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Amuleto de 1800 anos é a evidência mais antiga da expansão do cristianismo na Europa

24 de dezembro de 2024

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Um pequeno cilindro de prata contendo um rolo com inscrições em latim foi encontrado no pescoço de um homem que morreu no século III d.C. A descoberta ocorreu em 2018, na antiga cidade romana de Nida, um rico sítio arqueológico nos subúrbios de Frankfurt, Alemanha.

A fragilidade do artefato exigiu anos de cuidadosa pesquisa para evitar que o objeto se desmanchasse. A folha dentro do cilindro, também de prata e “fina como um fio de cabelo”, foi mantida enrolada e passou por exames microscópicos e Raios-X, realizados em 2019. Foi possível observar que havia palavras inscritas nela.

O desafio para analisar a folha de prata é que, após cerca de 1.800 anos, ela estava naturalmente amassada e pressionada. Era um risco alto tentar abri-la sem que ela virasse pó e todo trabalho fosse perdido.

Foram necessários mais cinco anos para que a equipe do Museu Arqueológico de Frankfurt descobrisse uma maneira de decifrar o que estava escrito na folha de prata.

Em maio de 2024, os pesquisadores do Centro Leibniz de Arqueologia em Mainz, Alemanha, usaram scanners de tomografia computadorizada para criar um modelo 3D e analisar a folha enrolada. Somente através deste processo de desenrolar digitalmente a folha que o texto completo se tornou visível e pôde então ser decifrado. O que os pesquisadores descobriram os surpreendeu.

Recipiente de prata contendo em seu interior uma folha de prata enrolada, descoberto no cemitério do sítio arqueológico de Nida, na Alemanha.

O amuleto  e outros objetos funerários

O cilindro de prata mede 3,5 cm de comprimento. Provavelmente era um filactério, um recipiente usado junto ao corpo que contém palavras ou relíquias mágicas servindo para proteger o usuário. Estava preso por um cordão em volta do pescoço do homem como um amuleto de proteção espiritual.

O homem enterrado morreu entre 230 e 270 d.C. Em seu túmulo foram encontrados outros artefatos, como um queimador de incenso e um jarro de barro.

Restos humanos com o pequeno amuleto de prata no pescoço.

Na época do sepultamento, o cristianismo estava se tornando uma seita cada vez mais popular, mas identificar-se como cristão ainda era arriscado, pois ainda havia perseguição aos seguidores dessa fé. Claramente, o homem enterrado, que se acredita ter entre 30 e 40 anos, sentia sua fé tão fortemente que a levou consigo para o túmulo.

O texto inscrito na folha de prata

O rolo de prata escanerizado foi dividido em segmentos individuais e reunidos virtualmente, pedaço por pedaço, para que todas as palavras se tornassem visíveis. Foi somente por meio deste desenrolamento digital que o texto inteiro pôde ser decifrado.

O arqueólogo e especialista em inscrições latinas, Prof. Dr. Markus Scholz, da Universidade Goethe de Frankfurt, começou a trabalhar como um quebra-cabeça e finalmente decifrou as 18 linhas da “Inscrição de Prata de Frankfurt”, como ficou conhecido o artefato.

Folha de prata com inscrições em latim (detalhe no círculo).

Alguns trechos se perderam e a adição de palavras (entre colchetes, abaixo) permanece aberta à discussão. Traduzida, a inscrição diz:

“[Em nome?] de São Tito.

Santo, santo, santo!

Em nome de Jesus Cristo, Filho de Deus!

O Senhor do Mundo

Resiste com o melhor de sua [capacidade?]

Todos os ataques [?] / revezes [?]

Deus [?] concede bem-estar

Admissão.

Este meio de salvação [?] protege

A pessoa que

rende-se à vontade

do Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus,

Diante de Jesus Cristo

dobrem-se todos os joelhos: o celestial,

o terreno e

o subterrâneo,

e toda língua

confessa [a Jesus Cristo].”

Detalhes incomuns da inscrição

Chamou a atenção dos especialistas o fato da inscrição ser inteiramente em latim. Isso é incomum para a época. Normalmente, frases em amuletos eram escritas em grego ou hebraico.

Outro detalhe inusitado é não haver nenhuma referência de outra religião além do cristianismo. Normalmente, até o século V, os amuletos de metais preciosos traziam uma mistura de diferentes crenças religiosas. Muitas vezes são mencionados elementos do judaísmo ou influências pagãs como Yahweh (judaísmo), Mitra (mitraismo), os arcanjos Rafael, Gabriel, Miguel e Suriel.

A inscrição invoca exclusivamente Jesus Cristo e o deus cristão, o que o torna puramente cristão. Há uma referência a São Tito, um discípulo e confidente do apóstolo Paulo.

Ela também contém o uso mais antigo da invocação “Santo, santo, santo!” que não era realmente conhecida na liturgia cristã até o século IV d.C. (Trishagion).

No final, o texto também contém uma citação quase literal do chamado hino de Cristo de Paulo em sua carta aos Filipenses (Fil. 2, 10-11).

Importância do achado

O amuleto surge como a evidência mais antiga do cristianismo na Europa, ao norte dos Alpes. Todas as descobertas anteriores são de pelo menos 50 anos depois disso. Há referências históricas dos primeiros grupos cristãos na Gália no final do século II. No entanto, evidências confiáveis ​​da vida cristã nas regiões alpinas do norte do Império Romano geralmente datam apenas do século IV d.C.

O artefato é um importante testemunho da história cristã primitiva que diz respeito à arqueologia, aos estudos religiosos, à filologia e à antropologia. Sua descoberta retrocede a história do cristianismo na Europa em cerca de 50 a 100 anos.

A descoberta evidencia, também, a posição proeminente da cidade romana de Nida, que foi a capital da província da Germânia Superior e, portanto, um centro administrativo, econômico e religioso. Até seu abandono por volta de 270/275 d.C., Nida foi cidade romana mais importante na margem direita do Reno, na fronteira do Império Romano, e caracterizada por uma extraordinária diversidade cultural e religiosa.

A cidade romana de Nida, na Germânia Superior, ficava na fronteira do Império Romano.

Fonte

  • ANDERSON, Sonja. Arqueólogos dizem que este pequeno amuleto é a evidência mais antiga do cristianismo encontrada ao norte dos Alpes. Smithsonian Magazine, 19 dez 2024.
  • “Inscrição em prata de Frankfurt” – o testemunho cristão mais antigo encontrado no norte dos Alpes. Goethe Universität, 12 dez 2024

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