DoaçãoPrecisamos do seu apoio para continuar com nosso projeto. Porque e como ajudar

TelegramEstamos também no Telegram, siga nosso grupo. Estamos no TelegramAcesse Siga

Deusa Atena, a sábia guardiã das acrópoles e do Estado

29 de dezembro de 2018

7345
Visitas

103
compartilhamentos

Acessibilidade
Array ( [0] => WP_Term Object ( [term_id] => 2063 [name] => acropole [slug] => acropole [term_group] => 0 [term_taxonomy_id] => 2063 [taxonomy] => post_tag [description] => [parent] => 0 [count] => 1 [filter] => raw ) [1] => WP_Term Object ( [term_id] => 103 [name] => arte grega [slug] => arte-grega [term_group] => 0 [term_taxonomy_id] => 103 [taxonomy] => post_tag [description] => [parent] => 0 [count] => 2 [filter] => raw ) [2] => WP_Term Object ( [term_id] => 2064 [name] => Atena [slug] => atena [term_group] => 0 [term_taxonomy_id] => 2064 [taxonomy] => post_tag [description] => [parent] => 0 [count] => 1 [filter] => raw ) [3] => WP_Term Object ( [term_id] => 910 [name] => Atenas [slug] => atenas [term_group] => 0 [term_taxonomy_id] => 910 [taxonomy] => post_tag [description] => [parent] => 0 [count] => 6 [filter] => raw ) [4] => WP_Term Object ( [term_id] => 3230 [name] => Athena [slug] => athena [term_group] => 0 [term_taxonomy_id] => 3230 [taxonomy] => post_tag [description] => [parent] => 0 [count] => 1 [filter] => raw ) [5] => WP_Term Object ( [term_id] => 3231 [name] => deusa grega [slug] => deusa-grega [term_group] => 0 [term_taxonomy_id] => 3231 [taxonomy] => post_tag [description] => [parent] => 0 [count] => 1 [filter] => raw ) [6] => WP_Term Object ( [term_id] => 3415 [name] => EF06HI09 [slug] => ef06hi09 [term_group] => 0 [term_taxonomy_id] => 3415 [taxonomy] => post_tag [description] => Discutir o conceito de Antiguidade Clássica, seu alcance e limite na tradição ocidental, assim como os impactos sobre outras sociedades e culturas. [parent] => 0 [count] => 16 [filter] => raw ) [7] => WP_Term Object ( [term_id] => 863 [name] => Grécia Antiga [slug] => grecia-antiga [term_group] => 0 [term_taxonomy_id] => 863 [taxonomy] => post_tag [description] => [parent] => 0 [count] => 6 [filter] => raw ) [8] => WP_Term Object ( [term_id] => 347 [name] => mitologia grega [slug] => mitologia-grega [term_group] => 0 [term_taxonomy_id] => 347 [taxonomy] => post_tag [description] => [parent] => 0 [count] => 4 [filter] => raw ) [9] => WP_Term Object ( [term_id] => 2065 [name] => Partenon [slug] => partenon [term_group] => 0 [term_taxonomy_id] => 2065 [taxonomy] => post_tag [description] => [parent] => 0 [count] => 1 [filter] => raw ) )
BNCC

Compartilhe

Na mitologia grega, a soberana Atena tem um papel especial: senhora das cidades, ela é a sábia guerreira e preside os julgamentos. Os atenienses lhe dedicaram uma monumental estátua de 12 metros de altura, recoberta de ouro e marfim, considerada uma das mais famosas esculturas da Antiguidade.  Foi reproduzida em moedas, relevos e em numerosas copias gregas e romanas. Construída no século V a.C., a estátua de Atena Partenos reinou majestosa, por quase um milênio, no interior do Partenon, na acrópole de Atenas, até que desapareceu nos primeiros séculos da Era Cristã.

  • BNCC: 6° ano – Habilidade: EF06HI09

O mito da deusa guerreira nascida adulta

Atena era filha de Zeus com sua primeira esposa, Métis, a Prudência. Alertado por Geia a Urano que se Métis tivesse uma filha e depois um filho, este tomaria o supremo poder do pai, Zeus decidiu dar um fim à esposa grávida: engoliu-a.

Passados nove meses, Zeus começou a sentir fortes dores de cabeça. Sem saber do que se tratava, pediu a Hefesto, o deus ferreiro, que lhe abrisse o crânio com um machado. Feito isso, saltou da cabeça do deus, a grande deusa Atena, vestida e armada com uma lança e escudo, e dançando a dança de guerra.

Segundo Brandão, Atena é uma divindade importada da civilização minóica (Creta). Deusa guerreira, participou na luta contra os Gigantes ao lado de Zeus. Lutou ao lado dos aqueus (gregos) na Guerra de Troia e protegeu seus favoritos Aquiles, Diomedes e UIisses.

Diferente de seu irmão Ares (Marte, dos romanos), Atena é uma guerreira que jamais perdia o controle, preferia a diplomacia ao combate sangrento, usava a astúcia e prudência para vencer o inimigo. A cabeça de Medusa colocada no centro de seu escudo serve como um espelho da verdade, para combater seus adversários, petrificando-os de horror ao contemplarem sua própria e verdadeira imagem.

Sua prudência a torna, também, a deusa da paz, a boa conselheira do podo e de seus dirigentes e, como tal, é a mentora do Estado. Deusa civilizadora e da inteligência, da razão, do equilíbrio, do espírito criativo ela preside às artes, à literatura e à filosofia. Os gregos diziam que foi Atena quem criou o carro de guerra e a quadriga.

Atena Varvakeion, cópia romana do III a.C.

Atena Varvakeion, cópia romana do III a.C., de 1,05 m de altura, considerada a reprodução mais fiel da estátua criselefantina feita por Fídias Museu Arqueológico Nacional de Atenas

Atena, a deusa virgem

Atena é a deusa virgem e, por isso chamada de Atena Partenos (parthénos, em grego, significa virgem). Daí seu templo gigantesco, na acrópole de Atenas, se denominar Partenon. Mesmo virgem, Atena teve um filho, que ela chamava “filho da terra” já que não nasceu de seu ventre.

A concepção de Erictônio, filho de Atena, foi estranha. A deusa foi à oficina de Hefesto, para lhe encomendar armas. Vendo-a, o deus se inflamou de desejo pela deusa e tentou prendê-la em seus braços. Atena fugiu, mas Hefesto a alcançou e ambos lutaram. Na luta, o sêmen do deus caiu-lhe numa das pernas. Atená limpou-se com um floco de algodão jogando-o na terra que, fecundada, deu à luz um menino, Erictônio, que quer dizer “filho da terra”.

Em uma versão do mito, Erictônio era um ser híbrido, meio humano e, da cintura para baixo, uma serpente. Em outra versão, Atena deixou junto à criança uma medonha serpente para protege-la dos curiosos. Erictônio foi o primeiro rei mítico de Atenas e a ele se atribui a introdução do dinheiro, na Ática, e a organização das Panateneias, a festa para Atena Partenos.

Atena Partenos, de Fídias

A estátua de Atena Partenos tinha cerca de 12 metros de altura, conforme descrição de Plínio, o Velho, escritor romano do século I d.C. Deu celebridade a Fídias que a teria esculpido entre 447 e 438 a.C., período em que também foi construído o Partenon, o edifício para abrigar a estátua.

Apesar de popularmente considerado um templo, o Partenon não era exatamente um local de culto, não possuía altar nem há registros históricos sobre a existência de sacerdotes ou ritualística própria. O edifício foi erguido para servir de depósito para o tesouro da cidade e da Liga de Delos, então sob a hegemonia de Atenas.

Construída a partir de um núcleo de madeira reforçado com metal, a escultura tinha os braços, pés e face recobertos de marfim, enquanto que o traje e armas foram revestidos de placas de bronze e de ouro que pesavam no total em torno de 40 talentos (cerca de 1 tonelada), técnica conhecida como criselefantina. O custo de sua construção foi altíssimo, estimado em duas vezes o orçamento militar anual de Atenas, como atestam inscrições da época.

Segundo Pausânias, escritor grego do século II d.C., a deusa foi representada de pé, com uma mão segurando a imagem de Nice ou Nike, a deusa da Vitória, e a outra empunhando uma lança. Na cabeça, a deusa usava um elmo ricamente decorado. Sua túnica chegava-lhe aos pés e no peito estava a cabeça de Medusa, personagem mitológico que transformava em pedra quem a olhasse diretamente. Ao lado da estátua, apoiado no chão, havia um escudo e uma serpente que representava Erictônio, filho adotivo de Atena e o primeiro rei mítico de Atenas.

Significado da deusa para Atenas

Atena era a deusa tutelar de Atenas por vontade própria. Conforme o mito, a deusa disputou com Posídon, a proteção da cidade e venceu o poderoso deus dos mares. Para os atenienses, Atena era a sobrenatural garantia do Estado, a demonstração do favor divino, e a legitimação mítica das pretensões atenienses de supremacia cultural, militar, social, étnica e econômica sobre as outras cidades gregas.

Assim, a estátua deve ter funcionado, acima de tudo, como uma alegoria cívica, política e moral, como uma corporificação do Estado e da civilização ateniense – e não como uma imagem religiosa.

Além disso, Atena Partenos era, também, uma espécie de depósito de tesouro reutilizável, pois seu ouro, aplicado em placas móveis, podia ser removido em casos de necessidade pública, o que ocorreu algumas vezes.

Segundo a maioria dos estudiosos, o culto especificamente religioso para Atena estava concentrado no mais antigo e místico dos santuários da Acrópole, o Erecteion erguido no local onde havia uma fonte de água salgada e uma oliveira que diziam terem sido presentes de Poseidon e de Atena, na sua luta pela posse da cidade. No Erecteion estaria entronizada a pequena mas sagrada estátua da Atena Polias (Atenas “da cidade”), também chamada de Paládio, que os gregos acreditavam ter caído do Olimpo e ser dotada de poderes protetores miraculosos.

O desaparecimento da estátua: hipóteses

A estátua de Atena Partenos perdeu-se em data e circunstâncias desconhecidas. Dela só sobrevivem vestígios dos alicerces de seu pedestal no piso do Partenon, um buraco quadrangular no piso onde estaria cravado o mastro que lhe servia de espinha dorsal, e seis fragmentos de blocos do pedestal.

A última e notória informação da estátua de Atena Partenos foi feita por Pausânias, no século II da Era Cristã. O que teria acontecido depois disso são hipóteses. A estátua pode ter sido destruída:

  • por iniciativa de um grupo de cristãos,
  • por ordem de um imperador cristão; Constantino, por exemplo, convertido na fé cristã, mandou despojar todos os templos pagãos de suas preciosidades e levá-las para enriquecer a nova capital do império, Constantinopla, no século IV. Há indícios que a estátua teria sido levado para Constantinopla e, neste caso, pode ter sido destruída em algum dos muitos tumultos populares que afligiram a cidade nos séculos seguintes.
  • em um dos incêndios sofridos pelo edifício como o do ano 300 quando o teto teria sido afetado e desabado destruindo ou danificando gravemente tudo o que houvesse dentro,
  • durante as predatórias invasões bárbaras de Atenas como a dos hérulos em 267 e a dos visigodos em 396.

Seja como for, a magnífica estátua de Atena Partenos já tinha desaparecido quando o Partenon foi transformado em uma igreja cristã dedicada a Nossa Senhora, o que teria acontecido entre o século VI e o VII.

Cópias antigas

Sobreviveram algumas cópias ou derivações antigas da célebre Atena Partenos. As mais conhecidas são:

  • Atena Varvakeion, uma cópia romana do século III d.C. É considerada a reprodução mais fiel da estátua criselefantina feita por Fídias e seus assistentes. A estátua tem 1,05 metros, aproximadamente um décimo da altura estimada do original. Datada de 200 a 250 d.C., foi feita de mármore extraído do Monte Pentélico possui vestígios de tinta vermelha e amarela. Foi descoberta em 1880 e se encontra no Museu Arqueológico Nacional de Atenas.
  • Atena Lenormant, uma pequena cópia grega, inacabada, do século I d.C. Feita de mármore pentélico, tem 41 cm de altura. Foi descoberta em 1859 e se encontra no Museu Arqueológico Nacional de Atenas.
  • Atena de Patras, uma cópia feita de mármore, com 86 cm de altura, do século II d.C., se encontra no Museu Arqueológico Nacional de Atenas.
  • Atena de Pérgamo, com 3,1 metros de altura, é uma versão helenística de cerca de 170 a.C. Foi encontrada no final de 1880 entre os escombros da Biblioteca de Pérgamo. Encontra-se no Museu Pergamon, em Berlim, Alemanha.

Instalação da estátua de Atena Partenos no The Met

Em 4 de agosto de 2016, a estátua de Atena Partenos de Pergamo foi instalada no Grande Salão do The Met (Metropolitan Museum of Art), de Nova York, Estados Unidos. A peça pertence ao acervo do Museu Pergamon, em Berlim, e foi emprestada para o Met onde permaneceu em exibição no Salão Principal por dois anos.

Outros museus, como o Louvre, o Museu Nacional Romano e o Museu Nacional da Sérvia também possuem reproduções antigas da Atena Partenos. Uma cópia romana do século III a.C. do escudo da estátua, em escala reduzida, é conservada no Museu Britânico (coleção Strangford).

Um medalhão de ouro do século IV a.C. traz uma representação detalhada da cabeça de Atena Partenos (acervo do Museu de São Petersburgo). O mesmo aparece em um entalhe do século I a.C. feito em jaspe vermelho (Palazzo Massimo alle Terme, em Roma).

A estátua da Nike na mão de Atena Partenos também foi muito copiada, notavelmente em uma cópia em tamanho real de Cirene, agora na Filadélfia.

Uma réplica contemporânea da Atena Partenos, em seu tamanho original, foi feita pelo escultor Alan LeQuire, para ser instalada na reprodução do Partenon em Nashville, no Tennessee, Estados Unidos. A escultura baseou-se em descrições do original, levou oito anos para ser feita sendo mostrada ao público em 1990. Foi feita de um composto de gesso e fibra de vidro moída sobre uma estrutura de aço. A cabeça foi montada sobre uma estrutura de alumínio. A estátua foi recoberta com finas folhas de ouro de 23,75 quilates totalizando perto de 4 kg de ouro.

Atena Partenos, de Nashville.

Atena Partenos, de Nashville, Tennessee, Estados Unidos.

O julgamento misericordioso de Atena Partenos

Em “As Eumênides”, peça final da trilogia “A Oréstia” (458 a.C.), de Ésquilo, o personagem principal, Orestes é perseguido pelas Eumênides (as Fúrias) por ter assassinado Clitenestra e seu amante Egisto. Refugia-se no templo de Atena mas é alcançado pelas vingativas Eumênides. Quando está prestes a ser morto, a deusa Atena surge e declara que um julgamento será necessário para determinar a culpa de Orestes. O julgamento chega a um impasse e Atena, então, exalta a importância da razão e da misericórdia no estabelecimento das leis e declara que todos os julgamentos, em situação semelhante, deveriam terminar com a absolvição do réu.

Eis a mensagem de Atena a seus cidadãos:

Ouvi agora o que estabeleço, cidadãos de Atenas,

Que julgais a primeira causa de sangue.

Doravante o povo de Egeu conservará este Conselho de Juízes,

Sempre renovado, nesta Colina de Ares.

Nem anarquia, nem despotismo, esta é a norma

Que a meus cidadãos aconselho observarem com respeito.

(…)

Se respeitardes, como convém, esta augusta Instituição,

Tereis nela baluarte para o país, salvação para a Cidade.

Incorruptível, venerável, inflexível, tal é o Tribunal,

Que aqui instituo para vigiar, sempre acordado,

Sobre a Cidade que dorme.

(Ésquilo, “As Eumênides”, 681-706.)

Fonte

Doação
Doação

Estamos no limite de nossos recursos 😟 O site Ensinar História produz conteúdo de qualidade sem custos, sem propaganda e sem restrições aos seguidores. Contribua com nosso projeto realizando uma doação.

Compartilhe

Comentários

Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Outros Artigos

Últimos posts do instagram

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x