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Dia Nacional Tereza de Benguela e da Mulher Negra

25 de julho de 2014

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O dia 25 de julho foi declarado Dia Nacional Tereza de Benguela e da Mulher Negra, pela Lei nº 12.987, de 2014. Homenageia Tereza de Benguela, rainha do quilombo Quariterê ou do Piolho (c.1750-1770), no Vale do Guaporé, em Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso (perto da fronteira com a Bolívia).

Depois das guerreiras dos mocambos de Palmares no século XVII, a liderança feminina mais conhecida dos quilombos coloniais no Brasil foi Tereza de Benguela. Sabe-se muito pouco sobre ela. Africana escravizada, talvez tenha chegado às áreas de mineração por volta de 1730. Havia denúncias de que africanos recém-desembarcados nos portos de Belém e São Luís eram clandestinamente revendidos e transportados para a capitania de Mato Grosso.

Não existe registro iconográfico nem descrição sobre a aparência de Tereza de Benguela. A pintura a óleo “Mulher negra sentada” é do artista suíço Félix Edouard Vallotton, 1911. O artista pintou as mulheres negras em pé de igualdade com as outras, numa época em que os preconceitos sociais ainda eram dominantes.

Há registros de 1748 sobre o quilombo do Quariterê. Seu crescimento atraiu expedições punitivas das autoridades coloniais, mas sempre ressurgia. Um desses registros revelariam a figura de Tereza que passou a comandar o quilombo como “rainha viúva” depois da morte do rei, seu companheiro.

Também conhecido como “quilombo do Piolho”,  o Quariterê tinha parlamento e uma população de negros, índios e cafuzos. Um sistema de defesa armada preservou o quilombo por duas décadas.

O quilombo vivia do cultivo de algodão, milho, feijão, mandioca e banana. Possuía teares com os quais fabricavam-se tecidos que eram comercializados com os colonos, bem como os alimentos excedentes. Quariterê caracterizou-se pelo uso da forja, transformando em instrumentos de trabalho os ferros utilizados contra os negros.

Sobre Tereza, há descrições que afirmam: “Mandava enforcar, quebrar pernas, e sobretudo enterrar vivos os que pretendiam vir por seus senhores (…) cuidava muito na agricultura dos mantimentos”.

O  Quariterê foi atacado em 1770 matando muitos moradores e prendendo os sobreviventes. Muitos conseguiram fugir. Relatos dizem que Tereza foi assassinada pelo Exército e outros apontam que ela preferiu se suicidar a submeter-se ao domínio dos brancos. Os capturados foram torturados em praça pública para servir de exemplo. Mais tarde, em 1791, uma segunda bandeira foi organizada para capturar os fugitivos. Dessa vez, o quilombo foi completamente destruído. No local foi construída a Aldeia da Carlota.

Tereza de Benguela foi homenageada pela escola de samba Unidos de Viradouro, no Carnaval de 1994, com o samba enredo “Tereza de Benguela: uma rainha negra no Pantanal”. Seus versos diziam:

“No seio de Mato Grosso, a festança começava/

Com o parlamento, a rainha negra governava /

Índios, caboclos e mestiços, numa civilização /

O sangue latino vem na miscigenação.”

O Dia Nacional Tereza de Benguela serve para fortalecer o combate à violência, ao racismo e ao sexismo sofridos pela mulher negra, e a defender o seu acesso à saúde, à educação e aos espaços de poder.

A escolha do dia 25 de julho se deu porque, no mesmo dia comemora-se o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data reconhecida pela ONU em 1992, como celebração e também reflexão do papel das mulheres negras e formas de combater o machismo e o racismo.

Fonte

  • SHUMAHER, Schuma; BRAZIL, érico Vital (orgs.). Dicionário Mulheres do Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
  • GOMES, Flávio dos Santos; LAURIANO, Jaime; SCHWARCZ, Lilia Moritz. Enciclopedia Negra. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.

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