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Tesouros arqueológicos em meio aos destroços de 11 de setembro

11 de setembro de 2021

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BNCC

Há vinte anos, em 11 de setembro de 2001, o mundo assistiu estarrecido os atentados à Nova York e Washington feitos por quatro aviões comerciais tomados por extremistas muçulmanos. Em meio às 3000 vítimas e aos destroços das torres gêmeas desapareceram, também, centenas de milhares de artefatos arqueológicos que estavam armazenados na Six Word Trade Center, prédio do governo federal de oito andares que fazia parte do complexo World Trade Center, em Nova York.

Um fato curioso é que os artefatos pertenciam ao projeto “New York African Burial Ground” que, desde 1991, recolhia e estudava vestígios que abrangiam quatro séculos de história de Nova York.

Ruínas do Six Word Trade Center, prédio do governo federal de oito andares que fazia parte do complexo World Trade Center, em Nova York após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Duas descobertas arqueológicas

A coleção arqueológica do projeto “New York African Burial Ground” foi iniciada com a descoberta de um cemitério de escravos africanos durante a construção de um prédio do governo federal.

Os achados do cemitério escravo foram analisados no laboratório instalado na Six Word Trade Center. Após documentação e análise, os artefatos, amostras de solo e fragmentos de caixões foram encaixotados e armazenados no porão do prédio. Os restos mortais foram enviados para a Howard University em Washington DC para análises posteriores.

Em 1991, o mesmo ano em que o cemitério foi descoberto no canteiro de obras, outra descoberta arqueológica ocorreu próximo dali durante a construção do estacionamento de um tribunal federal.  Eram os restos do ‘Five Points’, o bairro pobre e densamente povoado de Manhattan do século XIX, chamado de “ninho de víboras” pela imprensa e pela elite empresarial nova iorquina.

‘Five Points’: o bairro pobre da pujante Nova York de 1850

‘Five Points’ em pintura de George Catlin, 1827, Metropolitan Museum, Nova York.

Rua do ‘Five Points’, fotografia de Jacob Riis, c. 1896.

No imaginário popular, ‘Five Points’ era o antro da criminalidade, da bandidagem, da prostituição e das doenças. Seus moradores, em boa parte afrodescendentes, imigrantes irlandeses e alemães, carregavam o estigma de pessoas violentas, perigosas e desprezíveis. A má reputação do bairro foi usada pelos conservadores para reforçar a campanha contra a imigração. Mais recentemente, serviu de inspiração para o filme de Gangs of New York (2002) de Martin Scorsese, cujo enredo acontece em ‘Five Points’ nas décadas de 1840 e 1860.

As escavações arqueológicas no malfadado ‘Five Points’ renderam mais de 850.000 artefatos coletados nos restos de 14 propriedades diversas, como residências, pequenas lojas, casa de um rabino e um bordel. Eram objetos do cotidiano: garrafas de refrigerantes, jogos de chá, dedal, tinteiros, pentes e enfeites de cabelo, retalhos de tecidos do comércio local, brinquedos, material escolar, utensílios domésticos, roupas etc.

Os objetos mostraram uma vida muito diferentes daquela apresentada nos jornais do século XIX. Ali viviam famílias de trabalhadores tentando sair da pobreza, que frequentavam a igreja e tinham filhos estudando na escola.

A arqueologia ajudou a desmascarar preconceitos criados por quem não morava no local. O bairro dsprezado da pujante Nova York não era tão pobre quanto se pensava anteriormente. Seus moradores ganhavam o suficiente para atender às suas necessidades básicas de alimentação e moradia.

Depois de cinco anos limpando, analisando e documentando os artefatos, os arqueólogos empacotaram centenas de milhares de artefatos do ‘Five Points’ no porão do Six World Trade. Pretendiam apresentá-los ao público em uma futura exposição permanente no Seaport Museum na orla marítima de Manhattan.

Mercado hortifruti em ‘Five Points’, foto colorizada, c. 1900.

História desaparecida

Na manhã de 11 de setembro de 2001, os destroços da Torre Norte invadiram a Six World Trade deixando uma cratera fumegante no prédio de oito andares. Em poucas horas, as centenas de milhares de objetos históricos desapareceram, incluindo os arquivos de Helen Keller, os registros da alfândega de Nova York e Nova Jersey, além das obras de Picasso e Rodin que enfeitavam as paredes das espaçosas salas de poderosos empresários que ali tinham seus escritórios.

Um mês depois, no início de novembro de 2001, foram iniciados os trabalhos de limpeza nas ruínas do Six World Trade buscando salvar o que restou. Foi recuperada a coleção quase completa de artefatos do cemitério africano, armazenada em cerca de cem caixas. Outras 200 caixas da coleção ‘Five Points’ foram encontradas, mas elas continham apenas registros em papel de cada artefato. Os próprios objetos haviam sido destruídos.

Dos 850.000 artefatos que compunham a coleção, restaram 18 objetos que haviam sido emprestados para uma exposição sobre a história dos irlandeses em Nova York. Entre eles estavam algumas bolinhas de gude, cachimbos esculpidos e uma xícara de chá pintada com a imagem de Theobald Matthew, um padre irlandês famoso em sua época e que esteve nos Estados Unido entre 1849 e 1851 quando ocorria a campanha abolicionista. Famoso por defender a temperança (moderação), o padre Matthew, contudo, foi reticente quanto ao abolicionismo. Defendeu sua posição apontando que não havia nada nas escrituras que proibisse a escravidão.

Bolinhas de gude, dois cachimbos e uma xícara de porcelana – entre os poucos artefatos que restaram dos 850.000 descobertos em ‘Five Points’.

A arqueologia do presente para o futuro

Os artefatos da ‘Five Points’, sobreviventes ao 11 de setembro, estão hoje no Museu da Cidade de Nova York na exposição permanente sobre a diversidade social da cidade construída por diferentes povos.

A destruição causada pelos atentados de 2001, por sua vez, gerou uma nova coleção de artefatos – os restos de edifícios considerados ícones do capitalismo estadunidense. Os arqueólogos se viram, então, diante de uma nova situação para avaliar: decidir o quê conservar para que o futuro conheça o presente quando ele for passado. Quais objetos físicos salvar dos destroços do Trade Center? O que é significativo para as gerações futuras estudarem, aprenderem e reavaliarem? Que artefatos melhor contam a história de uma época e dos indivíduos que morreram de forma tão repentina?

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