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Múmias do Atacama: as mais antigas do mundo

19 de setembro de 2016

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O deserto de Atacama, no norte do Chile, é considerado o mais seco e, segundo alguns especialistas, o mais velho do planeta. Ali foram descobertas as múmias mais antigas do mundo: as múmias da cultura Chinchorro, com mais de 7 mil anos de idade.

Elas vieram à luz em 1917 graças ao trabalho de Federico Max Uhle, arqueólogo alemão que realizou importantes escavações no Peru, Chile, Equador e Bolívia. Em outubro de 1983, a companhia de água Arica, ao realizar perfurações no deserto, encontrou um cemitério com 96 múmias Chinchorro: 27 do múmias mulheres, 20 do sexo masculino, 7 indeterminadas e 42 de crianças.

Segundo a Universidade de Tarapacá, até 2021 foram analisadas 208 múmias e pode-se observar que as técnicas de embalsamento dos Chinchorros variaram ao longo tempo. Essas técnicas, auxiliadas pelas condições climáticas do ambiente desértico e salino do Atacama, levaram à preservação das múmias.

Múmia de menino com idade estimada entre 6 e 7 anos.

As múmias Chinchorro, no Atacama

A múmia de uma criança Chinchorro, enterrada no Vale do Camarones, ao sul de Arica, foi datada por radiocarbono em 5050 a.C. Isso a torna dois mil anos mais velha do que a mais antiga múmia do Egito Antigo.

O que chama a atenção dos especialistas, é o fato dos Chinchorro realizarem mumificações em todos os membros de sua sociedade, independentemente da idade ou status – homens, mulheres, jovens, idosos, crianças, bebês e até fetos abortados – o que permite observações arqueológicas significativas sobre essa cultura.

Das 282 múmias encontradas até agora, 29% delas eram resultado do processo natural de mumificação favorecido pelas condições ambientais: solo rico em nitratos combinado com a aridez do deserto. Os demais corpos, foram mumificados artificialmente seguindo uma técnica que variou ao longo do tempo. Foram encontrados grupos de até seis pessoas, possivelmente membros da mesma família, deitados lado a lado.

Múmia de bebê Chinchorro.

Processo de mumificação dos Chinchorros

Durante mais de três mil anos, os Chinchorros mumificaram seus mortos. Mas ao longo desse tempo (de 5050 a.C. a 1800 a.C.) o processo tornou-se mais complexo.

A técnica mais antiga (5000 a 3000 a.C.), chamada de mumificação preta, o corpo era seco ao calor e tinha a carne e órgãos removidos, incluindo o cérebro, usando-se facas e espátulas de pedra. Mãos e pés eram preservados. Retirava-se a pele com cuidado e talvez ficasse imersa em água do mar para mantê-la macia e flexível, pois seria reutilizada.  O esqueleto era desmembrado, limpo e novamente remontado. Para estabilizar o esqueleto, amarravam galhos e juncos nos ossos; uma vara reta prendia o crânio à coluna vertebral.

Uma pasta feita de cinzas, grama, pelos, sangue de leão marinho, ovos de aves ou cola de peixe cobria todo o esqueleto dando-lhe volume. A pasta servia também para modelar os órgãos sexuais e para uma máscara com olhos, nariz e boca que compunham os traços faciais do morto.

Em seguida a pele era recolocada, às vezes completada com pele de leão marinho. A pele era pintada com manganês preto o que dava a sua cor. Uma peruca de cabelo humano era colada no crânio.

A partir de 3000 a.C., o manganês preto, talvez mais difícil de ser encontrado, foi substituído pelo ocre vermelho, muito comum nas rochas perto de Arica. A mumificação vermelha tinha uma técnica diferente: em vez de desmontar o corpo, faziam-se muitas incisões para remover os órgãos internos e secar a cavidade do corpo. O corpo era preenchido com vários materiais para lhe dar volume. As incisões eram costuradas com cabelo humano e utilizando um espinho de cacto como agulha. A peruca tinha cabelos mais longos, com até 60 cm de comprimento. Todo corpo era pintado de ocre vermelho. Algumas múmias apresentam várias camadas de tinta, indicando que elas receberam retoques periódicos devido ao desgaste.

A terceira e última técnica de mumificação, realizada a partir de 2000 a.C. era a cobrir todo o corpo com uma espessa camada de argila, areia e cola de peixe. O corpo era conservado intacto, mantendo-se, inclusive, os órgãos internos.

Processo de mumificação dos Chinchorros.

O que as múmias revelam sobre os Chinchorros

Os Chinchorros vieram dos Andes, descendo os rios da cordilheira até o mar. Estabeleceram-se na costa desértica do Chile e Peru por volta de 7000 a.C. atraídos pela abundância de recursos:  anchovas, solha, corbina, algas, mexilhões, caranguejos, focas, leões marinhos, pelicanos, gaivotas e outros pássaros.

Ao contrário do que se supunha inicialmente, os Chinchorros não eram nômades. Eles construíram aldeias permanentes de pesca onde viviam em torno de 30 a 50 pessoas. Estabelecidos em um lugar, eles puderam construir cemitérios onde realizavam ritos funerários possivelmente de veneração aos ancestrais. O cuidado com as múmias era um ritual que visava obter a proteção dos antepassados.

Análises dos ossos e do conteúdo dos intestinos das múmias mostraram que os Chinchorro mantiveram a mesma dieta por cinco mil anos. Grande parte dela (75%) derivava da pesca marinha. O peixe era comido cru ou parcialmente cozido conforme atesta a presença de tênia no intestino de 19% das múmias. A dieta era completada com guanaco e veado caçados, e a coleta de tomates silvestres e hortelã.

A expectativa média de vida dos Chinchorros era de cerca de 25 anos. Alguns adultos, contudo, atingiram os 30 anos e, uns poucos, chegaram aos 50 anos, uma longa vida para qualquer um na pré-história.

Múmia de mulher com o cabelo ainda preservado.

Ao analisar os crânios, observou-se um alto índice de exostose auditiva (crescimento ósseo anormal) devido aos repetidos mergulhos, sem proteção auditiva, na água fria. Quase todos eram adultos do sexo masculino, o que indica que a pesca marinha era trabalho dos homens. Cerca de 18% deles tinham fraturas na parte inferior das costas ou artrite da coluna vertebral ocasionadas, possivelmente, por escorregões dos mergulhadores na costa rochosa.

Entre as múmias mulheres, uma em cada cinco sofreu fraturas por compressão das vértebras, resultado do declínio da densidade óssea. Numerosas e seguidas gestações (a julgar pelo número de crianças) debilitaram as mães por tomaram-lhes cálcio e outros nutrientes do seu sangue e ossos.

A difícil conservação das múmias

As múmias Chinchorro estão guardadas no Museu Arqueológico San Miguel de Azapa, vinculado à Universidade de Tarapacá, na província de Arica, no norte do Chile. Extraídas de seu local de origem e expostas a danos por manuseio e de mudanças de clima, muitas múmias deterioraram-se mais na última década do que nos 5000 anos anteriores.

O armazenamento adequado é caro e difícil. As múmias são frágeis, uma pequena batida no braço ou perna pode parti-lo em pedaços. Precisam de um ambiente com rigoroso controle de luz, temperatura e umidade.

Sem essa proteção, uma das coleções arqueológicas mais surpreendentes da América pode virar pó antes que as múmias revelem mais segredos de nossos ancestrais.

Múmia de criança Chinchorro.

Múmia de criança Chinchorro.

Fonte

 

 

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Bruno Guerreiro de Moraes

Uma cultura muito estranha, esquartejar os corpos dos parentes que morreram, depois juntar tudo, amarar os ossos, a pele é retirada, e depois costurada de novo… isso é tão bizarro hoje como foi bizarro na época. Que ideia estranha que tiveram… mas deve se tratar de culto aos mortos, essas múmias provavelmente ficavam expostas para serem veneradas, ou acreditavam que essas múmias poderiam “proteger” a aldeia. Na Ilha de Papua Nova Guiné existe algo parecido, até hoje eles mantem a tradição mantendo as múmias conservadas e as idolatrando.

Cristina
Cristina
6 anos atrás

Supõe-se para evitar o canibalismo dos corpos por outros clãs .

Em fêmures de corpos largados no deserto, há marcas de retirada de tutano.

Joelza Ester
Joelza Ester
6 anos atrás

A tradição funerária de Papua Nova Guiné me parece ainda mais estranha, pois os corpos não são enterrados, ficam expostos à vista de todos.

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