A crise de 1929 foi uma crise na Bolsa de Valores de Nova York e que desencadeou a Grande Depressão que persistiu ao longo da década de 1930 terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial (1939-45). É considerada o pior e mais longo período de recessão econômica do século XX, responsável pelo desemprego, queda da produção industrial, dos preços de ações e do PIB (produto interno bruto) de diversos países.
CONTEÚDO
- Antecedentes da crise: a prosperidade dos EUA
- A superprodução de 1925
- Mapa mental da crise de 1929
- A (falsa) euforia da venda de ações
- A especulação financeira
- O crash da Bolsa de Valores
- O círculo vicioso da crise
- Os efeitos da crise de 1929
- Infográfico do Crash de 1929 e atividades (para download)
- Fonte
- Veja também os artigos
Antecedentes da crise: a prosperidade dos EUA
A partir de 1921, os Estados Unidos entraram em rápida expansão econômica fornecendo empréstimos e investimentos aos mercados externos da Europa e da América Latina. O crescimento industrial garantiu alto índice de emprego e baixou os preços dos bens de consumo. A elevação dos salários e a expansão das vendas a crédito também impulsionaram a classe média a comprar mais produtos, entre eles, automóveis, rádios, fogões, gramofones e geladeiras.
A prosperidade econômica, marcada pela produção em série para o consumo em massa, não era, contudo, partilhada por toda população norte-americana. Havia grande concentração de renda nas mãos de poucos. Em 1929, por exemplo, os 13% de norte-americanos mais ricos detinham cerca de 90% da riqueza do país. Enquanto isso, metade da população vivia abaixo da linha da pobreza, a maioria constituída por negros.

“O senhor acha que estará trabalhando o ano que vem , papai?”. Caricatura norte-americana de 1928, que ironiza a sociedade de consumo e o desemprego nos Estados Unidos.
A superprodução de 1925
A partir de 1925, uma crise de superprodução agrícola e industrial começou a frear o crescimento industrial e agrícola dos Estados Unidos. No campo, o uso de tecnologias agrícolas (colheitadeiras, tratores, fertilizantes e outros) resultou em enormes colheitas, excedendo as necessidades de mercados.
A superprodução agrícola aumentou os estoques de alimentos e mercadorias derrubando seus preços. A saída foi diminuir a produção e demitir trabalhadores. No fim de 1928, já havia 4 milhões de desempregados nos Estados Unidos. Mas a facilidade de obter empréstimos dava aos desempregados a ilusão de que tudo se resolveria.
Mapa mental da Crise de 1929
A (falsa) euforia da venda de ações
Como estratégia para ampliar seus investimentos, as empresas aceleraram a abertura de seu capital para acionistas. As indústrias químicas, elétrica e mecânica dos Estados Unidos davam sinal de contínuo crescimento e a população se sentia confiantes em investir no mercado financeiro.
Tudo indicava que comprar ações de empresas bem-sucedidas era uma boa maneira de fazer com que uma pequena quantidade de dinheiro resultasse em grandes rendimentos. Os bancos ofereciam empréstimos a juros baixos, possibilitando a qualquer pessoa comprar ações na Bolsa de Valores.

“Doutor, faça-me um favor. Fique atento às ações da Consolidated Can e, se elas subirem, avise meu corretor para vendê-las e comprar 4 mil preferenciais da P&Q Rails. Obrigado.” Caricatura americana de 1927 satirizando a euforia por ações na década de 1920 nos Estados Unidos.
A especulação financeira
Em 1928, as ações dos Estados Unidos valorizaram em ritmo descompassado ao crescimento da economia do país. Em julho daquele ano, a produção industrial americana já havia começado a cair e, no entanto, a alta das ações na Bolsa de Valores de Nova York continuou a ser mantida artificialmente, baseada em pura especulação e não em investimentos reais.
Poucos prestavam atenção à real situação financeira das companhias que vendiam ações no mercado. A atitude geral dos acionistas era vender as ações quando elas subiam de valor e comprar ações de outra empresa mais promissora.
O crash da Bolsa de Valores
No dia 24 de outubro, as ações na Bolsa de Valores de Nova York caíram drasticamente e tornou-se notícia em todo o mundo com o crash ou quebra da Bolsa. O 24 de outubro ficou conhecido como Quinta-feira Negra. O medo de perder tudo o que tinham aplicado fez muitos acionistas vendessem seus títulos a baixos preços.
Os valores das ações despencaram nos dias seguintes, chegando ao desastre total no dia 29, a Terça-feira Negra. Milhares de acionistas perderam, da noite para o dia, grandes somas em dinheiro, e muitos foram à miséria.
Diante do alto risco de quebra também dos bancos, as pessoas correram para tirar seus depósitos. O efeito disso foi a falência de bancos em todo o país e das empresas que deles dependiam. Como consequência, milhões de trabalhadores foram demitidos aumentado o já alto número de desempregados no país.

“Por $100 pode-se comprar este carro. Somente em dinheiro. Perdi tudo no mercado de ações”, diz o cartaz do carro à venda, foto de 1929.
O círculo vicioso da crise
O desemprego significou a queda do consumo e a ruína de comerciantes e industriais. Os preços despencaram. Indústrias, lojas e escritórios fecharam. A crise piorou a situação dos pequenos fazendeiros e trabalhadores rurais. Não havia compradores para seus produtos, que acabam apodrecendo às toneladas nos campos e nos celeiros. Sem renda, não podiam pagar suas dívidas e perdiam suas terras, que eram tomadas pelo bancos. Sobreveio o período da Grande Depressão que durou até o final da década de 1930.
Como resposta à crise, o governo norte-americano reduziu drasticamente suas importações e cortou os empréstimos e os investimentos no comércio exterior. O resultado foi a derrocada financeira de muitos países da Europa e da América Latina entre 1930 e 1932.
Efeitos da crise de 1929
- O empobrecimento repentino e o clima de pessimismo nos Estados Unidos e na Europa afetaram a credibilidade da população na democracia liberal. Greves, passeatas e agitações ocorreram em muitos países, especialmente na França e na Alemanha.
- Ganharam força os movimentos de extrema-direita que propunham a implantação de um governo forte e antiliberal em que o Estado controlasse a economia.
- O descrédito no capitalismo fez crescer os movimentos de extrema-esquerda que tomaram por modelo a Rússia comunista, o único país a não sofrer os efeitos da crise de 1929.
- Renunciando ao liberalismo econômico, o Estado passou a interferir na economia regulando a produção e a distribuição de produtos, e impondo regras protecionistas para resguardar a economia nacional de mercadorias e capitais estrangeiros.
- Nos Estados Unidos, o governo de Franklin Roosevelt adotou, em 1933, o New Deal (Novo Acordo) – um conjunto de medidas de intervenção direta do Estado na economia.
Infográfico do Crash de 1929 e atividades
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Material do download:
- Infográfico (1 página tamanho A-4)
- 14 Questões com espaço para responder (2 páginas)
O infográfico do Crash de 1929 permite relacionar a perspectiva das pessoas na época com a situação econômico-financeira que ocorria. Para melhor leitura e análise do infográfico sugerimos as questões abaixo para serem respondidas pelos alunos.
As respostas estão no próprio infográfico e, por isso, é importante que os alunos consultem unicamente o infográfico.
1. Observe a “mancha” rosa de fundo. A que ela se refere? R.: Ao gráfico do Índice Dow Jones.
2. O que é o Índice Dow Jones? R.: É um indicador financeiro do mercado de ações.
- Explique que o Índice Dow Jones ainda é utilizado e ele mede os preços das ações.
3. Qual o período abrangido pelo gráfico? R.: Abrange os anos de 1920 a 1940.
4. A partir de que ano começou a alta das ações? R.: A partir de 1923.
- Mostre aos alunos que nos anos de 1920 a 1922, houve muita oscilação com altas e quedas dos preços das ações; a alta só foi constante a partir de 1923. Exemplifique com o comentário da Harvard Economic Society que chamou os anos 1920-1921 de “depressão severa”. Você encontrará material a respeito no artigo 1920: a década dos contrastes.
5. Qual foi o período de alta acelerada das ações? Como se chamou esse período? R.: Foi o período de 1923 a 1929, chamado de “Anos Loucos”.
- Explique o que foram os “Anos Loucos”. Você encontrará material a respeito no artigo Década de 1920: os “anos loucos”.
6. Nesse período de alta, houve momentos de baixa das ações? R.: Sim, nesses anos ocorreram oscilações com queda dos preços das ações.
7. O que o professor de Yale e o Secretário do Tesouro dos Estados Unidos comentaram sobre essas oscilações? R.: “Em alguns meses, espero ver o mercado de ações muito mais alto do que hoje” (Irvinf Fisher). “Não há motivos para se preocupar. A maré de prosperidade vai continuar” (Andrew W. Mellon).
- Explique que o Secretário do Tesouro é equivalente a ministro da Economia e, por isso, sua opinião é relevante no mercado. Da mesma forma, o professor de Economia da Universidade de Yale. Importante lembrar que os Estados Unidos tinham uma política econômica liberal e, portanto, não intervencionista. A mentalidade da época era deixar que o mercado se regulasse por si mesmo.
8. O que aconteceu em setembro e outubro de 1929? R.: Em setembro, a alta das ações chegou ao seu momento máximo. No mês seguinte, ocorreu a queda.
- Mostre os índices marcados no infográfico: em setembro o índice foi de 381,17; em outubro caiu para 198,69, uma queda brutal.
9. O que o jornal noticiou no dia seguinte ao 29 de outubro, a Terça-feira Negra? R.: “Colapso das ações (…), mas se recuperaram para o ânimo dos corretores: banqueiros otimistas para continuaram ajudando”.
10. O que significa essa manchete do jornal? R.: Mesmo com a queda brusca das ações, os banqueiros diziam que estava tudo bem para acalmar os investidores.
- Explique que a atitude dos banqueiros era uma tentativa de evitar uma corrida aos bancos para resgatar fundos o que levaria à ruína do setor bancário.
11. O que disseram as autoridades dos Estados Unidos naquele momento da crise de 29 de Outubro? R.: “A situação do país é muito boa”. “Uma depressão severa como a de 1920-1921 está fora da linha de probabilidade”.
- Destaque o otimismo das autoridades, investidores e especialistas. Naquele momento, ninguém acreditava que a crise se prolongaria por vinte e cinco anos. Relacione com as crises atuais que, para o senso comum podem parecer pontuais e passageiras, mas que é preciso um olhar mais abrangente, no tempo, para avaliar suas causas, desdobramentos e consequências – o que é o trabalho do historiador.
12. O que mostra o gráfico sobre o período pós-Outubro de 1929? Como se chamou esse período? R.: Houve uma queda constante e severa entre os anos de 1929 e 1933, foi o período da Grande Depressão.
13. Como o governo reagiu durante a Grande Depressão? Cite exemplo. R.: O governo dos Estados Unidos continuava otimista, pelo menos no ano seguinte, como mostra o comentário de James J. Davis, Secretário do Trabalho, em 12 de setembro de 1930 : “Chegamos ao fundo do poço e agora começamos a subir”.
- Retome o comentário feito na questão 11 e reforce o quanto as autoridades da época estavam equivocadas. O comentário de James J. Davis em setembro de 1930 soa ingênuo frente ao que estava ainda por vir. Retome o tema da política econômica liberal destacando seus efeitos sobre o mercado e a sociedade em um período de profunda crise. Reflita sobre o papel do Estado como regulador do mercado. Sobre a Grande Depressão, veja o artigo “As vinhas da ira”: um retrato dramático da Grande Depressão.
14. Qual foi o período da recuperação da crise de 1929? Como foi essa recuperação? R.: A recuperação da economia ocorreu entre 1934 a 1955, e ela foi lenta, sem voltar a atingir os picos de alta do período anterior a outubro de 1929.
- Destaque que os picos do gráfico para esse período (1934-1955) não chegam nem próximo ao valor da alta de 1929 (381,17). Um mercado de ações “saudável” comporta-se com oscilações constantes, porém sem saltos. Comente que esse período de recuperação abrangeu boa parte do governo de Franklin D. Roosevelt (1933 a 1945). Explique brevemente sua política de recuperação, o New Deal. Destaque que esse período coincide com a Segunda Guerra Mundial, ou seja, quando a guerra ocorreu, os Estados Unidos ainda estavam se recuperando da Grande Depressão.
Conclusão: peça para os alunos redigirem um texto (em grupo ou em dupla) sobre o tema “Lições da Crise de 1929”. O tema é amplo e permite respostas diversas como, por exemplo: o papel do Estado na economia, perigos da especulação financeira, o mercado de ações, confiança e otimismo exacerbados, instabilidade do capitalismo etc. Considere a coerência do texto e os argumentos utilizados.
Para se inspirar
- As lições da Crise de 1929: noventa anos depois. O Globo. Pod cast.
- Lições a tirar da crise econômica internacional. Ivo Lesbaupin. EcoDebate.
Fonte
- BRENER, Jayme. 1929, a crise que mudou o mundo. Rio de Janeiro: Ática, 2006.
- KARNAL, Leandro. Estados Unidos: a formação da nação, 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
- KARNAL, Leandro. Os textos de fundação da América: a memória da crônica e a alteridade. Ideias, n. 1, v. 11, Campinas, p. 9-14, 2004.
- PAMPLONA, Marco Antônio. Revendo o sonho americano: 1890-1972. São Paulo: Atual, 1996.
Veja também os artigos
- “Quinta-feira Negra”, início da Crise de 1929.
- 1920: a década dos contrastes.
- Década de 1920: os “anos loucos”.
- “As vinhas da ira”: um retrato dramático da Grande Depressão.
- Crash de 1929: comentários da época (infográfico)
- Estados Unidos: da expansão econômica à Crise de 1929 (resumo com mapa mental)
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