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Ataque japonês a Pearl Harbor leva os EUA a entrarem na II Guerra

07 de dezembro de 1941

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Na manhã de 7 de dezembro de 1941, a Marinha Imperial Japonesa fez um ataque surpresa contra a base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí. Ali estavam reunidos o corpo aéreo do Exército dos Estados Unidos, a frota do Pacífico da Marinha e a força aérea da Marinha.

O ataque japonês a Pearl Harbor é considerado ponto crucial da Segunda Guerra Mundial porque foi o motivo para a declaração de guerra dos Estados Unidos ao Japão no dia 8 dezembro e, em consequência, sua entrada no conflito. Pouco depois, no dia 11, o país também declarou guerra à Alemanha e à Itália.

Pearl Harbor localização

Pearl Harbor ou Porto das Pérolas localiza-se na ilha de Oahu (ponto vermelho), no Havaí, no Oceano Pacífico.

A neutralidade formal dos Estados Unidos

Até então, os Estados Unidos se dizia neutro – uma neutralidade formal, mas não de fato pois o país participava indiretamente do conflito fornecendo considerável apoio material ao Reino Unido e à União Soviética por meio do Lend-Lease Act – uma lei de empréstimo e arrendamento, aprovada pelo Congresso em 18 de fevereiro de 1941, que permitia ao governo norte-americano enviar armas, munições, veículos, combustível, alimentos, aeronaves etc. para os países que lutavam contra o Eixo.

O Lend-Lease Act tinha o propósito de defender uma nação considerada vital para os Estados Unidos. Em uma entrevista à imprensa, o presidente Roosevelt justificou o Lend-Lease Act dizendo: “Se a casa do meu vizinho pegar fogo, é claro que eu vou emprestar minha mangueira de jardim e não direi a ele: ‘A mangueira custou 15 dólares, você me deve 15 dólares’. Eu não quero os 15 dólares, quero a minha mangueira de jardim de volta quando acabar o fogo”.

O Reino Unido, a União Soviética, a China e outros países receberam dos Estados Unidos, durante a guerra, mercadorias no valor total de quase 50 bilhões de dólares (excluindo custos de transporte). Na prática, o Lend-Lease Act suspendia as leis de neutralidade e indispunha os Estados Unidos com os países do Eixo.

Foto aérea de Pearl Harbor

Foto aérea feita em 13 de outubro de 1941 dos depósitos de combustível e da base de submarinos de Pearl Harbor. Os depósitos não foram atingidos pelo ataque japonês de 7 de dezembro de 1941.

Estados Unidos e Japão: uma relação difícil

Os Estados Unidos viam com preocupação a política expansionista do governo japonês iniciada antes mesmo da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Em 1931, tropas japonesas invadiram e conquistaram a Manchúria, região norte da China. Os protestos da Liga das Nações exigindo que o Japão deixasse o território manchu de nada valeram: o governo japonês saiu da Liga (março de 1933) e manteve sua política agressiva invadindo a China em 1937.

Em 1940, já com a Segunda Guerra ocorrendo, o Japão assinou o Pacto Tripartide com a Alemanha nazista e a Itália fascista formando a aliança conhecida como Eixo.

Os Estados Unidos foram inicialmente neutros, mas mudaram sua posição após o afundamento da canhoneira americana SS Panay por caças japoneses e com os crescentes relatos de atrocidades japonesas na China, como o massacre de Nanquim. Em apoio à China, os Estados Unidos enviaram suprimentos de materiais e um esquadrão de combatentes voluntários.

Quando o Japão estacionou tropas na Indochina, em julho de 1940, o governo americano respondeu restringindo as exportações americanas de petróleo e aço ao Japão (setembro de 1940). Na época, 80% do petróleo do Japão vinha dos EUA.

As restrições americanas não tiveram o efeito desejado. Em julho de 1941, o Japão estacionou mais tropas na Indochina. Os Estados Unidos, então, impuseram o embargo total ao petróleo e congelaram todos os negócios do Japão com o país (25 de julho de 1941). Como o Reino Unido aderiu ao embargo, o Japão perdeu 75% de seu comércio exterior e 90% de suas importações de petróleo.

Diante de um iminente colapso das indústrias e forças armadas, o Japão iniciou negociações com o governo dos Estados Unidos para suspender as sanções econômicas. Depois de trocas de propostas e contrapropostas, os Estados Unidos deram a palavra final: exigiam a retirada completa do Japão da China e da Indochina. Isso era inaceitável para o Japão que considerou um ultrajante ultimato.

No dia 6 de dezembro de 1941, o embaixador japonês enviou ao Secretário de Estado dos Estados Unidos uma nota informando que, diante da atitude do governo americano, não fazia sentido continuar as negociações e que, portanto, elas estavam oficialmente interrompidas. Não havia uma declaração de guerra. A notificação só chegou ao Secretário de Estado e ao presidente dos Estados Unidos no dia seguinte, quando o ataque a Pearl Harbor já havia ocorrido.

Pearl Harbor posições militares

ALVOS ATACADOS EM PEARL HARBOR: 1) navio USS California, 2) navio USS Maryland, 3) navio USS Oklahoma, 4) navio USS Tennessee, 5) navio USS West Virginia, 6) navio USS Arizona, 7) navio USS Nevada, 8) navio USS Pennsylvania, 9) Isla Ford, 10) Base Hickam. SETORES IGNORADOS PELO ATAQUE JAPONÊS: A) Tanques de petróleo, B) Edifício do Quartel General, C) Base de submarinos , D) Arsenal da marinha

O ataque japonês a Pearl Harbour

A primeira onda do ataque japonês ocorreu entre 6h e 7h15, de 7 de dezembro de 1941, com 183 aeronaves que começaram abatendo vários aviões americanos no caminho. Aproveitando os primeiros momentos de surpresa atacaram os navios de guerra estacionados no porto e as bases aéreas ao longo de Oahu.

A segunda onda de ataque ocorreu às 8h30 com 171 aeronaves bombardeando a base aérea naval no meio de Pearl Harbor.

Os homens dos navios foram despertados pelas explosões. A famosa mensagem “Ataque a Pearl Harbour. Isso não é um treinamento” foi dada pelo comandante Logan Ramsey cinco minutos após as primeiras bombas. Washington foi alertado poucos minutos depois.

As perdas materiais foram enormes: 155 aviões estacionados no Havaí além daqueles abatidos em voo, 20 navios sendo a maior parte deles, embarcações antigas e que foram recuperados e modernizadas após o ataque. Nenhum porta-aviões americano foi destruído pois eles não estavam em Pearl Harbour.

As perdas humanas foram ainda mais significativas: 2.403 pessoas morreram e outras 1.178 ficaram feridas.

O ataque japonês a Pearl Harbor foi um brilhante sucesso tático, mas um fracasso estratégico. Apesar das perdas, a base permaneceu operacional (o porto, as pistas, os tanques de combustível e as oficinas não foram destruídos). O almirante japonês Yamamoto responsável pelos planos de ataque a Pearl Harbor teria dito: “Receio que tudo o que fizemos foi acordar um gigante adormecido e leva-lo com uma resolução terrível.”

Resgate dos marinheiros do encouraçado West Virginia (BB-48) em chamas atingido por 7 torpedos e 2 bombas de 800 kg no ataque de 7 de dezembro de 1941. O navio afundou.

A declaração de guerra dos Estados Unidos

Cartaz Pearl Harbor

“Vingar Pearl Harbour! Nossas balas farão isso”, propaganda de guerra.

O Congresso dos Estados Unidos declarou guerra ao Japão quase por unanimidade. O presidente Roosevelt assinou a declaração no mesmo dia. Em 20 de dezembro de 1941 foi assinada a lei de serviço militar obrigatório mobilizando todos os americanos entre 20 e 40 anos de idade.

Nas horas seguintes, o Reino Unido, Canadá, Austrália e África do Sul entraram em guerra contra o Japão. Dia 11 de dezembro, os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista.

O ataque de Pearl Harbor pelos japoneses causou um imenso choque na opinião pública. Um sentimento de aversão à população japonesa espalhou-se pelos Estados Unidos.

Foi neste contexto que 110.000 japoneses e cidadãos americanos de origem japonesa foram levados para campos de internação (War Relocation Centers) construídos em áreas remotas nos estados de Washington, Califórnia e Oregon.

 

Fonte

  • FERRO, Marc. História da Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Ática, 1995.
  • HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012
  • Rare World War II maps reveal Japan’s Pearl Harbor strategy. National Geographic.
  • BERLIN, Jeremy. 76 years on, Pearl Harbor survivors forgive- but can’t forget.  National Geographic, 6 dez 2017.
  • Pearl Harbor a verdadeira história do ataque japonês. National Geographic, junho 2011
  • Harter, Hélène. Pearl Harbor, 7 de dezembro de 1941. Lisboa, Portugal: Edições Texto e Grafia, 2013.
  •  Gilbert, Martin. A Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Casa da Palavra, 2014.

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