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Nelson Mandela presidente da África do Sul

10 de maio de 1994

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Em 10 de maio de 1994, Nelson Mandela, de 76 anos de idade, tomou posse como presidente da África do Sul, um marco divisório na história do país, que saiu do regime segregacionista do apartheid para a democracia plena, elegendo o primeiro governante negro.

A campanha pela libertação de Mandela

Mandela, um ativista do movimento negro, ficou preso por vinte e sete anos (1963 a 1990) acusado de conspiração contra o governo da África da Sul.

Nos anos 1980, cresceu a violência em todo o país que ficou à beira de uma guerra civil com o Congresso Nacional Africano (CNA) cometendo 231 ataques em 1986 e 235 em 1987. Somou-se ainda a crise econômica pois muitos bancos e empresas multinacionais, sobre pressão de um lobby internacional contra o apartheid, pararam de investir na África do Sul.

Neste clima, cresceu a campanha pela libertação de Mandela que foi pedida por intelectuais, artistas e líderes políticos como a primeira-ministra britânica Margareth Thatcher.

O aniversário de 70 anos de Mandela, em julho de 1988, atraiu a atenção internacional, incluindo um show em homenagem a ele no estádio de Wembley, em Londres, que foi transmitido pela televisão e assistido por cerca de 200 milhões de telespectadores. O show teve vários artistas, como Simple Minds, Sting, Eurythmics, George Michael e Eric Clapton.

Em 1989 novos tempos se anunciavam com a desintegração do bloco soviético e o fim da Guerra Fria. Nesse ano, uma reviravolta acontece na África do Sul. O presidente Botha afasta-se da presidência e da liderança do Partido Nacional, por problemas de saúde, sendo substituído por F. W. de Klerk. O novo presidente acreditava que o apartheid era insustentável e era favorável à legalização da CNA e a libertação de vários prisioneiros políticos, entre eles Mandela.

Em fevereiro de 1990, Klerk anunciou a legalização de todos os partidos políticos anteriormente proibidos e a libertação incondicional de Mandela. Pouco tempo depois, pela primeira vez em vinte anos, fotografias de Mandela foram autorizadas a serem publicadas na África do Sul.

Mandela saiu da prisão no dia 11 de fevereiro de 1990 e o evento foi transmitido ao vivo em todo o mundo. Ele fez discurso declarando seu compromisso com a paz e a reconciliação com a minoria branca, e a esperança de que o governo concordasse com as negociações para que não houvesse mais a necessidade da luta armada. Enfatizou que seu foco principal era trazer paz à maioria negra e dar a ela o direito de voto nas eleições nacionais e locais.

O prêmio Nobel

Em 1993, Mandela e De Klerk receberam o Prêmio Nobel da Paz. Em seu discurso, Mandela assinalou: “O valor deste prêmio que dividimos será e deve ser medido pela alegre paz que triunfamos, porque a humanidade comum que une negros e brancos em uma só raça humana teria dito a cada um de nós que devemos viver como as crianças do paraíso”.

No mesmo discurso Mandela prestou homenagem aos seus antecessores na luta contra a segregação: Albert Luthuli (que presidiu o CNA de 1952 a 1967) e o também laureado Desmond Tutu, bem como o ativista negro estadunidense Martin Luther King.  Cumprimentou o co-laureado, F. W. de Klerk, por ter “a coragem de admitir que um terrível mal tinha sido feito para o nosso país e sua gente através da imposição do sistema do apartheid”. Pediu, ainda, ao governo de Mianmar a libertação da ativista birmanesa Aung San Suu Kyi que presa recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1991.

Nelson Mandela visita escola em Johannesburgo, África do Sul, maio de 1993. Foto de Louise Gubb/CORBIS SABA.

A eleição de Mandela

A eleições ocorrem em 26 a 28 de abril de 1994. Mandela (e o CNA com suas 34 facções) obteve 62% dos votos, seguido pelo Partido Nacional (20%) e os zulus (com 10%).

Empossado Presidente da República em 10 de maio de 1994, Mandela formou um governo multirracial e realizou seu sonho de um “arco-íris” na África do Sul. Dois anos depois, forçado pela idade,  Mandela, carinhosamente apelidado de “Madiba”, delegou os negócios de governo ao seu vice-presidente e amigo Thabo Mbeki. Em 14 de junho de 1999, finalmente, ele deixou a presidência com o término do mandato.

Nelson Mandela morreu em 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos, em uma apoteose nacional, universalmente reconhecida como uma das personalidades mais fortes do final do século XX. Ele é lembrado com o seguinte aforismo, que resume sua jornada: “Eu nunca perco, ou eu ganho ou eu aprendo”.

Fonte

  • PEREIRA, Francisco José. Apartheid. O horror na África do Sul. São Paulo: Brasiliense, 1986.
  • MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2013.
  • MANDELA, Nelson. A luta é a minha vida. Rio de Janeiro: Globo, 1988.
  • MANDELA, Nelson. Nelson Mandela por ele mesmo. São Paulo: Martin Claret, 1991.
  • HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: O breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
  • REIS FILHO, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste. O século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

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