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Quanta igreja para um só Cristo! As divisões do cristianismo (parte 2)

4 de novembro de 2020

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BNCC

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Nascido como uma seita judaica e sob forte influência de tradições do mundo greco-romano, o cristianismo levou pelo menos três séculos para começar a se constituir como uma doutrina, uma liturgia e uma igreja hierarquizada. Isso ocorreu em meio a discussões, crises e confrontos que foram discutidos nos concílios (assembleias eclesiásticas) na tentativa de restaurar a paz, alcançar alguma forma de consenso e estabelecer uma cristandade unida.

No século XI, ocorreu o Grande Cisma do Oriente que dividiu o cristianismo em duas grandes igrejas: a Católica Romana (ou Igreja Latina) sob a autoridade do bispo de Roma (papa) e a Católica Ortodoxa, sob a liderança do patriarca de Constantinopla.

Cada igreja continuou sendo desafiada a manter a cristandade unida. No Ocidente medieval, surgiram diversos movimentos considerados heréticos pela Igreja entre os quais os dos valdenses, os lolardos e os hussitas que acabaram se juntando à reforma protestante.

(Sobre o início do cristianismo, o Cisma do Oriente e as heresias medievais , leia a primeira parte desse artigo. Clique aqui)

As numerosas divisões do cristianismo. Para baixar esse infográfico em alta resolução veja a seção “Recursos > Infográficos” no menu desse site.

Martinho Lutero e a Reforma, 1517

O movimento reformista iniciado pelo monge agostiniano Martinho Lutero em 1517 produziu um cisma religioso bem mais dramático e irreversível separando o cristianismo em duas vertentes: católicos e protestantes. Não se tratava, contudo, de uma mudança unicamente de credo. A Reforma teve impacto em todas as áreas da vida: casamento, família, educação, economia, ciência, arte e política.

Em suas reflexões sobre Paulo (Epístola aos Romanos) e Agostinho, Lutero concluiu a inutilidade da intermediação da Igreja, a ineficácia dos sacramentos, rejeitou o celibato dos padres e proclamou a justificação unicamente pela fé, sem necessidade de boas obras. Propôs o retorno ao cristianismo das origens, sem papa, sem conventos e mosteiros, sem hierarquia, sem clero e sem comércio sagrado e os abusos eclesiásticos. Adotou a Bíblia como guia e única verdade do cristão, e a traduz para o alemão (1522).

O termo “protestante” foi pronunciado pela primeira vez em 1529, para se referir aos protestos dos príncipes luteranos alemães contra a proibição imperial (Sacro Império Romano Germânico) aos ensinamentos de Martinho Lutero. O termo se fixou na narrativa católica refletindo a percepção da Igreja Católica ao movimento reformista, ao passado que os fiéis da tradição da Reforma se autodenominavam “evangélicos”.

Embora “pai fundador”, Martinho Lutero jamais foi o chefe único do protestantismo que não é um movimento unitário e coeso e, por isso, logo se dividiu levando à formação de igrejas paralelas e comunidades religiosas.

O labirinto protestante

Os postulados de Lutero inspiraram novos reformadores e, inclusive, revoltas de camponeses que entenderam os ataques à Igreja e o clero como guerra aos príncipes e reis. Já em 1522, o teólogo alemão Thomas Müntzer comandou massas camponesas contra a nobreza imperial em defesa de uma sociedade sem diferença entre ricos e pobres e sem propriedade privada.  A chamada Guerra dos Camponeses (1524-1525) liderada por Müntzer foi condenada por Lutero, e o movimento foi esmagado pela Liga dos Príncipes da Reforma. Müntzer foi capturado e decapitado.

Thomas Müntzer foi o primeiro dos anabatistas, porque defendia a liberdade do batismo na idade adulta quando a pessoa se converte conscientemente a Cristo – discordando dos católicos, luteranos e anglicanos que defendem o batismo infantil. Os anabatistas fundaram sua primeira igreja em 1525, em Zurique, na Suíça. Considerados uma seita protestante, foram perseguidos por protestantes e católicos. O movimento se espalhou pelo sul da Alemanha, Áustria, Países Baixos e chegou à América. Chegou aos dias de hoje sendo o grupo mais importante os menonitas (nome derivado de seu fundador, o holandês Meno Simons, século XVI) que somam hoje cerca de 2 milhões de pessoas.

 pregador menonita

O pregador menonita e sua esposa, óleo de Rembrandt, 1641

Há também os amishes, que se separaram os menonitas em 1693 defendendo padrões morais e normas de vida ainda mais radicais sendo conhecidos por seus costumes ultraconservadores, trajes simples, monocromáticos, e uso restrito de eletricidade, telefones e automóveis. As comunidades amishes atuais encontraram-se nos Estados Unidos e Canadá, com uma população de 500 mil pessoas.

Crianças de uma comunidade amish a caminho da escola e duas jovens amish em trajes tradicionais. Condado de Lancaster, Pensilvânia, Estados Unidos. Foto de 2006.

Outro reformador inspirado por Lutero foi o pregador Zwinglio, na Suíça cujas ideias, contudo, eram conflitantes com o discurso luterano. Radical em suas pretensões em espalhar a Reforma por toda Suíça, Zwinglio convenceu o Conselho de Zurique a abrir guerra contra os cantões católicos. Foi derrotado em 11 de outubro de 1531, morto, esquartejado, depois queimado e as cinzas espalhadas ao vento.

Na França, em 1533, o jovem advogado João Calvino defendeu algumas ideias de Lutero na Universidade de Paris o que causou enorme tumulto levando-o a fugir para Basiléia, na Suíça. Dotado de formação jurídica, Calvino imprimiu à sua doutrina o rigor lógico que faltava ao luteranismo distanciando-se deste em vários pontos. Calvino refutava também os anabatistas.

A doutrina calvinista, contida essencialmente na obra Instituição da Religião Cristã, de 1536, baseia-se na teoria da predestinação. Segundo ela, Deus escolhe um certo número de pessoas às quais concede a graça de participar da glória eterna em companhia de Cristo, Nenhuma fé ou obra é necessária para ser salvo, pois os predestinados já foram escolhidos. Mas, para alguns resta a esperança que se manifesta na doutrina da graça divina.

O calvinismo tomou uma direção independente da de Lutero e exerceu maior influência na história do que o luteranismo. A partir de 1555, ganhou força em toda a Europa Ocidental estabelecendo-se na Holanda, Escócia e Inglaterra e daí para as colônias do império britânico. Por essa época, o termo “calvinismo” passou a ser usado, apesar do próprio Calvino rejeitar essa denominação.  No entanto, o termo ganhou aceitação, embora as igrejas influenciadas por Calvino não o usem como uma autodesignação. Em vez disso, eles se autodenominam – seguindo a frase de Calvino “renovados de acordo com a ordem do evangelho” – igrejas reformadas.

As crenças e o pensamento de Calvino moldaram os presbiterianos na Escócia (John Knox, 1560) e tiveram forte influência na Igreja Anglicana, sobre os quakers (George Fox, 1652), os dissidentes anglicanos ingleses que fundaram a Igreja Batista em Amsterdã (John Smyth, 1608) e o metodismo originado no interior da Igreja Anglicana em meados do século XVIII e que se tornaria a Igreja Metodista, no final daquele século, com grande penetração nos Estados Unidos.

Restauracionismo

O restauracionismo diz respeito a movimentos religiosos que pregam o retorno ao cristianismo primitivo, da época dos apóstolos, justificando que a Igreja se desviou da rota original. Ainda na Idade Média surgiram movimentos dessa corrente como foi o caso dos valdenses, lolardos e hussitas (veja na parte 1 desse artigo).

A Reforma do século XVI (luteranismo, calvinismo e anglicanismo) mesmo tendo por princípio recuperar o cristianismo inicial – o que inspirou os anabatistas – com o tempo deixou de atender os anseios de parte dos cristãos vivenciarem o cristianismo original e sua simplicidade. Isso desencadeou, no século XIX, o Restauracionismo que pregava a restauração do cristianismo primitivo buscando corrigir os desvios das igrejas na sua estrutura e práticas, na vida ética e na experiência espiritual do crente. O movimento teve maior força nos Estados Unidos onde surgiram as três igrejas restauracionistas mais representativas.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias, também conhecida por Igreja dos Mórmons, fundada pelo norte-americano Joseph Smith em 1830, radicalizou a busca da restauração do cristianismo dizendo que era necessário um novo profeta e novos apóstolos para restaurar o Reino de Deus na Terra. Afirma que seu fundador Joseph Smith foi esse profeta. A igreja se baseia no Livro de Mórmon, publicado em 1830, que diz ser uma tradução de antigos textos escritos em placas de ouro sobre civilizações que povoaram o continente americano entre 600 a.C. e 400 d.C. provenientes dos antigos hebreus.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia, formalmente estabelecida em 1863, nos Estados Unidos, por ex-integrantes das igrejas batistas e metodistas, fundamenta-se na ideia central de preparar-se para o iminente advento (chegada) de Jesus Cristo à terra que será visível, pessoal e mundial. Para isso, sustenta que a salvação depende da observância dos Dez Mandamentos, da guarda do sábado, da Bíblia como única verdade e fonte de suas crenças. Desenvolve um estilo de vida saudável, promovendo o vegetarianismo, a abstinência de álcool, café e fumo.

Para os adventistas, os Dez Mandamentos são o padrão de vida e de conduta da humanidade. “Moisés com os Dez Mandamentos”, óleo de Rembrandt, 1659.

A denominação Testemunhas de Jeová tem sua origem no movimento Estudantes da Bíblia organizado por Charles Taze Russel, na Pensilvânia, Estados Unidos, nos anos de 1870. Foi somente em 1931 que o nome Testemunhas de Jeová foi adotado. O grupo é conhecido por sua recusa em prestar o serviço militar e fazer continência para as bandeiras nacionais, e por proibir a transfusão de sangue. Também não comemora o Natal, a Páscoa, aniversários e outros feriados e costumes que consideram ter origens pagãs e incompatíveis com o cristianismo original. Usa a sua própria tradução da Bíblia, chamada Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas.

Protestantismo Pentecostal

No início do século XX, surgiu o movimento pentecostal no interior do protestantismo cristão. A chegada do segundo milênio reavivou a crença da segunda vinda de Cristo e, com ela, o desejo de um relacionamento mais fervoroso com Deus e a busca com de uma experiência espiritual mais profunda. A inspiração para isso estava no Pentecoste, evento ocorrido em Jerusalém, cinquenta dias depois da Páscoa, e relatado em Atos dos Apóstolos:

“Chegou o dia de Pentecostes e estavam todos reunidos naquele mesmo lugar. De repente veio do céu um barulho que parecia o de um furacão: invadiu toda a casa onde estavam reunidos. Então, lhes apareceram línguas como se fossem de fogo, que se dividiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os impelia a que se exprimissem.

Ora, estavam morando então em Jerusalém judeus, homens piedosos, provenientes de todas as nações que existem debaixo do céu. (…) Partos, medos, elamitas e os habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e Capadócia, do Ponto e da província da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia bem como os romanos residentes aqui, cretenses e árabes – e todos ouvimos proclamar as maravilhas de Deus em nossas próprias línguas.

Então Pedro, de pé e cercado pelos Onze, em voz bem alta lhes falou: “Homens da Judeia e vós todos, habitantes de Jerusalém! Ficai sabendo bem o que se passa (…). Diz o Senhor: Acontecerá nos últimos dias: Derramarei meu espírito sobre toda criatura. Vossos filhos e filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, vossos anciãos terão sonhos. (…) O sol se converterá em trevas e a lua em sangue, até que chegue o Dia do Senhor, aquele grande e glorioso dia! Então, quem invocar o nome do Senhor será salvo”. (Atos, 2:1-23)

O Pentecoste celebra, portanto, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos ocorrida cinquenta dias depois da Páscoa (o termo deriva do grego pentecosté, que significa “quinquagésimo”). Pentecostal passou a denominar o movimento protestante que enfatiza a experiência direta com Deus por meio do batismo com o Espírito Santo e que se manifesta pelo dom espiritual de falar em línguas (glossolalia).

Milagre do Pentecostes

Afresco devocional na parede externa, representando o milagre do Pentecostes na cidade de Donnas, Vale d’Aosta, Itália.

O pentecostalismo não teve uma pessoa ou um grupo fundador. Cristãos isolados já vinham experimentando dons espirituais como cura divina e falar em línguas (glossolalia). Contudo, há um consenso que o movimento ganhou força em 1906 quando, durante a pregação do pastor afro-americano William J. Seymour em Los Angeles, nos Estados Unidos, ocorreu o fenômeno chamado “avivamento” em que algumas pessoas caíram ao chão, começaram a falar em línguas e a gritar louvores a Deus. A notícia se espalhou rapidamente e multidões vieram ouvir a pregação de Seymour que continuaram nos dias seguintes. Ocorreram novas experiências espirituais acompanhadas de testemunhos de cura física e falar em línguas.

O avivamento tornou-se o principal catalisador para a disseminação do pentecostalismo. O movimento pentecostal não tem uma autoridade central e divide-se, hoje, em centenas de denominações.

Pentecostalismo no Brasil

No Brasil, o pentecostalismo ocorreu em três ondas. A primeira, conhecida como pentecostalismo clássico, abrangeu o período de 1910 a 1950 e iniciou-se com a fundação da Congregação Cristã no Brasil (1910, no Paraná e São Paulo) e da Assembleia de Deus (1911, no Pará) por missionários norte-americanos.

A segunda onda pentecostal surgiu na década de 1950, quando dois missionários norte-americanos, em São Paulo, iniciaram a evangelização das massas, principalmente pelo rádio, centrados na cura divina. Em seguida, fundaram a Igreja do Evangelho Quadrangular (1951). No seu rastro, surgiram a Igreja Brasil para Cristo (1956), Igreja Deus é Amor (1962), Igreja Evangélica Pentecostal Unida (1963), Casa da Benção (1964) e diversas outras igrejas pentecostais menores.

A terceira onda, chamada de neopentecostalismo, teve início na década de 1970. O neopentecostalismo é considerado um movimento sectário que utiliza intensamente a mídia eletrônica, televisiva, impressa e editorial. Algumas igrejas pregam a Teologia da Prosperidade segundo a qual a benção financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. Os neopentecostais interpretam a Bíblia como um contrato entre Deus e os crentes: se estes tiverem fé, Deus irá cumprir suas promessas de segurança e prosperidade.

Fundadas por missionários brasileiros, as igrejas neopentecostais mais antigas são a Igreja Universal do Reino de Deus (1977), liderada por Edir Macedo, e a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980), liderada por Romildo Ribeiro Soares. A elas se seguiram:

  • Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (1992), liderada por Robson Rodovalho e Maria Lúcia Rodovalho;
  • Igreja Renascer em Cristo (1986), liderada por Estevam Hernandes e Sônia Hernandes;
  • Igreja Mundial do Poder de Deus (1998), liderada por Valdemiro Santiago;
  • Bola de Neve Church (1999), liderada por Rinaldo Luís de Seixas Pereira
  • Igreja Plenitude do Trono de Deus (2006), liderada por Agenor Duque e Ingrid Duque.
protestantismo no mundo

Em 2010 havia 980 milhões de protestantes no mundo (incluindo o anglicanismo) significando que quase 40% dos cristãos eram protestantes. No mapa, em VERDE ESCURO: países onde o protestantismo é dominante (mais de 50%); em VERDE CLARO: países com uma minoria expressiva de protestantes (mais de 10%).

Veja também

Fonte

  • CHAUNU, Pierre. O tempo das reformas (1250-1550). A Reforma protestante. Edições 70, 1993.
  • MARTINA, Giacomo. História da Igreja: de Lutero aos nossos dias. v. 1: A era da Reforma. São Paulo: Loyola, 1997.
  • SILVESTRE, Armando A. Calvino: o potencial revolucionário de um pensamento. São Paulo: Vida, 2009.
  • MARIANO, Ricardo. Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Loyola, 1999.
  • BLEDSOE, David Allen. Movimento neopentecostal brasileiro. Hagnos, 2012
  • SILVA, Vagner Gonçalves. Concepções religiosas afro-brasileiras e neopentecostais: uma análise simbólica. Revista USP, São Paulo, n.67, set/nov 2005.
  • CAMPOS, Leonildo Silveira. As origens norte-americanas do pentecostalismo brasileiro: observações sobre uma relação. Revista USP, São Paulo, n.67, set/nov 2005.
  • HOLLENWEGER, Walter. El Pentecostalismo: Historia y Doctrinas. Buenos Aires: La Aurora, 1976.

 

 

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