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Primeira invasão holandesa, Salvador, Bahia

09 de maio de 1624

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No dia 9 de maio de 1624, chega a Salvador, na Bahia, uma forte esquadra de guerra holandesa (26 navios e mais de 3 mil homens) comandada por Jacob Willekens e Piet Heyen. Era a primeira invasão holandesa ao Brasil e, a certeza da vitória era tamanha que a esquadra já trazia o primeiro governador holandês, Johan van Dorth.

A escolha de Salvador devia-se não apenas à riqueza da capitania (a mais lucrativa, depois de Pernambuco) mas também à sua privilegiada posição geográfica. A cidade contava com um excelente porto e serviria de base para futuras expansões a outras regiões do Brasil. Além disso, sendo capital da colônia, era a chave para um controle eficiente do território.

  • BNCC: 7° ano. Habilidade: EF07HI08, EF07HI11, EF07HI1

Importante lembrar que Portugal estava, desde 1580, sob o governo da Espanha. A União Ibérica (1580 a 1640) afetou as boas relações comerciais entre Portugal e Holanda que acabaram rompidas quando a Holanda entrou em guerra com a Espanha.

Os Países Baixos (Bélgica e Holanda) eram, no século XVI, uma possessão espanhola. Em 1581, as províncias holandesas proclamaram sua independência o que levou à guerra contra a Espanha. Em 1609, a Espanha se viu obrigada a assinar uma trégua, reconhecendo, na prática, a separação de sua ex-possessão. (O reconhecimento formal da independência holandesa só ocorreu com o Tratado de Westfália, em 1648)

Primeiras tentativas de conquista

Os holandeses já haviam feito uma tentativa de conquistar de Salvador em dezembro de 1599 com uma expedição de sete navios. Os ataques na Baía de Todos os Santos duraram quase dois meses. Os holandeses afundaram várias embarcações portuguesas e pilharam engenhos no Recôncavo. Mas fracassaram no objetivo de conquistar a Cidade.

Em 1604, tentaram novamente submeter Salvador, dessa vez com uma esquadra de seis navios comandada por Paulus van Caerden. O ataque foi similar ao primeiro e o resultado, o mesmo fracasso.

A preparação da invasão

Durante a trégua de 12 anos, assinada em 1609 entre Holanda e Espanha, aproveitaram-se os flamengos para realizar diversas operações comerciais no Brasil e para obter conhecimentos a respeito da colônia. Quando as hostilidades foram reiniciadas em 1621, os holandeses já tinham uma razoável ideia das terras que iriam invadir.

Naquele ano, os holandeses fundaram a Companhia das Índias Ocidentais (WIC, abreviatura de West-Indische Compagnie), uma empresa patrocinada pelo governo holandês, com a participação de investidores privados e que buscava principalmente a conquista e exploração comercial da América portuguesa e parte da África.

A WIC foi responsável pelos planos e organização das expedições ao território brasileiro, onde os holandeses viriam busca o açúcar, um dos pilares de seu comércio na Europa.

A expedição foi preparada até os menores detalhes fornecidos por holandeses que moravam em Salvador.

Entre os informantes estavam o engenheiro Francisco Duchs preso em 1608 no Rio de Janeiro em companhia de Manuel Vandale e depois remetido para Salvador onde ficou detido por longo tempo e pode observar as fraquezas do lugar. Libertado, de volta à Holanda, participou dos preparativos da frota e do assalto à capital da colônia no comando das tropas desembarcadas perto do Forte de Santo Antônio (PRADO, 1964, p. 204).

A invasão de 1624

Ataque holandês a Salvador, em 1624. Ilustração holandesa, séc. XVII.

Em 9 de maio de 1624, uma esquadra de 26 navios e cerca de 3.400 holandeses comandados Jacob Willekens, aporta na Barra, em Salvador, e bombardeia a cidade.

Os holandeses desembarcaram seguiram para o centro da Cidade. A população ofereceu pouca resistência. O Governador Diogo de Mendonça Furtado esboçou um princípio de luta, mas foi preso e assinou sua rendição em 10 de maio de 1624. Foi levado prisioneiro para a Holanda, junto com seu filho, e libertado em 1626.

Em pouco mais de vinte e quatro horas, os holandeses tinham dominado a capital. A população buscou refúgio em fazendas próximas. O bispo D. Marcos Teixeira de Mendonça e o clero secular da diocese de Salvador refugiaram-se em Abrantes (atual distrito de Camaçari). As igrejas de Salvador foram saqueadas pelos invasores.

Rendição do governador Diogo de Mendonça Furtado (à esquerda), o provincial dos jesuítas Domingos da Cunha (á direita). Estão também representados, ao fundo, religiosos e autoridades. Todos foram feitos prisioneiros e levados para Amsterdam. Ilustração do artista holandês Claes Janszoon Visscher (1587-1652), datada de 17 de outubro de 1624.

A resistência

Os luso-brasileiros organizaram-se em “Companhias de Emboscadas” (guerrilhas) compostas de  nucleos de 25 a 30 homens. Faziam ataques de surpresa e emboscadas forçando o inimigo a permanecer em Salvador e impedindo-o a avançar sobre outras cidades.

Em uma dessas emboscadas foram mortos os dois governadores holandeses Johan van Dorth e seu sucessor Albert Schouten.

A expulsão dos holandeses de Salvador

Em 27 de março de 1625, Salvador foi retomada por uma armada luso-espanhola de 52 navios e mais de 12 mil homens comandados pelo almirante espanhol Fadrique de Toledo y Osorio.

Foram mais de 40 dias de batalha e, em 1º de maio de 1625, os invasores se renderam. Durara um ano a primeira tentativa holandesa de se estabelecer em terras brasileiras. Mas isso não desanimou a WIC que, cinco anos depois voltou ao Brasil, desta vez, para atacar Pernambuco.

“La recuperación de Bahia de Todos los Santos”, pintura a óleo do artista barroco espanhol Juan Bautista Maíno (1581-1649), Museu del Prado.

Fonte

  • PRADO, J. F. de Almeida. A conquista da Paraíba. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964.
  • RODRIGUES, José Honório; RIBEIRO, Joaquim. A Civilização Holandesa no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.
  • BOXER, Charles R. Os holandeses no Brasil: 1624-1654. Recife: CEPE, 2004.

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