O filme de tema histórico é uma representação artística da História e não um documento histórico. Como recurso didático ele é útil para promover debates pós-exibição e confrontar o filme com o tema estudado em sala de aula.
Mas a obra cinematográfica não é somente recurso didático. Ela se constitui, também, em suporte para a divulgação da narrativa histórica e, no dizer de Pierre Nora, em “lugar da memória” onde diretores, roteiristas, atores e produtores, bem como o próprio público, retomam e monumentalizam certos acontecimentos da História do Brasil. Assim como a memória nacional foi expressa em prosa, verso, tinta e bronze, hoje ela se expressa em filmes, documentários, vídeos.
A lista abaixo traz um breve comentário de cada filme e seu endereço eletrônico. Lembre: o filme não substitui a aula nem a leitura sobre o tema. Sua exibição em classe deve ser precedida por uma ampla explicação do acontecimento filmado e seguida de um debate.
01– Raoni
Documentário sobre o cacique Kaiapó e sua luta pela preservação dos povos e da floresta Amazônica. O cacique indígena ficou conhecido internacionalmente após viagem pela Europa como o cantor Sting. Em sua luta, Raoni foi recebido por reis e chefes de Estado como o rei Juan Carlos, da Espanha, e o presidente francês François Mitterrand. Vencedor de quatro Kikitos no Festival de Gramado de 1979: Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Filme e Melhor Trilha Sonora. – Indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 1979.
Direção de Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha. Brasil, 1978. Clique aqui
02 – Desmundo
Baseado no livro homônimo de Ana Miranda, narra a história das órfãs portuguesas que, em 1570, foram enviadas ao Brasil para se casarem com os colonizadores. Inteiramente falado em português arcaico, o filme é apresentado com legendas para ajudar na compreensão. Veja análise do filme aqui.
Direção de Alain Fresnot. Brasil, 2003. Clique aqui
03 – Hans Staden
A saga do alemão Hans Staden que, em 1554, caiu prisioneiro dos tupinambás, inimigos dos portugueses, vivendo como cativo por quase dez meses na aldeia de Ubatuba.
Direção de Luis Alberto Pereira. Brasil, 1999. Clique aqui
04 – O descobrimento do Brasil
Realizado com o apoio do Instituto Nacional de Cinema (INCE), vinculado ao MEC, o filme se enquadra na política nacionalista de Getúlio Vargas. Contou com a colaboração de Afonso de Taunay, diretor do Museu Paulista, e de Edgar Roquette Pinto, dois intelectuais reconhecidos em seu período. Buscando dar fidelidade ao fato histórico, o filme cita trechos extraídos da Carta de Pero Vaz de Caminha. Para a cena da primeira missa no Brasil, o diretor reproduziu o famoso quadro de Victor Meirelles. A trilha sonora foi composta por Heitor Villa-Lobos mas, na versão em vídeo, lançada em 1997 pela Funarte, foi completamente adulterada.
Direção de Humberto Mauro, Brasil, 1936. Clique aqui
05 – Anchieta, José do Brasil
Superprodução do Cinema Novo, o filme narra a vida de José de Anchieta desde criança, passando pela fundação do Colégio de São Paulo, sua convivência com o padre Manuel da Nóbrega até sua morte no Espírito Santo destacando sua luta em favor dos indígenas.
Direção de Paulo Cezar Sarraceni. Brasil, 1977.C Clique aqui
06 – Pindorama
Uma grande alegoria sobre a colonização do Brasil mostrando guerras, índios, negros, colonos e aventureiros. Passado numa cidade imaginária do século XVI, o filme faz uma grande paródia do Brasil da época da ditadura militar. Primeiro longa-metragem de ficção de Arnaldo Jabor.
Direção de Arnaldo Jabor. Brasil, 1970. (102 min). Clique aqui
07 – Como era gostoso o meu francês
No Brasil de 1594, um aventureiro francês cai prisioneiro dos Tupinambás. Enquanto aguarda ser executado, o francês aprende os hábitos dos indígenas e se une a uma índia que lhe fala sobre um tesouro enterrado. Após a batalha com a tribo inimiga, o chefe Cunhambebe marca a execução e o ritual antropofágico para comemorar a vitória.
Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil, 1971. Clique aqui
08– Xica da Silva
Baseado no livro homônimo de João Felício dos Santos, conta a história da escrava Francisca da Silva (Zezé Motta) e seu relacionamento com João Fernandes de Oliveira (Walmor Chagas), seu senhor, nomeado contratador de diamantes pelo rei de Portugal. No filme, sexo e escravidão são pretextos para falar de relações de poder: submissão e subversão da ordem. Xica subverte a ordem colonial e escravista assim como o espectador que, vivendo em plena ditadura (1976), busca, no filme, viver a possibilidade de subverter a ordem do regime militar.
Direção de Cacá Diegues. Brasil, 1976. Clique aqui (trailer)
09 – Ganga Zumba, rei dos Palmares
Baseado no livro homônimo de João Felício dos Santos, conta a história de Ganga Zumba (Antônio Pitanga), primeiro líder do quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga. Inicia mostrando os escravos na fazenda de cana-de-açúcar e seus planos de fuga e a perseguição que sofrem do capitão do mato Tolentino Rosa. As danças e rituais africanos mostrados pelo filmo foram realizados pelos Filhos de Gandhi e teve ainda a participação do músico Cartola e de Dona Zica da Mangueira.
Direção de Cacá Diegues. Brasil, 1964. Clique aqui
10 – Quilombo
Em meados do século XVII, escravos fugidos das plantações canavieiras do Nordeste, organizam uma república livre, o quilombo de Palmares. O filme conta com a brilhante atuação do ator Toni Tornado no papel de Ganga Zumba e de Zezé Motta como Dandara, um papel desafiador para quem estava marcada pela inesquecível Xica da Silva. O filme foi premiado no Festival do Cinema de Cartagena, Colômbia, e no de Miami, Estados Unidos. Indicado para a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, de 1984.
Direção de Cacá Diegues. Brasil/França, 1984. Clique aqui
11 – O caçador de esmeraldas
No século XVII, o bandeirante Fernão Dias Paes Leme (Jofre Soares), montou uma bandeira e saiu à procura do legendário Eldorado. Durante sete anos percorreu os sertões, enfrentando ataques de índios, doenças, animais selvagens, deserções. Dos 800 homens que levara consigo, apenas quinze retornaram a São Paulo, trazendo turmalinas que julgavam ser esmeraldas. O filme peca pelos figurinos, mobiliário e construções – exuberantes e limpos demais considerando a pobreza e miséria da capitania de São Paulo.
Direção de Oswaldo de Oliveira. Brasil, 1979. Clique aqui
12 – A Muralha
Baseada no romance homônimo de Dinah Silveira de Queiróz, esta minisérie foi escrita por Maria Adelaide Amaral e exibida em 51 capítulos pela Rede Globo, de janeiro a março de 2000. Ambientada no século XVII, conta a saga dos bandeirantes e suas mulheres nas cercanias da vila de São Paulo. Elenco formado por grandes atores entre eles, Tarcisio Meira, Alessandra Negrini, Mauro Mendonça, Vera Holtz, Leandra Leal, Leonardo Brício, Mateus Nachtergaele, Stênio Garcia e Letícia Sabatella.
Direção de Denise Saraceni. Brasil, 1999. Clique aqui
13– República Guarani
Documentário que reúne depoimentos de pesquisadores do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e extensa iconografia sobre os índios guaranis organizados em missões pelos jesuítas entre 1610 e 1767, na região da Bacia do Prata. Aborda o processo de evangelização dos índios, os conflitos com os bandeirantes, a cultura desenvolvida nas missões, as peculiaridades de seu modo de produção e as causas de sua destruição. Imagens das ruínas das construções jesuíticas, de obras de arte sacras, trechos de filmes e iconografia da época são exibidos entre os depoimentos.
Direção de Sylvio Back. Brasil, 1981. Clique aqui.
14 – Yndio do Brasil
Trata-se de uma colagem de trechos de filmes brasileiros e estrangeiros com o objetivo de mostrar como o cinema vê o índio brasileiro. Inclui documentários, filmes de ficção, cinejornais, desenhos animados, comerciais e filmes de propaganda governamental, produzidas entre 1912 e 1983. Cenas de “Como era gostoso meu francês” (1971), “O descobrimento do Brasil” (1937), “Tabu” (1949), “Eine Brasilianische Rapsodie” (Alemanha, 1935), “Jungle Head Hunters” (EUA, 1950) “The Last of rhe bororos” (EUA, 1930), “Curumin” (1978) entre outros, exibindo imagens ora estereotipadas, ora realistas, idílicas, cômicas ou trágicas.
Direção de Sylvio Back. Brasil, 1995. Clique aqui
15 – A Missão (The Mission)
No final do século XVIII Mendoza, um traficante de escravos, com remorso por ter matado seu irmão num duelo, torna-se um jesuíta. Junto com Gabriel, também um jesuíta contra os colonos que querem escravizar os indígenas. Ótima fotografia e bela trilha sonora. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes.
Direção de Roland Joffé. Reino Unido, 1986. Clique aqui
16 – Brava gente brasileira
Diogo de Castro e Albuquerque, cartógrafo português a serviço da Coroa, viaja pela região do Pantanal, MS, no ano de 1778. No caminho do Forte Coimbra, os soldados que o acompanham estupram e matam um grupo de índias Kadiwéus. O português também participa mas, com remorso, salva a mulher que violentou e a leva até o forte, que está em guerra com os índios. Os dois iniciam um romance e ela engravida. A pintura de corpo dos Kadiwéus, que tanto impressionou Lévi-Strauss, com sua complexidade e simetria, é bem destacada no filme, quando o personagem Diogo, iluminista influenciado por Rousseau, escreve um livro, ilustrado com as pinturas.
Direção de Lúcia Murat. Brasil, 2000. Clique aqui
17 – Vermelho Brasil
A história da expedição de Villegagnon ao Brasil por volta de 1555 e sua luta para criar uma colônia, a chamada França Antártica, nas terras conquistadas pelos portugueses. Filmado em Paraty, no Rio de Janeiro, o filme comete deslizes entre eles, ser falado em inglês (e não em francês, a língua dos invasores). A brasileira Giselle Motta vive a índia Paraguaçu e Pietro Mário, brasileiro de origem italiana, aparece em dois papéis: o de um marinheiro e o de um francês que vive entre os índios. O ator português Joaquim de Almeida interpreta João da Silva, um lusitano já perfeitamente integrado com os indígenas e que representa o seu país colonizador.
Direção de Sylvain Archambault. Brasil, França, Canadá, Portugal, 2014. Clique aqui
18 – Batalha de Guararapes, o Príncipe de Nassau
Uma superprodução nacional com a participação de 120 atores e mais de 3 mil figurantes. Teve um forte impacto no meio cultural pernambucano chegando a se discutir sobre um possível polo de cinema. Filmado em Igarassu, Itamaracá e no próprio Monte Guararapes contou com a colaboração do Exército em pleno governo militar. No elenco: José Wilker (João Fernandes Vieira), Jardel Filho (Maurício de Nassau), Roberto Bonfim (Felipe Camarão), José Pimentel (Henrique Dias), Tamara Taxman (Sara Hendricks) entre outros.
Direção de Paulo Thiago. Brasil, 1978. Clique aqui
19 – Os inconfidentes
Realizado durante a ditadura militar, o filme é repleto de cenas e diálogos com duplo sentido, que fazem uma crítica à ditadura. Os diálogos foram baseados nos Autos da Devassa e nos versos de Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cecília Meireles. Tiradentes (José Wilker) é mostrado como um herói que teria manipulado os demais companheiros, sendo o único do grupo com um sentido prático e que realmente queria fazer a revolução.
Direção de Joaquim Pedro de Andrade. Brasil, 1972. Clique aqui
20 – Tiradentes
Segundo o filme, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (Humberto Martins), foi condenado à morte por ser o único dos revoltosos que não tinha grandes posses. Por outro lado, grande parte da elite de Ouro Preto estava envolvida no levante, inclusive o próprio visconde de Barbacena, mas a maioria não foi processada e nem sequer presa.
Direção de Oswaldo Caldeira. Brasil, 1998. Clique aqui
21 – Uma história de amor e fúria
Uma animação com linguagem de HQ, que retrata o amor entre Abeguar, um herói Tupinambá imortal e Janaína em um espaço temporal de seis séculos que passa por quatro momentos da história do Brasil: em 1566, o confronto com os colonizadores; em 1825, durante a Balaiada (em que o herói é o próprio Balaio); 1968, a luta contra o Regime Militar e o futuro, em 2096, quando o país enfrenta sérios problemas com a falta de água. Selton Mello e Camila Pitanga dublam os protagonistas, e Rodrigo Santoro, o chefe indígena e um guerrilheiro.
Direção de Luiz Bolognesi. Brasil, 2013. Clique aqui
Faltou na lista “Caramuru, a invenção do Brasil”, direção de Guel Arraes, 2001. Veja a respeito na entrevista dada pelo diretor:
http://www.cineclick.com.br/noticias/entrevista-exclusiva-guel-arraes-fala-de-caramuru
[…] O paraibano Pedro Américo (1843-1905) foi um pintor da chamada escola romântica, um estilo artístico que vigorou na Europa em meados do século XIX e que teve, entre suas características, a exaltação dos sentimentos nacionalistas. Pintou temas históricos como A Batalha de Campo Grande (1871), Fala do Trono (1873), Batalha do Avaí (1874) e O grito do Ipiranga (1888). (Sobre essa pintura, veja aqui.) Essas telas exaltavam feitos da monarquia a quem Pedro Américo era grato, afinal seus estudos de artes plásticas em Paris, dos 16 aos 21 anos, foram patrocinados pelo imperador D. Pedro II. […]
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Já assistir. Muito interessante.
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