Em 1º de outubro de 331 a.C., Alexandre Magno, o jovem rei da Macedônia (tinha 24 anos de idade), derrotou Dario III, rei dos persas aquemênidas, em Gaugamelos, na Mesopotâmia. Esta terceira vitória sobre o poderoso “Rei dos Reis” abriu-lhe as portas do Império Persa e o domínio sobre todo o Oriente Médio.
Alexandre era um soldado experiente. Aos 18 anos de idade estivera em Queroneia, junto com o pai, Filipe II, rei da Macedônia, onde comandara a cavalaria no golpe decisivo da batalha que derrotou os gregos. Dois anos depois, Alexandre estava no trono da Macedônia e assumiu o desafio de submeter o poderoso Império Persa.
A Pérsia dominava, então, todos os domínios dos impérios anteriores do Oriente Médio. Suas fronteiras abrangiam, além da Pérsia propriamente dita, a Mesopotâmia, o Egito, a Síria, a Fenícia, a Palestina e a Ásia menor com suas colônias gregas. O exército persa possuía pesadas forças de cavalaria, milhares de mercenários (indianos, bactrianos, trácios, citas, gregos remanescentes etc.) além de 15 elefantes indianos e centenas de carros de guerra puxados por 2 ou 4 cavalos, e equipados com lâminas em forma de navalha atadas às rodas, ao chassis e ao timão.
Alexandre preparou o exército macedônio reforçando-o com guerreiros gregos inativos desde o fim das guerras na Grécia. Na primavera de 334 a.C. rumou para a Ásia com 40 ou 50 mil soldados – uma força enorme se comparada com as que lutaram na batalha de Queroneia. Alexandre conseguiu implantar um forte sentimento de união entre seus soldados em torno de um único objetivo: derrubar Dario III, o imperador persa.
A campanhas na Ásia duraram doze anos. Os golpes decisivos ocorreram no início derrotando os persas nas batalhas dos rios Granico (334 a.C.), Issos (333 a.C.) e Gaugamelos (331 a.C.) que destruíram a capacidade de resistência do exército aquemênida e finalmente o liquidaram.
Com a vitória de Issos, Alexandre apoderou-se de partes do Império Persa – Síria, Egito e norte da Mesopotâmia – que Dario III já havia abandonado.
Batalha de Gaugamelos (331 a.C.)
Dario foi o primeiro a se posicionar no campo de batalha, escolhendo uma área plana de pasto e lavoura. Preparou o terreno, mandando limpar a área onde passariam seus carros de guerra e enterrar estacas em alguns lugares para mutilar os cavalos do inimigo. Ao saber que Alexandre deixara o acampamento base, Dario organizou seu exército para o combate e o manteve em armas aguardando o ataque dos macedônios.
Dario tinha um bom plano de ataque, mas que só funcionaria se Alexandre avançasse de acordo com as expectativas do imperador persa. Não foi o que aconteceu.
Alexandre usou um golpe tático novo: adiou o confronto por quatro dias deixando o enorme exército persa confuso, apreensivo e cansado em suas posições. Enquanto isso, os soldados de Alexandre descansavam, dormiam no acampamento e se alimentavam bem, assim como seus animais.
Finalmente, quando o ataque teve início, os persas, surpreendidos, atrasaram o contra-ataque o que lhes foi fatal. As forças de Alexandre avançaram em formação de cunha e em direção diferente à imaginada por Dario. Foi preciso refazer todo o plano e dar outras ordens, o que confundiu ainda mais o exército persa. Os carros de combate acabaram atingidos pelos dardos lançados pelos próprios persas ferindo condutores e cavalos. O tumulto e o enorme barulho assustaram os cavalos dos carros, fazendo-os sair da rota.
Na feroz luta, as sarissas, as longas lanças dos cavaleiros macedônios, levaram a melhor e, quando se aproximaram, Dario entrou em pânico e fugiu para Ecbatana onde tentou formar um novo exército. Enquanto isso, Alexandre tomava posse da Babilônia, Susa e Persépolis, a capital persa que ele saqueou e incendiou em 330 a.C.
O fim de Dario III, o Rei dos Reis
Por várias vezes, Dario teria oferecido a Alexandre todo seu império a oeste do rio Eufrates em troca de paz. Mas Alexandre recusou todas elas contrariando a opinião de seus conselheiros. Alexandre poderia ter declarado vitória após a captura de Persépolis, mas ele decidiu perseguir Dario.
Dez meses depois Alexandre finalmente alcançou Dario, mas para encontrá-lo morto. Fora assassinado por seus próprios oficiais. Alexandre tirou o anel do dedo do rei morto e enviou seu corpo para Persépolis, dando-lhe um funeral magnífico. Ordenou que ele fosse enterrado, como todos os seus antecessores reais, nas tumbas reais. Seu túmulo ainda não foi descoberto. Alexandre acabou se casando com a filha de Dario, Stateira, em Susa, em 324 a.C.
Novas guerras de conquista
Alexandre, que já se proclamara faraó do Egito e rei da Babilônia, e já assumira o título de imperador persa, foi aclamado “Rei da Ásia” pelos macedônios que, no calor da vitória, se comprometeram a conquistar toda a Ásia para seu rei. Ele próprio proclamou seu triunfo em uma oferenda para a deusa Atena, no templo de Lindos, em Rodes onde deixou gravado: “O rei Alexandre, tendo dominado Dario em batalha e tornado-se o Senhor da Ásia, fez sacrifício a Atena de Lindos de acordo com o oráculo”. Ele via a derrota da Pérsia como uma preliminar para a conquista de toda a Ásia.
Alexandre avançou com seu exército em direção ao Oriente chegando às margens do rio Indo onde fundou cidades com seu nome (hoje Samarcanda, Cabul, Candaar etc.). Atravessou o Indo e entrou na Índia (326 a.C.), onde descobriu o hinduísmo e o budismo. Pretendia ainda chegar ao rio Ganges, mas foi dissuadido diante do esgotamento de seus soldados.
Decidiu, então, retornar à Babilônia, sua nova capital para se dedicar à organização de seus domínios. O retorno foi dramático. Parte do exército, retornou de barco costeando o Índico e Golfo Pérsico. O resto seguiu Alexandre através do deserto. Muitos homens sucumbiram à fome e à sede. O conquistador chegou a Babilônia onde morreu pouco depois, em 323 a.C., aos 32 anos de idade. Seu império rapidamente se desintegrou após a sua morte.
Historiografia
O último século da era aquemênida é notável pela falta de fontes, especialmente durante o reinado de Dario III. Ele não é atestado em nenhuma fonte persa e é quase completamente conhecido apenas a partir dos relatos de historiadores gregos, que retratam sua carreira em contraste com a do bem-sucedido Alexandre, o Grande (fonte: Encyclopaedia Iranica).
Fonte
- RICE, E.E. Alexandre, o Grande. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.
- BRIANT, Pierre. Alexandre, o Grande. Porto Alegre, RS: L&PM, 2010. (Coleção L&PM Pocket)
- DROYSEN, Johann Gustav. Alexandre, o Grande. Rio de Janeiro: Contaponto, 2018.
- KEEGAN, John. Uma história da guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
- PLUTARCO. Alexandre, o Grande. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.