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Homem Gebelein, múmia egípcia de 5500 anos, anterior ao Egito faraônico

2 de janeiro de 2024

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BNCC

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Gebelein, nome árabe que significa “Duas Montanhas”, é uma região no Alto Egito, perto do rio Nilo, a 40 km ao sul de Tebas, e que já foi chamado de Pátiris, Afroditópolis, Inerti e Per-Hator.  Ali foram encontradas, por volta de 1896, seis múmias enterradas em uma cova rasa na areia do deserto egípcio.

São múmias naturais, isto é, seus corpos foram naturalmente mumificados sob o sol escaldante em um substrato de areia até ficarem totalmente secos. Elas têm 5.500 anos, teriam vivido por volta de 3500 a.C. no chamado período pré-dinástico, período anterior à unificação egípcia e à monarquia faraônica.

Dois corpos foram identificados como masculino e um como feminino, sendo os demais de sexo indeterminado. Foram encontrados em posição fetal, deitados sobre o lado esquerdo.

Três dos corpos tinham coberturas de diferentes tipos: esteira de junco, fibra de palmeira e pele de animal, que ainda permanecem com os corpos.

Homem Gebelein, múmia egípcia de 3500 a.C., Museu Britânico.

O Homem Gebelein

Uma das múmias é o Homem Gebelein, apelidado de Ginger devido aos tufos de cabelos ruivos na cabeça. O apelido, contudo, não é mais usado desde que o Museu Britânico desenvolveu políticas para o tratamento ético de restos mortais humanos de acordo com o Human Tissue Act, de 2004.

O corpo foi enterrado nu, deitado sobre o lado esquerdo e em posição flexionada, quase fetal, a principal posição para sepultamentos até meados do Império Antigo, quando os corpos passaram a ser enterrados totalmente estendidos.

A mumificação natural que ocorreu com esses enterros de areia seca pode ter levado à crença egípcia na vida após a morte e iniciado a tradição de deixar alimentos e utensílios para o morto. É muito provável, também, que o desenvolvimento das práticas de mumificação tenha mostrado que era mais fácil mumificar o corpo numa posição estendida, o que se tornou comum a partir da V Dinastia (séculos XXV e XXIV a.C.).

É notável o estado de conservação do Homem Gebelein, em particular, os cabelos ruivos no alto da cabeça. Era um adulto de físico musculoso, com 1,63 metro de altura e tinha entre 18 e 24 anos quando morreu. Tem a boca ligeiramente aberta com todos os dentes presentes e saudáveis. Falta uma falange do dedo indicador esquerdo e vários ossos do pé.

Homem Gebelein, repare os tufos de cabelo na cabeça.

Homem Gebelein, detalhe do alto da cabeça.

A trágica morte do Homem Gebelein

Em novembro de 2012, o Homem Gebelein foi submetido a uma tomografia computadorizada no Hospital Cromwell em Londres. Foi possível, então, olhar dentro de seu corpo e obter informações sobre sua vida e sua morte. Os especialistas já tinham observado que a múmia tinha uma lesão traumática ante-mortem por força cortante que penetrou na pele sobre a omoplata esquerda.

A tomografia confirmou que havia uma fratura na 4ª costela esquerda. O Homem Gebelein foi assassinado com uma facada nas costas. A arma do crime foi usada com tanta força que danificou a omoplata, quebrou a costela abaixo dela e penetrou no pulmão. Acredita-se que o ferimento foi causado por uma lâmina de cobre ou faca de pedra com pelo menos 12 cm de comprimento e 2 cm de largura. Daniel Antoine, especialista em restos humanos do Museu Britânico acredita que o Homem Gebelein foi pego de surpresa pelo ataque, pois não havia ferimentos de defesa.

Ossos quebrados: esta imagem de digitalização mostra as costelas do Homem Gebelein fraturadas pelo violento golpe com uma lâmina em suas costas.

Esqueleto do Homem Gebelein.

Os outros corpos também têm sinais de violência. A mulher adulta tem fraturas no crânio; o segundo homem adulto tem fraturas na 9ª costela; o terceiro homem tem fraturas nas costelas e no fêmur esquerdo, um braço deslocado na altura do cotovelo; a múmia do adolescente (sexo incerto) tem fraturas em todas as costelas; o adulto idoso (sexo incerto) tem muitas costelas fraturadas.

Um novo exame das múmias, em 2018, usando-se varredura infravermelha revelou que um homem e uma mulher tinham tatuagens na parte superior do braço direito. As da mulher eram quatro sinais em forma de S e um desenho parecendo uma bengala com cabo torto. As tatuagens do homem eram figurativas, mostrando um touro selvagem com grandes chifres e cauda longa e uma ovelha com chifres curvos. As tatuagens foram feitas com pigmento preto à base de carvão.

As múmias estão no Museu Britânico que patrocinou a escavação do egiptólogo britânico Wallis Budge (1857-1934), descobridor das múmias. O Homem Gobelein está exposto desde 1901.

Fonte

  • Virtual autopsy: exploring a natural mummy from early Egypt. Vídeo do British Museum sobre a tomografia do Homem Gebelein. Duração: 6:50.
  • ANDREWS, Carol. Egyptian Mummies . British Museum, 1984.
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