Há quem diga que a escola é o espaço mais conservador da sociedade. Talvez haja verdade nisso se lembrarmos de alguns vícios muito disseminados entre os professores que insistem manter determinadas práticas ultrapassadas. A lista abaixo foi pensada para o professor de História, mas pode valer para outras disciplinas.
1 – Querer dar conta de todo ou quase todo conteúdo
Mesmo sabendo que é impossível, ainda há quem insista em cumprir toda programação do ano letivo, em terminar o livro ou chegar até o último capítulo. A escola cobra, os pais exigem e o professor “se vira nos 30” para conseguir atender a todos e a si mesmo.
Em primeiro lugar, quem disse que há um plano de aula de história obrigatório para cada ano? Não existe e isso pode ser bom ou ruim, dependendo da situação. Os livros didáticos costumam servir de guia curricular para a maioria dos professores em aulas de história ou outras disciplinas. Mas é importante lembrar que eles são escritos para contemplar diferentes situações escolares: professores que dispõem de 2, 3 ou 4 aulas de história semanais, escolas que valorizam volume de matéria, alunos de diferentes níveis cognitivos.
O professor tem autonomia na condução de sua prática pedagógica. Só ele sabe qual deve ser o ritmo de sua aula de história em consonância com o ritmo dos alunos. Compete ao professor estabelecer qual será o plano de aula de sua turma, em selecionar os cortes, recortes e abordagem dos temas a serem ministrados e em determinar o grau de profundidade que pretende dar à aula de história. Como lembra o historiador Leandro Karnal:
“Eu diria que ensinar História é uma atividade submetida a duas transformações permanentes: a do objeto em si e da ação pedagógica. O objeto em si (o “fazer histórico”) é transformado pelas mudanças sociais, pelas novas descobertas arqueológicas, pelo debate metodológico, pelo surgimento de novas documentações e por muitos outros motivos. A ação pedagógica muda porque mudam seus agentes: mudamos professores, mudam os alunos, mudam as convenções de administração escolar e mudam os anseios dos pais.” (Karnal, 2003).
Infelizmente isso não vale para os professores submetidos ao sistema de ensino apostilado. Estes, reféns de um cronograma e conteúdo pré-determinados, não tem saída: ou seguem o ritmo das apostilas ou estão fora da sala de aula.
2 – Limitar a História a modos de produção e de opressão
O materialismo histórico dialético causou uma reviravolta na ciência da História direcionando o olhar dos historiadores para questões econômicas e sociais. A perspectiva marxista da história demoliu os três pilares que sustentavam a história tradicional de corrente positivista: a noção de político/política desvinculada da totalidade do processo histórico; o caráter voluntarista de uma história baseada em alguns poucos agentes históricos individuais, e o discurso histórico-narrativo, cronológico e linear.
Segundo a corrente marxista, o desenvolvimento histórico ocorre a partir de um processo conflituoso, impulsionado pela luta de classes num cenário marcado pela contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e as relações sociais de produção. Por essa ótica, o marxismo promoveu a classe trabalhadora, marginalizada do processo histórico, à categoria de sujeito dando-lhes visibilidade na historiografia.
Uma vasta bibliografia teórica e/ou referenciada no materialismo histórico foi produzida investigando as lutas sociais no Brasil e tendo por eixo o conceito marxista de modo de produção. Até a década de 1960, chegou a predominar entre os marxistas brasileiros a visão de que teriam existido, em nossa história, todos os modos de produção conhecidos na história europeia: comunismo primitivo, escravismo, feudalismo e capitalismo – tese hoje negada.
Hoje, se há consenso entre os marxistas no Brasil sobre a importância do conceito de modo de produção, tudo o mais é polêmico: há múltiplas visões sobre quais modos de produção existiram na história brasileira e até mesmo o significado da expressão “modo de produção”.
O debate é intenso na academia e alimentado por pesquisas e vasta bibliografia. Transposto para o ensino básico, limitado a 1 ou 2 aulas de história por semana e com alunos sem conhecimentos teóricos e históricos mínimos, é grande a possibilidade desse debate reduzir-se a um discurso reducionista, e não a um aprendizado transformador como pretende os historiadores marxistas.
Sem aprofundamento teórico, a luta de classes e o modo de produção – conceitos essenciais do materialismo histórico – correm o risco de serem entendidos pelo aluno do ensino básico sob uma ótica mecanicista e maniqueísta que reduz a história à eterna luta entre oprimidos/excluídos/explorados X poderosos/ exploradores/senhores, em que os primeiros representam o “bem” e estes o “mal”. Deixa-se de lado a complexidade social, a interferência de outras forças, os jogos de poder intraclasses, os valores e mentalidade da época que caracterizam e diferenciam os processos históricos.
A renovação ocorrida na ciência da Historia a partir dos anos 1980, ampliou e diversificou os objetos e abordagens da pesquisa histórica. A produção historiográfica marxista também se renovou articulando, por exemplo, o conceito de classe social ao de cultura.
Estas novas concepções de história abriram um rico leque de possibilidades ao professor de História para apresentar ao aluno uma visão mais abrangente das conquistas e dos talentos humanos servindo de ponte entre o patrimônio cultural da humanidade e a cultura do educando. Seja a música de Beethoven, o cinema de Charles Chaplin, a literatura de Lima Barreto, os mitos gregos, as cariátides do Partenon, o charleston dos anos 1920 ou as práticas e saberes populares – são elementos que formaram a base de nossa cultura e não devem ser desprezados. Para muitos alunos, a aula de História é o único espaço para conhecer esse patrimônio material e imaterial.
3 – Fazer da aula de história uma tribuna ideológica ou um comitê partidário
Isso foi comum nos anos 1960 e 1970 nas universidades e nas escolas secundárias. Acreditava-se, então, que as convicções políticas bastavam e eram fundamentais para direcionar o ensino de qualquer disciplina. Hoje, apesar dessa postura estar superada, ela ainda seduz muitos professores que usam seu trabalho como instrumento de propaganda ideológica ou de pregação religiosa.
Afirmações baseadas apenas em filiações ideológicas são desprezíveis e covardes pois são dirigidas a uma plateia que não tem conhecimento suficiente para refutar ou moderar o discurso do professor. Nessa situação desigual, corre-se o risco da aula de história se tornar um perigoso veículo de distorções políticas, preconceito, racismo e segregação.
Cuidar para não transformar o tablado de sala de aula em palanque eleitoral não significa desvestir a História de seu caráter político. O ensino de História tem um papel educativo, formativo, cultural e, também, político uma vez que ele se propõe a formar cidadãos críticos, inseridos nas interações sociais de seu tempo, participantes dos processos políticos e capazes de formular opiniões sobre as questões de sua realidade social.
O ensino é, em si, um ato político e não há neutralidade possível. Contudo, é um ato de mão dupla em que interagem alunos e professor. Cabe ao professor uma postura de (re)conhecer o outro, considerar seu contexto familiar, suas relações sociais, seus valores e visão de mundo se pretende fundamentar seu ensino no respeito à pluralidade cultural.
4- Falar demais e querer explicar tudo
Esse vício está atrelado ao primeiro. Todavia, mesmo o professor “não conteudista” acaba contagiado pela síndrome de falar muito e explicar demais. A aula de história é sobre Idade Média, e ele desanda a falar sobre João Sem-Terra, Carlos Magno, plantagenetas e capetíngios. Revolução Francesa é esmiuçada fase por fase e, na prova, pergunta-se: em que fase foi feita a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão? Período Regencial ou República Velha é um desfilar interminável de nomes de governantes e revoltas.
Aprender é um processo lento de descobertas e desafios que exige tempo, paciência e… pausas. Não precisa explicar tudo, na mesma aula, no mesmo ano. Deixar espaço para a dúvida, a curiosidade e a reflexão do aluno é uma estratégia sábia. Narrar um processo histórico mas não finalizá-lo deixando para os alunos pesquisarem o “final da história”, pode ser bem interessante e mais produtivo. Fazer da aula de história expositiva uma aula dialogada (veja artigo aqui) ou destinar uma aula para o debate ou à apresentação dos alunos também ajudam a minimizar o velho vício de falar muito e explicar demais.
O vício de querer explicar tudo é tão arraigado no professor que o conteúdo de história do Ensino Fundamental se repete no Ensino Médio, que se repete no Cursinho pré-vestibular e se repete na Licenciatura. Um moto-contínuo que contribui para a ideia de que a História se repete ou é sempre igual, como se constata no senso comum.
5 – Falar em “historiês” durante as aulas
História é uma disciplina subjetiva, por natureza. É uma construção intelectual, está carregada de conceitos e lida com o tempo vivido e distante do aluno. Isso já seria razão para torna-la a mais difícil das disciplinas escolares. O quadro fica ainda pior com o professor que só sabe falar em “historiês”, isto é, a linguagem acadêmica carregada de conceitos e chavões. Decifrar o professor é uma tarefa tão difícil para o aluno que só lhe resta uma alternativa: decorar o que o professor falou e reproduzir na prova.
Encontrar a linguagem adequada é o grande desafio do professor de História. Usar uma linguagem acessível ao aluno, que seja clara e precisa e não caia na banalização e nem no uso de gírias. Ficar atento para perceber “a tradução” que o aluno faz do que é dito em sala de aula. Como o aluno do 6º ano entende “monarquia” ou “escravidão” na aula de Egito ou Roma Antiga? Que tradução mental ele faz de “escravo” na aula de história sobre Atenas no século V a.C.? E na aula de Brasil Colonial? Essas decodificações correspondem ao conceito que estou dando? São reflexões importante que o professor de História deve fazer.
Conceitos são fundamentais no plano de aula de História e requerem tempo de aprendizado para a compreensão de sua historicidade. Cidadania na Grécia Antiga não pode ser entendida como sendo a mesma da modernidade. Não existe uma democracia, mas “democracias”: na Grécia, no século XIX, na atualidade etc. Isso vale para todos os conceitos usados em sala de aula.
Linguagem correta e adequada, comunicação clara e eficiente, é um dos pontos que diferenciam o historiador do professor de história e que garantem o sucesso ou o fracasso da aprendizagem de História.
6 – Apostar nos recursos audiovisuais como imprescindíveis no ensino
Filmes, documentários, Power Points e animações ajudam no aprendizado mas é preciso critério e cuidado na escolha. Na Internet há muito material de qualidade discutível e nada confiável. Além disso, um audiovisual é somente um meio de aprendizagem, mas não garante o aprendizado nem o conhecimento de um conteúdo. Não basta passar em uma aula de história um documentário sobre sambaquis e considerar que a Pré-História Brasileira foi dada e compreendida. Aula é coisa séria: tem que ser muito bem preparada pelo professor.
A exibição de um audiovisual requer planejamento: saber que elementos serão destacados, como e com que finalidade. Para isso, é interessante apresentar aos alunos algumas questões antes ou depois da projeção. Vale, até mesmo, desafiar a turma a identificar, no vídeo, um elemento qualquer (descobrir onde acontece a ação, por exemplo) inclusive achar um erro, desafio que manterá os alunos atentos a aula de história. Importante é usar a projeção como ferramenta de aprendizagem e não como substituto da explicação do professor.
7 – Fazer crítica pela crítica, sem base e sem conhecimento
Refletir e criticar um texto é fundamental no ensino de história, mas para isso, é preciso de conteúdo, conhecimento, tanto dos alunos quanto do professor. No ensino Fundamental, isso é prematuro demais dado o pouco conhecimento histórico adquirido. Nessa fase, o aluno está (ou deveria estar) concentrado em ler e compreender o texto. No Ensino Médio, talvez, em alguns casos, o professor pode incentivar uma leitura crítica. Mas, o entendimento do texto sempre precede à sua interpretação. A respeito desse vício, refletem Pinsky e Pinsky :
“Antes de entender um texto, uma questão, uma conjuntura, professores e alunos já lançam a crítica! Ela está na ponta da língua, ou seja, precede a compreensão da complexidade do fenômeno histórico. “Tal autor? Está superado”, dizem alunos e professores que nunca se deram ao luxo de lê-los, mas se permitem julgamentos definitivos com base em algo ouvido em um corredor ou lido às pressas em uma página de uma revista semanal de informações. Defendemos, pois a “volta” do conteúdo às salas de aula, da seriedade.” (Pinsky e Pinsky, 2003).
O resultado desse vício está na arrogância daqueles que se arvoram em intelectuais, jovens vazios de conteúdo, mas plenos de “achismos”, no uso distorcido e confuso de conceitos – sintomas que se escancararam em muitas manifestações populares.
8 – Aula de História “demolidora”
Boa parte das pesquisas acadêmicas ocupam-se em desconstruir teorias, discursos e relações de poder. A abordagem é fascinante e trouxe um importante avanço na historiografia: compreender as motivações de discursos ou de grupos sociais, analisar os jogos de poder que influenciaram versões de fatos históricos, desvendar as intenções de um personagem histórico e suas opções políticas e outras desconstruções que demandam anos de pesquisa documental e muita reflexão do historiador.
Na aula de história, especialmente para alunos mais novos, é preciso cuidado com o desconstrutivismo. O aluno vem para a sala de aula com conhecimentos adquiridos, carregado de conceitos pré-concebidos pelo senso comum. Confrontar esse conhecimento prévio com afirmações enfáticas como “não foi nada disso”, “o quadro O grito do Ipiranga é uma mentira!” pode ser entendido como uma declaração de guerra a paradigmas e valores de seu mundo particular.
Desconstruir por descontruir (muitas vezes, para atender a vaidade intelectual do professor) provoca no aluno um sentimento de pessimismo, descrença e ceticismo extremo que o fazem questionar: “Se não foi assim, para quê estudar História se, no final, é tudo mentira?” Novamente, Pinsky e Pinsky apresentam uma lúcida análise a respeito:
“Só a desconstrução não basta (além do vazio provocado, deixa um gostinho de insatisfação e niilismo no ar – no limite, supervaloriza o relativismo e tira o poder de ação das mãos dos sujeitos históricos); é preciso que alunos tenham acesso a algum conteúdo histórico e que entendam sua contextualização.” (Pinsky e Pinsky, 2003).
Ensinar História é coisa séria. É preciso sensibilidade para conhecer o aluno, suas expectativas e necessidades. Respeitar seu ritmo de aprendizagem, deixá-lo falar e ouvir o que ele não diz. Entender que cada idade tem anseios diferentes e uma psicologia particular que interferem no aprendizado. Uma aula de história de sucesso no 6º ano não terá o mesmo resultado no 9º ano ou no Ensino Médio, e vice-versa. Leva tempo para ensinar e aprender História de forma significativa e rica de conteúdo. Mas é possível e vale a pena.
Fonte
- KARNAL, Leandro. História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003.
- PINSKY, Jaime e PINSKY, Carla Bassanezi. Por uma História prazerosa e consequente. In: KARNAL, Leandro. Op. Cit.
- BEZERRA, Conceitos básicos. In: KARNAL, Leandro. Op. Cit.
- BITTENCOURT, Circe Maria F. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
- SILVA, Marco. História, que ensino é este? Campinas, SP: Papirus, 2013.
Esse livro do Karnal é muito bom! Comprei durante a prática de ensino! Tem um outro muito bom também, vou ver o nome e depois falo. O único difícil de contornar é o 1 mesmo… embora concorde, explicar isso para um pai ou um diretor não é fácil. Tem professor que lê slide, passa vídeo por passar… se temos a tecnologia como aliada, vamos usá-la com prudência, né? Colocar uma imagem, um vídeo, para ilustrar, somente, sinceramente, não vale a pena. E tem professor também que confunde desconstruir com questionar. Questionar sempre é válido, mas ficar toda hora dizendo que… Leia mais »
Veja resposta abaixo.
Creio que muitos desses “vícios trabalhísticos” são um sério problema realmente, mas muitas vezes estão enraizados nos modelos de ensino e nas práticas didáticas dos docentes. O ensino temático me parece uma boa alternativa para a maior parte deles, mas sempre depende do interesse do atores do processo de ensino-aprendizagem.
O ensino temático deu alguns passos mas não foi muito além de algumas experiências inconclusas. Precisa ser melhor pensado e reavaliar seu percurso. Na França e na Espanha onde ele foi adotado por mais tempo, acabou sendo abandonado.
Eu defendo a ideia de ensino temático, mas não da maneira trabalhada na França, com currículo fechado (até onde pude ler), ou da maneira que alguns livros didáticos de história temática fazem. É interessante estudar a partir de temas, pois ao meu ver, atrelado ao vício 1 existe uma vontade de ensinar uma “história do mundo”, ignorando meio que conscientemente que isso é impraticável e desnecessário. Ignorando ainda a eurocentricidade das narrativas históricas. Ignorando que existe uma seleção na construção da própria História, e portanto deve existir uma seleção consciente na prática de ensinar História. Quando se pensa em História… Leia mais »
Ótimas observações…só tenho ressalvas quanto à 3 . Primeiro, por que você coloca no mesmo balaio temas como gênero, política e religião…os dois primeiros, porém, são essenciais na Contemporaneidade, e faz parte de nossas atribuições abordá-los, problematizá-los, e nem sempre dá pra fazer isso de modo neutro, porque nós educadores temos trajetórias, ideais,militâncias….cautela sim, mas sem pânico… A religião, sim, em nosso contexto encaixa-se nesse vício. Os últimos dados tem mostrado que a influência, por exemplo, do Neo-pentecostalismo tem sido devastadora nas salas de aula…. Outra coisa: você equipara os termos “esquerdistas” e “neonazistas”? A não ser que defina-os de… Leia mais »
Veja resposta abaixo.
Excelente reflexão!
Obrigada Vania. Conforme comentei abaixo, o tema me surpreendeu pela repercussão que teve o que indica a sua pertinência mesmo considerando as discordâncias. Mas professor para ser professor é preciso coragem!
Só esqueceu de mencionar que a maioria dos professores, não só os de história, não querem dar conta do conteúdo, mas são obrigados a dar conta pelos gestores, pelos pais, pela sociedade como um todo. Transformações na pratica de ensino devem ser adotadas urgentemente, porém percebe-se que parte das críticas aqui elencadas parecem serem feitas por alguém que está bem longe da realidade de uma sala de aula.
Tem razão Juliana, conheço bem essa realidade.
É óbvio que ao lecionar História devemos tomar cuidado para não doutrinar os discentes, porém, é incongruente adotar uma postura conservadora e fascista como a sua, cuja tem como objetivo consolidar uma História das mentalidades e assim perpetuar a História positivista de exaltação de líderes Militares e políticos, levando em consideração sua declaração que marxista e neonazista estão no mesmo patamar, fica claro sua posição pragmática, fatalista e determinista, para não dizer superficial. E ao opinar de que não devemos desconstruir o eurocentrismo dos antigois livros didáticos do Regime Militar, responsável por ter engendrado em nossa sociedade vários conceitos pejorativos,… Leia mais »
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Olá,
Não entendi muito bem o motivo de se colocar na mesma frase esquerda e neonazistas. Entenderia se fosse socialistas e liberais ou esquerdistas e direitistas, onde o último não é sinônimo de nazistas.
Senti um viez ideológico no discurso quando, justamente neste item, se orienta o contrário!
” Muitos esquerdistas e neonazistas nasceram em salas de aula usadas como tribunas ideológicas.”
Saudações,
Leonio.
Veja resposta abaixo.
O texto causou muita polêmica e uma repercussão inesperada: em dezoito horas foram 2.000 “curtidas” no site e 25.400 pessoas alcançadas só na minha página do Facebook. Tiveram ainda centenas de “curtidas” e compartilhamentos em todos grupos de História que participo. Sinal que o tema merece maior discussão e aprofundamento. Agradeço aos comentários, até mesmo os raivosos, por ampliarem a reflexão. Todos estão publicados nesta página, na íntegra, para que possam continuar alimentando o debate. Respondo aos que aqui deixaram seu comentário. LEONIO: tem razão, não fui feliz na exemplificação que passou a ideia (absurda, apesar de involuntária) de comparação… Leia mais »
Veja resposta abaixo.
Ótimas reflexões!
Obrigada Mariana!
Excelente o texto, alguns pontos eu já encarei pela experiencia em sala de aula e vamos nos adequando a realidade de cada turma. Mas achei esse ponto 8 muito mal embasado. Sim, o quadro do Ypiranga é uma farsa e assim deve ser mostrado, de forma contextualizada, mostrando ao aluno que ideias estavam e estão por trás da obra, não vejo como isso vai levar o aluno a se tornar pessimista.
Thiago, sendo um artigo destinado a um post (e não a uma revista acadêmica) ele deve ser enxuto mesmo correndo o risco de comprometer a análise. Para atenuar esse risco foi acrescentado um link (em “Veja a respeito aqui”) que remete a um artigo específico sobre essa pintura no qual é feita a interpretação e desconstrução dessa imagem. Aliás, é um artigo proveniente de uma aula minha no Ensino Médio. Note que o ítem 8 não rejeita a desconstrução (ela “trouxe um importante avanço na historiografia”) mas propõe que o professor seja criterioso em aplicá-la em sala de aula, especialmente… Leia mais »
O item 4 é a minha cara!
OK!
Olá Joelza, Tudo bem? Gostei bastante dos seus apontamentos, considero-os bastante pertinentes, sobretudo no que diz respeito ao item 5. Particularmente, tenho me dedicado às discussões da História das Ciências, e percebo que, na conjuntura atual pretendida para o Ensino Básico, essa área mais específica do conhecimento histórico precisa ser explorada. Desse modo, gostaria de pedir/sugerir, caso não haja, um post que reflita um pouco sobre esse desafio que se põe aos professores de história, de lidar com um tema incontornável como a História das Ciências e suas interfaces com o ensino das próprias ciências. Mais uma vez,parabéns pelo texto,… Leia mais »
É um tema desafiador, Luiz, mas muito pertinente. A primeira ideia que me vem à mente, é levar para a sala de aula a leitura de “O Físico”, de Noah Gordon, que permite não somente abordar a História das Ciências na Idade Média como ainda articula a cultura europeia cristã, a muçulmana e a judia. Mas vou me debruçar sobre sua sugestão. Um abr.
ACREDITO QUE O GRANDE PROBLEMA DO ENSINO DE HISTÓRIA HOJE‚ É A ABSOLUTA FALTA DE TEMPO QUE O PROFESSOR É SUBMETISO DEVIDO ÀS EXCESSIVAS AVALIAÇÕES…..NÃO HÁ TEMPO PARA QUE O MESMO PESQUISE E SE EMPENHE EM PREPARAR AULAS COM UM SIGNIFICADO PARA SEUS ALUNOS.
Simples, meu caro. Saia deste modo alienante. Estou me formando em História e quando estiver trabalhando em sala de aula, farei como muitos de meus professores da faculdade: não aplicarei provas tradicionais, nem trabalhos escritos. Vamos investir em trabalhos orais, seminários, debates, enfim, há muitos meios mais eficazes. Avaliação tradicional, seja ela aberta ou de múltipla escolha não representa o conhecimento do aluno. Os meios citados, sim, por mais supérfluos que possam parecer.
Gostei deste tópico! boas reflexões e que me vejo em algumas delas ou em todas. Preciso refletir e me questionar a cada momento em sala de aula e ver que erros pode ser melhorados ou atenuados. Claro que estas observações não são regras, mas podem nos dar um “toque” para os próximos planejamentos. Valeu
Parabéns pelo texto. As observações são pontuais.
[…] mais de 2 milhões de profissionais (só na Educação Básica) responsáveis pelo ensino, pela educação e formação de mais de 55 milhões de crianças e adolescentes. Nós vendemos nosso conhecimento, […]
Já caio logo no primeiro erro… Todo o conteúdo é importante e selecionar alguns é como estar traindo os outros… :/
Olá Deise. Selecionar conteúdo é o grande desafio do professor e também do pesquisador e do autor de livro didático.
Boa parte das considerações são pertinentes. Mas do jeito que foram colocadas, elas mesmas podem virar clichês reducionistas. Sou professor de história e marxista. Isso não significa que veja a história ou a historiografia somente pelo viés marxista. Não significa que confunda marxismo com pregação ideológica. O viés teórico, a perspectiva é inevitável para o cientista social, não há neutralidade possível. Isso não implica em perda do rigor científico e de busca da verdade. Você deveria incluir na sua bibliografia reflexões como as de Kosseleck. Infinitamente superiores a historiadores mercantilistas e teoricamente pífios como Jaime Pinsky. (já li livros desse… Leia mais »
Olá Rogério. Concordo inteiramente com suas colocações Rogério e reconheço o perigo de minha listagem virar clichê reducionista. Aliás, essa armadilha está na natureza do blog, já que ele não tem a pretensão de um texto acadêmico.Temos excelentes revistas especializadas para isso. O blog sequer é considerado, por nossas instituições, como publicação ou produção intelectual (aliás, isso mereceria uma reflexão). A intenção aqui é lançar temas para reflexão. Gostei de sua menção a Beethoven e Beatles – a música, a arte, o teatro, a literatura etc são, muitas vezes, relegadas a um plano secundário deixando de ser compreendidas como produção… Leia mais »
Ótimo comentário professor, vc evidenciou um fato certeiro, dos professores de história se limitarem a discussões teóricas tão toscas.
A questão central é saber diferenciar a natureza e o objeto do ensino de História da natureza e objeto da pesquisa histórica. O professor de História não é pesquisador de História. Obrigado por sua colaboração.
Oi Rogério, por seu comentário, fica evidente que o texto não diz respeito a você. Por favor, leia minha resposta ao Roger Neves (acima). Talvez eu precise refazer o texto do blog. Obrigada por sua colaboração.
[…] https://ensinarhistoria.com.br/8-vicios-do-professor-e-do-ensino-de-historia/ […]
Então olhar para a trajetória do escrivão Isaias Caminha não é evidenciar a sociedade de classes ? O materialismo histórico é um viés teórico que representa a universalidade. O discurso do texto é bem corrente entre os professores de história, isso me parece preguiça em estudar história econômica e mais preguiça em fazer uma leitura séria do marxismo e escrever tanto senso comum como essa tal de Joelza.
O título do artigo direciona a reflexão: o enfoque é o ensino de História na escola básica, a alunos entre os 6 e 17 anos de idade, no qual essa “tal Joelza” tem larga experiência de sala de aula além de livros publicados e bem avaliados pelo MEC. O ensino/educação é uma área com especificidades próprias que envolve outros campos do conhecimentos e que o materialismo histórico pode contribuir para os anos finais e em alguns temas históricos. Se vc é um especialista em materialismo histórico, convido-a a escrever um artigo sobre ensino de História a crianças e adolescentes sob… Leia mais »
Oi Roger, o texto não desqualifica o materialismo histórico como teoria/método de análise, mas critica a postura dos professores que insistem no discurso reducionista da História enxergando-a unicamente pelo viés econômico e da luta de classes o que resulta, aos alunos, em uma visão maniqueísta – bons x maus. Esses professores não se deram conta das renovações ocorridas na historiografia marxista. Se o texto do blog não deixa isso claro, ele será reescrito. Obrigada por sua colaboração.
Por que certa curiosidade histórica é encarada pela expectativa religiosa como uma cruel agressão a fé?
Talvez isto esteja a protegê-la de uma situação desagradável. Se for assim, de nada adiantarão seus cuidados.
“[…]. Porque não há coisa alguma escondida, que não venha a ser manifesta: nem coisa alguma feita em
oculto, que não venha a ser pública”. (Marcos 4: 38-21)
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver
Joelza, o que você poderia dizer sobre o ensino de História no fundamental 1? Estou iniciando uma pesquisa sobre a importância do ensino de História no fundamental 1 a fim de minimizar problemas de aprendizagem no fundamental 2 e no ensino médio. Tenho amigos que já lecionam a um tempo e dizem que os maiores problemas para lecionar história é a questão do tempo e os conceitos. Gostaria de uma opinião sua. Obrigada!
Oi Lilian, sua pergunta é importantíssima. Obrigada por me dar a chance de respondê-la. O ensino de História no Fund-1 deve, no meu entender, concentrar-se no imaginário dos alunos. Não é o momento para racionalizar nem forçar abstrações difíceis para a faixa etária dos 6 ao 9 anos, mesmo que os alunos aparentemente demonstrem compreender. Nesse período, o prazer em aprender e a capacidade de absorver novos conhecimentos é muito grande e isso nos faz supor que o aluno está compreendendo o tema estudado. Na verdade, ele só está reproduzindo o que o professor explicou. O imaginário, ao contrário, é… Leia mais »
[…] judaica, é especialista na história do Islã e na interação entre o Islã e Ocidente. Foi professor de História Islâmica na Faculdade de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres por mais de […]
[…] linguístico. Além de conceitos próprios da disciplina, o vocabulário do historiador e do professor de História está recheado de chavões, termos abstratos e expressões tomadas de outras ciências nem sempre […]
[…] Nesse oceano de imagens estereotipadas, Elias Thomé Saliba lembra que cabe ao professor de História […]
[…] corajosa do professor de História Sebastião Pereira, da Escola Estadual Temístocles de Araújo, em Belém do Pará, que, sem […]
Parabéns pelas observações, trabalho com EJA e percebo muito esse “discurso político” nas aulas de história. Todo o ensino da história volta-se para a luta de classes e alienação. Qual a dosagem?
Há muitas linhas diferentes que o professor pode utilizar para além do discurso político – História Cultural, do Cotidiano, História da Arte.. – que abrem para o aluno um enorme horizonte de possibilidades de estudo e observação das sociedades humanas.
[…] 8 vícios do professor e do ensino de História […]
Na minha opinião, professor de História sem conteúdo, sem estudo e aprofundamento, tem tendência a transformar sua aula em palanque, é uma forma de compensar a falta do que dizer. A aula deve ser uma síntese de seu conhecimento, e síntese sem conteúdo torna-se vazia e rasa.
Não acho. Estou cursando História e meus professores conciliam base história com conhecimentos atuais. Por muitas vezes, um debate em sala com os alunos sobre o tempo atual que eles vivem pode ser muito mais produtivo do que uma aula discursiva monótona. Depende muito da abordagem do professor de História. Eu, particularmente, na medida do possível, debaterei incessantemente em sala de aula. Aquela escola alienante que visava formar copistas e meros reprodutores já passou. A vibe é outra, a em trocadilho, a história é outra.
Perdoe-me se soou ofensivo, não foi a intenção. Não me referi ao ensino superior, mas ao ensino médio. O que afirmei não se trata de achismo, mas de experiência. O debate em história não está sendo questionado, até porque não existe ensino de história sem ele, é algo tão óbvio que acho desnecessário fazer comentário sobre ele. Mas para um debate é necessário que o professor tenha conteúdo, tenha segurança sobre os temas propostos. Discutir economia brasileira sem conhecimento de economia monetária, HEB, transforma a aula em conversa de Facebook, Um oceano de perguntas e questionamentos com 1 cm de… Leia mais »
[…] cabe um cuidado especial do professor de História. Filmes históricos guardam, muitas vezes, intenções ideológicas, opiniões e valores do […]
[…] e de sua importância simbólica para os povos antigos. O 6º ano é o momento apropriado para o professor de História trabalhar mitos e lendas europeias, asiáticas, africanas, americanas e indígenas […]
[…] https://ensinarhistoria.com.br/8-vicios-do-professor-e-do-ensino-de-historia/ – Blog: Ensinar História – Joelza Ester […]
Penso que a reflexão é interessante, entretanto, deve-se tomar cuidado no sentindo de se evitar generalismos, levando em consideração o viés do “modelo a ser seguido”, uma vez que a heterogeneidade dos grupos e contextos é latente, senão o objetivo do artigo, penso eu, de romper com o “reducionismo”, torna-se sem efeito, e mais, contraditório. Em especial dois itens, 2 e 3, encaminham a argumentação para a contradição. Enfatizar um marxismo ortodoxo e negar outras reflexões (os marxistas ingleses, por exemplo) é perigoso. Falar da sala de aula com “palanque” é negar a ação política inerente aos sujeitos sociais. Dentre… Leia mais »
[…] do processo expansionista propriamente dito, o professor de História pode enfocar ou aprofundar outros temas como, por […]
olá boa noite
sou nova aqui, gostei do texto e mais ainda dos comentários, Me formei mas ainda não fui para a sala de aula, gostaria de dicas para as primeiras aulas, desde já obrigada
Olá Elizabete! Seja bem vinda ao grupo. Terei o maior prazer em conversar com vc, mas use meu email: contato@ensinarhistoriajoelza.com.br.
Um abraço!
Eu queria ser um professor assim.Sou muito cronológico
Já lecionei e sei bem do que você abordou com muita propriedade do texto acima. Sobre o item número 4, me identifiquei bastante, pois eu já fiz muito isso (risos). Admito que me perdia em alguns temas e tentava abordar tudo na mesma aula! Parabéns pelo artigo!