Em 8 de setembro de 1522, ao pôr do sol, chegava ao porto de Sevilha, na Espanha, a nave Vitória. Um nome bem merecido. A bordo, 18 tripulantes comandados pelo basco Juan Sebastião Elcano. Foram os primeiros homens a circunavegar a Terra.
Não foi uma viagem fácil. Eles eram os sobreviventes de uma expedição iniciada três anos antes, em 20 de setembro de 1519, com 234 homens sob comando do nobre português Fernão de Magalhães. Dos cinco navios que compunham a esquadra original, três foram perdidos e um desertou.
O comandante Fernão de Magalhães também não sobreviveu à aventura: morreu durante a viagem, em 27 de abril de 1521 lutando contra nativos de uma ilha nas Filipinas. A expedição seguiu viagem sob comando de Juan Sebastián Elcano até regressar à Espanha em julho de 1522, três anos depois de sua partida.
É interessante notar que a expedição, apesar de ter perdido três navios e desertado um quarto, teve um importante sucesso econômico. Somente com as especiarias que Vitória transportou das Molucas para a Espanha, todos os custos foram cobertos e um lucro foi obtido.
A expedição de Fernão de Magalhães
Fernão de Magalhães viajou a serviço da Espanha. O objetivo da viagem não era realizar a circum-navegação, mas encontrar o caminho mais curto possível para a Índia. As circunstâncias, contudo, levaram à primeira volta ao mundo.
A esquadra com cinco navios e 234 tripulantes, partiu da Espanha em 20 de setembro de 1519. Depois de uma breve estada na Baía da Guanabara, partiu para o sul chegando ao estuário do Rio da Prata em 10 de janeiro de 1520. A região foi explorada durante um mês e a armada seguiu ao longo da costa sul-americana.
Finalmente no dia 30 de março de 1520, chegou à baía de San Julián, à entrada do estreito que viria a ser chamado de Estreito de Magalhães. Começaram os problemas motivados pelo cansaço, falta de suprimentos, fome e doença da tripulação. Ocorreram motins, o naufrágio de um navio e a fuga de outro.
Com os três navios que restaram, Magalhães começou a difícil travessia do estreito no dia 1º de novembro de 1520. Finalmente, no dia 27 de novembro atingiu o oceano que Magalhães chamou de Oceano Pacífico. A viagem, contudo, a partir daí, não foi nada tranquila.
Navegando o Oceano Pacífico
Durante quase quatro meses, a armada não encontrou terra, exceto duas pequenas ilhas desabitadas. A água doce apodreceu, a tripulação adoeceu de escorbuto (falta de vitamina C) e não havia mais nada para comer a bordo dos navios, exceto bolachas manchadas de vermes e fezes de ratos. Os marinheiros começaram a comer couro amolecido no vapor ou sopa feita de serragem. Pagavam muitas moedas por um rato para comer. Morreram pelo menos 19 homens.
Em 6 de março de 1521 eles alcançaram as ilhas Marianas, na Micronésia. Quando a frota ancorou em uma das ilhas (possivelmente Guam), os moradores tentaram pegar um dos botes da esquadra. Magalhães mandou matar alguns nativos e incendiar as suas casas. Ele chamou as ilhas de Islas de los Ladrones (Ilhas dos Ladrões).
Em 6 de março de 1521 eles alcançaram as Ilhas Marianas, na Micronésia. Quando a frota ancorou em uma das ilhas (possivelmente Guam), os moradores tentaram pegar um dos botes. Magalhães mandou matar alguns aborígenes e incendiar as suas casas. Ele chamou as ilhas de Islas de los Ladrones (Ilhas dos Ladrões).
Morte de Fernão de Magalhães
Em busca das Molucas, Magalhães e seus homens chegaram à ilha de Cebu, pertencente ao arquipélago que mais tarde seria conhecido como Ilhas Filipinas em homenagem ao rei espanhol Felipe II. Haviam chegado, finalmente, ao Extremo Oriente.
Ali, na manhã do dia 27 de abril de 1521, os 49 espanhóis da armada de Magalhães enfrentaram 1500 guerreiros do chefe Lapu-Lapu, da ilha de Mactán. Devido a costa rochosa e aos corais junto à praia, os navios ancoraram longe o que deixou inoperantes seus canhões. A luta foi corpo-a-corpo com os espanhóis armados com espadas e pistolas contra os nativos usando flechas e lanças.
Magalhães foi ferido na perna e no rosto flechas envenenada e no braço com uma lança de bambu. Enquanto os nativos avançaram sobre ele causando-lhe mais ferimentos, os demais espanhóis conseguiram voltar aos navios.
Lapu-Lapu é considerado pelos filipinos como o primeiro herói das ilhas por derrotar Fernão de Magalhães resistindo à colonização espanhola.
A expedição após a morte de Magalhães
Após a morte de Magalhães nas Filipinas, os membros da expedição decidiram queimar o navio Concepción, dividindo a tripulação nos outros dois navios restantes. Gonzalo Gómez de Espinosa foi eleito chefe da expedição e capitão do navio Trinidad, e Juan Sebastián Elcano foi colocado à frente do navio Vitória.
Em 6 de novembro, chegaram a Tidore, uma das ilhas Molucas, o objetivo final da viagem. Foram recebidos pelo sultão e puderam, finalmente adquirir as tão desejadas especiarias. Os habitantes das ilhas conheciam os europeus pois os portugueses já tinham chegado lá via África e Índia.
No dia 21 de dezembro, o Victoria partiu com 48 europeus e 13 indianos como tripulação, mas sem o Trinidad. O navio estava com vazamento e precisou ser consertado. Retornaria à Espanha somente em 1525.
Elcano assumiu o comando da expedição de retorno, optando por navegar pelos mares portugueses a oeste, contornando a África em rotas conhecidas, mesmo tendo que evitar os portos e as frotas portuguesas. A viagem foi difícil, enfrentando condições climáticas adversas. O Vitória levou 12 semanas para atravessar o Cabo da Boa Esperança (19 de maio de 1522).
Demorou quase dois meses para chegar às ilhas de Cabo Verde (9 de julho de 1522). Ali o Vitória perdeu o mastro de proa e 17 membros da tripulação. Enquanto tentavam comprar comida e escravos na ilha de Santiago no arquipélago de Cabo Verde, 13 tripulantes foram feitos prisioneiros pelos portugueses. Elcano e os homens restantes a bordo nem sequer tentaram salvar os camaradas capturados; temendo o poder bélico dos portugueses, trataram de fugir.
No dia 6 de setembro de 1522, o Vitória chegou ao porto de Sanlúcar de Barrameda, de onde havia partido três anos antes. Elcano, ansioso para chegar à Sevilha, mal parou em Sanlúcar. No mesmo dia da chegada, tomou um barco para rebocar o Vitória até Sevilha devido ao mal estado do navio. Em Sevilha, as autoridades e o povo esperavam a sua chegada.
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