Em 12 de outubro de 1492, o navegador italiano Cristóvão Colombo, comandando três navios (uma nau e duas caravelas) sob a bandeira de Castela e Aragão (Espanha), chegou à ilha Guanahani, no Caribe, habitada pelos Tainos.
Depois de setenta dias de viagem navegando em direção a Oeste, Colombo acreditava ter dado a volta ao mundo e atingindo as Índias.
Em janeiro de 1493, ele voltou à Espanha na caravela Niña, chegando em março sendo recebido com todas as honras. Foi seu momento de maior glória.
Ele faria outras três viagens (1493-1496, 1498-1500 e 1502-1504) mas seu prestígio já estava arruinado na terceira viagem pela falta de riquezas que supostamente encontraria. Ainda tentou, na quarta e última viagem, encontrar o Estreito de Malaca, um corredor marítimo que une o Oceano Índico ao mar da China e, pelo qual, ele acreditava que chegaria às Índias.
Colombo explorou o Caribe e as costas da América Central percorrendo o litoral das atuais Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá.
Regressou à Espanha sem ter alcançado seu objetivo, mas ainda convencido que havia chegado a regiões periféricas do continente asiático. Poucos dias depois de chegar à Espanha, a rainha Isabel morreu. Sem sua última aliada, Colombo ficou desprotegido. Faleceu um ano e meio depois, em maio de 1506.
O que se comemora no 12 de Outubro?
A data foi, por muito tempo, comemorada como Dia do Descobrimento da América. Contudo, o termo “descobrimento”, assim como “descoberta” passou a ser criticado, no fim do século XX, por seu caráter eurocêntrico e forte cunho ideológico. Desconsidera a existência dos povos indígenas que há milhares de anos chegaram e ocupavam o continente americano – foram seus verdadeiros descobridores.
Além disso, Colombo não teria sido o primeiro europeu a atingir a América. Há evidências de um assentamento viking na ilha de Terra Nova, Canadá, datado do século X d.C. É provável, também, que marinheiros europeus já frequentassem a costa do Labrador conforme registros comerciais da produção de óleo de baleia feita por marinheiros bascos.
Por outro lado, a data de 12 de outubro de 1492 marcou o início da ocupação europeia na América e o extermínio dos povos nativos. Isso motivou, em diversos países, manifestações que impulsionaram a derrubada de estátuas que homenageiam figuras ligadas a um passado colonial de massacre e escravidão indígena e africana.
Em 2020, nos Estados Unidos, as manifestações antirracistas desencadeadas pela morte de George Floyd atingiram os monumentos a Cristóvão Colombo, considerado um símbolo do genocídio. Uma estátua foi decapitada em Boston, e outra foi atacada em Chicago acabando por ser retirada pelas autoridades. Também em Los Angeles, foi removida a estátua de Colombo na presença de cerca de 200 pessoas e levada para um depósito.
Em 2021, no México, o governou decidiu retirar a estátua de Colombo do Paseo de la Reforma, a avenida mais importante da capital. Ela será substituída por um monumento à mulher indígena.
Na Bolívia, nesse mesmo ano, ativistas banharam em tinta vermelha a estátua de Colombo na capital do país, La Paz, como metáfora do banho de sangue que significou a conquista espanhola nas Américas.
Na Colômbia, a derrubada da estátua de Colombo na cidade de Barranquilla foi acompanhada de manifestações em outras cidades colombianas como a capital Bogotá, além de Medellín, Pereira e Cartagena.
Hoje, muitos países americanos comemoram o 12 de Outubro sob outra perspectiva.
Na Argentina, um decreto assinado pela então presidenta Cristina Kirchner em 2010 denominou o 12 de Outubro como Dia da Diversidade Cultural Americana.
No Chile, a definição do 12 de outubro. Oficialmente é chamado de Dia do Encontro de Dois Mundos, ainda tem quem denomine como Dia do Descobrimento da América, outros o chamam de Dia da Resistência Indígena, mas é mais conhecido como Dia da Raça.
Na Colômbia, a data é celebrada atualmente com o nome de Dia da Raça e destaca o respeito aos indígenas. Há um consenso entre os professores de que a chegada de Colombo representou um “assalto” não só contra a riqueza do país, mas também contra seus costumes e a cultura.
Na Bolívia, durante o governo de Evo Morales, a data foi chamada de Dia da Descolonização, reconhecendo os indígenas que foram mortos durante a colonização.
Na Venezuela, um decreto do presidente Hugo Chávez, datado de 10 de Outubro de 2002, consagrou o 12 de Outubro como Dia da Resistência Indígena.
Na Nicarágua, o governo sandinista de Daniel Ortega proclamou, em 2007, o 12 de Outubro como Dia da Resistência Indígena, Negra e Popular, recordando o início da luta dos povos originários contra a dominação colonial e a reivindicação de seus direitos ancestrais.
No Brasil, a data era feriado na Primeira República como Dia do Descobrimento da América. No governo de Getúlio Vargas (1930-1945), o feriado foi abolido e a data foi perdendo a importância para outras festas cívicas. Atualmente, por causa do feriado de Nossa Senhora da Aparecida e a festa em torno do Dia das Crianças, o significado histórico do 12 de Outubro passa despercebido para a maior parte da população brasileira.
Nos Estados Unidos, o 12 de outubro comemorava o Columbus Day (Dia de Colombo) dedicado aos imigrantes italianos, pois Colombo era genovês. Atualmente, em muitos estados, é lembrado como Dia dos Povos Indígenas.
Na Espanha, a data foi declarada, em 1987, Festa Nacional da Espanha, mas ainda é popularmente conhecida como Dia da Hispanidade. O dia é celebrado com desfile militar, bandas de música, cerimônia no panteão dos heróis e festejos religiosos à Nossa Senhora do Pilar, padroeira da Espanha.
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