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800 cristãos executados pelos turco-otomanos

14 de agosto de 1480

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No dia 14 de agosto de 1480, durante a batalha de Otranto, na região da Apulia, sul da Itália, tropas turco-otomanas decapitaram 800 cristãos por se recusarem a se converter ao islamismo. O ataque à cidade italiana foi parte do projeto de expansão do Império Otomano iniciado com a tomada de Constantinopla em 1453.

Conquistada Constantinopla, o sultão Maomé II passou a se considerar o herdeiro do Império Romano e, como tal, planejou submeter a Itália para reunificar os territórios romanos sob sua dinastia. Como parte desse plano, enviou o paxá Gedik Ahmet com uma força naval em direção “ao calcanhar” da península Itálica.

O ataque a Otranto, no sul da Itália

O comandante da frota, o paxá Gedik Ahmet, já havia feito importantes conquistas para o Império Otomano na Anatólia e na Crimeia e enfrentara as tropas de Veneza, Gênova, Milão e Napóles na disputa pelas rotas do Mediterrâneo. Após uma tentativa frustrada de conquistar Rodes dos Cavaleiros de São João, Gedik Ahmet partiu para a Itália.

Em 28 de julho de 1480, a frota de Gedik Ahmet composta por cerca de 150 embarcações (galés, galeras e outros navios) chegou às muralhas de Otranto. Eram 18 mil homens armados contra uma população de apenas 2 mil habitantes.

Muralhas e fortaleza de Otranto.

Após uma breve resistência, a guarnição e todos os habitantes abandonaram a aldeia nas mãos dos turcos, retirando-se para a cidadela enquanto estes também iniciavam os seus ataques às aldeias próximas.

A cidadela caiu após um cerco de quinze dias, em 12 de agosto. Gedik Ahmed ordenou o assalto final, que rompeu as defesas e capturou seus defensores. Ao chegar à catedral, para onde a população havia se refugiado, os muçulmanos encontraram o arcebispo Stefano Agricolo com o crucifixo na mão que os aguardara com o conde Francesco Largo e bispo Stefano Pendinelli. Segundo a narrativa católica, o arcebispo foi decapitado diante do altar e seus companheiros foram serrados ao meio.

Os otomanos reuniram as mulheres e as crianças mais velhas para serem vendidos como escravas na Albânia. De acordo com alguns relatos históricos, um total de 12.000 foram mortos e 5.000 escravizados, incluindo as vítimas de outras cidades vizinhas.

A execução dos cristãos

Gedik Ahmet mandou reunir os homens acima dos 15 anos de idade e exigiu que se convertessem ao Islã ou seriam mortos. Conta a lenda católica que o alfaiate

Antonio Primaldo teria proclamado: “Agora é hora de lutarmos para salvar nossas almas para o Senhor. Ele morreu na cruz por nós e agora espera que morramos por ele”. Os cativos concordaram em segui-lo.

Em 14 de agosto, eles foram levados para a Colina de Minerva (mais tarde renomeada Colina dos Mártires), onde foram executados. Conta-se que Antônio Primaldo, o primeiro a ser decapitado, permaneceu de pé mesmo sem a cabeça e o carrasco não conseguiu derrubar seu corpo sem vida.

 

Pintura na Catedral de Nápoles que representa o massacre dos cristãos Otranto pelos otomanos em 1480. Note a figura decapitada de Antonio Primaldo que se mantém de pé como símbolo da firmeza de sua fé.

Retomada de Otranto

Conquistada Otranto, os muçulmanos atacaram, em 12 de setembro, o Monasteiro de São Nicolau em Casole, que possuía uma das bibliotecas mais ricas da Europa com numerosos manuscritos gregos e latinos. O mosteiro e sua biblioteca foram destruídos e, desde então, só restam ruínas.

Em outubro de 1480, as cidades costeiras de Lecce, Taranto e Brindisi também foram atacadas pelos turco-otomanos.

Nesse período, os reis Fernando de Nápoles e Fernando de Aragão tentaram, sem sucesso, reconquistar Otranto.  Foi então que Afonso de Aragão, duque da Calábria deixou suas batalhas com os florentinos para liderar uma campanha para libertar Otranto dos invasores otomanos.

A cidade foi finalmente retomada na primavera de 1481 pelas tropas de Afonso, apoiadas pelas forças do rei Matias Corvino da Hungria.

Em 13 de outubro de 1481, os corpos dos executados foram encontrados conservados e transferidos para a catedral da cidade onde os ossos foram expostos na Capela dos Mártires. A partir de 1485, alguns dos restos mortais dos mártires foram transferidos para Nápoles e colocados sob o altar na igreja de Santa Catarina a Formiello.

O massacre de Otranto é contestado por estudiosos muçulmanos que afirmam que os ossos expostos na Catedral de Otranto são, na verdade, de combatentes de ambos os lados mortos durante a invasão otomana. Pesquisas recentes, porém, descobriram que alguns ossos eram de mulheres e crianças.

Capela dos Mártires de Otranto que abriga os ossos dos executados em 1480. Atrás do altar da capela está a “pedra do martírio” que, segundo a tradição, foi usada para decapitar os mártires.

Morte do sultão e assassinato do paxá

Enquanto isso, em 3 de maio de 1481, o sultão do Império Otomano, Maomé II, morria aos 52 anos de idade.  O acontecimento decidiu o destino de Otranto e foi acolhido com alívio pelos cristãos, uma vez que a sucessão do trono abriu as hostilidades entre dois de seus filhos, Bayezid e Cem. Como resultado, surgiu uma nova crise para o império turco, devido ao vácuo político criado.

Em Otranto, o exército otomano, sem reforços e pressionado pelas tropas cristãs, sofreu um ataque violento no dia 23 de Agosto que causou consideráveis ​​perdas humanas de ambos os lados.

Os turcos foram forçados a ceder após uma resistência desesperada, e Ahmet Pasha aceitou uma rendição digna. Em 10 de setembro de 1481 ele devolveu a cidade ao duque Afonso da Calábria. Os turcos devolveram uma cidade reduzida a um monte de escombros, na qual apenas 300 habitantes haviam sobrevivido.

Em Istambul, Bayezid II assume o sultanato e chama o paxá Gedik Ahmet de volta. Não confiando nele, mandou prendê-lo e depois matá-lo em 18 de novembro de 1482 em Edirne (atual Adrianópolis), na Trácia.

A queda e o massacre de Otranto despertaram forte emoção entre os cristãos e manteve, por muito tempo, o medo de uma nova invasão otomana.

Em maio de 2013, o papa Francisco canonizou os 800 mártires de Otranto cujos nomes permanecem desconhecidos exceto o de Antonio Primaldo.

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