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“Tempos modernos”, de Charles Chaplin, ainda tão atual

10 de junho de 2015

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Tempos Modernos, de Charles Chaplin, é um dos filmes mais utilizados pelos professores para discutir com os alunos os efeitos sociais da Revolução Industrial. Filmado em 1936, quase sem som, e em branco e preto, o filme ainda hoje agrada os adolescentes mesmo os mais aficionados pela alta tecnologia. Por seu conteúdo, importância e sua magia hipnotizadora, Tempos Modernos merece ser melhor estudado e contextualizado, assim como o genial Chaplin.

  • BNCC: 8° e 9° anos. Habilidades: EF08HI03, EF09HI10, EF09HI12

CONTEÚDO

  • Charles Chaplin e sua obra
  • Contexto histórico de Tempos Modernos
  • Extra: Chaplin era comunista?
  • Trabalhando o filme em sala de aula
  • Fonte

Charles Chaplin e sua obra

O londrino Charles Spencer Chaplin (1889-1977) nasceu em uma família de artistas. Seus pais eram atores e cantores do music-hall e se separaram antes de Chaplin completar três anos. Ainda criança, Chaplin estreou em teatros populares do Reino Unido mas teve uma infância difícil. Por diversas vezes, Chaplin e os irmãos passaram fome e foram internados em asilos. A mãe perdeu o emprego devido a uma infecção na laringe e a problemas mentais, e o pai, alcoólatra, acabou morrendo de cirrose no fígado.

Em outubro 1912, Chaplin embarcou para os Estados Unidos com uma trupe de comediantes. Ali conheceu os estúdios da Keystone Film Company onde foi chamado para substituir um ator no filme Making a living (1914). Desde então não parou mais de trabalhar. Naquele ano, ele fez 35 filmes para a Keystone Film trabalhando como ator e, em parte deles, também como roteirista e diretor. Eram filmes curtos, comédias na maioria.

Carlitos

Charles Chaplin interpretando seu personagem mais famoso: “o Vagabundo” (The Tramp), mais conhecido no Brasil como Carlitos.

Não fazia nem vinte anos que o cinema tinha sido inventado, e ele já se popularizara nas grandes cidades dos Estados Unidos e da Europa. Foi nessa onda inicial que Chaplin lançou seu personagem mais famoso – Carlitos, o vagabundo – um andarilho pobretão e bondoso, de maneiras refinadas como um cavaleiro. Usando um bigodinho e chapéu côco, ele vestia um paletó apertado, calças largas e sapatos desgastados e largos e, na mão, levava uma bengala. Chaplin o definia como “um cavaleiro, um poeta, um sonhador sempre à espera do amor”.

Surgido em 1914, Carlitos foi um enorme sucesso protagonizando numerosos filmes. Um dos mais aplaudidos foi “O garoto” (The Kid, de 1921) quando Carlitos se vê envolvido nos cuidados de um bebê. As cenas de ternura entre eles se tornaram antológicas. A última apresentação de Carlitos foi em “Tempos Modernos” (Modern Times,1936) onde ele aparece como operário na linha de produção de uma grande fábrica.

Trabalhando em outros estúdios, Chaplin estrelou dezenas de filmes como ator, diretor, roteirista e produtor.  Em 1919, junto com outros artistas, ele fundou a United Artists com o intuito de fazer frente às grandes corporações cinematográficas da época. Foi por essa companhia que, entre 1923 e 1952 produziu seus longas-metragens, entre eles: “A corrida do ouro” (1925), “O circo” (1928), “Luzes da Cidade” (1931), “Tempos Modernos” (1936), “O grande ditador” (1940) e “Luzes da Ribalta” (1952).

O Garoto, 1921, Chaplin

Cena do “O garoto” (1921) com Chaplin e o pequeno Jackie Coogan que, anos depois, interpretaria o gordo e careca Tio Fester em “A Família Addams”.

Contexto histórico de Tempos Modernos

Pode-se dizer que “Tempos Modernos” nasceu “velho”, pois Chaplin insistiu usar uma tecnologia que estava em declínio: o filme é praticamente mudo (tem elementos sonoros) e em branco e preto. O filme falado já tinha sido lançado há quase dez anos, em 1927, e o filme colorido, em teste desde 1922, já tinha estreado em longa metragem em 1935.

Os sons de “Tempos Modernos” são sutis limitando-se a ruídos, como fechar portas, puxar alavancas e passos. Já quase ao final do filme, Chaplin canta – é primeira vez que sua voz é ouvida no cinema – interpretando a música cômica Je cherche après Titine, de Léo Daniderff . A letra não tem sentido,  misturando palavras francesas e italianas, deliberadamente incompreensíveis para efeito cômico.

Chaplin temia que dar voz a Carlitos, o Vagabundo destruísse o mistério e o romantismo do personagem além de afastar seu público dos países que não falavam inglês.

Ao ser lançado, em 5 de fevereiro de 1936, “Tempos Modernos” foi considerado uma involução pelos críticos. Não fez o sucesso esperado e os valores de bilheteria mal cobriram os custo da produção. Só seria consagrado como um filme revolucionário na reprise, em 1954. Mas nessa época, Chaplin já não vivia mais nos Estados Unidos, exilara-se na Suíça. Em sua autobiografia, Chaplin conta a respeito de “Tempos Modernos”:

“Lembrei-me da entrevista que concedi a um jovem e brilhante repórter do World, de Nova York. Ao dizer-lhe que ia visitar Detroit, explicou-me o sistema de trabalho na linha de montagem dos automóveis – uma história angustiante da grande indústria, atraindo jovens sadios que deixavam o campo e que, ao fim de quatro ou cinco anos, se viam reduzidos a uns frangalhos nervosos.

Foi a tal conversa que me deu a ideia para “Tempos Modernos”: como invenção para poupar tempo, utilizei um aparelho de levar comida à boca, de modo que até almoçando os operários pudessem continuar o serviço. A sequência da fábrica fundia-se na figura de Carlitos em desesperada crise histérica. (…) Depois de curado, o vagabundo é preso e encontra a malandrinha que também fora detida pelo furto de um pão. (…) Daí por diante é a história de dois coitados tentando acomodarem-se aos tempos modernos. Veem-se às voltas com a depressão, greves, barulhos de rua e o desemprego.” (CHAPLIN, p. 385-386)

O comentário de Chaplin explica o subtítulo do filme inserido na abertura, logo após o título: “Uma história sobre a indústria, a iniciativa individual, a cruzada da humanidade em busca da felicidade”. Trata-se de uma mordaz crítica à sociedade industrial capitalista especialmente em relação à maneira desumana e cruel com que o trabalhador é tratado.

O filme situa-se no contexto da Grande Depressão que se seguiu à crise de 1929 quando os altos índices de desemprego e a expulsão dos trabalhadores agrícolas de suas terras aumentaram a exploração do trabalho nas cidades.

A exploração do trabalho, por sua vez, fortaleceu o movimento operário e sindical sob a égide da esquerda comunista e anarquista, e que se fez sentir por meio de demonstrações de massa, como greves, motins e petições.  O filme situa essa questão na cena em que o personagem de Chaplin é confundido com um líder comunista.

Uma ousadia para a época, foi o filme mostrar o tráfico de drogas nas cadeias. Durante o almoço na cadeia, um traficante que era procurado pelos inspetores de polícia, esconde a cocaína no saleiro. Chaplin sem saber sacode o saleiro sobre seu prato e ingere excessiva quantidade da droga. Em seu delírio subsequente, ele se depara com presos em fuga e, aturdido, derruba-os impedindo sua  fuga. Ele é saudado como herói e recebe tratamento especial na cela.

Estreia Tempos Modernos

Estreia do filme “Tempos Modernos”, em Nova York, 1936.

Chaplin era comunista?

Chaplin sempre foi muito atento aos problemas econômicos e sociais de sua época. Em 1931, declarou: “Desemprego, essa é a questão-chave. As máquinas devem melhorar o bem-estar da humanidade, em vez de causar tragédia e desemprego”.

Por suas posições frente à exploração do trabalho e à desigualdade social, Chaplin foi suspeito de defender ideias esquerdistas. Assim foram entendidos seus filmes “Tempos Modernos” e “O Ditador”. Quando terminaram as filmagens de “Luzes da Ribalta, em 1952, rumou com a família de férias para a Europa. Lá recebeu a notícia que o FBI ameaçava-o com uma devassa em sua vida buscando provas de suas ligações com o comunismo internacional. Nada foi provado.

Eram os tempos da Guerra Fria e da impiedosa perseguição macarthista a qualquer um que demonstrasse simpatia aos perigosos “vermelhos”. As suspeitas contra Chaplin provinham da ajuda que ele dera para a fundação da revista Liberator, de linha pró-comunista. Foi o suficiente para ser perseguido. Chaplin não regressou mais aos Estados Unidos. Optou pelo exílio e fixou residência na Suíça. Só retornou aos Estados Unidos em 1972, em uma viagem rápida para receber o Oscar por sua obra. Poucos anos depois, na noite de natal de 1977, ele faleceu em sua casa no interior da Suíça.

O alegado comunismo de Chaplin foi uma lenda acalentada com intenções diversas, por macarthistas e comunistas. Os relatórios do FBI dos anos 1940 o definiam como “comunista enrustido”.  A CIA, por anos a fio, continuou investigando suas correspondências e as pessoas que o visitavam. Sérgio Augusto esclarece a respeito do pensamento de Chaplin:

“Sua ideologia, vagamente socialista, era tão inconsequente quanto a passeata que o operário Carlitos lidera sem querer, ao pegar no meio da rua uma bandeira vermelha, em Tempos modernos.” (CHAPLIN, p. XV).

Chaplin interpretou diversas figuras populares – garçom, padeiro, juiz de luta de box, pedreiro, alfaiate, vidraceiro – mas é difícil extrair desses personagens “contradições do capitalismo” ou uma “luta de classes”. Sua divisão do mundo em ricos e pobres, patrões e empregados é por demais ingênua. O lado mau da sociedade é representado, quase sempre, pela polícia que, diante de Carlitos, é ridicularizada pelas mirabolantes fugas do vagabundo. Chaplin queria, acima de tudo, ser engraçado.

Trabalhando Tempos Modernos em sala de aula

O cinema pode ser um eficiente recurso pedagógico se bem trabalhado antes, durante e depois da aula em que foi inserido. Veja a respeito aqui.

“Tempos Modernos” é comumente discutido nas aulas sobre Revolução Industrial, em especial, a Segunda Revolução Industrial. O filme, contudo, tem maior relevância e significado histórico se abordado em seu próprio contexto, isto é, a década de 1930, o turbulento período entreguerras, da Grande Depressão e do confronto de movimentos comunistas e nazifascistas.

É o primeiro filme abertamente político de Chaplin. Faz uma sátira da linha de montagem e uma denúncia contra o desemprego e as condições de vida e trabalho de grande parte da população, imposta pelos avanços capitalistas da época. Os dilemas e dramas humanos que tanto inspiraram Chaplin acabaram sendo sua punição. Anos depois, em 1952, ele foi suspeito de apoiar ideias comunistas – situação que o levou ao exílio voluntário com a família até o fim de sua vida (Veja a respeito no final do artigo)

O filme permite discutir as seguintes temáticas:

  • As relações entre o homem e a tecnologia.
  • A imposição do tempo fabril marcando o ritmo da vida humana.
  • A organização, as condições e a exploração do trabalho.
  • A desigualdade social e seus efeitos: miséria, fome, furtos, criminalidade etc.
  • A ideia de felicidade supostamente garantida pelo consumo e prosperidade material.
As atividades sobre o filme estão no site STUD HISTÓRIA. Para acessá-las, clique no botão abaixo e faça um pedido na loja. Material gratuito.

Fonte

  • CHAPLIN, Charlie. Minha vida. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.

Saiba mais

 

 

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[…] “Tempos Modernos”, ainda tão atual. […]

Sebastião V. Prado
Sebastião V. Prado
6 anos atrás

Fico imaginando hoje uma cena em que pessoas usando o whattsApp estejam tão ensandecidas como aquela sociedade no padrão de produção da revolução Industrial. A relação entre o homem e a tecnologia sempre estará cheia de prós e contras. sempre haverá necessidade de bom senso no uso da mesma.

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