Em 5 de julho de 1924, ocorria, em São Paulo, o levante tenentista conhecido como Revolução de 1924. A data foi simbólica: dois anos depois da mal-sucedida revolta dos 18 do Forte de Copacabana.
Os tenentes prepararam minuciosamente o levante. Sob o lema “Republicanizar a República”, eles pretendiam uma série de reformas como a eleição de uma Assembleia Constituinte, o voto secreto, a liberdade de ensino, o fim da corrupção eleitoral e a proibição de reeleições para acabar com os abusos (como os que ocorriam no Rio Grande do Sul, onde Borges Medeiros governou por 25 anos).
Para isso, o plano dos tenentes era derrubar o governo de São Paulo e, logo depois, atacar o Rio de Janeiro e derrubar o presidente Artur Bernardes. A liderança da revolta foi dada ao general de reserva Isidoro Dias Lopes e contava com o apoio do capitão Miguel Costa e com parte da Força Pública de São Paulo que era, então, a maior e mais bem equipada do país possuindo cerca de 14 mil homens e força aérea.
O levante, também conhecido como “Revolução do Isidoro” eclodiu no dia 5 de julho de 1924. Durante três semanas, a cidade sofreu violentos ataques por parte dos tenentes e das forças do governo que utilizaram artilharia pesada e até mesmo bombardeios aéreos. Muitos bairros ficaram em ruínas pelos tiros e bombas que atingiram residências, indústrias, escolas, hospitais e igrejas –, deixando um saldo trágico de mais de 503 mortos e 4.864 feridos e quase dois mil imóveis destruídos.
Cerca de 212 mil pessoas fugiram da cidade. Houve saques a loja, depósitos, moinhos e armazéns.
O levante se estendeu a cidades do interior, como Campinas, Jundiaí, Itu, São Carlos, Botucatu, Araras, São José do Rio Preto e Piraçununga. Estimulou movimentos em outros estados: levante de Mato Grosso (12/7/1924), levante de Sergipe (13/7/1924), levante do Amazonas (23/7/1924), levante do Pará (26/7/1924) e a revolução do Rio Grande do Sul (29/10/1924).
Em fins de julho de 1924 os revolucionários de São Paulo abandonaram a cidade que ocupavam desde o dia 5, por estarem encurralados pelas forças legais. Mantendo-se organizados como tropas revolucionárias, retiraram-se pelo interior de São Paulo, dirigindo-se para o sudoeste paranaense, onde permaneceriam concentrados durante seis meses. No início de outubro, chegaram a Foz do Iguaçu, sede do estado-maior revolucionário, enviados dos rebeldes gaúchos para coordenar as duas revoluções.
A repressão movida pelo presidente Artur Bernardes foi enérgica. Cerca de 10 mil pessoas foram presas, incluindo tenentes, anarquistas, comunistas, sindicalistas e simpatizantes, e enviadas para as ilhas de Trindade, Grande e Fernão de Noronha, transformadas em presídios. Apesar disso, o movimento tenentista não estava inteiramente sufocado. Em breve, ele renascia no sul do país prosseguindo com a Coluna Prestes.