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O tropeiro Serafim a serviço de grandes obras públicas

2 de novembro de 2023

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Serafim Teixeira Machado, nascido na década de 1850, levou a vida como vaqueano (tropeiro) no Paraná, conduzindo tropa de muares entre São José dos Pinhais (PR) e Joinville (SC). Não se sabe ao certo se foi escravizado ou se era filho de escravizados.

Profundo conhecedor daqueles caminhos, Serafim, em 1928, serviu como explorador e guia para os técnicos e engenheiros dos Estados Unidos, contratados para a construção da Usina de Chaminé, na serra dos Castelhanos. A região, entre São José dos Pinhais e Morretes, no Paraná, faz parte da Serra do Mar e ainda preserva a Mata Atlântica o que torna o local muito apreciado pelos trilheiros e aventureiros.

A construção da Usina Hidrelétrica Chaminé (1928-1931) em uma região de floresta fechada, com rios e cachoeiras, tornou imprescindível a experiência e o conhecimento de Serafim Teixeira Machado que, a essas alturas, já tinha mais 80 anos de idade.

O vaqueano tornou-se tão respeitado entre seus colegas e engenheiros que teve seu retrato pendurado na sala do diretor da Cia de Força e Luz do Paraná, em Curitiba.

Retrato de Serafim Teixeira Machado que ficou exposto na sala do diretor da Cia de Força e Luz do Paraná, em Curitiba. Foto de Vladimir Kozák, década de 1940, Museu Paranaense.

Serafim Teixeira Machado ainda participou da expedição de estudos para a construção da rodovia Curitiba-Joinville.

Do velho tropeiro preto restaram apenas as fotografias feitas na década de 1940 por Vladimir Kozák. Nada mais. Não se sabe como foi sua vida depois de prestar serviços tão relevantes, nem quando morreu. Tampouco seu nome figura em rua de Curitiba, São João dos Pinhais, Tijucas ou Agudos do Sul.

  • BNCC: 9° ano. Habilidades: EF09HI03, EF09HI04

O fotógrafo

O theco Vladimir Kozák (1897-1979), engenheiro, fotógrafo e pintor, veio para o Brasil em 1924 como funcionário da Blond & Share, multinacional de exploração de energia com negócios na Bahia e em Minas Gerais. Em 1938, mudou-se para Curitiba para trabalhar na Companhia Força e Luz do Paraná, atual Copel (Companhia do Paraná de Energia Elétrica). São dessa época, suas fotos do vaqueano Serafim Teixeira Machado.

Em Curitiba, Kozák acabou sendo contratado pelo Museu Paranaense para a área de Cinema Educativo voltado à Etnologia. Na década de 1950, foi para o Departamento de Antropologia da Universidade do Paraná, por indicação de José Loureiro que ocupava a cátedra de Antropologia. Tomou contato, então com diversas etnias em expedições à Foz do Iguaçu, Xingu e Paraná. Em 1955, conheceu os até então desconhecidos Xetá, na Serra dos Dourados (região de Umuarma, no noroeste do Paraná).

Kozák faleceu em Curitiba, aos 81 anos de idade. Seu acervo de mais de 9 mil fotos e 120 filmes, além de slides, negativos e milhares de pinturas e aquarelas encontra-se no Museu Paranense e Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR.

Serafim Teixeira Machado e família. Foto de Vladimir Kozák, década de 1940, Museu Paranaense

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