente. Segundo Florence, os Apiká “eram de índole pacífica, muito dóceis de estatura regular e bem feitos de talhe. Alegres e receptivos, tinham a fisionomia menos selvagem e algumas jovens se assemelhavam às mulheres do sul da Europa. Sua pele não era tão acobreada, pois viviam sob densas florestas e em moradia espaçosa”.

Os índios viviam nus e alguns tinham o corpo avermelhado pelo urucum. Índios e índias pintavam o rosto, uma faixa feita de jenipapo que cobria a face e a boca – marca distintiva do grupo. A pintura era deixada até que se apagasse naturalmente, o que levava vinte a trinta dias.

Os índios cobriam o órgão genital com folhas de pacova e marcavam o rosto e o corpo com desenhos em que predominavam linhas paralelas, quadrados e ângulos retos. Alguns tinham pernas e braços inteiramente pintados de jenipapo. As índias também pintavam o corpo, do quadril para baixo, com linhas retas e pontos.

“Maloca dos Apiakás no rio Arinos”, aquarela, 51 cm x 40,8 cm, 1828.

O modo de vida dos índios Apiakás

A habitação era formada por uma única grande choça, coberta de sapé, em que todos os índios moravam. Segundo Florence, na maloca dos índios Apiaká moravam cerca de 80 pessoas. No interior, havia um grande número de redes de dormir, suspensas umas sobre as outras.

Florence impressionou-se com a vida harmoniosa dos índios Apiaká. De acordo com ele, os Apiaká desconheciam a ideia de propriedade e tinham um forte sentimento de igualdade. As plantações, colheitas, produtos de caça e pesca, as pirogas, esteiras e utensílios, em geral pertenciam a todos. Apenas objetos pessoais como o arco, as flechas e os ornamentos eram considerados como propriedade particular.

Alimentavam-se dos peixes apanhados nas armadilhas que fixavam no leito do rio. Com as pirogas carregadas de peixe, voltavam à maloca e os entregavam para as índias prepararem o alimento. Os peixes eram assados, secos e depois socados para virar farinha que era guardada entre os mantimentos.

As índias preparavam, também o camuí, bebida feita de milho. Duas mulheres, utilizando varas retas de quatro metros de altura, socavam, no pilão, o milho que depois era cozido em panela de cerâmica.

Os índios Apiaká eram hábeis na cestaria. Os cestos, as joeiras e as peneiras eram trançados e arredondados com perfeição. Fabricavam, também, cerâmica e suas vasilhas se caracterizavam pela fina espessura. Sabiam tecer panos de algodão que empregavam em redes, braçadeiras e faixas sem, contudo, usá-los como vestuário.

Em uma das aldeias indígenas, Florence comenta ter visto araras que eram criadas e domesticadas pelos índios. Viviam soltas, voando para as árvores nas proximidades, mas retornando à aldeia. A criação de araras tinha como finalidade o abastecimento de penas e carne.

Índia Apiaká em Diamantino de Mato Grosso, Hercules Florence

Índia Apiaká trabalhando em Diamantino de Mato Grosso, Hercules Florence, fevereiro de 1828.

Os índios Apiaká depois de Florence

O território tradicional dos índios Apiaká compreende os cursos médio e baixo dos rios Arinos e Juruena, incluindo seus principais afluentes, nos estados de Mato Grosso e Amazonas, estendendo-se ao curso baixo do rio Teles Pires, no Pará. Os rios Juruena e Teles Pires são os principais formadores do rio Tapajós e banham uma região de floresta amazônica ainda preservada. Essa área é chamada de Pontal do Mato Grosso ou Pontal dos Apiaká.

Não se sabe ao certo quantos índios compunham a população Apiaká no início do século XIX, quando foram visitados pela expedição Langsdorff. Mas os índios sofreram com a expansão das frentes extrativistas, especialmente da borracha, e foram forçados a se deslocarem.

A toponímia do norte mato-grossense, oficializada no início do século XX, consagra a ocupação tradicional do povo Apiaká, batizando com seu nome uma serra, dois rios e um município.

Em meados do século XX, os índios Apiaká foram considerados extintos por dois importantes etnólogos, Darcy Ribeiro e Curt Nimuendaju. No entanto, apesar dos massacres, das epidemias, da catequização e do abandono governamental, os índios Apiaká resistiram como coletividade.

Em 2009, existiam cerca de 200 índios Apiaká vivendo em aldeias na Terra Indígena Munduruku (Missão Cururu, Posto Teles Pires e Sapezal), na Terra Indígena Apiaká-Kaiabi (Tatuí) e em cidades e vilas no norte do Mato Grosso (principalmente Porto dos Gaúchos e Juara), no Pará (Jacareacanga, Pimental, Itaituba, Santarém e Belém) e no Amazonas (Barra de São Manoel e Apuí).

Os índios Apiaká reivindicam a regularização de parcela do Pontal do Mato Grosso, seu território tradicional e de onde foram expulsos, na qual afirmam existir um grupo de parentes isolados em uma região de mata fechada.

Garoto Apiaká, rio dos Peixes, Terra Indígena Apiaká-Kaiabi, Juara, Mato Grosso. (Foto Giovana Acacia Tempesta, 2007)

Baixe atividades sobre esse tema no site STUD HISTÓRIA.

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Acessar

Fonte

  • Os Diários de Langsdorff, volumes 1, 2 e 3. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1997.
  • FLORENCE, Hércules. Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas 1825 a 1829. Brasília: Senado Federal, 2007.
  • MANIZER, G.G. A Expedição do acadêmico G. I. Langsdorff ao Brasil. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1997.
  • FLORENCE NETO. Aldeia dos apiacás, abril de 1828. Blog Hercule Florence.
  • FLORI, Miguel. Langsdorff um viajante compulsivo. Folha do Meio Ambiente.
  • FLORI, Miguel. A descida do rio Juruena. Folha do Meio Ambiente.
  • LUCIANO, Gersem dos Santos. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. In: MEC. Coleção Educação para todos. MEC, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.
  • OLIVEIRA, João Pacheco de & FREIRE, Carlos Augusto da Rocha. A presença indígena na formação do Brasil. In: MEC (op.cit.).
  • SILVA, Aracy Lopes & GRUPIONI, Luís Donisete Benzi (orgs.). A temática indígena na escola. Novos subsídios para professores de 1º e 2º Graus. São Paulo: Global; Brasília: MEC: MARI: UNESCO, 2004.

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Rodrigo Silva
Rodrigo Silva
8 anos atrás

Fantástico. Excelente texto. Uma sugestão: um texto sobre o processo histórico que culminou com o dia Internacional da mulher.

Joelza Ester
Joelza Ester
8 anos atrás
Reply to  Rodrigo Silva

Obrigada Rodrigo! Já tratamos sobre o Dia Internacional da Mulher. Veja:
https://ensinarhistoria.com.br/dia-da-mulher-mito-e-verdade/

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