Na manhã do dia 26 de novembro de 1922, o arqueólogo britânico Howard Carter, depois de semanas de trabalho e preparos, finalmente removeu a porta selada que dava acesso à antecâmara da tumba real. Ali estavam amontadas centenas de peças: eram caixas, cadeiras, vasos, banquetas, baús, vasos de alabastro, camas cerimoniais, carruagens desmontadas, estátuas – a maioria de ouro. A tumba KV62 (Kings’ Valley 62) do faraó Tutancâmon havia sido descoberta.
Carter fazia escavações no sul do Egito há quinze anos com apoio financeiro de Lorde Carnavon, um aristocrata britânico apaixonado por arqueologia egípcia. Fizera algumas descobertas mas nada tão fabuloso como a tumba KV62 lhe revelaria nos próximos anos – foram oito anos para esvaziar a tumba tal era o volume de objetos encontrados nesta pequena tumba real (comparada aos enormes túmulos dos faraós do Novo Império).
Na antecâmara havia duas estátuas em tamanho natural, uma de frente para a outra. Eram os guardiões que vigiavam uma entrada selada. Ela dava para a câmara funerária onde estava o sarcófago e o caixão que continha a múmia do faraó. O local só aberto dois meses depois, em 16 de fevereiro de 1923.
A descoberta da tumba de Tutancâmon tornou-se o assunto mais comentado no mundo. Jornais, rádio e até o cinema noticiavam com alarde cada passo da escavação e cada objeto retirado do túmulo. Centenas de turistas europeus e norte-americanos foram ao Egito ver os trabalhos in loco. Uma onda de egiptomania inspirou a moda, a produção de bens de consumo (especialmente objetos decorativos), a música e, principalmente, o cinema com filmes de temas históricos (Cleópatra era o preferido) e de suspense e terror de múmias vingativas e assassinas.
Tutancâmon ou Rei Tut, era filho do faraó Aquenáton, da 18ª dinastia. Subiu ao trono em 1333 a.C., com a idade de nove ou dez anos, e teve um reinado curto, de apenas nove anos, falecendo em 1323 a.C. Sua tumba permaneceu desconhecida por mais de três mil anos até ser descoberta por Howard Carter. A morte súbita de alguns envolvidos na descoberta arqueológica foi atribuída à “maldição do faraó” – a lenda manteve o interesse do público por Tutancâmon e pelo Antigo Egito até nossos dias.
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Abertura
- Máscara mortuária de Tutancâmon, de ouro, vistas de frente e lateral, e cartucho com o nome do faraó em hieróglifo.