“A rota do escravo: uma visão global” é um documentário educativo dirigido por Georges Collinet com apoio e patrocínio da Unesco. Com depoimentos de historiadores de diversos países, apresenta um panorama histórico da escravidão desde o início da Era Cristã com o comércio de escravos pela rota rota transaariana em direção ao mar Vermelho e Oceano Índico .
Assista o documentário
Segundo Jocelyn Chan Low, historiador da República de Maurício, o comércio humano não se limitou a africanos mas envolveu também escravos da Índia, da Malásia e do sudeste da Ásia cujo centro estava na ilha de Madasgascar. Africanos do leste vindos da região do Chifre da África (atuais Somália, Djibouti, Eritreia e Etiópia) foram levados como escravos ou migraram como comerciantes ou soldados para a Índia onde eram conhecidos como “siddis”.
O Império Otomano (século XVI ao XIX) também praticou o comércio de escravos que incluía tanto caucasianos (escravos brancos, portanto) quanto africanos. Hoje, descendentes de africanos são encontrados em várias partes da Turquia.
O comércio de escravos realizado pelos europeus foi inicialmente voltado para a Europa (século XV) e décadas depois foi estendido à rota atlântica para abastecer as lavouras das colônias americanas. Entre os séculos XVI e XIX, cerca de 11 milhões de africanos foram enviados para as Américas, algo em torno de 500 e 700 mil cativos por ano! Populações de origem étnica diversa, sem homogeneidade cultural, política e social e que sequer se consideravam como “africanos”. O comércio humano, contudo, ignorou suas identidades culturais.
A primeira revolta de escravos africanos
O documentário “A rota dos escravos: uma visão global” salienta que a primeira grande revolta de escravos africanos conhecida aconteceu no Iraque. Foi a Revolta de Zanj, que se estendeu de 869 a 883. Milhares de escravos africanos do leste da África que trabalhavam nas salinas no sul do Iraque se juntaram a outros grupos e lutaram contra a escravidão. Formaram seu próprio estado com capital em Al-Mukhtâra, às margens do Golfo Pérsico, e durante quatorze anos desafiaram seriamente o Califado Abássida.
A primeira república negra
Em 1781 tiveram início as revoltas escravas em São Domingos (atual Haiti), colônia francesa no mar do Caribe. Sob liderança do ex-escravo Toussaint L’Overture, foi proclamado o fim da escravidão. A captura do líder negro não pôs fim à luta. Em janeiro 1804, Jean-Jacques Dessalines e outros generais negros proclamaram a independência da colônia. O Haiti se tornou a primeira república negra do mundo e o primeiro país das Américas a abolir a escravidão.
Malês: a maior revolta escrava do Brasil
Os africanos e descendentes escravizados no Brasil resistiram de várias maneiras ao cativeiro. Há registros de revoltas escravas em diversas províncias, especialmente na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A maior delas ocorreu em Salvador, em 1835, organizada por africanos de origem muçulmana pertencentes às etnias hauçá e iorubá (ou nagô). Foi o Levante dos Malês que resultou em cerca de 80 mortos, centenas de feridos e presos. Os líderes foram torturados e enforcados em praça pública. Os demais condenados foram vendidos para outras províncias e os libertos enviados de volta à África.
A invenção da “raça”
Na segunda metade do século XIX, cientistas inventaram o conceito de raça e desenvolveram teorias de hierarquia racial e da inferioridade congênita de negros que se tornou a base do racismo europeu. Dizia-se que africanos não tinham história, cultura nem civilização. A estigmatização da população africana se tornou um fenômeno global e, ainda hoje, seus ecos são ouvidos em muitos lugares.
O racismo não tem base científica, mas, sim, política. Teorias racistas serviram como justificativa para massacrar povos.
Crime contra a humanidade
Na Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância, da Onu, em 2001, delegados de todo o mundo declararam o comércio de escravos e a escravidão um crime contra a humanidade:
Reconhecemos que a escravidão e o comércio de escravos, incluindo o comércio de escravos transatlântico, foram tragédias terríveis na história da humanidade. Não só pela repugnante barbaridade mas também por sua magnitude, natureza organizacional e, especialmente, pela negação da essência das vítimas.
Documentário completo
“A rota do escravo: uma visão global” foi um trabalho preliminar. Em 2012, foi concluído o documentário completo com o nome “A rota do escravo: a alma da resistência”, dirigido por Tabué Nguma e Nil Viasnoff, com financiamento do governo da Bulgária e produzido pela Unesco. Veja o vídeo abaixo.
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Muito bom parabéns!
Obrigada Elisabete!
Joelza, muito obrigado pelos videos disponibilizados sobre Escravidão. Eu copiei e colei o texto (dando seu crédito, ao final, e baixei os dois vídeos, os alunos do 1º ano tem uma visão completamente diferente da escravidão. Mostrar a eles como ela aconteceu, com cenas que eles nunca viram foi bom. Nem reclamaram do vídeo ser legendado rsrrsrs… É preciso estimular a eles que coisas boas podem estar em outras línguas, sem que isso os impeça de ler as legendas…Muito obrigado pelo material, e eu entrei aqui pelo e-mail de Revolução Francesa que o blog me manda…
[…] A rota do escravo – documentário. Um panorama histórico da escravidão, desde o início da Era Cristã com o comércio de escravos […]