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Barão de Guaraciaba: rico, fazendeiro de café e negro

17 de setembro de 2015

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O mineiro Francisco Paulo de Almeida, Barão de Guaraciaba acumulou um enorme patrimônio em fazendas no Vale do Paraíba fluminense, bancos em Minas Gerais e palacetes na Corte. Um detalhe o distinguia entre os barões de café: ele era negro, como informam algumas fontes.

A família de Francisco Paulo

Francisco Paulo de Almeida, Barão de Guaraciaba (1826-1901)

Filho primogênito de Antônio José de Almeida e de sua primeira esposa, Galdina Alberta do Espírito Santo, Francisco Paulo de Almeida nasceu em Lagoa Dourada, freguesia de São João del Rey, Minas Gerais, a 10 de janeiro de 1826 e faleceu no Rio de Janeiro a 9 de fevereiro de 1901, aos 75 anos de idade.

Filho de pai branco e mãe preta, Francisco Paulo de Almeida pertencia a uma família numerosa. Seu pai, ao falecer, em 1875, deixou vinte filhos do primeiro casamento e mais onze com a segunda esposa, além de dois filhos extraconjugais com dona Maria Lima de Jesus.

O pai pertencera a duas irmandades: de São João Evangelista e de Nossa Senhora das Mercês. Mas desconhece-se sua profissão: se agricultor, artesão, tropeiro, comerciante, minerador ou outra atividade.

Primeiros anos

Francisco começou a trabalhar cedo, como ourives, especializado na confecção de abotoaduras de ouro e botões de colarinho.

A filiação nas irmandades lhe possibilitou o aprendizado do violino e a autorização a tocar nos velórios – atividade que complementava seus ganhos.

A família de Francisco Paulo de Almeida talvez se parecesse com essa família fotografada em 1870 por Militão Augusto de Azevedo.

Aos 16 anos, recebeu como parte da partilha de bens de sua mãe cerca de 257 mil réis. Cinco anos depois, por ocasião do falecimento da avó, foi-lhe concedido 99 mil réis. Considerando que esses valores eram parte da divisão entre numerosos herdeiros, pode-se supor que a família do barão  Francisco tinha um bom nível econômico.

Por essa época, Francisco trabalhava como tropeiro, viajando de Minas Gerais pela estrada geral que passava por Valença, Rio de Janeiro.

Casou tarde, por volta de 1860, aos 34 anos, com Brasília Eugenia da Silva Almeida, mulher branca, com quem teve dezenove filhos. Neste ano comprou sua primeira fazenda no Arraial de São Sebastião do Rio Bonito. Começava sua ascensão como próspero cafeicultor no no Vale do Paraíba fluminense.

Os negócios

Em poucos anos, o barão Francisco Paulo de Almeida comprou outras fazendas de café: Veneza, Santa Fé, Três Barras, Santa Clara e Piracema. Por último, em 1897, já na República, adquiriu a fazenda Pocinho, entre os municípios de Vassouras e Barra do Piraí.

Fazenda Veneza-2

Fazenda Veneza, em Conservatória, RJ que pertenceu a Francisco Paulo de Almeida, Barão de Guaraciaba.

Suas fazendas estendiam-se pelo Vale do Paraíba fluminense somando um vasto território de 250 km2, centenas escravos e uma fortuna de quase 700 mil contos de réis, patrimônio de um bilionário.  Só a fazenda Veneza, em Conservatória, possuía 400 mil pés de café.

As sedes de suas fazendas eram belíssimas e ele vivia no extremo luxo. Na corte, possuía um espaçoso sobrado na Tijuca (rua Moura Brito). Em Petrópolis, cidade de veraneio da nobreza imperial brasileira, era proprietário do célebre Palácio Amarelo, no centro da cidade. O palacete foi adquirido, em 1894, pelo governo para servir de sede da Câmara Municipal.

O magnífico Palácio Amarelo, em Petrópolis, RJ, pertenceu a Francisco Paulo de Almeida, Barão de Guaraciaba. Em 1894, o palacete foi adquirido pelo governo para servir de sede à Câmara Municipal.

Homem talentoso para lidar com as finanças, o barão Francisco tinha investimentos diversificados.  Em 1870, dedicou-se ao negócio de importação e exportação, com escritório situado na antiga Rua de Bragança, 31, na Corte. Participou da construção da Estrada de Ferro de Santa Isabel do Rio Preto, cujos trilhos atravessavam sua fazenda Veneza e assistiu sua inauguração ao lado de D. Pedro II, em 1883.

Aplicava em ações e foi sócio fundador do Banco Territorial de Minas Gerais e do Banco Crédito Real de Minas Gerais.

A diversificação dos negócios evitou que Francisco perdesse sua fortuna com o declínio do café do Vale que levou à ruína os barões de café.

O título de Barão de Guaraciaba

Em 16 de setembro de 1887, Francisco Paulo de Almeida foi agraciado pelo título nobiliárquico de Barão de Guaraciaba. Segundo o decreto, assinado pela Princesa Isabel, regente do trono na ausência do imperador, o título fora-lhe concedido por “merecimento e dignidade” pela beneficência em favor da Santa Casa de Misericórdia de Valença, Rio de Janeiro, em que foi provedor no biênio 1882-1884.

Foi o primeiro e único barão negro do império.

Na hierarquia nobiliárquica, “barão” era o primeiro título de nobreza, seguido por visconde, conde, marquês e duque, sendo este último o de maior importância. Era uma prerrogativa do monarca eleger quem ostentaria essas distinções. Não havia uma regra clara para a concessão, justificada, em geral, por “serviços prestados ao Estado”.

Segundo Schwarcz, ao final do Império, a nobreza brasileira possuía 316 barões, 54 viscondes, 10 condes e nenhum duque. Duque de Caxias, o único duque em todo o período imperial, falecera em 1880.

O nome Guaraciaba, palavra de origem tupi que significa “lugar do sol” (junção de kûarasy, sol, e aba, lugar) seguia a voga indianista presente na pintura acadêmica e nos romances brasileiros da época. Dar nomes indígenas aos títulos de nobreza conferia um caráter tropical e exótico à corte imperial.

O barão e o escravismo

Francisco Paulo de Almeida iniciou sua trajetória em uma época em que o fluxo de africanos escravizados foi mais vigoroso. A partir de 1850, com o fim do tráfico negreiro, a reposição da força de trabalho ocorreria por meio do tráfico interno.

Como seria a relação de Francisco com a nobreza da Corte? E com a oligarquia cafeeira? Sabe-se que ele desfrutou da amizade da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. Mas o título de barão só lhe foi concedido ao final de sua vida. Por essa época, viajava frequentemente à Europa, permanecendo por longo tempo em Paris onde seus filhos estudavam.

Como grande fazendeiro, homem de negócios e aristocrata Francisco certamente acompanhou todos embates sobre questão da mão de obra: o fim definitivo do tráfico (1850), a Lei de Terras (1850), a introdução de mão de obra livre imigrante nas fazendas de café, a Lei do Ventre Livre (1871), do Sexagenário (1885) e a abolição (1888).

Embora fosse mulato (ou negro, segundo algumas fontes), o barão Francisco estava longe de ser um abolicionista. Na abolição de maio de 1888, ele tinha cerca de 200 escravos na sua fazenda Veneza, em Conservatória.

“Mesmo com a abolição, a maioria [dos escravos] continuou trabalhando para o barão, e alguns foram incluídos no testamento — caso de Isabelinha, que trabalhava na sede da fazenda e ganhou, na divisão da herança, o mesmo valor em dinheiro que os filhos homens: quase 2.000 contos de réis.” (Ferreira, 2009).

Presença mestiça no Brasil oitocentista

À época que o barão Francisco nasceu, o Brasil possuía uma considerável população livre negra ou mestiça quase na mesma proporção de brancos. Aponta Marquese:

“Em que pesem as variações de capitania a capitania (no extremo norte e no extremo sul, por exemplo, havia predomínio indígena) e as imprecisões dos dados demográficos disponíveis, a população colonial brasileira no início do século XIX guardava as seguintes proporções: 28% de brancos, 27,8% de negros e mulatos livres, 38,5% de negros e mulatos escravizados, 5,7% de índios.” (Marquese, 2006).

Boa parte dos negros e mulatos escravizados nascidos no Brasil acabava em uma ou duas gerações obtendo a liberdade. O sistema escravista tinha como maior fonte de abastecimento o próprio tráfico que, anualmente, despejava milhares de africanos escravizados nos portos brasileiros.

O grande anseio econômico e social de negros e mulatos libertos e livres era adquirir escravos, isto é, tornar-se senhor. A equação – alforria aos escravos “brasileiros”, integração dos livres e libertos à sociedade escravista e introdução de massas de africanos escravizados – gerou a complexa dinâmica que perpetuou a escravidão no Brasil. E ainda:

“O comprometimento social dos crioulos e mulatos — sobretudo quando livres e libertos — com a instituição da escravidão, e não apenas o comprometimento dos senhores brancos, foi o elemento decisivo que garantiu a segurança do sistema escravista brasileiro.” (Marquese, 2006).

Ser livre e liberto no Brasil imperial

Casal escravo alforriado, 1883, foto de Militão Augusto de Azevedo.

A Constituição de 1824 considerava negros e mulatos libertos, desde que nascidos no Brasil, cidadãos brasileiros (artigo 6, parágrafo 1). Ficavam de fora do corpo social e político apenas os libertos estrangeiros (isto é, africanos). Mas a cidadania plena só era dada aquele que tivesse nascido “ingênuo”, isto é, livre, e não escravo.

A presença de negros e mulatos livres e libertos na sociedade brasileira foi destacada pelo político conservador José Carneiro da Silva, futuro visconde de Araruama, em discurso de 1838:

“Tenho visto escravos senhores de escravos, com plantações, criações de gado vacum e cavalar, e finalmente com um pecúlio vasto e rendoso. Tenho visto muitos escravos libertarem-se, tornarem-se grandes proprietários, serem soldados, chegarem a oficiais de patente, e servirem outros empregos públicos que são tão úteis ao Estado.

Quantos e quantos oficiais de ofícios e mesmo de outras ordens mais superiores que, noutro tempo, foram escravos e hoje vivem com suas famílias, cooperando para o bem do Estado nas obras e empregos em que são ocupados, aumentando a população e o esplendor da nação, que os tem naturalizado! (citado por Marquese, 2006).

A marca da escravidão

Isso não quer dizer que todos livres e libertos tivessem prosperado e vivessem em situação de igualdade com os brancos.  Ao contrário, era enorme o contingente de negros e mulatos livres e libertos pobres, vivendo miseravelmente e que continuavam confrontados com a marca da escravidão – a cor de sua pele.

Como lembra Hebe Mattos:

“Na verdade, os riscos de reescravização ou escravização ilegal eram constantes para qualquer um que se afastasse destas redes de reconhecimento e proteção, ainda mais em tempo de generalização do tráfico interno de cativos [a partir de 1850], em substituição ao recém-extinto tráfico transatlântico.” (Hebe Mattos, 2009).

Conclusão

É nesse contexto histórico que se deve compreender as origens familiares e sociais do barão Francisco Paulo de Almeida, o Barão de Guaraciaba bem como sua trajetória. Filho de pai branco e mãe negra (livre ou liberta?), ele nasceu livre. Mas carregava consigo a marca da escravidão e, possivelmente, também seus filhos.

Interessante pensar como o barão interpretava a atuação abolicionista de Luís Gama, José do Patrocínio e André Rebouças – mulatos como ele. E como teria reagido frente à abolição da escravidão. Ficou ao lado dos fazendeiros escravistas e contra o governo imperial que, meses antes lhe concedera o título de barão?

Célebres abolicionistas do Brasil escravocrata do século XIX.

Hoje, os numerosos descendentes do barão Francisco Paulo de Almeida (parte dos quais adotou o sobrenome Guaraciaba), espalhados por cidades de Minas Gerais e Rio de Janeiro, não se parecem em nada com o ancestral ilustre. São brancos e alguns de olhos claros como sua tataraneta Mônica de Souza Destro que mora em Juiz de Fora. É ela que guarda toda documentação da história do barão negro.

Fonte

  • MARQUESE, Rafael de Bivar. A dinâmica da escravidão no Brasil. Resistência, tráfico negreiro e alforrias, éculos XVII e XIX. CEBRAP, Novos Estudos, n.74, São Paulo, março 2006.
  • FERREIRA, Carlos Alberto Dias. Francisco Paulo de Almeida, Barão de Guaraciaba: inserção de um negro nas atividades econômicas, sociais e políticas do Brasil no século XIX. ANPUH, XXV Simpósio Nacional de História, Fortaleza, 2009.
  • SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
  • MATTOS, Hebe. Raça e cidadania no crepúsculo da modernidade escravista no Brasil. In: GRINBERG, Keila e SALLES, Ricardo (orgs.). O Brasil Imperial, v. III: 1870-1889. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
  • ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. Formação do Brasil no Atlântico Sul, séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

 

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Guilherme Curty
Guilherme Curty
7 anos atrás

A pergunta: “Ficou ao lado dos fazendeiros escravistas e contra o governo imperial que, meses antes lhe concedera o título de barão?” Me parece um pouco errônea. Contra o parlamento e a maioria dos políticos (também senhores) e fazendeiros eu concordo, mas contra o império não faz sentido. O poder do monarca no Brasil era moderador e reduzido. Também o império sempre teve uma postura abolicionista. A própria Isabel mantinha reuniões de abolicionistas dentro do palácio. Seu avô D. Pedro I já teria afirmado muitos anos antes que entre o seu sangue e o de um negro não havia diferença.… Read more »

Joelza Ester
Joelza Ester
7 anos atrás

De fato, Guilherme, a família imperial era favorável à abolição, mas não o governo imperial que protelou o quanto pode a abolição aprovando leis paliativas, – Ventre Livre e Sexagenários. Os fazendeiros escravistas (que, no final do XIX já não constituíam a maioria, mas ainda eram politicamente fortes) confiavam que o governo não prejudicaria seus negócios. À medida que a campanha abolicionista tomou corpo, esses fazendeiros passaram a defender a “abolição com indenização” (o que poderia até ser um negócio interessante para os cafeicultores do Vale do Paraíba, arruinados com a erosão das terras). Quando a Lei Áurea foi assinada… Read more »

Gustavo Costa de Oliveira
Gustavo Costa de Oliveira
5 anos atrás

não a toa ainda há várias marcas disso na cultura, as escolas de samba, por exemplo imperatriz disso e daquilo, império isso e aquilo

Claudio Santiago Scherrer
Claudio Santiago Scherrer
5 anos atrás

Concordo plenamente com tudo que vc escreveu.
Esta república de ladrões foi a desgraça do nosso país.
Viva D. Pedro II.
Viva a monarquia parlamentarista.

ISAIAS PASCOAL
ISAIAS PASCOAL
6 anos atrás

Quero elogiar o artigo. Claro, didático e evidencia algo que comumente esquecemos: a sociedade escravista era muito mais complexa do que se supõe.

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