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Enem 2017: a prova de História e de outras disciplinas afins

6 de novembro de 2017

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O ENEM 2017 teve mais de 6,7 milhões de inscritos (um número menor de 2016, com 8,6 milhões de participantes) e, diferente de anos anteriores, foi realizado em duas etapas. A prova do primeiro dia foi de Ciências Humanas e Redação.

A prova de História, com 15 questões, deu maior foco à História do Brasil com ênfase em República (5 questões) e Império (3 questões). A História Geral contemporânea teve 2 questões. Os demais períodos históricos receberam uma única questão: Antiga, Média, Moderna, África e cultura indígena. Brasil colonial não foi abordado.

O ENEM quebrou a expectativa de todos que esperavam que a Revolução Russa entrasse na prova, uma vez que esta completava 100 anos, mas o assunto não apareceu em nenhuma questão. A Reforma Protestante que completou 500 anos também não foi contemplada.

Reunimos 15 questões de História do ENEM 2017 e, também, 4 questões de Língua Portuguesa que fizeram referência a temas históricos. Ao final, o gabarito (extra oficial).

QUESTÃO 1 – História do Brasil, anos 1960

Elaborada em 1969, a releitura contida na Figura 2 revela aspectos de uma trajetória e obra dedicadas à

  • a) valorização de uma representação tradicional da mulher.
  • b) descaracterização de referências do folclore nordestino.
  • c) fusão de elementos brasileiros à moda da Europa.
  • d) massificação do consumo de uma arte local.
  • e) criação de uma estética de resistência.

QUESTÃO 2 – História Geral, século XX

O New Deal visa restabelecer o equilíbrio entre o custo de produção e o preço, entre a cidade e o campo, entre os preços agrícolas e os preços industriais, reativar o mercado interno – o único que é importante -, pelo controle de preços e da produção, pela revalorização dos salários e do poder aquisitivo das massas, isto é, dos lavradores e operários, e pela regulamentação das condições de emprego.

[CROUZET, M. Os Estados perante a crise. ln: História geral das civilizações. São Paulo: Difel, 1977, adaptado.]

Tendo como referência os condicionantes históricos do entre guerras, as medidas governamentais descritas objetivavam

  •  a) flexibilizar as regras do mercado financeiro.
  • b) fortalecer o sistema de tributação regressiva.
  • c) introduzir os dispositivos de contenção creditícia.
  • d) racionalizar os custos da automação industrial mediante negociação sindical.
  • e) recompor os mecanismos de acumulação econômica por meio da intervenção estatal.

QUESTÃO 3 – Brasil Império

Sou filho natural de uma negra, africana livre, da Costa da Mina (Nagô de Nação), de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um preto retinto e sem lustro, tinha os dentes alvíssimos como a neve, era muito altiva, geniosa, insofrida. Dava-se ao comércio – era quitandeira, muito laboriosa e, mais de uma vez, na Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de insurreição de escravos, que não tiveram efeito.

[AZEVEDO, E. “Lá vai verso!”: Luiz Gama e as primeiras trovas burlescas de Getulino. ln: CHALHOUB, S.; PEREIRA, L. A. M. A história contada: capítulos de história social da literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, adaptado.]

Nesse trecho de suas memórias, Luiz Gama ressalta a importância dos(as)

  • a) laços de solidariedade familiar.
  • b) estratégias de resistência cultural.
  • c) mecanismos de hierarquização tribal.
  • d) instrumentos de dominação religiosa.
  • e) limites da concessão de alforria.

QUESTÃO 4 – Brasil República, Era Vargas

Durante o Estado Novo, os encarregados da propaganda procuraram aperfeiçoar-se na arte da

empolgação e envolvimento das “multidões” através das mensagens políticas. Nesse tipo de discurso, o significado das palavras importa pouco, pois, como declarou Goebbels, “não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter determinado efeito”.

[CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle dos meios de comunicação. ln: PANDOLFI, D. (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999.]

O controle sobre os meios de comunicação foi uma marca do Estado Novo, sendo fundamental à propaganda política, na medida em que visava

  • a) conquistar o apoio popular na legitimação do novo governo.
  • b) ampliar o envolvimento das multidões nas decisões políticas.
  • c) aumentar a oferta de informações públicas para a sociedade civil.
  • d) estender a participação democrática dos meios de comunicação no Brasil.
  • e) alargar o entendimento da população sobre as intenções do novo governo.

QUESTÃO 5 – História Antiga, Grécia e Roma

TEXTO I

Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente quando terra e dívida são mencionadas juntas. Logo depois de 600 a.C., ele foi designado “legislador” em Atenas, com poderes sem precedentes, porque a exigência de redistribuição de terras e o cancelamento das dívidas não podiam continuar bloqueados pela oligarquia dos proprietários de terra por meio da força ou de pequenas concessões.

[FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013,  adaptado.]

TEXTO lI

A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos fundamentais do direito romano, uma das principais heranças romanas que chegaram até nós. A publicação dessas leis, por volta de 450 a.C., foi importante, pois o conhecimento das “regras do jogo” da vida em sociedade é um instrumento favorável ao homem comum e potencialmente limitador da hegemonia e arbítrio dos poderosos.

[FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011, adaptado.]

O ponto de convergência entre as realidades sociopolíticas indicadas nos textos consiste na ideia de que a

  • a) discussão de preceitos formais estabeleceu a democracia.
  • b) invenção de códigos jurídicos desarticulou as aristocracias.
  • c) formulação de regulamentos oficiais instituiu as sociedades.
  • d) definição de princípios morais encerrou os conflitos de interesses.
  • e) criação de normas coletivas diminuiu as desigualdades de tratamento.

 QUESTÃO 6 – Brasil Império

Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só passou a ser possível por meio da compra com pagamento em dinheiro. Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à terra para os trabalhadores escravos que conquistavam a liberdade.

[OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes. ln: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2009.]

O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de

  • a) reforma agrária.
  • b) expansão mercantil.
  • c) concentração fundiária.
  • d) desruralização da elite.
  • e) mecanização da produção.

QUESTÃO 7 – Brasil República, Era Vargas

Estão aí, como se sabe, dois candidatos à presidência, os senhores Eduardo Gomes e Eurico Dutra, e um terceiro, o senhor Getúlio Vargas, que deve ser candidato de algum grupo político oculto, mas é também o candidato popular. Porque há dois “queremos”: o “queremos” dos que querem ver se continuam nas posições e o “queremos” popular … Afinal, o que é que o senhor Getúlio Vargas é? É fascista? É comunista? É ateu? É cristão? Quer sair? Quer ficar? O povo, entretanto, parece que gosta dele por isso mesmo, porque ele é “à moda da casa”.

[A Democracia. 16 set. 1945, apud GOMES, A. C.; D’ARAÚJO, M. C. Getulismo e trabalhismo. São Paulo: Ática, 1989.]

O movimento político mencionado no texto caracterizou-se por

  • a) reclamar a participação das agremiações partidárias.
  • b) apoiar a permanência da ditadura estadonovista.
  • c) demandar a confirmação dos direitos trabalhistas.
  • d) reivindicar a transição constitucional sob influência do governante.
  • e) resgatar a representatividade dos sindicatos sob controle social.

QUESTÃO 8 – Brasil Primeira República

O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos.

[ASSIS, M. Gazeta de Noticias, n. 114, 24 abr. 1892.]

No processo de transição para a República, a narrativa machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa

  • a) redenção cristã e cultura cívica.
  • b) veneração aos santos e radicalismo militar.
  • c) apologia aos protestantes e culto ufanista.
  • d) tradição messiânica e tendência regionalista.
  • e) representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.

QUESTÃO 9 – Brasil República, anos 1960.

No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos episcopais indicavam para os bispos que o desenvolvimento econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista, orientando-se no sentido da justa distribuição da riqueza, resolveria o problema da miséria rural e, consequentemente, suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão comunista entre os camponeses. Foi nesse sentido que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela Igreja.

[MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São Paulo: Contexto, 2011, adaptado.]

Em que pesem as divergências no interior do clero após a instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da hierarquia católica de que o(a)

  • a) luta de classes é estimulada pelo livre mercado.
  • b) poder oligárquico é limitado pela ação do Exército.
  • c) doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior.
  • d) espaço político é dominado pelo interesse empresarial.
  • e) manipulação ideológica é favorecida pela privação material.

QUESTÃO 10 – Idade Média

Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da Flandres ou da Itália, procuravam por toda a parte. Para satisfazê-los, as raças foram melhoradas através do aumento progressivo das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu durante todo o século XIII, e as abadias da Ordem de Cister, onde eram utilizados os métodos mais racionais de criação de gado, desempenharam certamente um papel determinante nesse aperfeiçoamento.

[DUBY, G. Economia rural e vida no campo no Ocidente medieval. Lisboa: Estampa, 1987, adaptado.]

O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da atividade pastoril e avanço técnico na Europa ocidental feudal, que resultou do(a)

  • a) crescimento do trabalho escravo.
  • b) desenvolvimento da vida urbana.
  • c) padronização dos impostos locais.
  • d) uniformização do processo produtivo.
  • e) desconcentração da estrutura fundiária.

QUESTÃO 11 – Brasil Império

[KOUTSOUKOS, S. S. M. Amas mercenárias: o discurso dos doutores em medicina e os retratos de amas – Brasil, segunda metade do século XIX. História, Ciência, Saúde-Manguinhos, 2009.]

A fotografia, datada de 1860, é um indício da cultura escravista no Brasil, ao expressar a

  • a) ambiguidade do trabalho doméstico exercido pela ama de leite, desenvolvendo uma relação de proximidade e subordinação em relação aos senhores.
  • b) integração dos escravos aos valores das classes médias, cultivando a família como pilar da sociedade imperial.
  • c) melhoria das condições de vida dos escravos observada pela roupa luxuosa, associando o trabalho doméstico a privilégios para os cativos.
  • d) esfera da vida privada, centralizando a figura feminina para afirmar o trabalho da mulher na educação letrada dos infantes.
  • e) distinção étnica entre senhores e escravos, demarcando a convivência entre estratos sociais como meio para superar a mestiçagem.

QUESTÃO 12 – História da África

No império africano do Mali, no século XIV, Tombuctu foi centro de um comércio internacional onde tudo era negociado – sal, escravos, marfim etc. Havia também um grande comércio de livros de história, medicina, astronomia e matemática, além de grande concentração de estudantes. A importância cultural de Tombuctu pode ser percebida por meio de um velho provérbio: “O sal vem do norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da sabedoria vêm de Tombuctu”.

[ASSUMPÇÃO, J. E. África: uma história a ser reescrita. ln: MACEDO, J. R. (Org.). Desvendando a história da África. Porto Alegre: UFRGS, 2008, adaptado.]

Uma explicação para o dinamismo dessa cidade e sua importância histórica no período mencionado era o(a)

  • a) isolamento geográfico do Saara ocidental.
  • b) exploração intensiva de recursos naturais.
  • c) posição relativa nas redes de circulação.
  • d) tráfico transatlântico de mão de obra servil.
  • e) competição econômica dos reinos da região.

QUESTÃO 13 – Idade contemporânea, pós-Segunda Guerra

Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, em 1948, a Unesco publicou estudos de cientistas de todo o mundo que desqualificaram as doutrinas racistas e demonstraram a unidade do gênero humano. Desde então, a maioria dos próprios cientistas europeus passou a reconhecer o caráter discriminatório da pretensa superioridade racial do homem branco e a condenar as aberrações cometidas em seu nome.

[SILVEIRA, R. Os selvagens e a massa: papel do racismo científico na montagem da hegemonia ocidental. Afro-Ásia, n. 23, 1999, adaptado.]

A posição assumida pela Unesco, a partir de 1948, foi motivada por acontecimentos então recentes, dentre os quais se destacava o(a)

  • a) ataque feito pelos japoneses à base militar americana de Pearl Harbor.
  • b) desencadeamento da Guerra Fria e de novas rivalidades entre nações.
  • c) morte de milhões de soldados nos combates da Segunda Guerra Mundial.
  • d) execução de judeus e eslavos presos em guetos e campos de concentração nazistas.
  • e) lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki pelas forças norte-americanas.

QUESTÃO 14 – Iluminismo

Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no século XVIII – em 1789, precisamente – que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração se impôs como necessária para um grupo de revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideias e das mentalidades: o Iluminismo.

[FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981, adaptado.]

Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de pensamento que tem como uma de suas bases a

  • a) modernização da educação escolar.
  • b) atualização da disciplina moral cristã.
  • c) divulgação de costumes aristocráticos.
  • d) socialização do conhecimento científico.
  • e) universalização do princípio da igualdade civil.

QUESTÃO 15 – Cultura indígena

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

[BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2017.]

A persistência das reivindicações relativas à aplicação desse preceito normativo tem em vista a vinculação histórica fundamental entre

  • a) etnia e miscigenação racial.
  • b) sociedade e igualdade jurídica.
  • c) espaço e sobrevivência cultural.
  • d) progresso e educação ambiental.
  • e) bem-estar e modernização econômica.

Temas de História na prova de Língua Portuguesa

 QUESTÃO 16 – História Antiga, Roma

Romanos usavam redes sociais há dois mil anos, diz livro

Ao tuitar ou comentar em baixo do post de um de seus vários amigos no Facebook, você provavelmente se sente privilegiado por viver em um tempo na história em que é possível alcançar de forma imediata uma vasta rede de contatos por meio de um simples clique no botão “enviar”. Você talvez também reflita sobre como as gerações passadas puderam viver sem mídias sociais, desprovidas da capacidade de verem e serem vistas, de receber, gerar e interagir com uma imensa carga de informações. Mas o que você talvez não saiba é que os seres humanos usam ferramentas de interação social há mais de dois mil anos. É o que afirma Tom Standage, autor do livro Writing on the Wa/1 Social Media, The first 2 000 Years (Escrevendo no mural – mídias sociais, os primeiros 2 mil anos, em tradução livre).

Segundo Standage, Marco Túlio Cícero, filósofo e político romano, teria sido, junto com outros membros da elite romana, precursor do uso de redes sociais. O autor relata como Cícero usava um escravo, que posteriormente tornou-se seu escriba, para redigir mensagens em rolos de papiro que eram enviados a uma espécie de rede de contatos. Estas pessoas, por sua vez, copiavam seu texto, acrescentavam seus próprios comentários e repassavam adiante. “Hoje temos computadores e banda larga, mas os romanos tinham escravos e escribas que transmitiam suas mensagens”, disse Stand age à BBC Brasil. “Membros da elite romana escreviam entre si constantemente, comentando sobre as últimas movimentações políticas e expressando opiniões.”

Além do papiro, outra plataforma comumente utilizada pelos romanos era uma tábua de cera do tamanho e da forma de um tablet moderno, em que escreviam recados, perguntas ou transmitiam os principais pontos da acta diurna, um “jornal” exposto diariamente no Fórum de Roma. Essa tábua, o “iPad da Roma Antiga”, era levada por um mensageiro até o destinatário, que respondia embaixo da mensagem.

[NIDECKER, F. Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 7 nov. 2013, adaptado.]

Na reportagem, há uma comparação entre tecnologias de comunicação antigas e atuais. Quanto ao gênero mensagem, identifica-se como característica que perdura ao longo dos tempos o( a)

  • a) imediatismo das respostas.
  • b) compartilhamento de informações.
  • c) interferência direta de outros no texto original.
  • e) recorrência de seu uso entre membros da elite.
  • f) perfil social dos envolvidos na troca comunicativa.

QUESTÃO 17 – História e cultura indígena

A língua tupi no Brasil

Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase sinônimo de falar língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o português. Por isso, em 1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a Portugal que só mandasse padres que soubessem “a língua geral dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro idioma”.

Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no século XVII, graças ao isolamento geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos  mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições ao sertão em busca de escravos índios.

Muitos bandeirantes nem sequer falavam o português ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas andanças, essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar onde o índio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e ltu (cachoeira). E acabou inventando uma nova língua.

“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o historiador e antropólogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou o tupi paulista, que, além da influência do português, ainda recebia palavras de outros idiomas.” O resultado da mistura ficou conhecido como língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado.

[ÂNGELO, C. Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 8 ago. 201, adaptado.]

O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Quanto ao papel do tupi na formação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena

  •  a) contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos dos lugares designados.
  • b) originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical também está a fala de variadas etnias indígenas.
  • c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses, vindos de Lisboa.
  • d) misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros nas investidas contra o Quilombo dos Palmares.
  • e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a língua dos bandeirantes paulistas.

QUESTÃO 18 – Brasil República, anos 1960

E aqui, antes de continuar este espetáculo, é necessário que façamos uma advertência a todos e a cada um. Neste momento, achamos fundamental que cada um tome uma posição definida. Sem que cada um tome uma posição definida, não é possível continuarmos. É fundamental que cada um tome uma posição, seja para a esquerda, seja para a direita. Admitimos mesmo que alguns tomem uma posição neutra, fiquem de braços cruzados. Mas é preciso que cada um, uma vez tomada sua posição, fique nela! Porque senão, companheiros, as cadeiras do teatro rangem muito e ninguém ouve nada.

[FERNANDES, M.; RANGEL, F. Liberdade, liberdade. Porto Alegre: L&PM, 2009.]

A peça Liberdade, liberdade, encenada em 1964, apresenta o impasse vivido pela sociedade brasileira em face do regime vigente. Esse impasse é representado no fragmento pelo(a)

  • a) barulho excessivo produzido pelo ranger das cadeiras do teatro.
  • b) indicação da neutralidade como a melhor opção ideológica naquele momento.
  • c) constatação da censura em função do engajamento social do texto dramático.
  • d) correlação entre o alinhamento político e a posição corporal dos espectadores.
  • e) interrupção do espetáculo em virtude do comportamento inadequado do público.

QUESTÃO 19 – Brasil República, anos 1960

Segundo quadro

Uma sala da prefeitura. O ambiente é modesto. Durante a mutação, ouve-se um dobrado e vivas a Odorico, “viva o prefeito” etc. Estão em cena Dorotéa, Juju, Dirceu, Dulcinéa, o vigário e Odorico. Este último, à janela, discursa.

ODORICO – Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirmação, a ratificação, a autenticação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu.

 Aplausos vêm de fora.

ODORICO – Eu prometi que o meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério.

 Aplausos, aos quais se incorporam as personagens em cena.

ODORICO – (Continuando o discurso:) Botando de lado os entretantos e partindo pros finalmente, é uma alegria poder anunciar que prafrentemente vocês já poderão morrer descansados, tranquilos e desconstrangidos, na certeza de que vão ser sepultados aqui mesmo, nesta terra morna e cheirosa de Sucupira. E quem votou em mim, basta dizer isso ao padre na hora da extrema-unção, que tem enterro e cova de graça, conforme o prometido.

[GOMES, O. O bem-amado. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.]

O gênero peça teatral tem o entretenimento como uma de suas funções. Outra função relevante do gênero, explícita nesse trecho de O bem-amado, é

  • a) criticar satiricamente o comportamento de pessoas públicas.
  • b) denunciar a escassez de recursos públicos nas prefeituras do interior.
  • c) censurar a falta de domínio da língua padrão em eventos sociais.
  • d) despertar a preocupação da plateia com a expectativa de vida dos cidadãos.
  • e) questionar o apoio irrestrito de agentes públicos aos gestores governamentais.

GABARITO

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