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Massacre de Amritsar, o implacável imperialismo britânico na Índia

13 de abril de 1919

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Em 13 de abril de 1919, a população de Amritsar, cidade da província de Punjab, no norte da Índia, realizou uma manifestação pacífica contra os colonizadores britânicos para denunciar as dificuldades econômicas e o endurecimento da política inglesa. Cerca de 20 mil manifestantes desarmados foram recebidos a bala por cerca de 90 soldados do Exército Indiano Britânico, sem qualquer aviso ou ordem para dispersar a multidão. Durante 10-15 minutos, eles dispararam contra a multidão causando um banho de sangue.

Massacre de Amritsar de 1919, mural.

Antecedentes

Os indianos se queixavam que, apesar de leais ao esforço de guerra britânico (Primeira Guerra Mundial) não tiveram qualquer benefício desse sacrifício e ainda não gozavam dos mesmos direitos que outros domínios britânicos como o Canadá e a Austrália. Lembravam que os britânicos, durante a guerra, haviam prometido maior autonomia aos indianos nas Assembleias Legislativas. De fato, a nova Constituição de 1919 garantiu maior representação às comunidades indianas, mas deixou as decisões e o poder executivo para os britânicos.

O descontentamento aumenta nas elites indianas, especialmente quando os britânicos adotam, em 1919, a lei Rowlatt que lhes permite prender arbitrariamente agitadores. Esta medida destinava-se a lidar com manifestações esporádicas. Parecia uma extensão do estado de sítio que prevaleceu durante a guerra.

Para protestar contra a Lei Rowlatt, Mahatma Gandhi, líder do Congresso Nacional Indiano, o partido pró-independência, pede à população um Satyagraha (movimento de resistência não violenta) fazendo um boicote aos produtos britânicos e paralisando todas as atividades durante o dia de 6 de abril de 1919. Naquele dia, uma grande parte dos 350 milhões de indianos dedicou-se ao jejum e à oração, o que equivalia a bloquear o país, para grande aborrecimento dos ingleses.

O massacre de Amrtisar

Em Amritsar, como em outras cidades, uma manifestação pacífica foi realizada em 13 de abril, embora estivesse proibida pelos britânicos. Era o Dia Baisakhi , a festa do início da colheita que reuniu cerca de 10 mil indianos (20 ou 25 mil, segundo outras fontes), incluindo mulheres e crianças nos jardins de Jalianwalla, um parque no centro de Amritsar.

O parque é murado e a única entrada é um caminho estreito que foi bloqueado pelos próprios soldados.

O general Reginald Dyer mandou para o local 150 soldados armados com rifles e um carro blindado com metralhadora. Como o carro não conseguiu passar pelo portão, ele não foi usado. Os soldados foram recebidos com insultos pela multidão. É então que Dyer ordenou o fuzilamento. Durante 10-15 minutos, os soldados atiraram contra a multidão. As pessoas tentaram escapar das balas escalando os muros ou se jogando em um poço.

Massacre de Amritsar

Massacre de Amritsar, cena do filme “Gandhi”, direção Richard Attenborough (Índia, Reino Unido, EUA), 1982.

Quando o tiroteio parou, milhares de corpos cobriam o chão. Estimativas oficiais apontam 379 mortos e 1.100 feridos para 1.650 balas disparadas, uma eficiência que Dyer se orgulharia mais tarde. A tropa se retirou, deixando os feridos sem assistência médica.

De volta ao quartel-general, Dyer afirmou aos seus superiores que ele havia enfrentado um “exército revolucionário” e que havia “dado uma lição de moralidade” ao Punjab.

Passagem para o parque Jalianwall onde ocorreu o massacre em 13 de abril de 1919.

Buracos de bala em uma parede preservada do parque de Jalianwall.

O evento foi condenado por unanimidade em todo o mundo. O general Dyer foi convocado para prestar esclarecimentos em Londres. Foi julgado e, considerado culpado, foi rebaixado e afastado do exército.

No entanto, o parlamento britânico reabilitou-o e felicitou-o por sua firmeza. Para alguns observadores britânicos, Dyer era um herói que defendeu a lei e a ordem em Amritsar.

Morreu poucos anos depois, de derrame cerebral, enquanto Sir Michael O’Dwyer, o governador do Punjab na época, foi assassinado em Londres, em 13 de março de 1940 por um sobrevivente do massacre.

Consequências: o começo do fim

O massacre gerou um forte sentimento nacionalista entre as elites indianas que, até então, mantinham uma certa aliança com os britânicos.

O célebre autor bengali Rabindranath Tagore (1861-1941) ficou tão enojado que mandou de volta à Coroa britânica seu título de cavaleiro. Mesmo alguns dos governantes pró-britânicos dos estados principescos independentes expressaram sua desaprovação do uso excessivo da força por Dyer.

Como observou o futuro primeiro-ministro da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964): “Percebi então, mais vividamente do que nunca, como o imperialismo era brutal e imoral e como havia corroído as almas das classes superiores britânicas”.

A violência desnecessária, a crueldade  do ataque e os atos de humilhação impostos aos indianos despertaram o Punjab para a luta contra o domínio britânico e preparou o terreno para o “Movimento de não-cooperação” que Gandhi lançou em 1920.

Indianos de todas as classes tiveram um papel muito mais ativo em persuadir a Grã-Bretanha por todos os meios necessários para que concedesse a independência, uma conquista finalmente alcançada em 1947. Amritsar tornou-se o começo do fim do domínio britânico na Índia.

Quando a independência foi alcançada, um monumento foi erguido no parque para homenagear as vítimas. Ainda hoje, as balas da tropa britânica são visíveis nas paredes do parque.

Fonte

FOURCADE, Marie. Os britânicos na Índia (1858-1947) ou o reinado do “cinicamente correto”. In: FERRO, Marc. O livro negro do colonialismo.  Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

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