Em 22 de julho de 1935, o presidente Getúlio Vargas criou o programa A Hora do Brasil que deveria ser transmitido por todas as estações de rádio, de segunda à sexta-feira (exceto feriado), das 19h às 20h. O programa tinha o objetivo de divulgar os principais acontecimentos do país e, principalmente, os atos do presidente da República.
Em 1939, A Hora do Brasil passou a ser produzida pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e incluía, além dos atos do Poder Executivo, uma programação cultural com músicas brasileiras, comentários sobre arte popular e pontos turísticos do país, e “recordações do passado” em que se exaltavam os heróis nacionais. Todas as quintas-feiras eram transmitidas palestras de 10 minutos dirigidas aos trabalhadores.
A partir de 1946, o programa passou a se chamar A Voz do Brasil, nome que mantém até hoje, e foram incluídas notícias do Poder Legislativo. Em 1972, o foco do noticiário deixou de se concentrar nos atos dos três poderes e passou a tratar de temas cotidianos, com ênfase nas notícias policiais e no esporte.
O rádio no Brasil
Ao criar a “Hora do Brasil”, Getúlio Vargas estava ciente do potencial do rádio como meio de propaganda política.
O rádio chegou ao Brasil em 1922, com a transmissão da Exposição do Centenário da Independência. Foi, porém, na década de 1930 que o rádio realmente começou a se popularizar tornando-se uma poderosa ferramenta de comunicação e entretenimento com programas de música, notícias, novelas e humorísticos conquistando uma audiência crescente. Em 1931, a Rádio Nacional foi inaugurada no Rio de Janeiro, tornando-se uma das principais emissoras do país. Este período marcou o início da Era de Ouro do rádio brasileiro.
O governo de Getúlio Vargas compreendeu o poder do rádio como veículo de propaganda de massa e utilizou-o de maneira estratégica para consolidar seu poder. A criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) em 1939 foi um marco importante nesse contexto. O DIP tinha a função de controlar e direcionar os conteúdos veiculados pelas emissoras de rádio, garantindo que as mensagens do governo chegariam de forma eficaz.
Vargas frequentemente usava A Hora do Brasil para falar diretamente ao povo, reforçando sua imagem de líder carismático e próximo da população.
Além de seu uso político, o rádio também teve um papel cultural significativo durante a Era Vargas. A música popular brasileira, especialmente o samba, ganhou enorme destaque nas programações das rádios. Artistas como Carmen Miranda, Ary Barroso, Francisco Alves e Orlando Silva tornaram-se ícones nacionais, suas canções sendo amplamente divulgadas e celebradas.
Outro aspecto importante foi a modernização tecnológica do rádio, que permitiu a expansão das transmissões para áreas remotas do país. O rádio de ondas curtas possibilitou que mesmo nas regiões mais isoladas as pessoas pudessem acompanhar as notícias e programas, integrando o país de norte a sul.
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