Em 24 de outubro de 1929, uma quinta-feira, tinha início a maior crise econômica da História o que lhe valeu o nome de “Quinta-feira Negra”. Neste dia, as ações da Bolsa de Valores de Nova York caíram drasticamente no que ficou conhecido como o “crash da Bolsa”.
Desde o ano anterior já vinha ocorrendo um declínio acentuado no índice Dow Jones, mas naquela quinta-feira de outubro, os preços da bolsa despencaram. A queda se arrastou por dias chegando ao desastre total em 29 de outubro, a chamada “Terça-feira Negra”.
Discute-se muito qual teria sido o motivo desencadeador da crise. Houve a retirada de enorme volume de capital especulativo da Bolsa de Valores desequilibrando as negociações. Em pânico, muitos acionistas foram instruídos a vender a qualquer preço, as suas ações, mas não havia mais compradores.
No espaço de poucos dias, o mercado perdeu mais de 30 bilhões de dólares, cerca de 4% do PIB (produto interno bruto) anual dos Estados Unidos. O volume de ações negociadas naquele dia foi um recorde que não seria quebrado por quase 40 anos.
Milhares de acionistas perderam, da noite para o dia, grandes somas em dinheiro e muitos foram à miséria. Seguiram-se falências de indústrias, lojas e bancos e, com ela, o aumento vertiginoso do desemprego e da miséria que atingiram milhões de pessoas. As vendas de automóveis nos Estados Unidos caíram de 4,5 milhões em 1929 para 1,1 milhão em 1932 e não subiram acima do pico anterior por 20 anos.
Na Europa, as bolsas de valores também entraram em colapso. A maioria dos países ainda tinha dívidas com os Estados Unidos geradas durante a Primeira Guerra Mundial.
Antecedentes da crise de 1929
Durante a segunda metade da década de 1920, os Estados Unidos viveram um boom especulativo. A produção de aço, a construção civil, as vendas de automóveis, o volume de negócios no varejo e até as receitas ferroviárias tiveram um forte crescimento.
O lucro líquido combinado de mais de 500 empresas de manufatura e comércio registrou um aumento, nos primeiros seis meses de 1929, de 36,6% em relação a 1928, um recorde semestral. Ferro e aço lideraram o caminho com ganhos dobrados.
Esses números estimularam as especulações na Bolsa de Valores que levou centenas de milhares de americanos a investirem pesadamente no mercado de ações. Boa parte deles se endividou para comprar mais ações. Em agosto de 1929, os corretores estavam emprestando rotineiramente para pequenos investidores mais de 2/3 do valor nominal das ações que estavam comprando. A quantidade de dinheiro emprestado, cerca de 8,5 bilhões de dólares, superava a quantidade total de dinheiro em circulação nos Estados Unidos na época.
O aumento dos preços das ações incentivou mais pessoas a investirem, esperando que os preços das ações aumentassem ainda mais. Assim, a especulação alimentou novos aumentos e criou uma bolha econômica.
No segundo semestre de 1929, os negócios começaram a desacelerar ou até mesmo a cair, incluindo as vendas de carros, casas e a produção de aço. A queda na produção industrial e de commodities (o preço do trigo caiu devido a superprodução e, portanto, excesso de oferta) alertou os investidores mais experientes, mas pouco interferiu nos especuladores.
No final de setembro, o mercado estava 10% abaixo do pico. Muitos investidores começaram a retirar seu capital e a vender seus papeis. Na semana de 21 de outubro aumentaram as vendas e elas foram se intensificando até culminarem no pânico dos dias 24 e 29.
Consequências do crash
O crash desencadeou a mais devastadora crise econômica e financeira do século XX, considerando-se a abrangência e a duração dos seus efeitos. Marca o início dos doze anos da Grande Depressão, que afetou todos os países ocidentais industrializados.
A confiança dos pequenos investidores nos mercados financeiros foi abalada. Somente na década de 1970, dinheiro relevante foi aplicado novamente no mercado de ações por esse grupo. Mas também os grandes investidores ficaram chocados, apenas em 1954 o índice Dow Jones atingiu seu nível mais alto pela primeira vez.
Com base na experiência da Quinta-Feira Negra, todas as bolsas adotaram regras que suspendem temporariamente as negociações em caso de queda extrema dos preços, evitando com isso que o pânico dos acionistas piore a situação. Restringiu-se, também a concessão de empréstimos para transações com ações. Com isso, as quedas posteriores ocorridas no mercado de ações foram menos dramáticas do que a Quinta-Feira Negra.
Fonte
- GALBRAITH, John Kenneth. O colapso da Bolsa, 1929: anatomia de uma crise. Pioneira: 1988.
Saiba mais / outros recursos
- A Crise de 1929: mapa mental e infográfico para trabalhar em sala de aula
- 1920: a década dos contrastes.
- Década de 1920: os “anos loucos”.
- “As vinhas da ira”: um retrato dramático da Grande Depressão.
- Estados Unidos: da expansão econômica à Crise de 1929 . Resumo com mapa mental.
- Crash de 1929: comentários da época. Infográfico.