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Assassinado Sepé Tiaraju, o líder guarani na Guerra Guaranítica

07 de fevereiro de 1756

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No dia 7 de fevereiro de 1756 morria, em São Gabriel (RS), Sepé Tiaraju, índio guerreiro guarani que liderou os indígenas contra as tropas luso-brasileira e espanhola na Guerra Guaranítica.

Nascido por volta de 1723 em um dos aldeamentos jesuíticos dos Sete Povos das Missões, Sepé Tiaraju foi batizado com o nome cristão de  José Tyarayu ou Tiararu, porém a reprodução do nome pelos invasores espanhóis e portugueses fez com que fosse alterado para Tiaraju. Entre os índios era chamado somente de Sepé, apesar de ter sido encontrado registrado em algumas formas: Çape, Seepé, Zepe, Sapé, ou Cepe.

Em Sete Povos da Missões viviam aproximadamente 30 mil guaranis. Incluindo os indígenas do Paraguai e da Argentina, o total chegaria a 80 mil guaranis. Nessa região os povos indígenas mantinham extensa criação de gado.

O que foi a Guerra Guaranítica

A Guerra Guaranítica (1753-1756) ou Guerra dos Sete Povos foi o conflito armado envolvendo as tribos Guarani das missões jesuíticas contra as tropas espanholas e luso-brasileiras, como consequência do Tratado de Madri (1750). O tratado definiu uma linha de demarcação entre o território colonial espanhol e português na América do Sul e exigiu a retirada da população guarani que ali vivia havia 150 anos.

Os luso-brasileiros tinham interesse na saída dos guaranis por conta da extensão das terras e também por causa do grande rebanho de gado, o maior das Américas, mantido pelos indígenas.

Um acordo adicional secreto, assinado em 1751, estabelecia que, em caso de “resistência dos índios e habitantes”, Portugal e Espanha fariam a mudança das aldeias missioneiras sob a força das armas.

Para os índios Guaranis, deixar a terra herdada de seus ancestrais era incompreensível e inadmissível. Além disso, entregar a terra com lavouras, ervais, vacarias e algodoais aos seus inimigos de longa data aumentava ainda mais a hostilidade dos indígenas em relação aos portugueses.

Os índios das missões se recusaram a cumprir as exigências estabelecidas pelo Tratado de Madri e entraram em guerra contra os colonizadores.

A liderança de Sepé Tiaraju

Os guaranis se organizaram sob liderança de Sepé Tiaraju ou José Sepe Tiarayú, seu nome de batismo. A ele se atribui a frase “Esta terra tem dono”, conhecida como o grito de Sepé e ainda hoje uma expressão repetida por povos indígenas em luta por sua terra. Outros grupos indígenas uniram-se aos guaranis, entre eles os Charruas, Guenoas e Minuanos.

A princípio, as tropas espanholas e portuguesas lutaram separadamente e foram derrotadas pelos indígenas. Em dezembro de 1755, elas passaram a lutar juntas com o objetivo de capturar o chefe da resistência guarani, Sepé Tiaraju.

Em 7 de fevereiro de 1756, Sepé Tiaraju foi morto em uma emboscada onde hoje é o município de São Gabriel. Segundo Tau Golin, o líder guarani ainda vivo foi queimado com pólvora, depois sua cabeça foi cortada e levada como prova de sua morte. À noite, os guaranis de São Miguel recolheram o corpo e o enterraram ao lado de um córrego cercado de mato.

Sepé Tiaraju morreu no combate contra os colonizadores no dia 7 de fevereiro de 1756. A luta prosseguiu com os indígenas liderados pelo legendário capitão Nicolau Ñanguirú (“fecha do diabo”, em guarani).  Na batalha de Caiboaté (10 de fevereiro de 1756), uma força combinada de 3 mil soldados espanhóis e portugueses matou cerca de 1500 guaranis.

No dia seguinte, as tropas entraram em São Miguel e exigiram a rendição das outras cidades, que aceitaram, exceto São Lorenço. Finalmente, em maio de 1756, a última luta ocorreu em São Miguel acabando em definitivo a Guerra Guaranítica.

A posse da região ainda seria tema do Tratado de Santo Ildefonso (1777) e do Tratado de Badajoz (1801).

Memória de Sepé Tiaraju

Escultura em homenagem ao líder Sepé Tiaraju, localizada na cidade de São Luiz Gonzaga, Missões, RS, Brasil.

Sepé Tiaraju tornou-se um símbolo do sentimento indígena de liberação e da luta por suas terras. O nome do líder guarani batiza muitos locais do Rio Grande do Sul, como o município de São Sepé onde se acredita que ele teria sido enterrado.

A rodovia RS-344 que leva às cidades que formavam Sete Povos das Missões é chamada de São Sepé.

Sepé Tiaraju foi declarado “herói guarani missioneiro rio-grandense” pela Lei estadual no. 12.366, de 2006. O dia de sua morte, 7 de fevereiro foi sancionado, em 2008, como Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas pela Lei nº. 11.696, de 12 de junho de 2008.

Em 19 de abril de 2006 a cidade de São Luiz Gonzaga, Missões, RS, Brasil, prestou uma homenagem ao líder Sepé Tiaraju inaugurando uma escultura em sua homenagem. E em 8 de dezembro de 2015, através da lei municipal nº 5.550, denominou o prédio sede da Prefeitura de “Paço Municipal Sepé Tiaraju”.

Fonte

  • MONTEIRO, John Manuel. Os Guarani e a História do Brasil Meridional (séculos XVI-XVII). In CUNHA, Manuela Cordeiro da (org.). História dos Índios no Brasil, São Paulo: Cia das Letras, 1992.
  • GOLIN, Tau. A Guerra Guaranítica. Como os exércitos de Portugal e Espanha destruíram os Sete Povos dos jesuítas e índios guaranis no Rio Grande do Sul (1750- 1761). Porto Alegre: Editora da Universidade, 1999.
  • ___________. A Guerra Guaranítica. O levante indígena que desafiou Portugal e Espanha. Editora Terceiro Nome, s/d.
  • VIEIRA, Alexandre. Pensamento político na Guerra Guaranítica: justificação e resistência ao absolutismo ibérico no século dezoito. Tese de Doutorado em História, Universidade Federal de Santa Catarina, 2005.
  • São Sepé, o Tiarajú, e o apagamento dos indígenas da memória da formação do RS. Revista IHU On-Line. Instituto Umanitas Unisinos. 31 julho 2017
  • Sepé Tiaraju, 259 anos: Memória viva. Entrevista especial com José Roberto de Oliveira e Alex José Kloppenburg
  • Sepé Tiaraju, o índio, o homem, o herói (em quadrinhos). Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2010.

Saiba mais

Abertura

  • Memorial da Epopeia Riograndense, em Porto Alegre, detalhe Sepé Tiaraju.

 

 

 

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