Para começar, do ponto de vista astronômico, não existe Ano Novo. Ano é o período de tempo que um planeta precisa para dar a volta completa em torno da estrela que orbita. No caso da Terra, esse período é de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 14 segundos. E quem pode afirmar o ponto ou momento que começa o movimento de translação de 360o em torno do Sol?
Ano Novo é, portanto, uma convenção estabelecida por critérios (ou interesses) matemáticos, climáticos, religiosos, políticos, agrícolas ou outro qualquer.
Boa parte do mundo adotou o calendário gregoriano, estabelecido em 1582, que determina o Ano Novo no dia 1º de Janeiro. A Igreja Ortodoxa, contudo, que adota o calendário juliano, festeja o Ano Novo no dia 14 de janeiro.
Há ainda outros calendários em uso no mundo que marcam o Ano Novo em outras datas. Listamos a seguir dez Anos Novos e suas datas de celebração tendo por referência o nosso calendário.
No final, voltamos a falar do “nosso” Ano Novo, mas com uma surpresa: o próximo ano não será 2022!
CONTEÚDO
- Ano Novo Chinês
- Ano Novo Tibetano: Losar
- Ano Novo Baha’i : Naw-Rúz
- Ano Novo Hindu: Gundhi Padwa
- Ano Novo Iorubá
- Ano Novo Etíope: Enkutatash
- Ano Novo Judaico: Rosh Hashaná
- Ano Novo Islâmico: Ra’s as-Sana
- Ano Novo Wicca: Samahain
- Ano Novo Inca: Capac Raymi
- Calendário Juche: Coréia do Norte
- Ano Novo Gregoriano
- Tabela comparativa em relação ao calendário gregoriano
1. Ano Novo chinês: 1º e 3 de fevereiro de 2022, Ano do Tigre
O calendário oficial da China é o gregoriano, mas o tradicional, ainda desempenha um papel importante entre a população chinesa. É um dos mais antigos do mundo e suas origens remontam ao terceiro milênio a.C. com Huang Di ou Huang-Ti (2697-2597 a.C.), conhecido como Imperador Amarelo, um dos cinco imperadores lendários que teriam governado a China.
Huang Di é considerado o ancestral de todos os chineses da etnia Han, a que pertence a grande maioria da população da China. Além de introduzir o calendário em 2637 a.C., ele é o criador lendário da astrologia chinesa, do taoísmo, do feng shui e da medicina tradicional chinesa. Na Ásia diversos países adotam calendários parecidos com o chinês tradicional. A contagem é diferente do calendário ocidental: o ano 2022 corresponde ao ano 4720 no calendário chinês.
O calendário chinês é lunissolar, isto é, combina o ciclo solar com os ciclos lunares. A cada 12 anos completa-se um ciclo, dentro do qual cada ano recebe o nome de um dos 12 animais correspondentes ao horóscopo chinês: rato, boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, carneiro, macaco, galo, cão e porco. Segundo a lenda, apenas esses animais teriam atendido ao chamado de Buda que, em agradecimento, os transformou em signos da astrologia chinesa.
O ano de 2021 termina em 31 de janeiro de 2022. Começa, então 2022, o Ano do Tigre sob energia da Água, e com duas datas de início: 1º de fevereiro pelo calendário lunar e 3 de fevereiro pelo calendário solar. A conhecida Semana Dourada Chinesa, que começa sempre na véspera do Ano Novo Lunar, será entre 31 de janeiro e 6 de fevereiro, e é um feriado nacional.
Segundo a astrologia chinesa, o signo do Tigre traz dinamismo fora do comum com impulsividade que pode resultar em agressividade e estresse. O elemento energético desse ano no calendário chinês é a Água, que indica fluidez, transparência e sabedoria. Água e Tigre combinados significam muito movimento, intensidade e energia, mas com leveza, espontaneidade e clareza. Ter a sabedoria para contornar as adversidades, sem bater de frente. Comunicação intensa com atenção para a clareza e transparência de objetivos.
Rituais e tradições chinesas para o Ano Novo
- Antes da celebração, é tradição limpar a casa para afastar os maus espíritos.
- À meia-noite da virada, todos comem o guioza, um pastel típico.
- Decore a casa com flores de ameixa (coragem e esperança) e narciso, que simboliza boa sorte e prosperidade.
- Evite lavar o cabelo para não perder os bons fluídos do ano que se inicia.
- No Ano Novo deve-se falar somente do futuro e não do passado, pois um novo ciclo está começando.
- Atenção à linguagem, não fale palavrão ou expressões negativas.
- Fique longe de facas ou tesouras, porque estas podem “cortar” os bons augúrios.
As festividades do Ano Novo chinês incluem desfiles e fogos de artifício para afastar maus espíritos do ano anterior e saudar o ano que se inicia.
2. Ano Novo tibetano: Losar, 12 de fevereiro de 2022, Ano do Tigre
O Losar, o Ano-Novo do budismo tibetano, é a festa mais popular do calendário do Tibete, Nepal, Butão, Mongólia e dos budistas da Índia. Os festejos duram quinze dias, mas os três primeiros dias são ao mais importantes.
O calendário tibetano é lunissolar, composto por 12 (ou 13) meses lunares, cada um começando e terminando com uma Lua Nova. É um calendário quase idêntico ao chinês, podendo o Losar coincidir com o Ano Novo chinês. Contudo, as tradições do Losar são exclusivas do Tibete, e anteriores ao budismo e às influências chinesas e mesmo indianas.
Os festejos do Losar incluem orações, oferendas, música, danças e a consulta, pelo Dalai Lama, ao oráculo de Nechung para prever o futuro, pedir a proteção ou a cura física e espiritual.
Em 2022, o Losar se inicia no dia 12 de fevereiro quando começa o ano 2149 regido pelo Tigre e pelo elemento água.
Na astrologia tibetana o Tigre é conhecido por algumas qualidades como lealdade, força, coragem, entusiasmo, generosidade, idealismo, dinamismo e autoconfiança. Entre as suas fraquezas estão a imprudência, o extremismo, a impulsividade, a irritabilidade, o nervosismo e a excentricidade.
Para saber sobre o calendário budista tibetano: veja aqui.
3. Ano Novo Baha’i: Naw-Rúz, 21 de março de 2022
Bahá’i é uma palavra derivada árabe, Bahá, e significa “glória” ou esplendor. A fé Bahá’í ou bahaísmo é uma religião monoteísta fundada no século XIX pelo nobre Bahá’u’lláh (1817-1892), na Pérsia, que enfatiza a união espiritual de toda a humanidade.
A fé Bahá’í ou bahaísmo é a mais jovem das grandes religiões mundiais. Seu fundador se autodeclarou como o nono profeta, posterior a Krishna, Abraão, Moisés, Zaratrusta, Buda, Jesus, Maomé e Báb.
Bahá’u’lláh teria tido uma visão divina quando estava preso: uma donzela enviada por Deus lhe revelou sua missão de mensageiro de Deus para cumprir as profecias das principais religiões (cristianismo, islamismo, zoroastrismo e outras).
O bahaísmo baseia-se em três princípios: unidade de Deus, há apenas um Deus, fonte de toda criação; unidade de religião, todas as maiores religiões têm a mesma fonte espiritual e partem do mesmo Deus; unidade da humanidade, todos seres humanos foram criados igualmente e a diversidade racial e cultural deve ser apreciada e aceita.
Há mais de 7,3 milhões de bahá’ís espalhados em 218 países e territórios (Almanaque Abril 2012). As maiores concentrações estão na Ásia (Irã, Azerbaijão, Afeganistão, Turquia, Índia), seguida pela África e América Latina. No Brasil, o bahaísmo começou a se difundir em 1940 em Salvador, Bahia e, atualmente, tem 60 mil seguidores em 1300 municípios em todo país.
No calendário Baha’í, os eventos de nascimento, declaração e morte de Bahá’u’lláh são comemorados pelas comunidades Bahá’í anualmente. O ano em que ele começou a pregar, 1844, marca o início do calendário e da Era Bahá’i (EB).
O calendário bahá’i é um calendário solar com 365 dias agrupados em 19 meses (com nomes de atributos de Deus: esplendor, conhecimento, beleza, etc) de 19 dias cada, adicionados de 4 “dias intercalares” (5 dias, quando é ano bissexto), entre o 18º e o 19º mês (26 de fevereiro a 1 de março).
O Ano Novo do bahaísmo, chamado Naw Rúz, ocorre no equinócio de inverno, entre os dias 20 e 22 de março. Atualmente ele é fixado no dia 21 de março para os Bahá’ís que residem em países fora do Oriente Médio, independentemente de quando ocorre o equinócio. É um evento festivo celebrado com orações, música e dança. O ano de 2022 se inicia no dia 21 de março, correspondendo ao ano 179 Era Bahá’i.
- Sobre a comunidade Bahá’i no Brasil: veja o site oficial.
- Calendário Bahá’i
4. Ano Novo hindu: Gudhi-Padwa, 2 de abril de 2022
Em 1957, o governo da Índia adotou um calendário nacional que unificava outros 30 existentes no país, usados para determinar festas religiosas hinduístas, budistas, jainistas, islâmicas. Embora coincida com o gregoriano na contagem de dias e nos anos bissextos, o calendário nacional ou hindu, conta os anos a partir da Era Saka, que começa seu ano zero no ano 78 da Era Cristã. Daí ele ser chamado, também, de calendário Saka.
O calendário Saka teria sido criado pelo rei Shalivahan em 78 d.C., tendo como base sua própria criação que começou, curiosamente, em 0. É um calendário lunissolar, com 12 meses. Os seis primeiros meses têm todos 31 dias, e os seis últimos meses têm 30 dias.
Quando a Índia conquistou sua independência em 1947, havia mais de trinta calendários diferentes em uso pelo país para definir festivais religiosos para hindus, budistas e jainistas. Além disso, os muçulmanos na Índia usavam o calendário islâmico, enquanto o governo indiano usava o calendário gregoriano para fins administrativos.
Para unificá-los, o governo indiano formou um um comitê de matemáticos e astrofísicos com tarefa de criar um calendário preciso com base em estudos científicos e que pudesse ser adotado uniformemente em toda Índia. A tarefa foi ainda mais complicada pela integração desses calendários com a religião e os sentimentos locais. O novo calendário, adotado oficialmente em 22 de março de 1957, teve por base o calendário Saka.
Mesmo tendo um calendário oficial, as diferentes etnias da Índia ainda conservam calendários tracidionais. Assim, o Ano Novo hindu é chamado Gudhi-Padwa na cultura Marathi ou Marata, grupo étnico indo-ariana formado por 90 milhões de pessoas que habitam a região de Maharashtra e estados da Índia ocidental.
O momento mais importante dos festejos de Gudhi-Padwa é o erguimento do Gudhi, a bandeira da vitória. Trata-se de uma vara de bambu na qual é amarrada uma seda verde ou amarelo brilhante, e com um pote de metal na ponta, decorado com folhas de manga e flores de calêndula. O Gudhi é erguido fora da casa, do lado direito da porta principal, em uma janela, varanda ou local alto para que todos possam vê-lo. O Gudhi tem vários significados: simboliza a criação do mundo, a vitória de Rama (sétimo avatar de Vishnu), afasta o mal e atrai a sorte e a prosperidade para a casa.
Em 2022, o Gudhi-Padwa ocorre dia 2 de abril celebrando o início do ano 1944.
Não é, contudo, o único Ano Novo hindu. Em 14 de abril de 2022, acontece o Puthandu, o Ano Novo tâmil celebrado no Sri Lanka, Malásia, Singapura, ilhas Maurício.
Em 15 de abril de 2022, também, Bengala celebra seu Ano Novo, chamado Pohela Boishakh.
Há ainda quem considere o festival das luzes, chamado Diwali, como Ano Novo. São quatro dias de festas em que se acendem velas, luzes e incensos para a celebrar a vida, o amor e a vitória do bem sobre o mal. É o maior feriado indiano e uma importante festa religiosa para o hinduísmo, o sikhismo, o budismo e o jainismo. Em 2022, o Diwali começa no dia 24 de outubro.
Para saber mais sobre festas religiosas hindus: veja aqui.
5. Ano Novo Iorubá: 3 de junho de 2022
O calendário tradicional iorubá, chamado Kojoda, baseia-se nos ciclos lunares e no número 4 associado aos quatro elementos (terra, água, ar e fogo), quatro pontos cardeais e aos solstícios e equinócios. Assim, a semana iorubá tem 4 dias, cada um deles dedicado a um orixá: Ogum, Xangô, Obatalá, Orumil. O ano é formado por 91 semanas ou 13 meses, cada mês com 28 dias ou 7 semanas (de 4 dias).
Para conciliar com o calendário gregoriano, o povo iorubá também mede o tempo em sete dias por semana e quatro semanas por mês. A semana de sete dias é usada na vida civil e para fazer negócios e, assim como o calendário religioso, cada dia é dedicado a um orixá.
A contagem do tempo para os iorubás remonta ao mito da criação do mundo quando Olodumare enviou os orixás para terra e cada um deles brigou para ter seu próprio dia.
O Ano Novo iorubá acontece no dia 3 de junho, mês das colheitas, quando acontece o festival Ifá. Em 3 de junho de 2022, os iorubás celebram o início do ano iorubano de 10.064.
Sobre o calendário iorubá, veja aqui.
6. Ano Novo etíope: Enkutatash, 11 de setembro de 2022
O calendário da Etiópia baseia-se na cronologia criada pelo monge Annianus de Alexandria no início do séc. V. Segundo ele, a história começou em 25 de março de 5492 a.C., data da criação do homem por Deus. Já a Era Cristã, começou com a Anunciação do anjo à Maria, em 25 de Março de 8 d.C. – o que faz com que a cronologia etíope tenha sete anos e oito meses menos do que a cronologia gregoriana.
O Ano Novo etíope, chamado Enkutatash, começa na primavera, no dia 11 de Meskerem, nome do mês de setembro.
No próximo Enkutatash, que ocorre dia 11 de setembro de 2022, os etíopes festejarão a chegada de 2015. Esse calendário é seguido pelas igrejas ortodoxas etíopes, copta (Egito) e católicas orientais.
A celebração do Ano Novo é um evento importante na vida etíope. Por três dias os sons dos salmos, sermões, orações e hinos podem ser ouvidos nas igrejas e em procissões coloridas de boas-vindas ao Ano Novo. Tochas de fogo são acessas em frente das casas tocando-as no chão para espantar o ano velho e seus velhos espíritos e saudar o novo. Uma ceia familiar, após o culto na igreja, completa os festejos.
Enkutatash significa “presente precioso” ou “presente de jóias”, nome que se relaciona com a história da viagem da rainha de Sabá à Jerusalém quando ela visitou o rei Salomão e o presenteou com uma grande quantidade de ouro e pedras preciosas.
Em 2014, o Olodum, bloco afro de carnaval da Bahia, comemorou a virada de ano da Etiópia. Veja notícia aqui.
7. Ano Novo judaico: Rosh Hashaná, 25 de setembro de 2022
Tishrei é o nome do primeiro mês do calendário judaico, no qual se comemora o Rosh Hashaná, o Ano Novo judaico. A data é determinada pelas fases da Lua e é festejada durante dois dias com uma farta refeição. Costuma-se comer, na noite de Rosh Hashaná tâmaras, romãs, abóbora, pedaços de maçã com mel para atrair um ano doce, alegre e próspero.
O Rosh Hashaná, literalmente “cabeça do ano”, em hebraico, é celebrado em uma data móvel entre setembro e outubro do calendário gregoriano. Em 2022, o Rosh Hashaná iniciará ao por do sol do dia 25 de setembro e termina ao anoitecer de 27 de setembro, celebrando a chegada do ano 5783.
Diferente dos festejos do réveillon cristão, o Ano Novo judaico é um dia de introspecção e reflexão sobre os atos passados no ano anterior e orações para o ano vindouro. Nos dias do Rosh Hashaná toca-se o shofar, chifre de um carneiro, simbolizando entre outras coisas, o despertar da consciência para as pessoas refletirem sobre seus atos. O Jom Kippur, o dia da reconciliação, segue-se à festa do ano novo.
8. Ano Novo islâmico: Ra’s as-Sana 30 de julho de 2022
O calendário islâmico começou no ano zero da Hégira (ano 622 do calendário gregoriano), data da saída do profeta Maomé de Meca para Medina. Baseia-se nos ciclos lunares e é composto por doze meses de 29 ou 30 dias, totalizando 354 dias. Difere do calendário solar gregoriano com uma diferença de 11 dias a cada ano.
O Ano Novo islâmico, chamado Ra’s As-Sana, é comemorado no 1º dia de Muharram (primeiro mês do calendário islâmico) começando ao pôr do sol do dia anterior. Assim, o ano novo islâmico de 2022 será observado no pôr do sol do dia 29 de Julho de 2022. No dia 30, os muçulmanos festejam a chegada do ano 1444 AH (“Ano da Hégira”).
Durante a celebração, que dura dez dias, são realizados atos de compaixão, orações e jejum (não obrigatório como no Ramadan). Alguns países muçulmanos praticam, durante o Muharram, o autoflagelo para lembrar o sofrimento de Imman Hussein. Geralmente é feito com o gesto de bater a mão com força no peito, e é praticado por homens e mulheres. Em países ou comunidades xiitas, o autoflagelo é feito com facas, canivetes ou chicotes.
9. Ano Novo wicca: Samahain, 31 de outubro de 2022
Os praticantes da religião neopagã Wicca, difundida a partir da década de 1950, comemoram o Ano Novo no Samhain, palavra do irlandês arcaico que denominava a festa do fim das colheitas e início do inverno. O Samhain começa ao pôr do sol do último dia de outubro e termina no pôr do sol do dia 1º de novembro, momento que assinala o ponto médio entre o equinócio de outono e o solstício de inverno (ou a Lua cheia mais próxima desse ponto).
O Samhain, que deu origem ao Halloween ou Dia das Bruxas, é comemorado com rituais em altares para recordar os mortos e eliminar as energias negativas. Velas, incensos, maçãs, vinho quente e pratos com abóbora e carne fazem parte da celebração.
10. Ano Novo inca: Capac Raymi, 21 de Dezembro de 2022
Muitos povos da região dos Andes, especialmente do Peru e da Bolívia, ainda conservam as festividades de seus ancestrais incas. Os festejos atuais, contudo, são resultado de um sincretismo cultural que fundiu elementos pré-hispânicos com católicos.
O Capac Raymi, realizado no solstício de verão, nos dias 21 ou 22 de Dezembro, é uma festa religiosa em honra ao Sol, marcava o início do primeiro mês do calendário inca. Nele se faziam sacrifícios de animais, mascava-se coca e dançava-se até a madrugada.
Na época Inca, o Capac Raymi era uma data mais importante que o Inti Raymi (solstício de inverno), a Festa do Sol, celebrada no dia 24 de junho. O Capac Raymi cai no meio da estação chuvosa do Peru, em uma Lua Nova, quando, normalmente, o sol e a lua não podem ser vistos com clareza. A duração dessa celebração sagrada mudava ano após ano. Se a Lua Nova chegasse após o solstício de 21 de dezembro, as celebrações poderiam durar 22 dias; mas se chegasse antes, elas poderiam durar até 52 dias.
A observância do solstício de dezembro também marcava um evento importante para os meninos nobres do Império Inca. O mês anterior era dedicado aos rituais de iniciação, onde as orelhas dos meninos eram perfuradas, permitindo a inserção de grandes carretéis de orelhas usados pela realeza Inca. Marcava-se, dessa forma, a maioridade dos possíveis futuros líderes do Império Inca.
Hoje, as festividades no Peru Moderno combinam elementos incas e cristãos. Há a celebração da Navidad (Natal) e do solstício de dezembro com desfiles, multidões nas ruas, muita música e bebida.
Desfile do povo de Chavín nas festas de Capac Raymi, de 2008. Veja o vídeo.
11. Calendário Juche, Coreia do Norte
Este calendário é utilizado somente na Coreia do Norte e sua contagem começa em 1912, ano de nascimento do líder norte-coreano Kim Il-sung, fundador da República Popular Democrática da Coreia (ou simplesmente Coreia do Norte). O calendário foi implantado em 9 de setembro de 1997, dia da Fundação da República. O mesmo decreto designou o aniversário de nascimento de Kim Il-sung, 15 de abril de 1912, como o Dia do Sol.
O ano de 1912 passou a ser chamado “Juche 1”. Desde então, jornais, agências de notícias, emissoras de rádio, de transporte público, e certidões de nascimento começaram a usar anos Juche. É comum as datas virem marcadas com o ano gregoriano após o ano Juche, por exemplo, 26 de abril Juche 109 (2020).
Os meses, semanas e dias têm a mesma marcação do calendário Gregoriano. Não há contagem dos anos anteriores ao ano Juche 1, os anos anteriores a 1912 são marcados apenas pelo calendário gregoriano.
Atualmente, o ano 2021 corresponde a “Juche 110” e o próximo ano, 2022, será “Juche 111” e assim por diante.
Os norte-coreanos comemoram o Ano Novo três vezes por ano: o Ano Novo ocidental (calendário gregoriano), o Ano Novo chinês e o Ano Novo Juche.
O Ano Novo Juche, que ocorre todo dia 15 de abril, Dia do Sol, é comemorado, inicialmente, com a colocação de flores nas estátuas de bronze dos falecidos líderes Kim In-sung e Kim Jong II. Depois prestam-se homenagens aos pais, aos idosos e aos professores. Há comidas especialmente feitas para esse dia, como o songpyeon, um bolinho de arroz tradicional. Ocorre também a Exposição Anual de Flores, hasteamento da bandeira e hino, danças nas ruas e praças de Pyongyang e fogos de artifício.
12. Ano Novo gregoriano
O nosso Ano Novo também tem uma história que remonta à época dos romanos (veja artigo aqui). A cronologia cristã começou com o presumível nascimento de Jesus calculado, em 532, pelo monge Dionísio Exíguo (ou seja, Dionísio o Menor, significando o Humilde). Até então, os cristãos usavam o calendário juliano (de Júlio César) datando os eventos a partir da fundação de Roma.
Dionísio estabeleceu uma nova cronologia dividindo a história em antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.), que até hoje é utilizada. Nesta divisão não existe o ano zero, o que significa que passa-se do ano 1 a.C. direto para ano 1 d.C.
Curiosamente, os cálculos de Dionísio foram feitos na mesma época que Annianus estabeleceu o calendário etíope, porém, chegando a resultados diferentes. A cronologia de Dionísio, contudo, estava errada e muitos estudiosos demonstraram isso.
O papa Bento XVI reconheceu o erro em seu livro “A infância de Jesus”. Segundo o papa, o nascimento de Jesus teria acontecido entre 4 e 6 anos antes de Cristo. Isso significa que, em 1º de Janeiro de 2022, a cristandade deveria celebrar o início do ano 2026 ou 2028.
13. Tabela comparativa em relação ao calendário gregoriano
Ano Novo é uma convenção estabelecida por critérios (ou interesses) matemáticos, climáticos, religiosos, políticos, agrícolas ou outro qualquer. Daí existirem, no mundo, tantas datas diferentes para marcar o início de um ano.
Fonte
- CHAGAS, Tiago. Papa Bento XVI afirma que calendário cristão e data do nascimento de Jesus estão errados em vários anos. Gospel, 23 nov 2012.
- Calendário gregoriano: o tempo decretado pelo papa
- Calendários. Observatório transdisciplinar das religiões no Recife.
- Oito tipos de calendários usados pelo mundo. Revista digital Galileu.
- Por que inventaram o calendário.Unicamp.
- LAS CASAS, Renato. Calendários. Observatório Astronômico Frei Rosário, ICEx Física, UFMG.
- MARQUES, Manoel Nunes. Origem e evolução de nosso calendário. Observatório Astronômico de Lisboa
[…] Post via; texto adaptado por Brunella Nunes […]
[…] Quantos Anos Novos o ano tem? […]
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