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Assassinato de Martin Luther King

04 de abril de 1968

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Na noite de 4 de abril de 1968, foi assassinado Martin Luther King, 39 anos, em um motel em Memphis, Estados Unidos. King era pastor batista e a figura mais proeminente do movimento negro nos Estados Unidos. Desde 1955, ele liderava manifestações e protestos pelos direitos civis dos negros.

Sua morte trágica gerou muita comoção nos Estados Unidos e em todo mundo causando uma onda de protestos e tumultos nos guetos negros das grandes cidades estadunidenses.

  • BNCC: 9º ano – Habilidade: EF09HI16, EF09HI28

O começo do ativismo de Martin Luther King

Em 1955, King liderou o boicote aos ônibus de Montgomery, no Alabama. Vigorava, então, nos estados do sul dos Estados Unidos, as leis de Jim Crow que impunham a segregação racial. As leis de Jim Crow exigiam instalações separadas para brancos e negros em todos os locais públicos. Nos ônibus, por exemplo, os negros deveriam se sentar no fundo deixando os assentos da frente para os brancos. Se um branco entrasse no ônibus lotado, um negro deveria ceder seu lugar.

Em 2 de março de 1955, em Montgomery, a estudante negra Claudete Colvin, de 15 anos, foi presa por se recusar a ceder seu lugar a um homem branco, violando as leis raciais. Nove meses depois, o caso se repetiu com a costureira negra Rosa Parks que não se levantou para deixar um branco se sentar e acabou sendo presa (1º de dezembro de 1955).

Estação de ônibus em Durham, Carolina do Norte, maio de 1940: a placa indica o local das pessoas de cor (“colored”). À esquerda, anúncio de uma revista sobre a vida amorosa de Hitler.

Foi então, que King conclamou a todos os negros a boicotarem os ônibus de Montgomery. O boicote durou 385 dias (de 1º de dezembro de 1955 a 20 de dezembro de 1956) e causou déficits elevados nas empresas pela perda de arrecadação. Os taxistas negros, em apoio ao boicote, cobravam 10 centavos pela viagem, tarifa idêntica a dos ônibus. Em todo país, as igrejas dos negros levantaram dinheiro para apoiar o boicote e enviaram sapatos novos ou com pouco uso para repor os calçados dos cidadãos negros de Montgomery que iam e voltavam a pé do trabalho.

A situação ficou tão tensa que a casa de King foi alvo de bombas caseiras sofrendo graves danos pelo fogo gerado. King foi preso durante o boicote, a primeira de uma série de prisões que teve.

A manifestação foi vitoriosa: em 13 de novembro de 1956, a Suprema Corte declarou inconstitucional a segregação nos ônibus no estado de Alabama. Uma nova legislação foi feita permitindo aos passageiros negros se sentarem onde quisessem. O boicote foi encerrado oficialmente em 20 de dezembro daquele ano.

O boicote aos ônibus de Montgomery estimulou a luta nacional pela liberdade e pela justiça, dando início ao Movimento pelas Liberdades Civis nos Estados Unidos. Transformou Martin Luther King em uma figura nacionalmente reconhecida e o principal porta-voz dos direitos civis dos negros estadunidenses.

O ônibus da National City Lines, de número 2857, no qual Rosa Parks (à direita) estava viajando em 1º de dezembro de 1955, antes de ser presa. Sua prisão desencadeou o boicote aos ônibus de Montgomery, no Alabama.

Atuações de King como presidente da SCLC

Em 1957, Martin Luther King e outros líderes ativistas fundaram a Conferência da Liderança Cristã do Sul (abreviado em inglês como SCLC) para conduzir protestos não-violentos pela defesa dos direitos civis dos afro-americanos. As manifestações consistiam em passeatas e protestos sentados (em que os manifestantes se sentam em um local estratégico como o interior de uma loja, fábrica, edifício etc., e se recusam-se a abandonar o local).

King esteve à frente da SCLC até a sua morte. A organização e todos seus membros incluindo King foram vigiados e tiveram telefones grampeados pelo FBI que procurava indícios de laços entre eles e os comunistas. Como nenhuma evidência foi encontrada, o FBI usou de subterfúgios para promover uma campanha difamatória contra King para força-lo a deixar sua liderança.

King continuou sua luta participando dos seguintes movimentos:

1961, dezembro: protesto de massa contra a segregação em Albany, no estado da Georgia, que durou quase um ano e terminou com poucos resultados.

1963, abril: protestos não-violentos em Birmingham, que rendeu a King sua 13ª prisão, de vinte e nove no total. Os resultados foram positivos: as leis de Jim Crow foram afrouxadas e lugares públicos se tornaram mais abertos aos negros.

1963, agosto: organização da Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade no qual King fez seu famoso discurso “Eu tenho um sonho” (I Have a Dream) aos pés do Memorial de Lincoln.

1964, dezembro: apoio aos protestos de Selma, Alabama, pelo direito de voto para os negros. O movimento prossegue e em 1965 quando ocorrem as Marchas de Selma a Montgomery.

1966, agosto: marchas em Chicago são recebidas com violência pela população branca que atiram garrafas nos manifestantes. King foi atingido por um tijolo, mas ele continuou apesar dos potenciais perigos.

1968, junho: organização da Campanha dos Pobres que pretendia formar um “exército multirracial dos pobres” para marchar em Washington D.C. e exigir que o governo interviesse na reconstrução das cidades estadunidenses. Foram montados acampamentos de protesto para 3 mil pessoas no Washington Mall, onde os manifestantes permaneceram por seis semanas. King não chegou a ver a realização da marcha pois foi assassinado meses antes, em  abril daquele ano.

As difíceis conquistas dos afro-americanos

Em 2 de julho de 1964, Lyndon B. Johnson, presidente dos Estados Unidos, assinou a Lei dos Direitos Civis que pôs fim a qualquer forma de segregação nos Estados Unidos, apesar que as leis de Jim Crow continuarem em vigor, já que o projeto ainda precisava passar pelo Congresso.

Em 14 de outubro de 1964, King recebeu o Prêmio Nobel da Paz por combater o racismo nos Estados Unidos através da resistência não-violenta. O prêmio aumentou o prestígio de King, mas não alterou a situação dos negros estadunidenses.

Em janeiro de 1965, King e outros líderes dos direitos civis organizaram várias manifestações pacíficas em Selma, no Alabama, que foram violentamente atacadas pela polícia e por brancos. Ao longo de janeiro e fevereiro, esses protestos receberam cobertura da mídia nacional e chamaram a atenção para a questão do direito de voto. Em março,  teve início a Marcha de Selma a Montgomey, capital do Alabama, em que os participantes pretendiam levar ao governador as suas queixas. A polícia investiu disparando gás lacrimogêneo contra a multidão e pisoteando os manifestantes; o episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento.

Na sequência dos eventos em Selma, o presidente Johnson, dirigindo-se a uma sessão televisionada do Congresso em 15 de março, pediu aos legisladores que promulgassem uma legislação ampla sobre direitos de voto. Finalmente, em 6 de agosto de 1965, foi sancionada a Lei dos Direitos de Voto de 1965 pondo fim às práticas eleitorais discriminatórias.

O presidente Lyndon Johnson durante a assinatura da Lei dos Direitos de Voto de 1965. Na foto, Martin Luther King e Rosa Parks, ícones do movimento dos direitos civis americanos.

O assassinato de Martin Luther King

As vitórias de Luther King provocaram reações violentas de grupos segregacionistas entre os quais a Ku Klux Klan. Em fevereiro de 1965, Malcolm X, líder muçulmano negro foi assassinado.

King não ficou imune a esse clima de tensão. Em março de 1968, quando viajou a Memphis, no Tennessee para dar apoio a trabalhadores negros em greve, seu voo foi atrasado por causa de uma ameaça de bomba contra seu avião.

Em Memphis ele se hospedou no quarto 306 do Lorraine Motel. Foi assassinado no final da tarde de 4 de abril de 1968, quando estava de pé na varanda do segundo andar do motel. O tiro fatal foi dado por James Earl Ray, um branco que já havia cometido atos racistas antes do assassinato. A bala perfurou a bochecha direita, esmagando a mandíbula para então chegar na medula espinhal e se alojar no ombro.

King passou por uma cirurgia de emergência, mas não resistiu. Morreu às 19h05.

O assassinato levou a uma onda de revoltas em Washington D.C., Chicago, Baltimore, Kansas City e em dezenas de outras cidades dos Estados Unidos. O presidente Lyndon B. Johnson declarou 7 de abril como dia de luto nacional em homenagem ao líder negro.

O assassino tentou fugir mas foi capturado e sentenciado a 99 anos de prisão. Morreu em 1998 com 70 anos. Alegações que que ele teria agido em conjunto com agentes do governo persistiram por décadas, mas nunca comprovadas.

King foi premiado postumamente com a Medalha Presidencial da Liberdade e a Medalha de Ouro do Congresso.

O Dia de Martin Luther King foi estabelecido como feriado em cidades e estados dos Estados Unidos a partir de 1971.  Em 1986, tornou-se feriado federal por lei assinada pelo presidente Ronald Reagan.

Centenas de estradas nos Estados Unidos foram renomeadas em sua homenagem, e um condado em Washington foi dedicado a ele.

Em 2011, foi inaugurado um memorial em sua honra no National Mall em Washington D.C.

Saiba mais

Abertura

  • Martin Luther King na Marcha sobre Washington, 28 de agosto de 1963.

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