Em 9 de novembro de 1989, durante uma entrevista transmitida ao vivo na televisão alemã-oriental, uma autoridade soviética anunciou a decisão do conselho dos ministros de abolir imediata e totalmente as restrições de viagens a Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental.
Esta decisão deveria ser publicada só no dia seguinte, contudo, o anúncio fugiu do controle das autoridades. Por volta das 21h, uma multidão pacífica marchou em direção as passagens do muro de Berlim querendo ir para o outro lado. Os guardas da fronteira sem saber o que fazer, exigiam passaporte e carimbavam deixando passar uma pessoa por vez. Mas a multidão crescia e a situação parecia tensa. Diante da pressão das massas e sem respostas claras de seus superiores, o tenente-coronel Harald Jäger tomou a decisão final: ordenou, às 22h30, a abertura do ponto de passagem e interromper o controle de passaportes.
Efeitos imediatos da abertura
Estima-se que 20.000 pessoas chegaram a Berlim Ocidental através desta passagem de fronteira entre as 11h30 e as 0h15 da manhã. Outros pontos de passagem foram abertos, o sistema de segurança desligado e recolhidas as munições dos guardas de fronteira. Até a meia-noite, todas as passagens de fronteira na área de Berlim estavam abertas.
Os cidadãos da RDA (Alemanha Oriental) foram recebidos com entusiasmo pela população de Berlim Ocidental. Após 28 anos, os alemães de ambos os lados puderam apertar as mãos. A maioria dos pubs perto do muro ofereceu, espontaneamente, cerveja de graça. Na euforia daquela noite, o muro também foi escalado por muitos berlinenses ocidentais. Tarde da noite, o prefeito de Berlim Ocidental ordenou a criação de acomodações provisórias para as pessoas adicionais para as pessoas deslocadas, bem como o pagamento de cerca de 100 marcos como dinheiro de boas vindas.
Até 14 de novembro, a RDA abriu dez novas passagens de fronteira. Em 22 de dezembro, foi removida a parte do muro do Portão de Brandenburgo – um monumento emblemático da Alemanha -, na presença do Chanceler Helmut Kohl e do primeiro ministro Hans Modrow.
A proteção do muro tornou-se cada vez mais relaxada ao longo do tempo; a travessia descontrolada da fronteira pelos buracos cada vez maiores era cada vez mais tolerada. Partes do muro foram destruídas. A demolição terminou oficialmente em 30 de novembro de 1990. Um total de cerca de 1,7 milhão de toneladas de entulho foi retirado. Somente em Berlim, foram removidos 184 km de muro, 154 km de cerca de fronteira, 144 km de sistemas de sinal e 87 km de valas de barreira.
Restaram seis seções do muro para serem preservadas como memorial. Fragmentos do muro foram levados a outras cidades e outros países como símbolos de uma era considerada sombria.
Significado da queda do Muro de Berlim
As TVs de todo o mundo transmitiram o extraordinário evento de abertura do Muro descrevendo-o como um símbolo de paz, retorno à liberdade e comunhão do povo alemão.
Já os governos tiveram opiniões divergentes sobre o que poderia acontecer a partir de então. Muitos desconfiaram da URSS afirmando que ela não deixaria a RDA se unir à Alemanha Ocidental. O embaixador dos EUA em Bonn, Vernon Walters, foi o mais otimista entendendo, de imediato, que a queda do Muro só poderia resultar em reunificação das Alemanhas. De fato, o fim do Muro foi o passo inicial para a reunificação alemã, formalmente assinada em 3 de outubro de 1990.
A segunda consequência da abertura do Muro foi a desintegração do império soviético. Em Praga, a Revolução de Veludo (17-18 de ) pôs fim ao comunismo. Na Bulgária, o presidente Todor Zhivkov foi derrubado e preso por peculato. Na Romênia, o ditador Nicolae Ceausescu, no poder há 44 anos, foi derrubado de forma violenta e executado em 25 de dezembro de 1989. Na União Soviética, os Estados Bálticos proclamaram sua independência entre e mmaior estado do mundo, desapareceu dezoito meses depois, em 26 de dezembro de 1991.
Era o fim da Guerra Fria e o início de uma nova configuração do mapa político europeu.
Na sequência, vários ex-países comunistas da Europa Oriental aderiram à União Europeia: Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Lituânia, Letônia, Eslovênia e Estônia em 2004; Romênia e Bulgária em 2007; Croácia, em 2013.
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