Os vikings estão na moda e suas sagas e lendas têm inspirado filmes, séries televisivas, jogos eletrônicos, histórias em quadrinhos e ficções literárias. Uma recriação que, em geral, reforça estereótipos de homens musculosos ou obesos, sujos, despenteados, belicosos e cruéis que bebem desenfreadamente em taças feitas de crânios dos inimigos. Mais recentemente, incorporou-se a imagem de mulheres guerreiras imbatíveis. Até onde essas imagens são ficcionais e reais? Vamos passar a limpo a história dos vikings.
Uma breve história dos vikings
Os vikings eram povos agricultores que ocupavam a Escandinávia, nas atuais Suécia, Noruega e Dinamarca. Foram hábeis navegadores e isso os levou a praticar o comércio e a pirataria. Entre os séculos VIII a XI, realizaram tamanhas investidas na Europa, chegando a Rússia Ocidental, ao norte da África, às ilhas britânicas até Terra Nova (Canadá) que se fala em Era ou Idade Viking.
Tradicionalmente, afirma-se que a Era Viking teve início em 793 com o devastador ataque ao mosteiro de Lindisfarne, na Inglaterra. Os vikings tomaram os tesouros do mosteiro: manuscritos com iluminuras, encadernados com capas adornadas de joias, crucifixos de ouro, taças de prata, pedras preciosas. Ao final, levaram, também, monges para serem vendidos como escravos.

Ruínas do mosteiro de Lindisfarne. Fundado por volta de 635, ele se transformou no centro irradiador da cristianização do norte da Inglaterra. Em 8 de junho de 793, o mosteiro foi saqueado e pilhado pelos vikings, episódio considerado como o início da era das invasões vikings na Europa.
Seguiram-se outros ataques: pilharam o litoral da Inglaterra (835), atacaram Paris (845, 860 e 885), Londres (851), destruíram o porto saxão de Hamburgo, chegaram à Itália e pilharam Pisa e Luna (860) – são alguns exemplos na longa lista das incursões vikings na Europa. Tantas igrejas e mosteiros foram assaltados que uma nova ladainha foi acrescentada na missa cristã: “Da fúria dos nórdicos, livrai-nos, Senhor“.
Tentaram tomar Constantinopla e, por um século, fizeram ataques malogrados à capital do Império Bizantino. Um punhado de vikings, acabou servindo de guarda pessoal dos imperadores bizantinos. Serviram também como mercenários nas Cruzadas, saquearam cidades na costa norte da África e lutaram contra os árabes. Atravessaram o mar Cáspio e percorreram 650 km de camelos até Bagdá, onde conseguiram especiarias da Índia e seda da China.
Embora fossem poucos – a Escandinávia não tinha mais de 2 milhões de habitantes no início do século VIII –, os vikings mudaram a face da Europa Medieval à medida que passaram do comércio e pilhagem para a conquista e o povoamento.

Entre 793 e 1066, os vikings se espalharam pelo Velho e Novo Mundo, das margens do Volga, na Rússia, ao litoral da América do Norte, como ninguém fizera antes e poucos fariam depois.
Em 911, o rei dos francos concordou em ceder ao líder viking Rollo a região da foz do rio Sena. Em troca, ele deveria proteger os francos de novos ataques de seus compatriotas. Os homens de Rollo ficaram conhecidos pelo nome de normandos, uma variação de nórdicos, e o seu território, Normandia. Rollo mudou o nome para Robert e se converteu ao cristianismo – dando origem a uma linhagem que, mais tarde, em 1066, sob o comando de Guilherme o Conquistador, herdeiro da sexta geração de Rollo, conquistaria parte da Inglaterra. A decisiva Batalha de Hastings (1066) pôs fim na turbulenta era viking daquele reino.
Listamos abaixo 14 fatos surpreendentes sobre os vikings.
1. Os vikings não se chamavam “vikings”
Eles não se autodenominavam vikings mas assim eram chamados pelos povos que sofreram os seus ataques. Eram conhecidos, também, por outros nomes. Os ingleses chamavam-nos de dinamarqueses; os francos, de nórdicos ou dinamarqueses; os irlandeses, de pagãos ou estrangeiros; na Europa Oriental, os eslavos se referiam a eles como varegues ou rus – talvez a origem do nome Rússia.
A origem da palavra vinking é incerta. O termo foi introduzido no idioma inglês, no século XVIII e popularizado no início do XIX no poema The Viking, do poeta sueco Erik Gustaf Geijer, carregado de conotações românticas e sem base histórica.
Há quem acredite que o termo venha de vikingr, do nórdico antigo, significando pirata, aventureiro, mercenário. Na Escandinávia, o termo viking costuma estar relacionado à palavra vik, nome dado à enseada, baía – local onde eles ancoravam seus barcos. Nas inscrições rúnicas existe a expressão fara i viking significando a pessoa que foi embora em uma expedição (de comércio, de pirataria ou de guerra).
A raiz da palavra germânica vik ou wik está relacionada a mercado e é usada como sufixo, tal como o termo burg (ou burgo). A cidades inglesa Harwich, por exemplo, era, originalmente um local de comércio.
2. Os vikings não formaram uma nação unificada
Durante a Idade Viking, a região que hoje compreende a Dinamarca, a Noruega e a Suécia era uma colcha de retalhos ocupada por tribos muitas vezes inimigas entre si. Tinham em comum a língua, o modo de vida, a religião, a tecnologia da fabricação de barcos e a predileção por atacar ou comerciar.
Pode-se dizer, de maneira geral, que havia três nacionalidades vikings e cada uma delas delimitou sua própria esfera de ação. Os suecos atravessaram o Báltico e, descendo pelos grandes rios da Europa Central, penetraram no território russo chegando até Constantinopla. Os dinamarqueses, dominaram o Mar do Norte e o Canal da Mancha, aterrorizando a Inglaterra e a França. Os noruegueses ocuparam a Irlanda, a Escócia, a Islândia e a Groenlândia.
3. Os vikings dedicavam-se mais à agricultura do que à guerra
Apesar da fama de guerreiros e piratas implacáveis, os vikings usavam mais a foice do que a espada. A grande maioria dedicava-se a semear cevada, centeio, lúpulo, aveia e linho para fazer tecidos. Criavam gado, cabras, porcos e ovelhas para o consumo da carne, leite, lã, couro, ossos e chifres.
O trabalho era duro por causa do clima e as colheitas podiam falhar resultando em períodos de escassez e fome. Completavam o sustento com caça, pesca e coleta. A Escandinávia é rica em plantas e animais silvestres: maçã, nozes, avelãs, peixes, baleias, morsas, focas, patos, renas, veados, ursos e coelhos.

Mulher fia no interior de uma casa viking – cenário do Jorvik Viking Centre, na cidade de York, na Inglaterra, que reconstitui, em escala natural, vários ambientes de uma típica comunidade viking do século IX.
4. A mulher viking possuía mais direitos do que a cristã medieval
Os homens eram senhores de suas fazendas, mas a autoridade e a organização doméstica pertenciam à esposa. Símbolo dessa posição eram as chaves dos armários e dos baús que ela trazia penduradas do lado esquerdo do corpo. A mulher dirigia a casa, os escravos e os trabalhos agrícolas, negociava com os mercadores. Essa responsabilidade era ainda maior nos períodos de ausência do marido.
A mulher podia herdar propriedades, recuperar seu dote se o casamento terminasse e pedir divórcio declarando o motivo – impotência, maus tratos ou marido preguiçoso, por exemplo. Bastava que ela chamasse uma testemunha e proclamasse, em frente à cama do casal e à porta de casa, que estava se divorciando de seu marido.
As esposas não eram tratadas como propriedades dos maridos, mas quase como iguais. Os filhos de mulheres livres eram protegidos por lei e reconhecidos como propriedade da mãe. Mesmo depois do divórcio, o pai não podia tirá-los da mãe.
Por tudo isso, não é de estranhar que os forasteiros comentassem com estranhamento a independência das mulheres nórdicas.
5. Mulher viking guerreira é mito
As sagas lendárias e os mitos contam sobre guerreiras fabulosas como Sela, Lagertha, Hetha, Visna, Rusila e outras. Além de serem piratas, elas participam diretamente de batalhas. Talvez dois casos – Rusila e Lagertha (esposa do célebre guerreiro viking Ragnar Lothbrok) – podem remeter a personagens históricos e reais, mas isso não permite generalizar que todas mulheres vikings fossem guerreiras.
Foram encontradas sepulturas femininas (uma na Noruega e duas na Dinamarca) nas quais a mulher foi enterrada com armas. Os especialistas consideram, contudo, que isso é um indicativo de riqueza e prestígio social e não uma evidência de mulheres lutadoras.
Análises do material genético, DNA mitocondrial herdado da mãe, indicam que as expedições vikings às ilhas britânicas contavam também com mulheres a bordo e que elas deixaram sua marca nas gerações seguintes. Isso não significa, porém que elas fossem, necessariamente, guerreiras, mas certamente, povoadoras.

Porunn (interpretada por Gaia Weiss) é uma personagem fictícia da série “Vikings”, do History Channel. Ex-escrava, tornou-se guerreira e servia de guarda pessoal à rainha Lagertha (Katheryn Winnick), também uma guerreira. Essas personagens estão mais próximas do imaginário feminista atual do que do passado.
6. Os banquetes vikings tinham importância política e religiosa
O cinema sempre mostrou as festas vikings em um cenário de balbúrdia, bebedeira desenfreada, diversão cruel e prazeres mundanos, reforçando o estereótipo de selvageria dos nórdicos. Uma imagem distorcida do real significado do banquete para os vikings.
O banquete (sumbl) era o momento onde se firmavam compromissos, alianças e acordos de paz, quando a comunidade de guerreiros se reunia para prestar fidelidade, juramentos e firmar obrigações políticas e militares a seu líder. Assim, a alimentação e o consumo de bebida orientavam-se por costumes e valores determinados.
A rainha oferecia a primeira taça (corno) ao rei e depois aos demais presentes. A rainha ou princesa podia substituir o rei ou o líder ausente, especialmente quando da visita de dignatários. Brindava-se primeiro aos deuses vikings, iniciando por Odin, o deus supremo do panteão nórdico, desejando a vitória e o poder para o rei. Em seguida, brindavam-se os antepassados. No banquete real, as mulheres tinham uma função basicamente servil, sendo excluídas dos rituais de bebida.
No centro do salão, colocava-se uma grande cuba contendo bebida onde servidoras enchiam os cornos. Beber em taças feitas de crânios humanos é invencionice. Os vikings bebiam em cornos ou mesmo em taças de vidro importadas ou saqueadas.

Cena de banquete da série “Vikings”, do History Channel. Apesar dos erros geográficos e anacronismos históricos, a série se esforçou por reproduzir cenários, trajes e objetos mais próximos do que se conhece sobre os vikings.
7. A alimentação e as bebidas dos vikings eram variadas
Os vikings não eram carnívoros inveterados que só se alimentavam de javalis, nem bebedores unicamente de cerveja. De fato, a carne assada em espetos colocados sobre o fogo era tão habitual que o termo nórdico steikja (“assar no espeto”) deu origem à palavra inglesa steak. Mas a dieta viking era diversificada contando, além de uma caça variada com peixes defumados (arenque, bacalhau e truta), além de pães, frutas e hortaliças – tudo preparado com ervas aromáticas.
A cerveja (bjórr, em nórdico antigo) era a bebida mais comum, consumida em todas as refeições e também ao longo do dia substituindo, em muitos momentos, a própria água. Feita de cereais, água, levedura e ervas aromatizantes (como a erva-de-são-joão), tinha sabor amargo e teor alcoólico baixo (entre 3 e 5 graus).
Os vikings fabricavam também vinho de uva e de frutas (maçã, pera, amora, mirtilo e framboesa). Outra bebida fermentada muito importante era o hidromel (mjöd), que levava na sua composição mel, água, levedura e algumas ervas aromáticas. Como o mel era raro e caro, o consumo de hidromel era destinado às grandes comemorações religiosas e políticas. Hidromel e vinho eram bebidas associadas aos deuses e, portanto, tinham um caráter sagrado.
8. Os elmos vikings eram cônicos e sem chifres
Capacetes com chifres não passam de uma invenção das artes plásticas, da literatura e das óperas do século XIX que mostravam os vikings como bárbaros cruéis. Não existe qualquer tipo de evidência científica (paleográfica, histórica, arqueológica, epigráfica) de que os guerreiros nórdicos da Era Viking tenham utilizado elmos com chifres.
Os elmos vikings tinham a forma cônica, eram feitos de madeira e couro e reforçados com metal, podendo ter ainda um protetor de nariz.
9. Os vikings foram hábeis construtores de navios
A expansão viking está diretamente relacionada ao aperfeiçoamento da construção naval, ocorrida no século VIII. O ponto decisivo foi a adição de mastros altos e velas largas, feitas de lã, junto com quilhas suficientemente robustas para suportar o novo equipamento. Ao mesmo tempo, os cascos foram engenhosamente construídos para serem fortes, mas leves e de baixo calado (profundidade do ponto mais baixo da quilha).
Com isso, os navios vikings podiam navegar águas rasas, mar aberto, as correntezas acima dos rios europeus, e ainda aportar facilmente em litorais arenosos, o que era uma vantagem nos ataques.
Os langship (navios longos, em nórdico) eram feitos de carvalho ou de pinho, e calafetados com musgo ou pelo de animal encharcados com alcatrão. Tinham 16 a 37 metros de comprimento podendo levar cerca de 60 guerreiros remadores mais vigias, timoneiros e outros totalizando até 70 pessoas. Na proa costumam colocar figuras entalhadas como o dragão e a cabeça da serpente mítica Jormungand.

Gokstad, um barco viking datado do ano 900, mede 24 m de comprimento e pouco mais de 5 metros de largura na meia-nau, por 1,70 metros de profundidade. Pesava cerca de 18 toneladas quando equipado, mas era tão bem construído que seu calado era de pouco menos de 1 metro. Seu mastro tinha talvez 10 metros de altura com uma vela de 110 metros quadrados. O leme era uma única peça de carvalho de 3 metros de comprimento. Podia levar de 40 a 70 pessoas. Foi achado em 1880, em Gokstad, no sudeste da Noruega e está no Museu do Navio Viking, em Oslo, Noruega.
10. Os vikings enterravam seus mortos em barcos
O navio Gokstad foi encontrado enterrado servindo de sepultura a um corpo masculino para levar sua alma para outro mundo. O enterro em barcos fúnebres era destinado a figuras importantes da sociedade viking. O ritual inclua oferendas, animais e escravos que eram sacrificados para acompanhar o morto.
O navio de Oseberg, por exemplo, continha os esqueletos de duas mulheres: uma tendo entre 60 e 70 anos de idade, e a outra entre 25 a 30 anos de idade. Pela profusão e riqueza dos objetos encontrados, pensa-se ter sido o enterro de uma rainha ou uma sacerdotisa.
A sepultura foi violada e levados os metais preciosos. Apesar disso, foram encontrados diversos artefatos da vida cotidiana como quatro trenós, uma carroça ricamente esculpida, baús de madeira, ferramentas agrícolas e domésticas, roupas de lã, sedas importadas, tapeçarias finas. Espalhados pelo convés e ao lado do barco havia animais sacrificados – cães, cavalos e bois, alguns decapitados. O barco foi enterrado numa vala com a proa apontando para o mar, coberto de pedras e lacrado com gramíneas.

Navio de Oseberg é um dos mais bem preservados que se conhece da Era Viking. Foi descoberto em 1904 em uma colina em Oseberg, na Noruega. Tem 22 m de comprimento e 5 m de largura. Construído em 820, foi usado para navegação durante vários anos, antes de ser usado na sepultura, o que ocorreu em 834. Está atualmente no Museu do Navio Viking, em Oslo, Noruega.
11. Os vikings faziam comércio de escravos
Quase toda fazenda escandinava tinha escravos. Por lei, uma fazenda com mais de doze vacas e dois cavalos devia ter pelos menos três escravos. Uma grande propriedade poderia precisar de trinta escravos ou mais. Os escravos executavam os trabalhos menos valorizados, não tinham qualquer direito e poderiam ser mortos por seus proprietários. Mas podiam comprar sua liberdade e o preço variava: em algumas partes da Escandinávia, os escravo tinha que dar uma festa na qual servia uma grande quantidade de cerveja, feita com pelo menos oito bushels (unidade de medida) de malte, e ainda pagar 170 gramas de prata para seu antigo senhor.
Escravidão era a pena dada às pessoas capturadas no exterior ou mesmo gente do próprio país. Em seus ataques na Europa, os vikings tomavam prisioneiros e os vendiam sobretudo aos árabes. No norte da Rússia, os vikings caíram sobre os povoados eslavos e aprisionaram tantas pessoas para serem vendidas que a palavra slav (eslavo) deu origem à palavra slave (escravo, em inglês). Em 860 pilharam Pisa e Luna, na Itália, massacraram seus habitantes poupando a vida das mulheres, levadas para os mercados de escravos.

Sepultura coletiva descoberta na Noruega no início de 1980 tinha alguns esqueletos decapitados. Análise do DNA mostrou que os corpos enterrados não tinham relação uns com os outros, pelo menos no lado materno, e a análise de isótopos revelou que os indivíduos decapitados tinha tido uma dieta muito diferente das pessoas com quem eles foram enterrados – comiam mais proteína de peixe, enquanto os outros comiam proteína de carne e produtos lácteos. Isso permitiu deduzir que os indivíduos decapitados eram escravos que foram sacrificados como oferendas de seus senhores.
12. Os vikings colonizaram e fundaram cidades
Ao contrário da crença popular, os vikings não se envolveram só em ataques e pilhagens. Eles foram, também, colonizadores e estabeleceram muitos assentamentos na Inglaterra, Escócia, Irlanda, Normandia e Islândia. Foi o caso, por exemplo, de Jorvik (atual York), na Inglaterra; Dublin e Cork, na Irlanda; Novgorod e Kiev na Rússia; Birka, na Suécia; Kaupang, na Noruega; Hedeby, na Alemanha.
No final do século IX, vikings noruegueses povoaram a Islândia e, um século depois, a ilha já tinha quase 60 mil habitantes e todas as terras boas já estavam ocupadas. Foi então, que eles se lançaram a grande aventura de buscar mais terras navegando a oeste.
A Groenlândia já havia sido atingida por Erik, o Vermelho, líder expulso da Noruega por assassinato e, novamente expulso da Islândia, em 982, por envolvimento em brigas mortais. Em 986, ele reuniu um punhado de colonos para aquelas terras geladas que ele batizara de “Terra Verde” – um nome mais persuasivo para atrair povoadores. Saiu com 25 barcos carregados de homens, mulheres e crianças junto com animais domésticos. Somente 14 chegaram ao destino: outros desistiram ou afundaram. Os pioneiros trabalharam a terra, caçaram baleias e morsas, e estabeleceram uma comunidade independente baseada nas leis da Islândia.
13. Os vikings chegaram à América do Norte antes de Cristóvão Colombo
Poucos anos depois de iniciarem a colonização da Groenlândia, os vikings realizaram outra façanha: o navio de Leif Ericsson descendo a ilha de Baffin, no Labrador, desembarcou na Terra Nova, no atual Canadá. Ele e sua tripulação de 35 homens construíram casas e ali esperaram o inverno passar antes de retornar. Leif chamou o local de Vinland, devido às vinhas que disse ter encontrado lá – talvez frutas silvestres como groselhas e cranberries que os vikings usavam para fazer vinho. Um sítio arqueológico descoberto em L’Anse aux Meadows, na costa leste do Canadá, comprova a presença deles, naquele local, por volta do ano 1000.
Em 1009, uma expedição de 250 homens e mulheres vindos da Groenlândia fundou uma colônia mais ao sul de Vinland. Após quase três anos, dificuldades de sobrevivência e ataque dos nativos – esquimós ou índios algonquianos – forçaram-nos a retornar à Groenlândia.
14. Os vikings tinham alfabeto e uma fabulosa produção poética
Os vikings tinham seu próprio alfabeto baseado no alfabeto rúnico, conhecido como futhark, um sistema de escrita usada por tribos germânicas desde pelo menos o século II d.C. Na Escandinávia, a escrita foi simplificada no final do século VIII reduzindo de 24 para 16 runas passando a ser chamada, então, de futhark younger (mais novo).
Os vikings registraram seus eventos em runas esculpidas na rocha. Muito do que hoje se sabe sobre os vikings decorre de inscrições rúnicas encontradas em rochas em toda Escandinávia, nas ilhas britânicas e em lugares tão distantes quanto o Mar Negro. A escrita rúnica foi decifrada em 1865 pelo estudioso norueguês Sophus Bugge.

Pedra de Jelling, pedra rúnica erigida por Haroldo Dente-Azul por volta de 965, em Jelling, na Dinamarca. Formando par com outra menor, foi declarada patrimônio da humanidade pela Unesco, em 1994.
As runas destinavam-se a inscrições em madeira ou pedra e adequadas para registros simples, de nomes de governantes, locais, feitos e fatos. Somente no século XI, os escandinavos adotaram formas mais fáceis de escrever e puderam, então, registrar as histórias de seus ancestrais, deuses, mitos e sagas lendárias que, até então, estava sob a forma de poesia oral.
A presença viking está no vocabulário inglês onde diversas palavras são de origem nórdica, como, por exemplo, husband (“marido”), sister (“irmã”), knife (“faca”), egg (“ovo”), steak (carne assada). O dia da semana Thursday (“quinta-feira”), significa “dia de Thor”, nome de um dos mais conhecidos deuses vikings.
Fonte
- VELASCO, Manuel. Breve história dos vikings. Rio de Janeiro: Versal, 2013.
- LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015.
- LANGER, Johnni. Guerreiras na Era Viking? Roda da Fortuna, revista eletrônica de Antiguidade e Medievo, v. 1, n. 1, 2012.
- Núcleo de Estudos Vikings e escandinavos (NEVE).
- Bibliografia sobre os vikings em línguas neo-latinas. Obras indicadas pelo prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE/VIVARIUM).
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[…] e muitos com fotografias servindo de provas visuais incontestáveis. Mencionam-se também os vikings, mas os fenícios são mais surpreendentes dada a antiguidade desse […]
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