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O teatro grego: arte e fascínio. (Máscaras para recortar e colorir.)

21 de abril de 2017

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O teatro como nós o conhecemos hoje nasceu na Grécia Antiga no século VI a.C. Ele surgiu como uma manifestação religiosa durante as celebrações realizadas em honra ao deus Dionísio.

Muito antes dos gregos, contudo, outros povos fizeram representações de cunho religioso ou ritualístico empregando gestos, mímicas, danças e canções. Foi o caso, por exemplo, do Egito, Índia, China, Creta e da própria Grécia. Vestir uma máscara para representar ou incorporar uma divindade era comum em diversas culturas. No Neolítico, as cerimônias deixaram o interior das cavernas para serem feitas à luz do sol em honra da Mãe Terra.

  • BNCC: 6º ano. Habilidades: EF06HI09, EF06HI10

No Egito, há evidências de apresentações com danças e canções durante as celebrações dos Mistérios de Osíris, realizadas em Abidos, no período entre 3000 a.C. e 1000 a.C. Os sacerdotes organizavam a peça e atuavam nela.

Essas representações tiveram como ponto de partida a religião e jamais conseguiram libertar-se dela. O teatro grego, porém, foi muito além tornando-se uma expressão artística voltada para os problemas do homem. Nisso reside sua singularidade e universalidade.

Este artigo remete para atividades no site Stud História. Veja no final.

CONTEÚDO

Dionísio, deus dos excessos e da transformação interior

O teatro nasce das festas para celebrar Dionísio, o deus do vinho, quem descobriu como transformar a uva na bebida. Dionísio estava associado às festas, às bebedeiras, à loucura, a tudo que é caótico, perigoso e inesperado. Daí Dionísio ser, também, o protetor daqueles que não pertenciam à sociedade convencional, os que escapavam às convenções e tradições.

Dionísio

Dionísio em vaso ático, século V a.C.

Durante sua festa, as Dionisíacas, realizadas por ocasião da vindima (a festa do vinho novo), os participantes se embriagavam, cantavam e dançavam freneticamente, à luz dos archotes e ao som dos címbalos, até caírem desfalecidos.

Para os antigos gregos, as Dionisíacas era um rito transformador. A embriagues e a dança vertiginosa serviam para os participantes ultrapassarem a moderação, saírem de si mesmo, entrarem em êxtase e, com isso, transformarem-se internamente. A embriaguez era considerada uma forma de incorporar a divindade. A loucura que cegava a razão e levava o indivíduo ao contato com o deus, a entrar em êxtase e entusiasmo, no sentido literal da palavra, isto é, “ter deus dentro de si”.

“O elemento básico da religião dionisíaca é a transformação. O homem arrebatado pelo deus, transportado para seu reino por meio do êxtase, é diferente do que era no mundo cotidiano. Mas a transformação é também aquilo de onde, e somente daí, pode surgir a arte dramática (…)” (Albin Lesky, citado por BRANDÃO, 1992).

Surge a tragédia e, com ela, o teatro

Conta-se que, em uma dessas celebrações, no século VI a.C., um indivíduo chamado Tespis ao invés de dizer “Oh Dionísio, deus do vinho”, ele disse: “Eu, Dionísio, sou o deus do vinho”. Com essas palavras, ele passou a representar o deus, isto é, tornou-se um ator, separando-se do coro. Estava criado o teatro. Teria sido Tespis, também que, mais tarde, introduziu o costume dos atores usarem máscaras.

O teatro nasceu como tragédia, o primeiro gênero teatral. A palavra em grego – tragikoï (em latim tragoedia) -, significa “canto do bode” em alusão aos seguidores de Dionísio que se disfarçavam de sátiros, “homens-bodes”. É possível que um bode, animal sagrado de Dionísio, fosse sacrificado na celebração ao deus.

A tragédia tem por tema central a mitologia. É a representação de realidades dolorosas onde o personagem é submetido a agonias, desgraças, situações difíceis e insuportáveis. Os protagonistas são pessoas ilustres (reis, heróis, chefes guerreiros) ou heróis mitológicos que estão submetidos aos desejos dos deuses e ao destino inevitável.  O final da trama é trágico: a destruição do protagonista quando ele morre, suicida-se ou enlouquece.

Representação contemporânea de uma peça teatral grega. Na foto, coreutas (participantes do coro) fazem sua intervenção no drama.

A linguagem da tragédia é solene, carregada de expressões que suscitam emoções como compaixão, medo, piedade, angústia, terror. A finalidade da tragédia, contudo, não é torturar o público, mas encantar fazendo-o sentir, em si mesmo, o drama do herói. Ao final do espetáculo, as pessoas se sentiam aliviadas e purificadas. Era o que o gregos chamavam de catarse, isto é, a descarga emocional provocada pelo drama trágico.

A tragédia compõe-se de três atores e do coro, um grupo de 12 a 15 pessoas cuja função é expressar ou interpretar os sentimentos, servir de confidente, conselheiro, juiz e testemunha dos personagens e, portanto, participando ativamente da ação.

O século V a.C. foi o apogeu do teatro grego quando os dramaturgos Ésquilo, Sófocles e Eurípides tornaram a tragédia, uma arte.

A comédia

Apesar da comédia ser contemporânea da tragédia, ela só apareceu oficialmente em 486 a.C. quando foi inserida nos concursos oficiais que premiavam o grupo mais jocoso (BRANDÃO, 1992, p. 77). A comédia antiga era representada, tal como a tragédia, no teatro de Dionísio, durante as dionisíacas. É quase certo, por conseguinte, que a comédia tenha uma origem religiosa.

As peças cômicas tinham três ou quatro atores que arrancavam risadas do público com situações bizarras, obscenidades, críticas a determinados indivíduos conhecidos do público e sátira política. O coro reforçava as cenas com comentários e gestos jocosos.

Procissão da comédia

Uma procissão alegre de músicos e dançarinos, muitos embriagados, – chamada “comos” – percorria as ruas até o templo de Dionísio onde era encenada a comédia. Mosaico de Pompeia.

Nenhum outro país do mundo teve tamanha liberdade de palavra como em Atenas.  O senso humorístico e a plena liberdade de expressão foram característicos da democracia ateniense.

O mais conhecido escritor de comédias foi Aristófanes autor de mais de quarenta peças, das quais somente onze chegaram aos nossos dias. Comédias de outros escritores também desapareceram. Algumas, consideradas menores, foram destruídas pelo imperador romano Adriano; outras queimadas no incêndio que destruiu a Biblioteca de Alexandria ou nas fogueiras acesas pelo pregador Savonarola, na Itália do século XV.

O espaço teatral

A palavra teatro deriva do grego théatron, “lugar de onde se vê”.  Era o nome dado às arquibancadas onde o público assistia à encenação, ao ar livre. O teatro grego antigo era construído na encosta das colinas, o que garantia o efeito acústico e facilitava o escalonamento das arquibancadas em formato semicircular.

À frente da arquibancada ficava a orquestra, um espaço central circular, de terra batida, em cujo centro erguia-se um altar em honra a Dionísio. Ali fica o coro, um grupo de 12 a 15 pessoas que, cantando e dançando, interrompia as cenas para interrogar os personagens, falar como público e comentar o drama.

A encenação propriamente dita acontecia no proscênio, um terraço retangular, com 3 a 4 metros de altura em frente de uma construção que servia como cenário teatral. No interior dessa construção ficavam os camarins para trocar de figurinos e guardar o material utilizado no espetáculo.

Teatro de Mileto.

O teatro grego é um edifício ao ar livre, tendo por teto o céu azul da Grécia. As representações eram feitas durante o dia. Teatro de Mileto.

 O público do teatro

O teatro grego reunia a maioria dos cidadãos e também visitantes e comerciantes de outras cidades.  É provável que as mulheres também assistissem às representações, mas sua presença devia ser minoritária.

Durante a democracia ateniense, no século V a.C., quando o teatro atingiu seu apogeu, ele tornou-se mais do que uma celebração religiosa mas um evento cívico-político. Democracia e teatro estavam tão unidos na Grécia que, quando aquela desapareceu, a arte dramática entrou em decadência.

Os figurinos

Como os atores eram exclusivamente homens, os figurinos e máscaras tinham grande importância na identificação das personagens, especialmente, as femininas. O mesmo ator podia desempenhar vários papéis na mesma peça, por vezes, muito diferentes.

Na tragédia, os figurinos eram suntuosos: túnicas longas até os pés e mantos com  mangas amplas. A riqueza dos bordados era grande: arabescos, ramagens, espirais, estrelas, figuras humanas e animais bordados em ouro, prata e púrpura.  A túnica era presa por um cinto no peito: a finalidade era dar ilusão de maior estatura e aumentar a majestade da personagem. Para isso contribuía, também, o kothornoi (coturno),  um sapato com plataforma de madeira cuja altura variava de 6 a 11 cm conforme a importância do personagem.

A indumentária da comédia era grotesca. Os atores colocavam falsos ventres e nádegas embaixo de uma espécie de maiô colante cor da pele. Era comum o uso de túnicas muito curtas, de um tecido grosso e duro, que deixavam propositalmente aparecer as nádegas e o órgão sexual.

Os componentes do coro também usavam figurinos que identificam sua profissão ou condição social. Em “As Suplicantes”, de Ésquilo, para representar as danaides, o coro veste mantos suntuosos. Em “Ajax”, de Sófocles, veste-se como os marinheiros de Salamina. Na comédia, “As Vespas”, de Aristófanes, o coro traz pequenas asas presas às costas. O coro da comédia usava o mesmo calçado da vida real: uma espécie de sandália presa aos pés por correias entrelaçadas que lhe davam liberdade para dançar e dar cambalhotas.

As máscaras teatrais

As máscaras completavam a caracterização do personagem. Inicialmente elas cobriam somente o rosto. Vieram depois máscaras que cobriam a cabeça de modo a anexar perucas ou, ao contrário, para dar a forma de uma careca. Tinham aberturas para os olhos e boca permitindo o ator se mover e falar livremente. Apesar de muitos afirmarem que a boca da máscara servia para amplificar a voz do ator, experimentos recentes não confirmaram essa possibilidade.

As máscaras tinham cores diferentes que permitiam os telespectadores reconhecerem os personagens: vermelho para os sátiros, branco para as mulheres, etc. Elas facilitavam, também, as mudanças de papel e a rápida identificação dos personagens no palco. As máscaras trágicas procuravam traduzir o patético e a dor: rugas profundas, sobrancelhas contraídas, órbitas saltadas, olhos arregalados, boca escancarada. Elas representavam não um indivíduo, mas um tipo: rei, tirano, rainha, mensageiro etc.

Devido à fragilidade do seu material (madeira, couro, cera etc.), as máscaras originais desapareceram em grande parte. No entanto, podemos ter ideia de sua aparência por meio de pinturas em cerâmica e em mosaicos, além de reproduções feitas de terracota. Em dimensões menores, estas reproduções eram dedicadas como oferendas nos templos, colocadas em sepulturas ou simplesmente usadas como objetos decorativos.

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Acessar

Fonte

  • GRIMAL, Pierre. O teatro antigo. Lisboa: Edições 70, 2002.
  • BRANDÃO, Junito de Souza. Teatro grego: origem e evolução. Ars Poetica, 1992.
  • BRANDÃO, Junito de Souza. Teatro grego: tragédia e comédia. Vozes, 2011.
  • MORETTI, Jean-Charles. Théatre et société dans la Grèce antique.  Paris, Le Livre de Poche, 2001.
  • LEBEAU, Anne e DEMONT, Paul. Introdiction au théatre grec antique. Paris, Le Livre de Poche, 1996.
  • SANTOS, Gláucio Machado. O espaço da cena no teatro egípcio antigo: reflexões sobre práticas de montagem nos primórdios das artes cênicas e sua relação com os espectadores. Revista Teatro & Dança, ano 16, n.20, 2013.
  • TOUCHARD, Pierre-Aimé. Dionísio – Apologia do teatro. O amador de teatro ou a regra do jogo. São Paulo: Cultrix, 1978.

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Cícero Alberto
Cícero Alberto
7 anos atrás

Excelente matéria professora! Aliás, seu trabalho em prol do conhecimento é simplesmente fantástico! Obrigado!

Rodrigo Cozer
Rodrigo Cozer
7 anos atrás

A palavra “embriaguez” está grafada incorretamente no início do texto.
Excelente artigo, parabéns.

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