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Tomada da Bastilha, França: cronologia

14 de julho de 1789

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Em 14 de julho de 1789, ocorreu a célebre Tomada da Bastilha, fato que marca, tradicionalmente, o início da Revolução Francesa cujos efeitos repercutiram em toda Europa e na América. A revolução levou ao fim do absolutismo monárquico e influenciou movimentos de independência nas colônias espanholas e portuguesa na América.

  • BNCC: 8º ano. Habilidade: EF08HI04

O que era a Bastilha e o que significava

A Bastilha era uma fortaleza que ficava junto às muralhas da cidade de Paris. Foi erguida no século XIV, durante a Guerra dos Cem Anos, para servir, inicialmente, como portal de entrada para o bairro de Saint-Antoine. O portal foi ampliado e reformado até se transformar em uma fortaleza para defender o lado leste de Paris.

No século XVII, o cardeal Richelieu, ministro de Luís XIII, tornou a fortaleza uma prisão e, desde então, para lá foram enviados nobres, intelectuais e magistrados que se rebelassem contra a monarquia. Entre seus ilustres prisioneiros consta o misterioso Homem da Máscara de Ferro que morreu na Bastilha em 1703.

Os encarcerados na Bastilha eram considerados prisioneiros do Estado e muitos foram decapitados por crime de traição em seu interior. Isso tornou a Bastilha um símbolo da tirania do absolutismo monárquico.

Aspecto da Bastilha em 1420, segundo reconstituição artística de Theodor Josef Hubert Hoffbauer feita entre 1855 e 1905. A Bastilha tinha 66m de comprimento por 34m de largura e 24m de altura ao nível das torres. Era rodeado por uma vala de 25m de largura por 8m de profundidade alimentada pelas águas do rio Sena.

Cronologia da tomada da Bastilha

A célebre tomada da Bastilha, ocorrida no dia 14 de Julho de 1789, foi precedida que acontecimentos que insuflaram a população parisiense. É importante lembrar que, nessa época, os líderes políticos dirigiam-se diretamente ao povo, nas ruas. Apesar da imprensa ser um eficiente veículo de notícias e de chamados à população, a “mídia” mais rápida era o discurso nas ruas e praças.

Poucos dias antes – A mobilização popular

Os debates da Assembleia dos Estados Gerais vinham acumulando medos e raivas nas diferentes camadas da população francesa. Em Paris, a tensão era ainda maior. O povo parisiense temia que as tropas em torno da capital fossem usadas contra a Assembleia ou mesmo para massacrar a população. Ocorreram vários distúrbios contra soldados e oficiais de baixa patente.

12/07/1789, domingo – Aceso o pavio da revolta em Paris

Durante a manhã, espalha-se a notícia da demissão de Necker, ministro das finanças de Luís XVI.

Ao meio-dia, o advogado e jornalista Camille Desmoulins sobe em uma cadeira no Café de Foy e faz um inflamado discurso diante da multidão dizendo que as tropas reais estavam prestes a desencadear uma repressão sangrenta sobre o povo de Paris. “Esta noite, todos os batalhões sairão (…) para cortar nossas gargantas. Só nos resta um recurso: é correr para as armas”, teria dito Desmoulins.

Ocorrem tumultos e manifestações em diversos pontos da capital. A cavalaria real dispersa a multidão causando feridos, incluindo mulheres e crianças. Há três mortos entre os manifestantes.

13/07, segunda-feira – Tumultos e saques

A inquietação aumenta e ocorrem novos ataques a postos alfandegários acusados de aumentarem os preços dos alimentos. O povo de Paris saqueia qualquer lugar onde haja comida e suprimentos acumulados, incluindo arsenais de armas. Munida de armas, e também de facas de cozinha, punhais, pedras e pedaços de pau, a multidão destrói tudo o que significa anos de fome, humilhação e opressão.

14/07, terça-feira – A tomada da Bastilha

Durante a manhã, o povo parisiense organizado em Milícia Burguesa de Paris (que logo se tornaria a Guarda Nacional da França Revolucionária), cerca de 80.000 pessoas, invade o Hôtel des Invalides, o antigo hospital onde concentrava um razoável arsenal. Ali, a Milícia tomou 30.000 a 40.000 rifles e alguns canhões. Todavia, não encontraram pólvora. O comandante dos Inválidos tinha tomado a precaução, nos dias anteriores, de transferir 250 barris de pólvora para a Bastilha, um lugar mais seguro.

Às 10h30, uma delegação da Milícia Burguesa vai à Bastilha para negociar com o marquês de Launay, o governador da Bastilha, a distribuição de balas e pólvora aos parisienses. O tempo passa e a multidão impaciente imagina que a delegação foi presa. O mal-entendido agrava as tensões.

Entre 11h30 e 12h, uma segunda delegação é enviada para a Bastilha. A multidão armada com os fuzis retirados dos Inválidos amontoa-se em frente à Bastilha. Ela traz consigo cinco canhões. Dentro da Bastilha, seus defensores eram somente 32 guardas suíços e 82 “inválidos” de guerra, além de 15 canhões dos quais apenas três tinham munição.

Às 13h, uma explosão, erroneamente interpretada pela multidão como um canhão ordenado pelo governador, desencadeia o assalto. Os revoltosos atacam com machados a ponte levadiça que dá acesso à Bastilha. Os guardas da Bastilha abrem fogo contra os manifestantes fazendo uma centena de mortos. Por três horas, ocorre um feroz tiroteio em frente à Bastilha.

Entre 15h30 e 16h a multidão invade a Bastilha e liberta os sete prisioneiros que estavam ali dentro. Eram três aristocratas e quatro falsários. Os falsificadores desapareceram no meio da multidão assim que foram soltos. Os outros três foram carregados em triunfo pelas ruas.

Os guardas e o marquês de Launay, o governador da Bastilha são presos e levados à prefeitura de Paris para serem julgados. Ao longo do caminho, Launay é espancado, abatido com um sabre e decapitado com uma faca por um cozinheiro. Sua cabeça é espetada na ponta de uma lança e desfila pelas ruas numa celebração macabra. Vários guardas tiveram o mesmo destino.

Às 18h, ignorando a queda da Bastilha, Luís XVI ordenou que as tropas evacuassem Paris. Esse pedido é levado à prefeitura às 2h da manhã. Em seu diário, Luís XVI fez uma única anotação naquele dia: “Nada”, ele escreveu referindo-se à caçada sem sucesso que fizera. Na verdade, o diário de Luís XVI só registrava as recepções, bailes, cerimônias civis ou religiosas, caçadas, viagens etc.

Enquanto isso, entre as tropas reais os eventos do 14 de Julho desencadearam dezenas de deserções. Muitos desertores se juntaram aos revolucionários ajudando na tomada da Bastilha.

15/06 – quarta-feira – A destruição da fortaleza

A demolição da Bastilha começou no dia seguinte do assalto à fortaleza. Na verdade, a demolição havia sido decidida algumas semanas antes para dar curso a um projeto de embelezamento da cidade. Ali pretendia-se abrir jardins, praças e passeios. No lugar da Bastilha se ergueria uma coluna sobre uma base com fontes e uma simples inscrição: ” Luís XVI, Restaurador da Liberdade Pública”.  Esse projeto nunca se realizou.

A demolição foi rápida. No final de novembro, a maior parte da Bastilha estava no chão. O encarregado da demolição, Pierre-François Palloy, aproveitou a oportunidade para ganhar mais dinheiro com o serviço contratado. No início de 1790, transformou o local em uma atração política e turística com visitas guiadas, conferências históricas e relatos dos acontecimentos do 14 de Julho. Produziu uma enorme quantidade de estampas, gravuras, poemas e canções que foram vendidas a franceses e estrangeiros. Criou um “kit revolucionário” – peças construídas com restos da Bastilha como pesos de papel, caixinhas de rapé, jogos de dominó etc. Palloy “era um modelo de sucesso do capitalismo do Antigo Regime”  (SCHAMA, 2000, p. 342-4).

Para baixar esse infográfico em alta-resolução, vá à seção “Recursos > Infográficos e Mapas mentais” desse site. Veja também o artigo “A Revolução Francesa: análise de um infográfico em sala de aula”, neste site.

Conclusão

A Queda da Bastilha é considerada como a primeira grande intervenção do povo parisiense no curso da revolução e na vida política francesa. Embora sua importância militar seja relativa, o evento era inédito marcando o colapso da administração real. A rendição da Bastilha teve grandes implicações políticas e enorme repercussão na França e na Europa, até a Rússia Imperial.

A importância da tomada da Bastilha foi exaltada por historiadores românticos, como o Jules Michelet (1798-1874), que fez dela um ícone da Revolução Francesa e símbolo fundador da República.

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