30 maneiras para acalmar uma sala barulhenta do Ensino Médio

Estratégias testadas por professores para colocar ordem na classe captando a atenção de jovens barulhentos e distraídos do Ensino Médio – sem fazê-los se sentir como crianças. Táticas que funcionam para silenciar turmas mais novas — bater palmas, tocar sinos, cantar — muitas vezes não funcionam para estudantes do ensino médio, que anseiam pela autonomia e pelo respeito da jovens adultos.

O que costuma funcionar, segundo professores ouvidos pelo site Edutopia, é ter um conjunto flexível de práticas simples, rápidas e já testadas. O ideal é escolher a mais adequada para cada situação. Independentemente das técnicas escolhidas, elas precisam ser claras e consistentes, mantendo uma rotina constante.

Reunimos as estratégias preferidas dos professores do ensino médio para chamar a atenção e vasculhamos nossos arquivos para selecionar esta mistura de estratégias simples, porém bem pensadas, para silenciar uma sala barulhenta.

Algumas estratégias eu usei e aproveitei para comentar minha própria experiência.

1. FICAR EM SILÊNCIO. O silêncio é precioso: “Muitas vezes fico totalmente em silêncio e fico parada”, diz a professora Vanita Harris Vance. Outros acrescentam o “olhar de professora” sério ou param de falar no meio da frase. “Eu paro de falar abruptamente e apenas encaro o aluno que está falando”, diz Glenn S. “Os alunos se calam na hora porque é incomum.”

2. ESPERAR A PAUSA. “Observe o padrão do barulho”, diz Marianne Kearney-Brown. “Na próxima calmaria, fale em voz baixa: Preciso da sua atenção ou O tempo de trabalho em grupo acabou. Funcionou incrivelmente bem.”

3. CONTAGEM REGRESSIVA COM UM TOQUE DIFERENTE. Faça uma contagem regressiva, mas “adicione algo estranho no meio. Exemplo: ‘5… 4… 3… polvo… 1′”, aconselha o professor de inglês Marcus Luther. O professor de matemática Joaquin Colon usa uma abordagem parecida: “OK, vamos trazer o foco em 5… 4… 731,8…”. A resposta imediata é um silêncio e um “Como é que é?” dos alunos.

4. TRANSFORMAR EM BRINCADEIRA. “Quando você relembra a infância deles, eles adoram”, diz Lindsay, professora de inglês. O jogo preferido dela é “Se você pode me ouvir, toque no seu nariz”. [Eu usava a brincadeira da “vaca amarela”: “Vaca amarela cagou na panela, quem não ficar em silêncio come a bosta dela”. Tem a versão mais leve: “Vaca amarela babou na panela, quem não ficar em silêncio come a baba dela”. Funcionava na hora!]

5. LANÇAR UMA PERGUNTA SURPRESA. Uma professora usa uma questão direta: “Olho para eles e digo: Ok, quem vai apresentar primeiro?“, observa Erin Nickel.

6. AVISO PRÉVIO DO TEMPO DE EXPLICAÇÃO. Os jovens valorizam clareza e respeito às expectativas, neste caso, terá noção de quanto tempo precisarão ficar em silêncio. A professora Anna Parker Clinkman costuma dizer: “Esta explicação vai durar uns 10 minutos, e eu preciso de silêncio para que todos possam ouvir. Vai demorar mais se houver interrupções.”

7. REFORÇO POSITIVO. Chame a atenção para os alunos que estão quietos. “Para uma turma bem barulhenta, usei a técnica da educação infantil: “John está pronto. Joanne está pronta'”, relata Denise Yellen Ganot. “Eles se esforçaram para ouvir seus nomes. Não acreditei que isso funcionou.”

8. RESPIRAÇÃO PROFUNDA. “Se você consegue ouvir a minha voz, respire fundo! Agora mais uma vez!”, orienta uma professora de inglês. Ela explica que leva um ou dois minutos, mas o bônus é que os exercícios de respiração “também me acalmam”.

9. RECOMPENSAS PARA A TURMA. Tornar o processo de obter silêncio mais divertido em vez de punitivo. Renee Broussard usa bolinhas de gude e um pote vazio: quando os alunos estão focados, ela adiciona uma bolinha no pote e retira quando o barulho volta. Ao encher o pote, os alunos ganham uma semana sem tarefas de casas. [A recompensa que meus alunos mais gostavam era algo comestível, especialmente chocolate.]

10. PEDIR COM RESPEITO. Quando nada mais funciona, o professor John A. aposta no básico: “Eu simplesmente digo Com licença. Nunca falha, porque adolescentes, como qualquer pessoa, querem ser respeitados.”

11. LEVANTAR A MÃO. Para muitos, esse é o sinal de silêncio. “Eu ensino já no primeiro dia de aula que este é o meu sinal para que todos fiquem quietos e se concentrem em mim”, diz Angela Cecchini Larkin. Outros professores levantam a mão e acrescentam: “Levante a mão se puder me ouvir”.

12. ESCREVER NO QUADRO. No início da aula, a professora Marlena P. escreve no quadro: “O primeiro grupo que ficar em silêncio, sai primeiro.” Já Patricia R. cria um suspense: escreve uma frase incompleta no quadro e só revela o final quando a turma fica em silêncio.

13. DIGITAR NA TELA. Quando os alunos não estão prestando atenção, Jeremy Stefan Brooks usa a digitação silenciosa para dar um aviso. Abre um Documento Google (exibido na TV) e começa a digitar uma tarefa que será aplicada se a sala não ficar silenciosa. ”Assim que digito a data de entrega, está definido. Funciona sempre. Nunca precisei passar a tarefa.”

14. NO CENTRO DO PALCO. “A primeira lição que aprendemos é que qualquer pessoa que fique no centro do palco atrai a atenção de todos imediatamente”, diz a professora de teatro Colleen Mahoney. “Eu impressiono os novos administradores convidando-os para uma sala barulhenta e dizendo para ficarem no centro do palco. Silêncio instantâneo — eles ficam impressionados sempre.”

15. AUMENTAR A LUZ. Em vez de piscar a luz, que pode incomodar alunos com problemas sensoriais, a professora Holly Joy liga as lâmpadas mais fortes de teto. A sala logo se acalma. Seus alunos “parecem toupeiras… ofuscados pelo sol”, diz ela, mas a calma é rapidamente restaurada.

16. USAR PLACAS DIVERTIDAS. A professor Sally B. recorre a seus engraçados cartazes com mensagens bem humoradas — um diz: “UAU!” e o outro diz “PARE e sinta o cheiro das rosas!” Seus alunos se acalmam de forma mais leve e positiva do que se gritassem com eles ou fossem repreendidos.

17. RECORRER A SINAIS SONOROS. Professores do ensino médio usam uma ampla gama de sons para chamar a atenção. “Eu tinha um pandeiro que usava para chamar a atenção deles”, escreveu uma professora. Outra prefere os efeitos sonoros do YouTube e há também aqueles que usam sinos e campainhas. [Eu usava um apito indígena que imitava o grito do macaco bugio. Tinha aluno que ficava com medo!]

18. SUSSURRO DRAMÁTICO. “Às vezes, um sussurro dramático resolve o problema”, diz Samia Aibef. Outras vezes, uma fofoca sussurrada é preciosa. “Você soube do que aconteceu esta manhã?”, diz Cody James. [Isso funcionava muito em minhas aulas. Eu começava falando algo pessoal para uma ou duas alunas, em tom baixo. Inventava uma fofoca sobre mim mesma e, de repente, era uma onda crescente de alunos dizendo “pera, deixa eu ouvir”. Em minutos a classe estava de olhos grudados em mim.]

19. RECITAR POESIA. A educadora Christina M. Bentley observa que recitar um trecho de poesia bem escolhido funciona em sua sala de aula. “Isso é algo que meus alunos do ensino médio adoram, então eles ficam em silêncio só para ouvir.” [Também usei essa técnica, com poesia, um trecho de romance ou mesmo uma lenda ou mito. Dramatizava o texto, lia com expressão, muda o tom de voz, fazia gestos… uma pantomina! As lendas e os mitos faziam muito sucesso com alunos de todas as idades. Alguns me revelaram, muitos anos depois, que nunca esqueceram aquela aula que eu contei o mito de Parsifal.]

20. CANTOS DE PÁSSAROS. O ex-professor de inglês Tyler Rablin, apaixonado por pássaros, pedia à turma que escolhesse um novo canto de pássaro para aprender a cada semana, e então o usava como um chamariz durante toda a semana. “A brincadeira e o elemento de escolha do aluno ajudaram a aumentar a adesão”, observa ele. [Deve ser interessante levar uma gravação do canto do urutau, da araponga, do bico-de-tamanco, da mobelha grande (som muito usado em filmes de suspense na floresta)… Você encontra uma enorme variedade de vocalização de pássaros no YouTube.]

21. ENTRAR NA CONVERSA ALHEIA. Quando um pequeno grupo de alunos está envolvido em uma conversa, a professora Dani Vp-k puxa uma cadeira para perto e pergunta: “Do que estamos falando?”. O resto da sala se interessa para ouvir e o grupo tagarela silencia.

22.CELULAR PERDIDO. Para alunos obcecados por celular, a tática é infalível. “Eu seguro meu celular no ar e pergunto: De quem é este celular?“, relata Suz Marie. “Eles se acalmam rápido e olham para mim atentos.”

23. USAR UMA VARINHA MÁGICA. A professora Jess Herr usa uma varinha mágica para pedir silêncio. Primeiro, ela avisa: “Quando eu balançar minha varinha mágica, vocês ficarão quietos”. Se a conversa persistir, ela acena a varinha “agressivamente” para os falantes — ganhando a atenção deles e alguns sorrisos diante da brincadeira. [Eu usei uma tática semelhante com varinha mágica, mas acrescentava uma ameaça de feitiço: “Aquele que abrir a boca vou lançar uma praga: se for mulher vai ficar gorda e com celulite, se for homem, vai ficar careca e broxa.” E ainda reforçava: “Praga de professora pega!” Silêncio sepulcral na sala.]

24. PROJETAR UMA MEIA PIADA. O professor Cal C. sempre tem uma piada preparada em um slide do PowerPoint. A piada está pela metade. Ao projetá-la, os alunos ficam atentos esperando o desfecho da piada. Como isso vira uma rotina, os alunos sempre esperam a piada do dia.

25. CONTROLE REMOTO IMAGINÁRIO. Outros professores apontam um controle remoto (real ou imaginário) para a turma ou um aluno e ordenam “Mudo”. “Juro que funciona toda vez”, diz Sharon Herbert Serano. Seus alunos entram na brincadeira e permanecem em silêncio até que ela os “desative”.

26. CHAMAR O ÚLTIMO QUE ESTÁ FALANDO. A professora Natalia E. anuncia “último falando” para sinalizar o fim da conversa. O aluno que continuar falando é chamado a responder uma pergunta baseada no tema da aula. Ninguém quer ser chamado, então, todos se calam rapidamente e a atenção se volta para a aula.

27. COMANDO DE MOVIMENTOS RÁPIDOS. A professora Elizabeth K. Morton tem uma estratégia curiosa. Ela lança comandos curtos para a turma: “Levantem a mão esquerda. Abaixe-a. Fiquem de pé. Sentem. Olhem para um amigo. Agora olhem para mim e ouça.” Ela diz que seus alunos se animam e acompanham a aula.

28. GANHAR ALTURA. Subir na mesa ou na cadeira também é infalível, dizem as professoras Cheyenne Graden e Celeste Emelia; Elas dizem que isso atrai a atenção dos alunos rapidamente.

29. SOPRAR BOLHAS DE SABÃO. Em uma aula especialmente desafiadora, a professora Samia Aibef levou um pote de fazer bolhas para a sala. Assim que começou a assoprá-las, a reação foi imediata: silêncio e olhares confusos dos alunos, surpresos com o recurso incomum. “Às vezes, as ferramentas mais estranhas são as mais eficazes”, conclui.

30. TROFÉU DO SILÊNCIO. O professor Colin Terry transformou um troféu antigo em um prêmio para os alunos mais atentos. É o “troféu do silêncio”. Ele pergunta à turma: “Quem é o melhor ouvinte?” e entrega o troféu ao primeiro aluno que se calar. [Estou pensando se isso funciona para o resto da turma que não foi premiada. O que você acha?]

E você, já usou alguma dessas estratégias? Funcionou? Entre essas 30 estratégicas, quais você vai experimentar?