Em 18 de junho de 1908, chegava no porto de Santos, São Paulo, o navio Kasato Maru trazendo 165 famílias japonesas (781 pessoas) para trabalhar nos cafezais no oeste paulista. O governo do Estado de São Paulo subvencionava parte da passagem; o restante era pago pelos fazendeiros, e descontado dos salários dos colonos japoneses.
Apesar de não serem os primeiros japoneses no país, este foi o primeiro grupo oficial de imigrantes do Japão para o Brasil. De 1908 a 1914 vieram novas levas chegando a 14.886 japoneses. Dirigem-se às fazendas de café distribuídas ao longo da Estrada de Ferro Mogiana, na região leste do estado de São Paulo.
Alguns núcleos de pequena propriedade se estabeleceram nas vizinhança da Capital, dando origem a cidades como Cotia (antigo Moinho Velho) onde, em 1915 se organizaria a Associação Japonesa que, em 1927 se transformaria em Cooperativa Agrícola.
Os japoneses que se dirigiram à Capital formaram colônias dedicadas ao pequeno comércio ou a serviços (tinturaria, por exemplo), como aconteceu com o bairro Liberdade.
Comparados com os imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, os japoneses tinham costumes bem diferentes – quimonos, hashi (palitos para comer), banho de ofurô, tatami etc. que insistiam em conservar. Foram acusados de avessos à assimilação e integração com os brasileiros. “O estranhamento em relação a este último grupo [japoneses] era, aliás, geral: japoneses só ficavam satisfeitos quando viam o arroz crescer, e não sabiam deixar a carne-seca de molho para que amolecesse, assim como mal imaginavam que o bacalhau precisava ficar na água para perder o sal. Já o feijão não entrava na dieta deles, muito menos a farinha. Diferentemente dos europeus, pouco investiam na melhoria de suas casas: nem sequer as decoravam, até porque todo o dinheiro economizado deveria ser destinado aos parentes, ou viravam pecúlio para um futuro e desejado retorno.” (SCHWARCZ e STARLING: 2015, p.324-5.)
Em 1914, alegando “problemas de adaptação”, o Governo brasileiro cancelou o subsídio para a imigração japonesa, que só seria retomada em 1917, devido à interrupção das correntes migratórias europeias provocada pela guerra. Entre 1917 e 1940, vieram 164 mil japoneses para o Brasil. A maior parte dos imigrantes chegou no decênio 1920-1930.
Na década de 1930, o Brasil já abrigava a maior população de japoneses fora do Japão. Muitos imigrantes japoneses continuaram a chegar neste período, muitos deles atraídos pelos parentes bem sucedidos que já tinham emigrado. O fluxo cessou quase que totalmente em 1973, com a vinda do último navio de imigração “Nippon Maru”.
Atualmente, estima-se que haja mais de um milhão de nipo-brasileiros, cuja maioria reside nos estados de São Paulo e do Paraná.
Fonte
- DAIGO, Masao. Pequena história da imigração japonesa no Brasil. São Paulo, São Paulo: Gráfica Paulos, 2008.
- NOGUEIRA, Arlinda Rocha. A imigração japonesa para a lavoura cafeeira paulista (1908-1922). São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros, USP, 1973.
- SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
- Imigração japonesa. Museus, História e depoimentos.