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Morte de Napoleão Bonaparte: polêmicas e boatos

05 de maio de 1821

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Em 5 de maio de 1821, morria Napoleão Bonaparte na ilha de Santa Helena, onde estava exilado, pelos ingleses, havia seis anos. Estava com 51 anos, acima do peso, com 75,5 kg para 1,69 m de altura. Suas últimas palavras teriam sido “França, exército, Josefina” ou “chefe, exército, meu Deus!” ou “Meu Deus, nação francesa, meu filho, chefe do exército” – versões diferentes conforme o autor.

A maior polêmica, contudo, diz respeito à causa da morte de Napoleão Bonaparte.

Causa da morte

A morte de Napoleão não foi repentina. Durante meses, ele sofreu de dores abdominais, náuseas, suores noturnos e febre. Ele reclamava de dores de cabeça, pernas fracas e desconforto sob luz forte.

Em 4 de maio de 1821, ele perdeu a consciência. No dia seguinte, às 17h49 ele morreu.

A autópsia, feita por desejo expresso de Napoleão, foi assistida por sete médicos britânicos que concluíram oficialmente que ele morreu de câncer no estômago – a mesma enfermidade que matou seu pai e irmã. Um diagnóstico conveniente que neutralizava ou mesmo eliminava toda a responsabilidade dos britânicos na morte de seu pior inimigo.

O médico corso François Antommarchi, contudo, não aceitou essa conclusão afirmando que a morte de Napoleão resultou da combinação de uma hepatite crônica antiga e úlcera estomacal progredindo para perfuração e que teria sido acelerada pelos remédios ministrados por um médico inglês a base de antimônio, mercúrio e doses exageradas de calomel, que causaram sangramento estomacal grave.

Abertura do caixão de Napoleão em Santa Helena, Jean Victor Adam, 1840. Nesse ano, o governo britânico aprovou a transferência dos restos mortais de Napoleão para a França onde se encontram atualmente no Hôtel des Invalides, em Paris.

Envenenamento por arsênico

Existiram ainda outras especulações. Uma hipótese muito difundida é a de envenenamento deliberado por arsênico ou, segundo outros, por exposição crônica ao arsênico. A hipótese de intoxicação por arsênico por exposição ganhou força na década de 1980.

O arsênico estava presente nas casas do século XIX: em cosméticos, tônicos para o cabelo, cigarros, cera de lacre, panelas, repelentes de insetos, veneno de rato, cobertura de bolo e até nos papéis de parede e cortinas tingidas de verde – usados na residência de Napoleão em Santa Helena. O mofo acumulado nos papeis de parede e cortinas exala gases venenosos e poderiam ter contribuído para o declínio da saúde do imperador francês.

De fato, análises feitas, em 2002, pelo toxicologista francês Ivan Ricordel nos cabelos de Napoleão mostram alto teor de arsênico. Estudos franceses mostraram que Napoleão imergia seus cabelos diariamente em banhos de arsênico pela crença popular de que esse produto prolongava a vida e o brilho dos cabelos – o que explicaria a taxa anormalmente alta de arsênico encontrada nos cabelos de Napoleão

Em 2008, o Instituto Italiano de Física Nuclear (INFN) das universidades de Milão e Pavia submeteu amostras de cabelo de Napoleão à medição pelo reator nuclear. Mostrou que a taxa de arsênico era anormalmente alta, mas nada excepcional em comparação com as taxas observadas nas amostras de Josefina de Beauharnais e seu filho, o rei de Roma. O instituto observou que a quantidade de arsênico nessas amostras era cem vezes maior que o nível medido em nosso tempo e que hoje consideraríamos perigosa.

A lenda da amputação do pênis

Um boato difundiu-se há alguns anos: Napoleão teria sido enterrado sem o pênis, amputado horas depois de sua morte. Depois de 170 anos a relíquia teria aparecido nos Estados Unidos, guardada por John Lattimer, professor de Urologia da Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. Em 2007, quando Lattimer faleceu, o pênis, guardado em uma caixa de madeira, foi herdado por sua filha Evan Lattimer, que o mantém guardado desde então.

A amputação teria sido feita pelo médico corso François Antommarchi, o mesmo que não aceitou o resultado da autópsia assinada pelos britânicos. Embora seja provável, não está provado que Antommarchi tenha subtraído o órgão genital de Napoleão. Na sala estavam presentes dezesseis pessoas incluindo sete médicos ingleses, duas criadas de Napoleão, o padre Razer e um servo árabe de nome Ali. Todos poderiam ser suspeitos.

Embora os rumores persistam até os dias de hoje, a tal amputação nunca foi comprovada até porque o cadáver do imperador francês nunca foi exumado e, portanto, não se pode confirmar a falta desse órgão. Tampouco se pode afirmar que o pênis amputado seria, de fato, de Napoleão. Uma análise de DNA comprovaria (ou não), mas a herdeira do artefato recusa-se a entregá-lo aos cientistas e nem permite fotos e gravações. Ela já recebeu uma oferta de 100 mil dólares por ele.

Fonte

  • “La thèse de l’empoisonnement de Napoléon scientifiquement réfutée”. Le Monde, 29 out 2002.
  • KNIGHT, Will. “Hair analysis clears Napoleon’s ‘poisoners”. New Scientist, 29 out 2002.
  • BOURDIAL, Isabelle; BOUTSSOU, Laureen. “Napoléon : une querelle scientifique empoisonnée”. Science et Vie, 7 jun 2015.
  • “Napoléon: des chercheura italiens écartent l’empoisonnement à l’arsenic”. AFP. 11 fev 2008.
  • PASCOE, Judith. Meanwhile: the pathos of Napoleon’s pênis. The New York Times. 17 mai 2007.
  • 1840, l’exhumation de Napoléon. Napoleón, prisionnier.

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