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A queda de Constantinopla e o triunfo do avanço islâmico

28 de maio de 2019

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Ela foi a maior e mais rica cidade da Europa e, por mais de mil anos, a capital do Império Bizantino, herdeiro do Império Romano. Ponto de conexão entre o Ocidente e o Oriente, Constantinopla era uma encruzilhada de povos, de rotas comerciais, de culturas e arte. Suas igrejas, especialmente Hagia Sofia, eram as mais ricas da cristandade e exibiam as mais valiosas e sagradas relíquias: a coroa de espinho, a cruz da Crucificação, a cabeça de João Batista entre outras.

Durante séculos, resistiu a numerosos ataques e parecia invulnerável. Por isso sua queda abalou a cristandade. Em 29 de maio de 1453, Constantinopla, caiu sob o exército do sultão Maomé II, o Conquistador. Era o fim do Império Bizantino. Começava a ascensão vigorosa do Império Otomano, muçulmano, que se tornaria uma grande potência por quase cinco séculos.

  • BNCC: 7° ano. Habilidades: EF07HI01, EF07HI02, EF07HI13.

O Império Bizantino

Não existe uma data que marca o início do Império Bizantino e sequer essa denominação era conhecida pelos contemporâneos. O que se convencionou chamar de Império Bizantino era, na verdade, a continuação do Império Romano no lado oriental. O imperador Diocleciano (284-305) dividiu o Império Romano em duas partes, depois unidas por Constantino (306-334) e novamente divididas por Teodósio que, após a sua morte, deixou cada metade para seus dois filhos.

As invasões germânicas, muito mais intensas no lado ocidental, e a queda de Roma para os ostrogodos (476) acabaram contribuindo para a separação definitiva das duas partes – apesar do desejo dos imperadores bizantinos, especialmente Justiniano (527-565), em reunificar o Império Romano.

Separadas, cada metade seguiu uma história particular: o Ocidente fragmentou-se em numerosos reinos feudais orientados à cultura latina, enquanto o Oriente permaneceu centralizado, caracterizado pelo cristianismo ortodoxo e orientado à cultura grega.

A magnífica e cobiçada Constantinopla

A cidade de Bizâncio (cujo nome batizou o Império) foi renomeada Constantinopla em 330 quando o imperador Constantino a tornou a nova capital do Império Romano. Foi escolhida por sua posição estratégica e por ser mais defensável do que Roma.

Constantinopla recebeu muralhas e foi embelezada com fórum, palácios, edifício do Senado, templos, termas, teatro, um vasto hipódromo, jardins etc. De meados do século V até o início do XIII, Constantinopla foi a maior e a mais rica cidade da Europa. Na época de Justiniano, antes do surto de peste em 540, chegou a ter cerca de 500 mil habitantes.

Constantinopla

Constantinopla nos últimos tempos do Império Bizantino, século XV.

A cidade resistiu a diversas tentativas de ataques: hunos, godos, ávaros, persas sassânidas, árabes (séculos VII e VIII) e búlgaros (séculos IX e X) foram barrados pelas poderosas muralhas que protegiam Constantinopla e a tornaram invulnerável por quase novecentos anos.

Em 1204, contudo, ela sofreu sua primeira derrota: foi ocupada e saqueada pelos exércitos cruzados da Quarta Cruzada. A cidade nunca se recuperou totalmente da devastação causada pelos cruzados e das décadas de desordem que se seguiram.

Chegam os turcos seljúcidas

Os seljúcidas eram um povo nômade turco, que vivia ao norte dos mares Cáspio e Aral, nas estepes do Turcomenistão. No final do século X converteram-se ao Islã e, pouco depois migraram de suas terras para o interior da Pérsia onde combateram e venceram grupos locais. Por volta de 1050, começava a surgir, na Ásia Menor, o Império Seljúcida com uma população de cultura e língua persa.

Os turcos se expandiram em direção à fronteira bizantina. Em 1067, atacaram Antióquia e, em 1071 tiveram sua mais importante vitória na Batalha de Manziquerta em que os bizantinos além de sofrerem uma pesada derrota ainda tiveram seu imperador capturado.

Império Seljúcida

Império Seljúcida entre 1072 e 1092. Assinalado no mapa a Batalha de Manziquerta.

A batalha de Manziquerta significou o começo da existência estatal dos turcos seljúcidas. Seus domínios estenderam-se pela Ásia Menor e Oriente Médio chegando até Jerusalém.

No século XIII, Osmã I ascendeu ao poder de um pequeno principado seljúcida no noroeste da Anatólia Ocidental. Seu nome batizou a dinastia de otomana, responsável por uma formidável expansão que pôs fim ao que restava do Império Bizantino: Constantinopla, conquistada em 1453.

Os preparativos para o cerco de Constantinopla

Por volta de 1450, Constantinopla tinha apenas cerca de 40.000 habitantes, e o Império Bizantino consistia apenas da capital e seus arredores, algumas ilhas no mar Egeu (Lemnos, Samotrácia e Imvros) e a maior parte do Peloponeso, na Grécia. Mesmo assim, Constantinopla continuava um importante centro comercial onde eram negociadas mercadorias e especiarias da Ásia e da Europa. Italianos de Gênova e Veneza, e judeus faziam da cidade uma base segura para suas operações econômicas.

Os preparativos para o ataque incluíram a construção da Fortaleza Rumeli Hisarı no estreito de Bósforo para controlar o tráfego para o Mar Negro. Em quatro meses (de abril a agosto de 1452) a construção ficou pronta. O sultão otomano Maomé II instalou ali 400 homens e canhões de bronze, e ordenou que todo navio pagasse uma taxa de passagem. Navios que recusassem deveriam ser bombardeados.

Fortaleza Rumeli Hisarı

Fortaleza Rumeli Hisarı construída pelos turcos otomanos no Estreito de Bósforo durante os preparativos do cerco à Constantinopla.

Em 25 de novembro de 1452, ocorreu o primeiro incidente: três navios venezianos vindos do mar Negro se recusaram a pagar a taxa. Enquanto dois dos navios escaparam do fogo dos canhões, a terceira galera carregada de grãos foi afundada. Sua tripulação foi decapitada.

Constantino XI, o imperador bizantino, pediu ajuda aos soberanos europeus. O Sacro Império Romano Germânico não tinha recursos financeiros; a Inglaterra e a França tinham acabado de terminar a Guerra dos Cem Anos (1337-1453); o reino de Aragão estava defendendo seus interesses na Itália; a Hungria e a Geórgia estavam sofrendo pressões em suas fronteiras; o Papa Nicolau V não tinha fundos suficientes para equipar uma esquadra de guerra.

Apenas Gênova e Veneza, cujos interesses eram mais diretamente afetados pela expansão otomana acenaram alguma ajuda. Gênova mandou 700 homens, os gregos cerca de 5.000. As duas galeras venezianas, porém, chegaram duas semanas depois da queda de Constantinopla.

Constantinopla sitiada

Em fevereiro de 1453, as primeiras formações otomanas avançaram para os arredores mais amplos da cidade. Em 2 de abril de 1453, o sultão Maomé II chegou com sua comitiva às portas de Constantinopla.
O exército otomano tinha cerca de 80 mil homens, enquanto Constantinopla contava com 7 mil a 10 mil soldados disponíveis. A artilharia otomana possuía 69 canhões de vários tamanhos que dispararam bolas de pedra de 90 kg a 230 kg. A quantidade e o papel central desempenhados por essas armas no cerco à cidade eram novos na época e, sem dúvida, fizeram a diferença.

Entre os canhões estava o enorme canhão de mais de 8 metros de comprimento e 75 cm de diâmetro no tubo, capaz de disparar balas de 550-600 kg. Foi transportado por uma junta de 60 bois e 200 homens. Embora o canhão só pudesse disparar sete balas por dia, a devastação causada foi terrível.

Canhão otomano

O enorme canhão otomano tinha mais de 8 m de comprimento e 75 cm de diâmetro, capaz de disparar balas de 550-600 kg. Foi transportado por uma junta de 60 bois e 200 homens.

Os defensores de Constantinopla frente à superioridade numérica otomana tinham pouco a fazer senão esperar.

A partir de 12 de abril de 1453, a cidade ficou sob fogo constante, o que fez com que os muros da cidade entrassem em colapso em vários lugares. Os defensores lutaram noite após noite para preencher as brechas com escombros, destroços e seixos.

Constantinopla resistiu ao cerco e aos bombardeios por mais de dois meses. O sultão otomano preocupava-se com a possibilidade de mais tropas cristãs chegarem para defender a cidade. Na sexta-feira, 25 de maio de 1453, Maomé II propôs a rendição ao imperador Constantino, mas ele manteve-se irredutível. No sábado seguinte, o sultão ordenou que as tropas descansassem e se preparem para o ataque final, na terça-feira, 29 de maio, eles atacariam a cidade com todas as forças disponíveis.

O ataque final e a queda de Constantinopla

No dia 29 de maio, às 1h30 da madrugada, começou o último assalto a Constantinopla em toda a extensão da muralha. A cada duas horas, as tropas eram trocadas para manter o vigor do ataque. Ao mesmo tempo, a frota otomana atacou as muralhas do Corno de Ouro e do Mar de Mármara.

Ao amanhecer, a defesa finalmente entrou em colapso e os otomanos avançaram para abrir todos os portões da cidade. Por volta das 8h30, os invasores já haviam capturado toda a cidade.

Muralhas de Istambul

Trecho restaurado das muralhas na Istambul de hoje.

O imperador Constantino XI desapareceu durante o ataque, possivelmente morto na resistência contra os otomanos. Como seu corpo nunca foi encontrado, surgiu a lenda que um anjo o teria transformado em estátua de mármore e escondido-o em uma caverna, de onde sairá um dia para expulsar os turcos de Constantinopla e restaurar o império.

Constantinopla foi saqueada e sua população abatida pelas tropas otomanas vitoriosas. As igrejas, mosteiros, palácios e edifícios públicos tiveram suas riquezas pilhadas. O número de mortos é dado como 50.000.

Muitos habitantes e intelectuais fugiram para a Europa Ocidental, especialmente para o norte da Itália, levando consigo cópias de documentos antigos que logo se difundiram graças à impressão recém desenvolvida na Europa. Isso resultou numa “redescoberta” de textos e autores antigos o que acelerou o movimento hoje chamado de Humanismo.

Após a conquista, Maomé II declarou Istambul a capital do Império Otomano. Redesenhou a paisagem urbana transformando igrejas, a mais importante das quais a Hagia Sofia, em mesquitas e dotando-as de minaretes.

Significado histórico da queda de Constantinopla

A notícia da queda de Constantinopla chegou à Europa, via Veneza, no mês seguinte e causou um forte choque. Constantinopla tinha um alto valor simbólico para a cristandade entre outras razões por suas veneradas relíquias como a coroa de espinho, a cruz da crucificação e a cabeça de João Batista.

Embora o papa Nicolau V tenha clamado por uma cruzada para recuperar a cidade para a cristandade, nenhuma resposta militar conjunta foi feita.

As atrocidades cometidas pelos turcos, reais ou imaginadas, foram divulgadas, repetidas e aumentadas. Buscou-se explicações para a tragédia: punição de Deus pelo cisma da Igreja, os pecados dos cristãos, os excessos dos padres etc. A figura dos turcos, vistos como “castigo de Deus”, ganhou contornos negativos que continua até hoje na Europa ocidental.

A queda de Constantinopla é um marco histórico importante com dois significados opostos: marca o fim do Império Bizantino cristão e a ascensão do Império Otomano muçulmano que viria a se tornar uma grande potência por quase cinco séculos. Para a historiografia tradicional, foi um dos eventos que assinalou o fim da Idade Média europeia e o início da Idade Moderna – marco que ainda referencia a história europeia.

Fonte

  • GIORDANI, Mario Curtis. História do Império Bizantino. Petrópolis: Vozes, 2001.
  • VASÍLIEV, A. A. Historia del Imperio Bizantino. Barcelona: Iberia, Joaquín Gil, Editores S.A.
  • RUNCIMAN, Steven. A queda de Constantinopla, 1453. São Paulo: Imago, 2002.
  • FREELY, John. O grande turco, sultão Mehmed II, o conquistador de Constantinopla. São Paulo: Grau, 2011.
  • LUCCHESI, Marco. Bizâncio. Rio de Janeiro: Record, 1997.
  • BARBARO, Nicolo. Diário do Cerco de Constantinopla, 1453. Nova York, 1969.

A queda de Constantinopla em vídeo

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