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Guerra Civil Russa (1918-1920): a trágica implantação do comunismo

3 de março de 2018

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BNCC

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A Revolução de Outubro de 1917 produziu uma guerra civil entre o governo bolchevique  (que acabara de tomar o poder) e vários exércitos rebeldes. O início desta guerra civil geralmente é assinalado em 1918, mas os conflitos começaram em 1917. Embora a maior parte da guerra civil tenha terminado em 1920, foram precisos mais dois anos para os bolcheviques esmagarem toda oposição. O resultado final foi dramático: milhões de mortos, cidades e aldeias devastadas, população ameaçada pela fome e tifo, economia arrasada. Mas o comunismo, vitorioso, estava consolidado no poder.

Vermelhos x Brancos

Em outubro de 1917, quando os bolcheviques assumiram o comando político da Rússia, eles estavam longe de serem unanimidade no pais. Sofriam uma forte oposição, inclusive dentro do exército onde surgiu uma unidade de voluntários anti-bolcheviques nas estepas de Kuban. Essa força chegou a proclamar a República Soviética de Kuban, em outubro de 1917. Nos combates, os rebeldes perderam seu comandante Kornilov (abril de 1918).

A notícia da morte de Kornilov, levou Lenin a pronunciar: “Pode-se dizer com certeza que a guerra civil terminou” (Mawdsley, p.22). Ele estava errado. A guerra civil estava apenas começando.

Os rebeldes ficaram conhecidos como brancos em contraste com o Exército Vermelho dos bolcheviques.

O Exército Branco, composto por cossacos, nobres e camponeses anti-bolcheviques, não era uma força unificada tendo, inclusive, divisões internas. Combatendo em uma extensa área com pequena população, foram forçados a lutar de forma independente. Mesmo defendendo algumas reformas, como o sufrágio universal, os brancos não contavam com o apoio popular pois não reconheciam a reforma agrária nem os movimentos nacionalistas. Eram associados à Rússia czarista e vistos como defensores da restauração da monarquia czarista.

Propaganda do Exército Branco, 1919.

Na faixa está escrito: “Restauração de uma Rússia forte, unida e indivisível e, a criação de uma assembleia popular, baseada no sufrágio universal.”, propaganda do Exército Branco, 1919.

O Exército Vermelho, sob liderança de Lênin e Trotsky, tinha maior unidade, mesmo utilizando oficiais czaristas. A ex-elite militar do Czar, com suas aposentadorias e soldos cancelados, teve pouca escolha e juntou-se em massa ao Exército Vermelho. Os bolcheviques controlavam a rede ferroviária o que lhes permitia locomover as tropas rapidamente e ter acesso às regiões de abastecimento e matérias-primas. Contavam com o apoio de cerca de 60 milhões de pessoas, um contingente muito maior do que seus adversários.

Além dos brancos e vermelhos, havia também os “verdes” e os “negros”, os anarquistas.

propaganda bolchevique, 1919.

“Viva o Exército Vermelho de três milhões de soldados”, é o título do cartaz, propaganda bolchevique, 1919.

O desastrado Tratado de Brest-Litovsky

Decidido a salvar a revolução, Lânin voltou a insistir na retirada da Rússia da Grande Guerra, iniciada em 1914 e na qual os russos, aliados da Inglaterra e França, lutavam contra a Alemanha.

Trotsky, o Comissário do Povo para  Negócios Estrangeiros, liderou as negociações do armistício junto à Alemanha. Ele acreditava que os alemães logo seguiriam os russos no caminho da revolução proletária. Convencido de que os alemães acabariam sendo varridos pela revolução, Trotsky entregou aos alemães tudo o que eles reivindicavam.

No dia 3 de março de 1918, foi assinado o tratado de paz de Brest-Litovsky entre o governo bolchevique russo e as Potências Centrais (Alemanha, Império Austro-Húngaro, Bulgária e Império Otomano) que reconheceram a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial.

Pelos termos do tratado, a Rússia perdeu a Polônia, a Finlândia, a Ucrânia, os países bálticos (Lituânia, Letônia, Estônia) e vários territórios que foram cedidos à Turquia.

Delegação bolchevique em Brest-Litovsky.

Delegação bolchevique em Brest-Litovsky. Trostky é o segundo, de pé, à direita.

A Alemanha aproveitou o cessar-fogo e a paz na frente oriental para reforçar suas tropas no lado ocidental, especialmente nas fronteiras da França. Quarenta divisões alemãs foram deslocadas para o Ocidente assim que a paz for assinada.

Na Rússia, a assinatura do tratado desencadeou tensões violentas no governo e fez crescer a oposição aos bolcheviques. Os bolcheviques expulsaram os opositores dos soviets e dirigiram uma força policial secreta para eliminá-los.

Áreas que compunham o antigo império russo aproveitaram o caos para declararem a independência. Na Ucrânia, em abril de 1918, o ethman (chefe cossaco) Skoropadski tomou o poder com a ajuda dos alemães; no Cáucaso, em maio de 1918, a Geórgia, o Azerbaijão e a Armênia se proclamaram independentes. Governos rebeldes se formaram em Omsk, Sibéria e Samara, nos Urais.

Forças estrangeiras na guerra civil

Ao mesmo tempo, em abril de 1918, os ingleses e os franceses, dispostos a retomarem seus investimentos nacionalizados pelos bolcheviques, desembarcam uma força expedicionária no porto russo de Murmansk. Os japoneses ocupam Vladivostok, cidade portuária russa no Pacífico e ali permaneceram até 1922.

Em maio de 1918, outra força militar estrangeira colocou-se contra os bolcheviques: os tchecos. Era uma legião de 40 mil soldados, desertores do exército austro-húngaro que lutava contra a Áustria-Hungira para libertar a Tchecoslováquia (atual República Tcheca). Eles haviam se comprometido lutar ao lado dos russos contra a Áustria-Hungria. Com a paz de Brest-Litovsk, os tchecos temiam ser entregues para Viena. Daí a rebelião.

Os tchecos tomaram a ferrovia transiberiana  e se aproximaram de Ekaterinburg, na parte oriental dos montes Urais, onde os bolcheviques mantinham a família imperial encarcerada. Na noite de 16 a 17 de julho de 1918, os bolcheviques executaram os Romanov (o czar Nicolau II, a czarina Alexandra Feodorovna e filhos) com medo de que fossem entregues aos tchecos.

tchecos mortos por bolchevique

Soldados tchecos mortos por bolcheviques em Vladivostok em 1919.

 O preço da vitória bolchevique

Para enfrentarem seus adversários políticos, os bolcheviques pressionam os trabalhadores: impuseram trabalho forçado aos domingo, reprimiram as greves, apropriaram-se da produção de grãos  dos camponeses condenando muitas famílias a morrerem de fome.

As execuções sumárias, os massacres, os saques e a tomada de reféns não foram exclusivas dos vermelhos. Os brancos também praticam atrocidades, com a desvantagem de não gozarem da mesma popularidade dos bolcheviques que incitavam o ódio das massas camponesas para vingar séculos de opressão.

Família russa do Volga

Uma família na região do Volga diante de restos humanos.

Cadáveres em carroças

Os cadáveres sendo transportados em carroças através da cidade de Samara.

Casal vende cadáveres

Casal vende partes de corpos humanos, incluindo uma cabeça e o cadáver de uma criança, durante a fome na Rússia.

O número de vítimas é ainda hoje controverso, oscilando entre 4,5 milhões a 10 milhões de mortos entre combatentes e civis vitimados pela fome, doenças e execuções sumárias – um número muito acima das perdas humanas russas durante a Primeira Guerra Mundial.

As secas de 1920 e 1921 trouxeram uma nova onda de carestia e fome. Epidemias e doenças, especialmente o tifo, tornaram-se pandêmicas matando 3 milhões somente no ano de 1920. Milhões de crianças perambulavam pelas ruas das cidades revirando lixo.

A guerra civil, contudo, foi decisiva para a revolução: os bolcheviques que, no início, pareciam perdidos e desorganizados, ao terminarem os combates, tinham o controle total sobre o país e um governo fortemente centralizado.

Mas como governar um país arrasado? A economia estava devastada, com fábricas, pontes e campos de cultivo destruídos, gado, cavalos e matérias-primas saqueadas, minas inundadas e máquinas danificadas. A produção industrial e as terras cultivadas encolheram a níveis irrisórios, anteriores à guerra.

Em 1921, diante desse quadro desastroso, Lenin propõe o fim do comunismo de guerra e a adoção de uma nova orientação econômica, que foi batizada de NEP (Nova Política Econômica). A NEP baseava em quatro princípios: liberdade de comércio interno, liberdade de salário aos trabalhadores, autorização para o funcionamento de empresas privadas e permissão de entrada de capitais estrangeiros para a reconstrução do país.

Família russa durante a grande fome

Uma família que sofre de fome grave na região do Volga

Fonte

  • MARIE, Jean-Jacques. História da Guerra Civil Russa, 1917-1922. São Paulo: Contexto, s/d.
  • MAWDSLEY, Evan. The Russian Civil War. New York: Pegasus Books, 2007
  • KENEZ, Peter. História da União Soviética. Edições 70: Lisboa, 2015
  • RODRIGUES, Leôncio Martins e FIORE, Ottaviano de. Lênin: Capitalismo de Estado e Burocracia. São Paulo: Perspectiva, 1978.
  • ANDRÉ, Larané. De la paix de Brest-Litovsk à la guerre civile. Herodote.net. 06 nov 2017.
  • WILDE, Robert. Russian Civil War. ThougtCo. 9 abr 2017.

 

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Diego
Diego
6 anos atrás

Obrigado por apresentar um artigo coerente sobre os horrores da revolução russa. Sabemos o quanto nossos colegas historiadores, muitas vezes, romantizam a implantação do comunismo por uma questão meramente ideológica. Abraço!

Eduardo Antônio De Moura
Eduardo Antônio De Moura
6 anos atrás

Independente dos resultados posteriores (que nem sempre são os objetivos iniciais delas), todas as grandes revoluções desencadeadas pela humanidade durante toda a sua história nunca foram mais que enormes banhos de sangue e toda sorte de cometimentos dos mais sórdidos excessos praticados obrigatória e livremente por todos os lados envolvidos nesses conflitos. Tendo isto em vista, creio que apenas poetas bêbados ou drogados, os sonhadores e é claro, os brasileiros, fazem pseudo “revoluções limpas” à base de “canetadas” e hilários duelos verbais entre os desafetos (muitos deles maridos traídos, afeminados, ou reles boçais lotados de empáfia), todos eles de classe… Leia mais »

Eduardo Antônio De Moura
Eduardo Antônio De Moura
6 anos atrás
Responder para  Joelza

Agradeço pela sua gentileza em concordar comigo, mas necessariamente, não sou eu quem TEM RAZÃO e sim a História. Dois abraços!

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