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Sobrevoando as enigmáticas Linhas Nazcas, no Peru

22 de março de 2017

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As impressionantes Linhas de Nazcas, no deserto do Peru, são melhores vistas sobrevoando a região, o que pode ser feito em um pequeno avião a partir do aeroporto de Nazca. É surpreendente a perfeição e a simetria dos gigantescos desenhos de animais, aves, plantas e das formas geométricas.

As linhas de Nazcas intrigam especialistas e leigos dando origem a teorias de todo tipo. Das mais práticas, que vêm as linhas como sinais indicadores de fontes de água, passando pelas mais bizarras que afirmam terem sido traçadas por extraterrestres negando ao antigo povo de Nazca toda capacidade simbólica e habilidade matemática.

Afinal, o que os arqueólogos, historiadores e outros especialistas sabem a respeito dos Nazcas e de suas enigmáticas linhas?

O deserto de Nazca

As Linhas Nazcas estão localizados no deserto de Nazca, um altiplano árido que se estende por mais de 80 km entre as cidades de Nazca e Palpa, nos Pampas de Jumana, uma grande área plana na costa peruana, a cerca de 400 km ao sul de Lima no Peru.

O deserto de Nazca é um dos mais secos do mundo, recebendo cerca de meia hora de chuva a cada dois anos. As correntes frias do Oceano Pacífico causam um efeito moderador que mantem a temperatura em torno de  25°C durante todo o ano. Durante o verão (de dezembro a março) a temperatura oscila de 25°C a 38°C; no inverno (de junho a setembro), varia 16°C à noite a 24°C durante o dia.

Alguns rios cruzam o deserto, alimentados pelo degelo das montanhas, e que, por milênios, permitiram assentamentos humanos. Povos antigos, como os nazcas e os paracas, ali viveram graças a obras de irrigação.

As linhas cobrem cerca de 500 km2 de deserto que tem solo pedregoso constituído por uma camada de pedras de dióxido de ferro, em tom marrom avermelhado. O forte vento varre a região e carrega muita areia que, sem encontrar obstáculo, é levada a muitos quilômetros ao norte onde forma grandes dunas. As pedras da superfície absorvem o calor formando um fino colchão de ar quente que diminui consideravelmente a velocidade do vento a uns poucos centímetros da superfície. O solo abaixo, que contém gesso, em contato com a umidade da noite, adere à sua base. Dessa forma, os desenhos ficam protegidos dos ventos e da erosão  conservando-se visíveis até os dias atuais.

Deserto de Nazca

Deserto de Nazca. Vistas do chão, as linhas são pouco perceptíveis. O solo pedregoso marrom avermelhado tem, logo abaixo, uma camada esbranquiçada cujo contraste permite reconhecer os desenhos.

As enigmáticas linhas nazcas

As linhas de nazcas são geoglifos gigantescos traçados no deserto cobrindo uma área de cerca de 500 km2. São a expressão artística mais conhecida dos nazcas. Representam uma série de figuras antropomorfas, zoomorfas, fitomorfas associadas a linhas retas de vários quilômetros de comprimento e a formas geométricas.

Entre os maiores desenhos estão o macaco (90 metros), o lagarto (188 metros), o pelicano e o condor (135 metros cada um). Outras figuras de destaque são a aranha (46 metros), o colibri (50 metros) e o peixe (25 metros).

Macaco. Linhas Nazcas, Peru

O enorme macaco de 90 metros de comprimento tem o rabo formando uma espiral incrivelmente regular. Linhas Nazcas, Peru

Condor. Linhas nazcas, Peru

O condor de 135 metros de comprimento, assim como as outras figuras, foi traçado em uma única linha contínua conservando proporções e simetria. Linhas nazcas, Peru.

Aranha. Linhas nazcas, Peru

Uma aranha de 46 metros de comprimento entre linhas retas. À esquerda, um enorme trapézio. Linhas nazcas, Peru

Colibri. Linhas Nazcas, Peru

Colibri, 50 metros de comprimento. O bico do pássaro termina em um grupo de linhas que, segundo Maria Reiche, assinalam o solstício de 21 de dezembro. Linhas Nazcas, Peru.

Os geoglifos foram descobertos em 1926 por Toribio Mejía Xesspe, então um jovem arqueólogo peruano colaborador de Julio César Tello.  Em seguida, foram estudados por Paul Kosok, antropólogo norte-americano, que utilizou as fotografias aéreas do Exército dos Estados Unidos e do Serviço Aerofotográfico de Lima. Em 1941, Kosok propôs a hipótese de que as linhas eram calendários astronômicos.

Kosok regressou ao seu país em 1949, confiando a pesquisa à matemática alemã Maria Reiche, que dedicou o resto de sua vida (ela faleceu em 1998) à investigação e conservação das linhas de nazcas. Foi ela quem fez o primeiro mapa das figuras da região, medindo cada uma delas com uma fita métrica, um sextante e uma bússola. Conclui que os nazcas usaram um padrão de medida entre 38 e 40 cm.

As teorias sobre as linhas de nazcas

A teoria mais difundida é a proposta por Kosok e defendida por Reiche: trata-se de um gigantesco calendário astronômico em que as figuras marcam solstícios, a posição e a mudança dos corpos celestes. Tal teoria foi corroborada pelo astrônomo peruano Luís Mazzoti para quem os geoglifos são um complexo mapa estrelar com a configuração das constelações conforme eram vistas naquelas latitudes há 1500 anos. Essa teoria, contudo, não explica as linhas retas e as formas geométricas.

Outros pesquisadores propõem que os geoglifos estão relacionados a danças rituais, culto à fertilidade ou a antepassados. A área poderia ser, também, um templo a céu aberto onde eram traçadas figuras para agradar aos deuses. Há quem afirme que os desenhos eram caminhos percorridos por peregrinos em procissões religiosas. Mas, sendo assim, onde estão as ruínas de tais templos sagrados?

Maria Reiche junto a uma linha nazca.

Maria Reiche varrendo uma linha nazca. Ela dedicou sua vida à investigação e conservação dos geoglifos Nazcas.

Pesquisadores da Universidade de Massachusetts, mostraram que várias linhas foram desenhadas seguindo rios subterrâneos. Como conseqüência, ao longo de uma das linhas, eles descobriram a existência de 12 poços da idade de Nazca. O bico do beija-flor apontaria para uma reserva de água importante.

Em 1985, o arqueólogo Johan Reinhard usando dados arqueológicos, etnográficos e históricos demonstrou que o culto às montanhas e às fontes de água predominaram na religião e na economia nazca. Segundo ele, as linhas e as figuras eram parte das práticas religiosas voltadas para o culto de divindades associadas à disponibilidade de água.

Mais recentemente, o antropólogo Nicholas Sauders, da Universidade de Bristol, e o arqueoastrônomo Clive Ruggles, da Universidade de Leicester fizeram um estudo multidisciplinar. Percorreram a pé 1.500 km no deserto, rastreando as linhas e figuras geométricas, estudaram as camadas de desenhos sobrepostos, fotografaram cerâmicas associadas às linhas comparando os dados com o mapeamento digital por satélite. Eles descobriram um novo padrão de complexidade que constitui um enorme labirinto de funções rituais e que possivelmente seria percorrido por um xamã, um iniciado ou mesmo uma vítima a ser sacrificada.

Como foram feitas as linhas de nazcas

Maria Reiche concluiu, em 1956, que os contornos das figuras foram feitas esticando cordas entre estacas de madeira. Padrões mais complicados e de dimensões maiores foram desenhados a partir de um modelo menor que era reproduzido em uma escala maior.

A descoberta de restos de estacas de madeira, no final de algumas linhas, apoiou esta teoria. As estacas foram datadas por radiocarbono permitindo estabelecer a idade dos desenhos.

Para “desenhar”, os nazcas removeram as pedras escuras que estão na superfície do deserto raspando o solo em cerca de 6 cm de profundidade. Com isso deixavam à mostra o solo esbranquiçado logo abaixo. As pedras removidas eram colocadas no contorno da figura para aumentar o contraste ou eram retiradas do local.

O pesquisador Joe Nickell, da Universidade de Kentucky, tem reproduzido as figuras usando ferramentas e tecnologias disponíveis para o povo de Nazca. Com um planejamento cuidadoso e ferramentas simples, uma pequena equipe de pessoas recriou os maiores desenhos em poucos dias, sem qualquer assistência aérea.

Em 1994, as linhas de Nazca foram declaradas Patrimônio Mundial pela Unesco. Apesar de protegidas, elas têm sofrido deterioração devido à mudança do clima e à poluição industrial, a ponto de chover nesta região que já foi considerada a mais seca do mundo. Em 2007, houve inundações e desprendimentos de terra. As linhas nazcas salvaram-se por pouco. Mas as alterações climáticas continuam causando estragos. Em janeiro de 2012, as linhas de nazcas foram incluídas na lista de monumentos em risco do World Monuments Fund (Fundo Mundial para os Monumentos), devido ao perigo representado pela poluição e a erosão.

Civilização de Nazca

A civilização nazca é uma cultura pré-incaica que se desenvolveu no sul do Peru, entre 200 a.C. e 600 d.C. (algumas fontes estendem esse período para 300 a.C. e 800 d.C.). Os nazcas viveram nos vales férteis do rio Grande e também construíram aquedutos subterrâneos que ainda hoje abastecem de água os cultivos da região. Plantavam milho, feijão, amendoim, goiaba, algodão etc. A pesca marinha e a caça eram outras atividades econômicas complementares.

Aqueduto nazca

Os nazcas construíram canais subterrâneos que levavam água até tanques de onde irrigavam os campos de cultivo. De trecho em trecho, os canais tinham “olhos” ou poços por onde se podia descer para fazer a limpeza e manutenção necessária.

Os nazcas produziram magníficos têxteis que se igualam em qualidade e suntuosidade aos célebres têxteis paracas. Empregaram uma variedade de técnicas (bordados, tapeçaria, telas pintadas, tecido tridimensional, etc) com uma grande complexidade de desenhos. Usavam fios de algodão e lã de alpaca que eram tingidos com plantas, minerais e sangue fixados com urina humana.

Têxtil nazca.

Tecido nazca com franja representando figuras humanas tridimensionais.

A cerâmica policromada nazca traz figuras de animais, plantas e homens, alguns dos quais mutilados. Muitos dos padrões decorativos dos têxteis e da cerâmica reproduzem os desenhos feitos no solo do deserto.

Os nazcas construíram um enorme centro cerimonial em Cahuachi, situado no vale do rio Nazca. Inteiramente feito de adobe e ocupando uma área de 24 km2, é considerada uma das maiores zonas urbanas do mundo andino. O local recebia peregrinos de toda região nazca que para lá levavam suas oferendas. Desde 1982 o sítio está sendo escavado pelo arqueólogo italiano Giuseppe Orefici que já descobriu 34 construções e centenas de têxteis. Outros centros urbanos nazcas conhecidos são Tambo Viejo, Huaca del Loro e Pampa de Tinguiña.

Pirâmide de Cahuachi, Peru

Grande pirâmide de Cahuachi com sete níveis escalonados, tem 150 metros de comprimento e 28 metros de altura. Era o centro cerimonial do culto nazca.

Junto às múmias foram encontradas cabeças humanas que serviam de troféus de guerra: o inimigo derrotado tinha sua cabeça cortada e transformada em um troféu que o guerreiro vencedor levava sempre consigo. O costume originou-se nas culturas Chavin e Paracas, e teve grande difusão com os Nazcas. O cérebro era extraído da base do crânio e a boca era costurada ou fechada com espinhos. Fazia-se um pequeno buraco na testa por onde passava-se uma corda para que pudesse ser levada na cintura ou no peito.

Cabeça troféu nazca.

Guerreiro segurando uma cabeça troféu. Cerâmica nazca.

A decadência da civilização Nazca iniciou-se a partir de 700 d. C. Desconhece-se suas causas; possivelmente deveu-se a uma combinação de reveses climáticos pois há evidências de uma forte regressão da fronteira agrícola. Talvez os nazcas tenham sucumbido com a chegada de populações belicosas, como os waris ou huaris que, entre os séculos VII e XIII formaram um império que se estendia da cordilheira à costa do Peru atual.

Vídeo Linhas Nazca

Fonte

 

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