Em 1º de janeiro de 45 a.C., tinha início um novo calendário em Roma ordenado por Júlio César (daí ser chamado de “Juliano”) e que perdurou por mil e seiscentos anos na Europa Ocidental.
O calendário Juliano foi desenvolvido pelo astrônomo Sosígenes de Alexandria que impôs um ano de 365 dias dividido em 12 meses de duração desigual. Determinou, também, que o ano começasse em 1º de janeiro (esta regra caiu em desuso no final do Império Romano, retornando o 1º de março como início do ano assim se mantendo até o século XVI).
O calendário juliano, colocava em ordem a contagem dos anos que, naquela altura estava bagunçado e manipulado por sacerdotes subornados para abreviarem o ano e, com isso, reduzir o mandato de um adversário político.
O novo calendário baseava-se unicamente no Sol, abolindo o ano lunar. Decretou-se que o ano 46 a.C. seria prolongado em 445 dias (90 dias a mais!) e receberia dois meses ao final do ano. Os demais anos, a partir de 45 a.C. teriam 365 dias distribuídos em 12 meses.
Introduziu o ano bissexto de 336 dias de quatro em quatro anos. Estabeleceu que os meses alternariam entre 30 e 31 dias, exceto fevereiro, que teria 29 dias e, nos anos bissextos, 30. Os dias de cada mês ficaram assim distribuídos:

Calendário juliano original. Os dias dos meses alternavam-se em 31 e 30 dias, com exceção de fevereiro, com 29 dias. No ano bissexto, fevereiro recebia mais um dia, ficando, portanto, com 30 dias.
Reformas do calendário juliano
Em 44 a.C., poucos meses depois da morte de Júlio César, o senado romano mudou o nome do mês Quintilis para Julius (julho) em sua homenagem, por ser o mês em que tinha nascido.
Em 8 a.C., houve uma nova alteração: em homenagem ao imperador Augusto, seu nome foi dado ao mês Sextilis que passou a se chamar Augustus (agosto), atribuindo-lhe o mesmo número de dias do mês Julius, em homenagem a Júlio César, seu tio-avô assassinado. Assim, um dia foi tirado de fevereiro e transferido para agosto. Para evitar a ocorrência sucessiva de três meses de 31 dias, setembro e novembro passaram a ter 30 dias, outubro e dezembro, 31 dias.

Em 8 a.C. o calendário juliano sofreu duas alterações: o oitavo mês passou a se chamar “Augustus” e ficou com 31 dias, igual ao mês anterior. Os meses seguintes tiveram suas durações modificadas. Assim permaneceu até hoje, passados mais de 2000 anos.
O início do ano no calendário juliano
Originalmente o calendário romano começava na primavera, no dia 1º de março, o que explica os nomes dados aos meses de setembro (7º), outubro (8º) , novembro (9º) e dezembro (10º).
A partir de 153 a.C., os cônsules, que eram eleitos por um ano, tomavam posse em 1º de janeiro – e os romanos passaram, então, a considerar esse dia como o início do ano. Mais tarde, essa escolha foi considerada pagã pela Igreja cristã, por causa das festividades tradicionalmente associadas à data. A Igreja adotou a Anunciação como primeiro dia do ano, estabelecendo o dia 25 de março, nove meses antes do Natal.
O calendário juliano perdurou por mil e seiscentos anos na Europa Ocidental até ser substituído pelo calendário gregoriano no séc. XVI. Na Europa Oriental, continuou sendo usado até o século XX.
Fonte
- WHITROW, G. J. O tempo na história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
- La grande histoire du calendrier.
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