Em 28 de junho de 1919, foi assinado o Tratado de Versalhes que, oficialmente, pôs fim à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Já em 11 de novembro de 1918, o cessar-fogo de Compiègne havia encerrado os combates, mas não o estado de guerra.
A delegação alemã não foi autorizada a participar das negociações e discussões que antecederam o tratado. Apenas no final, por meio de petições escritas, pode fazer algumas poucas e pontuais modificações no conteúdo do contrato.
O tratado declarou que a responsabilidade pela eclosão da guerra coube unicamente à Alemanha e seus aliados e, por isso cabia-lhes cessões territoriais, o imediato desarmamento e pagamentos de indenizações aos países vitoriosos.
Estabelecia o artigo 231:
“Os governos Aliados e Associados declaram, e a Alemanha reconhece, que ela e seus aliados são responsáveis por haver causado todas as perdas e todos os danos que sofreram os Governos Aliados e Associados e seus nacionais em consequência da guerra que lhes foi imposta pela agressão da Alemanha e seus aliados.” (Tratado de Versalhes, parte VIII, Reparações, artigo 231.)
A punição sofrida pela Alemanha incluía:
- Perda de suas colônias na África;
- Devolução da Alsácia-Lorena à França;
- Perda de parte de seu território para a recém-criada Polônia;
- Desmilitarização das Forças Armadas;
- Pagamento de indenização de guerra aos aliados.
Os representantes da Alemanha – Hermann Müller, ministro das Relações Exteriores, e Johannes Bell, ministro dos Transportes – assinaram o tratado sob protesto.
Além da Alemanha, foram signatários do tratado: Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Japão, Bélgica, Grécia, Polônia, Portugal, Romênia, Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, Checoslováquia, Austrália, Canadá, Libéria, Hejaz, Sião, Bolívia, Brasil, Cuba, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua, Panamá, Peru e Uruguai.
O tratado entrou em vigor em 10 de janeiro de 1920. O Congresso dos Estados Unidos não ratificou o tratado e fez uma paz especial com a Alemanha, o Tratado de Berlim (25 de agosto de 1921).
Por causa das duras exigências, o tratado foi percebido pela maioria dos alemães como uma imposição ilegítima e humilhante.
Segundo o diplomata britânico Harold Nicolson, o Tratado de Versalhes que, a princípio, visava impedir o surgimento de novas guerras de proporções semelhantes à Guerra Mundial, propiciou, na verdade, as condições que desencadearam a Segunda Guerra Mundial vinte anos depois.
- BNCC 9° ano. Habilidade: EF09HI10

Termos do armistício: “O povo alemão deve pagar por todos os danos aos civis, em terra ou no mar ou no ar”, diz o cartaz mostrado pelo marechal Foch, comandante em chefe das Forças Aliadas, ao chefe alemão. Charge norte-americana de William A. Rogers, publicada no New York Herald em 7 de novembro de 1918.
Fonte
- MACMILLIAN, Margaret. Paz em Paris, 1919: a Conferência de Paris e seu mister de encerrar a Grande Guerra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.
- HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX (19114-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
- NICOLSON, Harold. O tratado de Versalhes: a paz depois da Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Globo, 2014.
- Tratado de Versalhes (versão completa, em espanhol)
Saiba mais
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Abertura
- Assinatura do Tratado de Versalhes no Salão dos Espelhos (detalhe), óleo de William Orpen, 1919. Entre as figuras estão representados, no centro, Woodrow Wilson (Estados Unidos) de gravata clara, Georges Clemenceau (França) com seu vasto bigode branco e Lloyd George (Reino Unido). Sentado à frente deles, o representante da Alemanha assina o tratado observado por seu colega que se curva sobre ele.