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Muita História e Arte na abertura dos Jogos Olímpicos 2024

1 de agosto de 2024

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A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, ocorrida em 26 de julho de 2024, foi uma verdadeira aula de História, Arte e Cultura. Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos Modernos,  a festa de abertura não aconteceu num estádio, mas no coração de Paris tendo o rio Sena como passarela das delegações. No trajeto de 6 quilômetros, sucederam-se numerosas referências históricas e culturais que tiveram por cenário os principais monumentos e edifícios de Paris: a catedral de Notre Dame, o palácio do Louvre, o Museu Orsay, o Grande Palácio, o Hotel des Invalides, a Conciergerie e a Torre Eiffel.

Foi uma ousada (e polêmica) homenagem aos valores da República e à diversidade em todos os campos. Nas 3 horas e meia que durou a cerimônia, selecionamos 15 referências históricas e culturais.

1. Figura mascarada correndo nos telhados

Personagem mascarado e encapuzado com gaze branca serviu de fio condutor às apresentações da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.

Servindo como fio condutor de toda cerimônia, uma misteriosa figura mascarada e encapuzada com gaze branca levou a tocha olímpica através de Paris correndo pelos telhados da capital, pontes, museus, catacumbas encontrou alguns ratos (mais uma referência ao cotidiano parisiense) e até o crocodilo Eleanor, o réptil do rio Nilo que viveu nos esgotos de Paris e foi capturado em 1984.

O mascarado representa o personagem Arno Dorian de Assassin’s Creed, famosa série de videogames desenvolvida pela empresa francesa Ubisoft, cujo episódio “Creed Unity” se passa em Paris. A empresa é também lembrada pela doação de US$ 500 mil para ajudar na reconstrução da Catedral de Notre-Dame.

Mas a figura homenageia diversos outros personagens mascarados da cultura francesa como o Fantasma da Ópera (1909), personagem fictício do romance homônimo de Gaston Leroux, o Homem da Máscara de Ferro, o misterioso prisioneiro da Bastilha no final do século XVIII, assim como outros mascarados como Arsène Lupin (1874) e Fantômas (1911).

O personagem mascarado foi interpretado por doze pessoas, a maioria especialista em parkour, um treinamento para superar todo tipo de obstáculo em ambientes urbanos.

2. O roubo de Monalisa e as obras-primas do Louvre

Os Minions roubam a Monalisa.

A figura mascarada entra no Louvre e percorre suas galerias onde podemos ver muitas obras-primas do acervo do museu incluindo a Vitória de Samotrácia, a Vênus de Milo, a Grande Odalisca (1814), A Morte de Marat (1793), A Jangada da Medusa (1818-1819) entre outras. As obras foram animadas e os personagens saíram de suas molduras para assistir aos jogos olímpicos.

O personagem mascarado notou, então, que a Monalisa não estava em seu lugar.

Nas águas do rio aparece um submarino e começa uma sequência humorística de animação protagonizada pelos Minions. Eles roubaram a Monalisa, lembrando o fato real ocorrido em 1911 quando a pintura de Leonardo da Vinci foi roubada e ficou dois anos desaparecida. A tela que, até aquele momento, não gozava de fama, ganhou repercussão mundial tornando-se a obra de arte mais conhecida e visitada da História contemporânea.

A inserção dos Minions é uma homenagem a Pierre-Louis Coffin, animador e diretor francês que participou da produção do filme, um enorme sucesso de bilheteria.

Depois de muitas atrapalhadas dos Minions, a Monalisa aparece flutuando nas águas do Sena.

3. Rostos gigantes emergem do Sena

Rostos gigantes emergem do rio Sena deixando à mostra somente os olhos.

Rostos monumentais, reproduções de obras-primas da pintura, emergem do rio Sena com os olhos logo acima do nível da água para observar os atletas que passavam nos barcos acenando à multidão. São referências às pinturas expostas no Museu do Louvre e também uma lembrança enigmática da ameaça da subida das águas.

Reconhecemos os rostos da mulher de turbante de O Trapaceiro com Ás de Ouro, da negra Madeleine, de Gabrielle d’ Estrée e até do pajem da corte do xá do Irã – cinco obras do acervo do Louvre. Uma maneira incomum de apresentar algumas obras do museu como uma brincadeira “adivinhe quem eu sou”. Veja nas imagens a seguir.

Reprodução do retrato de Marie-Guillemine Benoist no Sena (à esq.) e a tela original “O Retrato da Mulher Negra”, de Marie-Guillemine Benoist, 1800 (à dir.).

Reprodução de Gabrielle d’Estrées no Sena (à esq.) e a tela original “Gabrielle d’Estrées e sua irmã”, obra anônima, 1594/1595 (à dir.).

Reprodução do pajem persa no Sena (à esq.) e a tela original “O retrato do xá Abbas I e seu pajem” (1627), de Mohammad Qasim (à dir.).

Reprodução da jogadora no Sena (à esq.) e a tela original “O trapaceiro com Ás de Ouro”, de Georges de La Tour, 1636-1640 (à dir.).

4. Museu d’Orsay vira uma máquina do tempo

O mascarado com a tocha olímpica entra no Museu d’Orsay. Graças a uma máquina do tempo, ele assiste ao primeiro filme dos Irmãos Lumière – uma referência da importância da França na invenção do cinema. Vemos o trecho famoso “A chegada do trem a La Ciotat” que foi apresentado no Grand Café de Paris em 28 de dezembro de 1895.

Em seguida, o mascarado fazendo o primeiro vôo em um balão de ar quente, vai ao espaço, encontra a Lua caolha de Voyage dans la Lune (1902) do cineasta Georges Méliès (um curta-metragem mudo inspirado nos romances de Júlio Verne) ao lado de O Pequeno Príncipe (1943), de Antoine de Saint-Exupéry, e daí chega à Estação Espacial Internacional ISS.

Duas referências da cultura francesa:  “Voyage dans la Lune” (1902) do cineasta Georges Méliès e “O Pequeno Príncipe” (1943), de Antoine de Saint-Exupéry.

5. A Liberdade guiando o povo

A figura mascarada desce pelo telhado até o prédio do teatro Châtelet onde ocorre o ensaio do musical Os Miseráveis, baseado na obra homônima de Victor Hugo, de 1862. A escolha é intencional: além de homenagear um romance emblemático da literatura francesa, o tema retrata a miséria e a desigualdade social que vai resultar na revolta em Paris em 1832.

Os personagens do musical reproduzem uma barricada numa evocação do quadro A liberdade Guiando o Povo (1830), de Eugene Delacroix, outra obra-prima do Louvre homenageada na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.

A pintura é um ícone da liberdade (representada pela mulher que ergue a bandeira francesa) e da revolução comandada pelo povo que aparece representado pela figura de um intelectual burguês, um operário e um adolescente.

Reconstrução viva da pintura “A Liberdade Guiando o Povo”, de Delacroix.

6. As heroínas francesas em estátuas douradas

Ao som da Marselhesa, o hino nacional francês, dez estátuas douradas emergem às margens do rio. Elas homenageiam dez mulheres na história francesa que foram pioneiras em diferentes campos: política, esporte, filosofia, cinema, ciência, direitos da mulher.

Ao lado de cada estátua, anéis dourados descrevem essas personalidades na tela em seis idiomas: francês, inglês, chinês, espanhol, italiano e árabe.

Olympe de Gouges (1748-1793), uma das dez mulheres da História da França homenageada com uma estátua dourada.

A presença feminina na cerimônia é predominante. O próprio logo dos jogos olímpicos é uma mulher de cabelos curtos – lembrando o corte usado pelas mulheres no início do século XX como símbolo da emancipação do patriarcado.

Evoca, também, o romance La Garçonne (1922), de Victor Margueritte que escandalizou a sociedade da época por retratar uma jovem que decide viver livremente e em seus próprios termos, o que incluía ter múltiplos parceiros sexuais, tanto homens quanto mulheres.

Em contraponto à presença feminina, ficaram ausentes da cerimônia grandes nomes masculinos da História Francesa como Napoleão Bonaparte, Carlos Magno e os Luíses.

7. A festa dos deuses olímpicos

A cena mais polêmica da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos foi o quadro “Festividade” que mostrava o banquete dos deuses olímpicos. Sentados em uma longa mesa, estavam várias drag queens entre as quais a famosa Nicki Doll e a DJ Barbara Butch usando uma espécie de halo prateado.

Ao centro, em uma bandeja cheia de frutas e flores, estava o cantor Philippe Katerine pintado de azul com um collant da mesma cor representando Dionísio. Parece lógico que, sendo uma festa olímpica, os deuses olímpicos sejam homenageados e que Dionísio, o deus do vinho e da alegria comande os festejos.

A cena, porém, foi interpretada como uma paródia ou mesmo blasfêmia da Última Ceia de Leonardo da Vinci, pintada em 1495-1498, o que provocou indignação da extrema direita e dos católicos que consideraram uma “zombaria do Cristianismo”.

Especialistas em arte lembraram do quadro A Festa dos Deuses, de Jan Harmensz van Biljert, do século XVII, mantida no museu Magnin em Dijon, uma referência muito mais direta. Nele aparece Dionísio nu diante de uma longa mesa em cujo centro está sentado Apolo coroado e ao seu lado uma alegoria da Primavera brandindo um pequeno objeto da mesma forma que um dos personagens da cerimônia.

À esquerda, “A Festa dos Deuses”, de Jan Harmensz van Biljert (c.1635). À direita, Philippe Katerine (de Dionísio) e drag queens durante a cerimônia de abertura dos Jogos Paris 2024.

8. Maria Antonieta decapitada

Nas janelas da Conciergerie, apresentou-se o grupo francês de havy metal Gojira reinterpretando a canção revolucionária Ah! ça ira, ça ira (“Ah! vai ficar tudo bem”), popularizada durante a Revolução Francesa. A música evoca o passado revolucionário da França assim como os atentados terroristas ocorridos recentemente e lança a mensagem otimista “vai ficar tudo bem” firmando a confiança no futuro.

Mas a letra de Ah! ça ira, ça ira vai além disso, é um tapa da cara dos conservadores. “Ah! Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem! Os aristocratas vão ser enforcados! Os padres vão ser enforcados! E quando nós enforcarmos todos, vamos enfiar-lhes uma pá no rabo.” É uma música demolidora e que ganhou maior agressividade nos acordes estridentes da banda Gojira.

A Conciergerie é a famosa prisão onde ficaram presos os condenados da Revolução Francesa, entre os quais a rainha Maria Antonieta e o rei Luís XVI. Em uma das janelas aparece a figura da rainha vestida de  vermelho e segurando a sua cabeça ensanguentada.

A imagem dramática é uma referência aos santos cefalóforos (“segurando a cabeça): santos que foram decapitados e que os pintores e escultores representavam segurando a cabeça entre as mãos.

Bispo cefalóforo, anônimo, século XV, Museu dos Agostinianos, Toulouse (à esq.) e a representação de Maria Antonieta durante a cerimônia de abertura dos jogos Paris 2024 (à dir.).

A perfomance faz alusão ao martírio dos guilhotinados, um alto preço pago pela França pelo estabelecimento dos seus valores republicanos.

A apresentação termina com uma explosão de fitas vermelhas que jorram das janelas da Conciergerie lembrando o sangue derramado durante o período do Terror (1793).

Explosão de fitas vermelhas no término da apresentação da banda Gojira. Ao mesmo tempo, entrava em cena um barco com a cantora lírica Marina Viotti.

9. O barco da resistência

Em meio à explosão vermelha, surge um barco trazendo a cantora Marina Viotti, uma das mais importantes sopranos líricas da ópera mundial, que canta a famosa ária L’amour est um oiseau rebelle (“O amor é um pássaro rebelde”) da ópera Carmem, de Bizet.  A cena simboliza a liberdade em movimento.

Georges Bizet (1838-1875) é um reconhecido compositor francês de óperas. Sua obra Carmem (1875), tornou-se um sucesso espetacular e duradouro. A protagonista, uma mulher sedutora e independente, foge aos estereótipos das heroínas da época. Novamente, a figura da mulher dona de seu destino é a grande homenageada na cerimônia.

O barco é semelhante ao que compõem o brasão de Paris que também traz o lema da cidade: Fluctuat nec Mergitur (“batido pelas ondas, mas não afunda”). Estas palavras recordam os perigos que Paris passou, as revoluções sanguinárias e as crises que a cidade sofreu sem sucumbir. O lema expressa a ideia de vitalidade, força e perpetuidade da cidade.

Brasão de Paris (à esq.) e o barco levando Marina Viotti que canta “L’amour est um oiseau rebelle”, ária da ópera Carmem, de Bizet.

10. Os célebres cabarés de Paris

A cantora Lady Gaga interpretou Mon truc en plumes (Meu truque com plumas”), de Zizi Jeanmaire numa escadaria dourada inspirada na sala do Grand-Palais e sob uma lendária placa Guimard do metrô de Paris. Com um corpete de cetim preto tendo às costas um grande tufo de penas e usando meia arrastão, ela é acompanhada por dançarinos vestidos de preto agitando grandes leques de penas cor-de-rosa vibrante (recuperados dos acessórios do antigo cabaré Lido).

É uma homenagem aos cabarés e espetáculos parisienses e, em especial, a Zizi Jeanmaire (1924-2020), dançarina, atriz e cantora francesa. Ela começou na ópera e migrou para o teatro de revista onde teve enorme sucesso com Mon truc en plumes (1961) em que se apresentava com doze jovens carregando leques de penas rosa. A música foi um enorme sucesso e repetida em mais de 60 shows por Jeanmaire,

“Mon truc en plumes” cantado por Zizi Jeanmaire (à esq.) e por Lady Gaga na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2024 (à dir.).

11. A deusa Diana em ritmo afrobeat

A cantora Aya Nakamura, nascida em Bamako, no Mali, e criada na França, é um ícone da música afrobeat, pop e R&B. Na frente do Louvre e ao lado da Guarda Republicana, ela cantou seus sucessos Pookie e Djadja com um vestido de penas douradas assinado pela casa Dior e usando sandálias gladiador. A inspiração helênica evoca as esculturas de deusas da Antiguidade, incluindo Diana, a Caçadora.

Aya Nakamura na abertura dos Jogos Olímpicos de 2024.

12. A deusa Sequana cavalgando pelo Sena

A misteriosa amazona que atravessou o Sena cavalgando um cavalo de metal é uma homenagem à  Sequana, a deusa celta do rio Sena, particularmente de suas nascentes, e da tribo gaulesa, os sequanos. As nascentes, chamadas Fontes Sequanae (“As nascentes de Sequana”) estão localizadas em um vale no noroeste de Dijon, na Borgonha, onde um santuário à deusa foi construído no século II a.C. Sequana era conhecida pelo poder de curar e realizar desejos.

Montada em um cavalo, a figura faz alusão, também, à Joana d’Arc, famosa heroína da História da França e personagem fundadora da nacionalidade francesa.

O cavalo articulado de metal foi feito em Nantes pelo Atelier Blam e foi montado por Morgane Suquart, a própria artista e designer que o concebeu.

A deusa Sequana percorreu o trajeto da ponte de Austerlitz à ponte de Iena levando a bandeira olímpica até a Praça Trocadéro, onde todos os atletas haviam desembarcados. Cada vez que o cavalo atravessava uma ponte, duas asas de pomba se iluminavam no topo da estrutura – uma alusão à soltura de pombas praticada anteriormente nos Jogos Olímpicos. Representa o ideal de paz entre as nações durante a Trégua Olímpica.

O cavalo metálico conduziu a deusa Sequana pelo rio Sena levando a bandeira olímpica.

13. O balão de ar quente

A espetacular pira olímpica suspensa por um balão de ar quente que se eleva no ar é uma homenagem ao primeiro voo controlado de um balão de ar quente criado pelos irmãos Montgolier e que foi guiado por dois franceses em 21 de novembro de 1783, em Paris. O vôo ocorreu nos Jardins das Tulherias, no mesmo local onde foi acessa a pira olímpica.

A tradição da chama olímpica remonta ao mito de Prometeu que roubou o fogo da forja de Hefesto para entrega-lo aos mortais. Durante a celebração dos Jogos Olímpicos antigos, em Olímpia, o fogo era mantido acesso enquanto durassem as competições.

O caldeirão, como foi chamada a pira olímpica pela organização, é formado por um anel que parece de fogo. Na verdade, é uma mistura de luz e vapor gerado com eletricidade. Trata-se de uma criação da empresa francesa de energia EDF, com o objetivo de tornar os Jogos mais sustentáveis.

O caldeirão, com uma altura total de 30 metros, sobe até atingir impressionantes 60 metros acima do solo podendo ser visto em diversos pontos da cidade. Na sua base, um anel de 7 metros de diâmetro simboliza a fraternidade, um dos valores fundamentais da República Francesa.

A pira olímpica flutua à noite no céu e passa o dia presa a um espelho d’água para visitação.

14. O amor encerra a cerimônia

Celine Dion encerrou a cerimônia de abertura dos Jogos Paris 2024 interpretando L’Hymne à l’amour (“Hino ao amor”) no primeiro andar da Torre Eiffel, em uma vibrante homenagem a Edith Piaf (1915-1963), um ícone da música e da cidade de Paris.

Céline Dion, que há quatro anos não cantava em público por motivos de saúde, apresentou-se com um magnífico vestido branco com cauda, inteiramente bordado com pérolas e cristais cintilantes dispostos em franjas, assinado pela casa Dior. Estava acompanhada pelo seu pianista e diretor musical Scott Price tocando num piano de cauda cravejado de gotas de chuva.

A presença de Celine Dion a 60 metros de altura, de branco cintilante, sob uma luz também branca, em meio à noite escura era uma visão tão impactante que não seria exagero imaginar uma aparição sobrenatural simbolizando a paz e o amor que ela cantou.

A intensidade da interpretação e a força poderosa da voz de Céline Dion fizeram desse momento o mais emocionante e inesquecível da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2024.

Céline Dion encerrou a cerimônia em uma performance histórica.

15. Outras referências históricas e culturais

Sentado na Ponte de Austerlitz e com um grande par de asas, o acordeonista (Fellicien Brut) tocou clássicos da música francesa como La Foule, de Edith Piaf. O músico vestia as cores nacionais reforçando a homenagem à cultura francesa na qual o acordeão é o instrumento típico da música popular do país.

O acordeonista Fellicien Brut, vestido com as cores nacionais, tocou clássicos da música francesa como “La Foule”, de Edith Piaf.

Na frente da catedral de Notre-Dame, uma sequência coreográfica homenageou a catedral, os bombeiros e os trabalhadores que atuaram nas obras de reconstrução após o incêndio devastador de 2019. Na torre restaurada, apareceu a silhueta de Quasímodo, o célebre Corcunda da Notre-Dame na obra de Victor Hugo.

Algumas referências à arte contemporânea também entraram na cerimónia. Assim, os fogos de artifício acima da ponte de Austerlitz fizeram alusão às impressionantes obras pirotécnicas do artista chinês Cai Guo-Qiang, em particular Quando o céu floresce.

“Quando o céu floresce”, pintura de Cai Guo Qiang, 2023 (à esq.) e o efeito pirotécnico da bandeira francesa na Pont d’Austerlitz durante a cerimônia de abertura dos Jogos Paris 2024 (à dir.).

A abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 deu o público uma aula de História e dos valores republicanos. Foram muitos os simbolismos e as referências à História, às Artes e à cultura francesa em uma clara exortação ao orgulho e entusiasmo nacional (de que o país necessita mais do que nunca) e de afirmação dos valores de liberdade, igualdade e fraternidade aos quais se juntaram a sororidade, justiça social, inclusão e respeito à diversidade. Uma provocação à direita e extrema-direita que sentiram o golpe e reagiram nas redes sociais. Num contexto de tensões políticas com a ascensão da extrema-direita na Europa e na América, a cerimônia de abertura aproveitou a visibilidade das Olimpíadas para não deixar pedra sobre pedra. É a França promovendo, novamente, uma revolução. Ah! ça ira, ça ira…

 

 

 

 

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