O curta metragem alemão A Roda (Das Rad) é uma opção interessante para trabalhar a noção de tempo com os alunos mais novos. A passagem do tempo é mostrada a partir de um mesmo ponto de vista por personagens incomuns: dois montes de rochas animados. É a natureza observando as mudanças que ocorrem à sua volta: crescem plantas e caem árvores. As nuvens ao fundo dão a impressão da passagem do tempo, um tempo geológico.
As rochas, porém, não estão sozinhas: há homens e sua ação provoca mudanças no espaço, mudanças que ocorrem em diferentes durações, ora lentas ora rápidas – é o tempo histórico. O tempo se acelera a partir da invenção da roda.
O vídeo deixa, ao final, uma mensagem perturbadora: a humanidade com toda sua genialidade e criações não é eterna. Ela pode desaparecer, enquanto a natureza se renova e se multiplica. Este desfecho exige um debate em sala de aula para não passar a ideia de que a natureza é indestrutível ou inacabável. O professor pode, por exemplo, explorar a ideia de temporalidade das sociedades humanas: culturas se formam, desenvolvem, desaparecem, modificam-se ou se fundem a outras.
Das Rad, de apenas 8 minutos, foi escrito e dirigido por Chris Stenner, Arvid Uibel e Wittlinger Heidi. Concorreu ao Oscar de 2003, na categoria Curta de Animação. Recebeu vários prêmios em outros festivais.
Assista ao curta
Sinopse do curta “A roda”
Em uma paisagem rochosa e sob uma árvore seca, dois montes de pedras – Kew e Maurin – conversam. Um deles está incomodado com o musgo que teima crescer em suas costas e ombros.
Abaixo deles, na paisagem ao fundo, acontecem mudanças: árvores são derrubadas e casas construídas (“pilhas de madeira”). Um dos personagens pergunta: “O que eles estão fazendo ali embaixo, de novo?” – indicando que se tratam de seres humanos que, novamente, estão interferindo no meio natural.
Na sequencia seguinte, Kew, o monte de pedras menor, brinca com uma roda de pedra. Um homem se aproxima e fica intrigado com o formato da pedra. Toca nela mas não a leva consigo. Kew e Maurin ficam estáticos. Enquanto isso, a paisagem ao fundo continua mudando por ação humana.
A paisagem próxima a eles também muda: surge uma estrada de terra. Eis que chega um homem puxando uma carroça que, ao passar por uma pedra, quebra a roda de madeira. Kew e Maurin ficam estáticos observando o homem que substitui a roda quebrada por outra.
O homem vai embora e começam acontecer mudanças rápidas. A estrada de terra vira rodovia asfaltada e sinalizada. Em um painel, passam rápidos anúncios mostrando novidades tecnológicas. Surgem edifícios cada vez mais altos e uma gigantesca ponte de concreto.
Kew e Maurin continuam observando tudo. O progresso urbano chegou muito próximo. Mas ambos continuam iguais, nada mudou para eles.
No painel, aparece um cartaz onde está escrito Built to last (“Construído para durar”). Kew e Maurin olham intrigados para o cartaz, mas ele apodrece e cai. Uma nuvem escura passa pelos edifícios e eles caem, nada restando no local
O musgo continua crescendo e cobrindo toda paisagem. Kew e Maurin continuam no mesmo local, sem nenhuma mudança, apenas o musgo que continua a crescer e a incomodá-los.
Trabalhando em sala de aula
O vídeo desperta os alunos a refletirem sobre a noção de tempo: de que tempo estamos falando? Da formação da terra e da natureza ou da ação humana no meio natural? Esses tempos têm a mesma duração?
Traz, também, a reflexão sobre permanências e mudanças, no tempo geológico e no tempo histórico.
Algumas questões podem estimular o debate em sala de aula:
- A quem a rocha se referia quando perguntou: “O que eles estão fazendo ali embaixo, de novo?”
- O que significaria o musgo que vive crescendo na pedra?
- Quantas ou quais mudanças ocorreram próximo às rochas?
- Enquanto essas mudanças aconteciam, as rochas também mudaram?
- O vídeo se chama “A roda”. Que mudanças aconteceram depois que ela apareceu?
- Quem inventou a roda: a natureza ou os homens? (A pergunta é provocativa. Espera-se que os alunos percebam que essa invenção foi possível a partir da observação de formas circulares na natureza).
- Quanto tempo você acha que se passou entre a construção das primeiras casas e os prédios? (Os alunos mais novos costumam responder com expressões: “muito”, “bastante”, “muito, muito”. Mesmo sem usar uma medida de tempo, é importante estabelecer uma escala de tempo que permita aos alunos perceberem diferentes durações e que as mudanças foram mais rápidas depois da invenção da roda.)
- Que mensagem final do filme nos transmite?
- Na sua cidade já aconteceu de um local ou construção desaparecer ou ser destruído? O que aconteceu depois disso?
- Na sua opinião, como deve ser o convívio entre o homem e a natureza?
- Além da roda, que outras invenções você considera importante para a história da humanidade?
Muito interessante! Possível usar o curta para pensar uma série de questões, como tempo histórico X geológico; domínio da natureza pelo homem e evolução tecnológica; desastres ambientais, e a finitude da espécie. Obrigada pela dica!
Bom trabalho! Abr.
Adorei! Será que o fato de ser legendado exclui a possibilidade de se trabalhar o vídeo no sexto ano?
Acredito que não. A legenda orienta a percepção do aluno para o que está acontecendo. Bom trabalho!
[…] A roda (Das Rad) Uma animação alemã de 8 minutos, premiada em festivais de curta-metragem, que permite trabalhar a noção de tempo histórico e tempo geológico. O artigo traz o link do filme e sugestões de perguntas para o debate em sala de aula. […]