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Fogo grego: a devastadora arma incendiária do Império Bizantino

24 de agosto de 2023

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O fogo grego ou fogo greguês foi uma arma incendiária usada pela primeira vez em batalhas navais pelos bizantinos. Era um líquido altamente inflamável usado em bombas incendiárias atiradas por catapultas ou lançadores tubulares de chamas. Sua maior vantagem era não ser apagado pela água e de continuar queimando ao flutuar na água.

Por mais de cinco séculos, o fogo grego foi a arma mais devastadora da cristandade e salvou Constantinopla de dois cercos árabes, assegurando a sobrevivência do Império Bizantino.

O Imperador bizantino Romanos II (reinado 959-963) conhecia o valor da arma e declarou que três coisas jamais deveriam alcançar mãos estrangeiras: os trajes e insígnias imperiais, qualquer princesa real e o fogo grego. Os dois primeiros foram, em diversas ocasiões, concedidos a governantes estrangeiros, mas o terceiro, jamais.

Representação de um artista moderno do uso do fogo grego durante o primeiro cerco árabe a Constantinopla.

A origem do fogo grego

Há registros de armas incendiárias usadas em guerras por gregos, assírios e romanos na Antiguidade. O fogo grego, propriamente, foi desenvolvido no final do século VII d.C. e é atribuído a um cristão grego chamado Kallinikos (ou Calínico). Segundo o historiador James Riddick Partington, o fogo grego não teria sido criação de uma única pessoa, e sim de alquimistas em Constantinopla que tinham herdado as descobertas da escola de química de Alexandria.

O Império Bizantino passava, então, por um momento crítico: depois de longas guerras com a Pérsia Sassânida, os bizantinos estavam enfraquecidos para resistir às investidas islâmicas. A Síria, a Palestina e o Egito já haviam caído sob domínio árabe. O alvo seguinte dos muçulmanos era Constantinopla. O fogo grego foi utilizado com grande efeito contra as frotas islâmicas, ajudando a repelir os muçulmanos nos cercos à cidade de 674-678 e 711-718.

O sucesso militar do Império Bizantino

Os bizantinos atribuíram o sucesso do fogo grego contra as investidas árabes à intervenção divina e, por isso, acreditavam que sua formula deveria ser mantida em segredo. O imperador Constantino VII Porfirogênito (reindado 913-959), em seu livro Sobre a Administração Imperial, aconselhou seu filho e herdeiro, Romano II (reinado 959-963), a nunca revelar os segredos da fabricação do fogo grego, pois ela havia sido “revelada por um anjo” e este recomendou a “somente preparar este fogo para os cristãos, e somente na cidade imperial”.

Em 812-814, os búlgaros capturaram vários lançadores e estoques da própria substância e, em 827 os árabes aprisionaram pelo menos um navio com fogo grego intacto. Mas não conseguiram reproduzir a fórmula nem o método bizantino de lançamento das chamas. Em lugar disso, utilizaram catapultas e granadas para lançar uma substância semelhante ao fogo grego.

Os sucessos militares do Império Bizantino e, particularmente, a convicção de que Constantinopla era “uma cidade protegida por Deus”, foram devidos, em parte, à invenção do fogo grego. As chamas produzidas pela arma incineravam rapidamente tudo o que estava em seu alcance: mastros, velas, cascos dos navios, pessoas. Não se apagava com água, ao contrário, inflamava ainda mais. Os árabes descobriram que apenas a areia e o vinagre podia reduzir o poder do fogo grego.

O fogo grego foi usado repetidas vezes em combates navais entre os séculos VII e XII e sempre com efeito devastador. Em 1099, aterrorizou os piratas de Pisa que atacaram ilhas gregas durante a Primeira Cruzada.

O lançamento do fogo grego era feito por um tubo pressurizado. O projeto exato do lançador não é conhecido, exceto que era feito de tubos de bronze e incluía uma bomba sifão e um bocal rotativo.

A iluminura de um manuscrito iluminado do século XII, o Skylitzes Madrid, do historiador grego Ioannes Skylitzes, mostra um dos navios de Miguel II (reinado 820-829) lançando fogo grego de um longo tubo na direção de um navio inimigo durante o cerco de Constantinopla em 821-822.

Iluminura do século XII d.C. da arma bizantina fogo grego em ação na batalha entre os navios de Miguel II e os de Tomás, o Eslavo, durante o cerco deste último a Constantinopla em 821-822. Madrid Skylitzes, Biblioteca Nacional, Madri.

O fogo grego desaparece dos registros históricos

No final do século XII, os imperadores bizantinos não fizeram uso do fogo grego contra seus muitos inimigos internos. Tampouco ele foi usado no cerco de Constantinopla feito pela Quarta Cruzada em 1204. Nesse combate, os bizantinos usaram navios de fogo e não o verdadeiro fogo grego. Navio de fogo era um navio sem tripulantes carregado de matérias inflamáveis que era incendiado e lançado sobre a frota inimiga.

O fogo grego desapareceu dos registros históricos. Talvez os bizantinos tivessem perdido o acesso às regiões onde os ingredientes primários eram encontrados, ou o segredo da fórmula tenha se perdido com o tempo.

Não somente os ingredientes da fórmula eram secretos, mas também a sua manipulação e os procedimentos para lançar as chamas. O conhecimento de todo processo de fabricação do fogo grego era fragmentado entre diversos operadores e técnicos. Cada um conhecia o segredo de uma parte do processo. Isso assegurava que nenhum inimigo obtivesse o conhecimento em sua totalidade.

Um tratado do século XII preparado por Mardi Ibne Ali de Tarso, escritor de assuntos bélicos, para o sultão Saladino traz uma versão árabe do fogo grego, chamada naft, composto de petróleo, enxofre e várias resinas.

O termo fogo grego acabou sendo aplicado a qualquer tipo de arma incendiária, inclusive as usadas pelos árabes, chineses e mongóis. Essas, entretanto, usavam preparados diferentes e não a fórmula bizantina, que era um segredo de estado fortemente guardado e que foi perdido.

Duas granadas de argila projetadas para serem preenchidas com o líquido inflamável conhecido como Fogo Grego. as granadas eram envolvidas com estrepes e tecido em chamas, e arremessadas contra os inimigos. O fogo grego foi usado pela primeira vez no império bizantino em 678. Esses artefatos datam entre os séculos X e XII e foram encontrados em Chania, Creta. Museu Histórico Nacional, Atenas.

Especulações sobre a fórmula

A mais popular teoria sobre a composição do fogo grego afirma que seu principal ingrediente era o nitrato de potássio. Esta teoria foi rejeitada, uma vez que não é mencionada nos registros árabes, os mais importantes químicos do mundo mediterrâneo na época.

Uma segunda teoria baseia-se no fato do fogo grego não se extinguir com água – na verdade, algumas fontes sugerem que a água caindo sobre ele intensificava as chamas. Isso indica que a sua força destrutiva era o resultado de uma reação explosiva entre água e cal virgem. Estudos demonstraram, porém, que o resultado real da reação água-cal é desprezível em mar aberto.

Granada de cerâmica onde era inserido o fogo grego. Foi encontrada em Israel em 2016. Granadas como estas foram muito usadas durante as cruzadas nos séculos XI a XIII. Funcionava como uma espécie de coquetel molotov.

A maior parte dos estudiosos modernos concorda que o verdadeiro fogo grego tinha o petróleo, cru ou refinado (chamado nafta pelos persas) como ingrediente base. Os bizantinos tinham fácil acesso de poços naturais próximos ao mar Negro. Alcatrão de pinho e gordura animal talvez fossem misturados para aumentar a duração e intensidade da chama. Especula-se também que salitre derretido e enxofre fossem adicionados à formula.

Em 2006 uma réplica do lançador do fogo grego foi construída por John Haldon, historiador especialista em História Bizantina, e Maurice Byrne, um entusiasta de armas históricas. Eles projetaram um dispositivo composto pelos três componentes essenciais da arma: uma bomba de bronze que pressurizava o óleo, um braseiro para aquecer o óleo e o bocal revestido de bronze e montado sobre um suporte giratório. O experimento utilizou petróleo misturado com resinas de madeira e obteve uma chama com temperatura acima de 1000ºC.

O projeto foi um sucesso, disparando chamas intensas a 15 metros de distância incinerando qualquer coisa em seu caminho. No entanto, foram constatadas falhas que representavam um perigo para os operadores, já que a pressão na arma poderia facilmente fazer o óleo aquecido explodir. Nem mesmo as modernas técnicas de soldagem puderam assegurar o isolamento adequado do tanque de bronze sob pressão. Tal falha, porém, não aparece ou não é conhecida nos  registros bizantinos, o que pode indicar que existia, na época, um conhecimento técnico sofisticado e que se perdeu com o tempo.

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