A Guerra Fria foi um período de tensão permanente entre os Estados Unidos e a União Soviética que se estendeu de 1947 a 1991. Essa tensão envolvia a disputa pela liderança mundial entre dois sistemas econômicos e sociais opostos: o capitalismo (sustentado pelos EUA) e o comunismo (sustentado pela URSS).
Foi um período de conflitos por áreas de influência o que gerou confrontos armados e derrubadas de governo, e pela disputa armamentista e tecnológica que alimentou a corrida espacial e os testes atômicos em todo planeta.
As disputas vinham sempre embaladas sob uma poderosa propaganda ideológica em que cada lado enaltecia seu sistema e repudiava o outro.
Este artigo remete para atividades no site STUD HISTÓRIA. Veja no final.
CONTEÚDO
- Ideologia: uma breve explicação
- As diferenças entre capitalismo e comunismo
- A propaganda ideológica da Guerra Fria
- A propaganda capitalista e anticomunista
- A propaganda soviética anticapitalista
- Trabalhando os cartazes em sala de aula
1. Ideologia: uma breve explicação
Ideologia (do grego, idea, “ideia”, e logos, “discurso, retórica”) significa um discurso sobre as ideias. Portanto, a grosso modo, ideologia é o ideário, isto é, o conjunto de ideias, pensamentos, visões de mundo, doutrinas ou princípios que orientam as ações sociais e políticas de um indivíduo ou de um grupo.
A ideologia pode servir de instrumento de dominação que age por meio de convencimento (portanto, sem uso da força física) utilizando recursos emocionais ou simbólicos para induzir alguém a aceitar uma ideia, uma teoria, uma crença e/ou agir de determinada maneira. A ideologia está presente na política, na religião, na prática social e na cultura de uma sociedade.
A Guerra Fria foi, também, uma guerra ideológica uma vez que capitalismo e comunismo são dois sistemas políticos, econômicos e sociais antagônicos, baseados em princípios opostos de direção e organização da sociedade.
2. As diferenças entre capitalismo e comunismo
As diferenças fundamentais entre capitalismo e comunismo tem a ver com a propriedade – privada ou coletiva – dos meios de produção. Em torno dela, desenvolvem-se outros aspectos diferenciadores que, em síntese são os seguintes:
- O capitalismo se baseia no direito à propriedade privada que permite ao dono dos meios de produção concentrar a mais-valia (“lucros”). Defende o mercado livre e a livre concorrência baseada na não-intervenção do Estado na economia. O Estado deve garantir os direitos individuais e a propriedade privada. Incentiva o consumismo, o mérito e a iniciativa individual. Critica o comunismo pela falta de liberdade e de impedir o enriquecimento individual, pela excessiva centralização do poder que conduz a ditaduras e regimes autoritários.
- O comunismo se baseia na propriedade coletiva dos meios de produção e na distribuição equitativa das riquezas. O Estado intervém e planifica a economia para garantir a igualdade de oportunidades e a redistribuição das riquezas. Incentiva o coletivismo, a inclusão social e a solidariedade social. Valoriza a diversidade. Critica o capitalismo pela exploração da classe trabalhadora em benefício de uma minoria que acumula a maior parte do capital, pela profunda desigualdade social e não atender os mais oprimidos.
No período da Guerra Fria, as diferenças e divergências entre capitalismo e comunismo eram bem claras e definidas, como mostrado acima. Na atualidade, porém, os dois sistemas incorporaram alguns elementos um do outro de maneira que, mesmo permanecendo antagônicos, desdobraram-se em outros modelos de capitalismo e de comunismo.
3. A propaganda ideológica da Guerra Fria
A propaganda ideológica do capitalismo e do comunismo não surgiu na Guerra Fria. Ela já vinha ocorrendo desde os anos de 1920, com a consolidação do comunismo na Rússia; cresceu na década de 1930 no período da Grande Depressão que afetou os países capitalistas (vide Crise de 1929), e intensificou-se em nível global depois do fim da II Guerra Mundial e no contexto da Guerra Fria.
Estados Unidos e União Soviética utilizaram-se de diferentes mídias para divulgar suas ideologias e destruir os oponentes: cartazes de rua, folhetos, revistas, jornais, programas de rádio e TV, filmes, desenhos animados, livros didáticos, histórias em quadrinhos e, lógico, os discursos políticos.A propaganda e a guerra ideológica provocaram, em ambos os lados, a perseguição de cidadãos que não se alinhassem ao sistema e, por isso, eram acusados de subversão e traição resultando em perda do emprego, prisão e, em alguns casos, à pena de morte.
Nos EUA, a campanha anticomunista levantou suspeitas contra muitos artistas. O Comitê de Atividades Antiamericanas elaborou a Lista Negra de Hollywood com nomes de roteiristas, atores, diretores, músicos e demais artistas apontados como simpatizantes do comunismo ou com ligações com a URSS e, por isso, deveriam ser boicotados. Eles foram demitidos ou ficaram sob cerrada vigilância de seus colegas e superiores, e dos agentes federais.
4. A propaganda capitalista e anticomunista
A propaganda anticomunista foi produzida em muitos países alinhados aos Estados Unidos, como França, Itália, Espanha e o Reino Unido. Estendeu-se também aos países da África, Ásia e América Latina que estavam sob a hegemonia norte-americana.
A propaganda capitalista e anticomunista exaltava a liberdade de expressão, as facilidades de consumo e as oportunidades de enriquecimento proporcionadas pelo capitalismo. Em contrapartida, denunciava que no comunismo não havia liberdade, o Estado comunista controlava tudo e tomava as terras e casas, a produção industrial era obsoleta, a agricultura deficiente e a população vivia infeliz e sem motivação resultando em altas taxas de suicídio.
5. A propaganda soviética anticapitalista
A propaganda soviética apontava as enormes desigualdades sociais, a miséria, o desemprego e a decadência moral (prostituição, drogas, pornografia etc.) do mundo capitalista. Denunciava o racismo e o preconceito existentes nos países capitalistas como as leis discriminatórias e as violências contra a população negra dos Estados Unidos.
Em contrapartida, ressaltava a superioridade do regime comunista, em que o Estado garantia emprego, educação e moradia para o cidadão. Valorizava o espírito coletivista da sociedade comunista em que a produção industrial e agrícola era distribuída de maneira equitativa à população. Destacava que a economia comunista era planificada evitando crises econômicas e oscilações financeiras tão comuns nos países capitalistas.
Trabalhando os cartazes em sala de aula
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Fonte
- ARBEX JR., José. Guerra Fria, terror de Estado, política e cultura. São Paulo: Moderna, 1997.
- FENELON, Déa R. A guerra fria. São Paulo: Brasiliense, 1983. Coleção Tudo é História.
- CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1981. Coleção Primeiros Passos.
- HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos, o breve século XX, 1941-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
- BOBBIO, Norberto. As Ideologias e o poder em crise. 4ªed. Brasília: UNB, 1999.
- BOURDIEU, P. O Poder Simbólico. Lisboa/Rio de Janeiro: DIFEL/Bertrand, 1989.
- VISENTINI, Paulo G. Fagundes e PEREIRA, Analúcia Danilevicz. História do mundo contemporâneo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
- BERSTEIN, Serge e MILZA, Pierre (dir.). História do século XX. V. 2: 1945-1973, o mundo entre a guerra e a paz. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2007.
- VILELA, Túlio. Quadrinhos e Guerra Fria: gibis retratam o conflito entre EUA e URSS. UOL Educação, 27 out 2005.
- SANTIAGO, Roberval. Cartoons e propaganda política. Revista Espacialidades (online), 2009, v. 2, n.1.
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Outros recursos
- Guerra Fria: infográfico e linha do tempo. Stud História.
- Guerra Fria (cruzadinha)
Maravilhosa aula Joelza. É meu próximo tema. Com um pouco de sorte consigo fazer as imagens chegarem aos alunos. Obrigado por minimizar meu trabalho. Texto perfeito!
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