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Templo pagão, necrópole e circo: a história da Basílica de São Pedro

9 de julho de 2024

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A magnífica Basílica de São Pedro, no Vaticano é uma das obras arquitetônicas renascentistas mais admirada e visitada do mundo. Construída durante o pontificado do papa Júlio II (1503 a 1513), a basílica contou com os maiores arquitetos e artistas da época, entre eles, Bramante, Bernini, Rafael e Michelangelo.

Mas a basílica que hoje conhecemos não foi construída sobre um terreno vazio. Ao contrário, debaixo dela tem centenas de anos de ocupação que remontam ao primeiro século do Império Romano.

 A Colina do Vaticano

O nome Vaticano onde hoje se localiza o estado do Vaticano e a Basílica de São Pedro, deriva de Mons Vaticanus ou Collis Vaticanus, o nome em latim da colina localizada na margem direita do rio Tibre. A colina do Vaticano não estava incluída nas tradicionais sete colinas de Roma sobre as quais a cidade de Roma foi fundada no século VIII a.C.

Mapa das colinas de Roma. A colina do Vaticano está no alto à esquerda.

Já a origem da palavra Vaticano é controversa. Para alguns autores latinos antigos, o nome deriva de uma antiga divindade romana, o deus Vaticanus ou Vagitanus responsável por conceder às crianças sua capacidade de falar, um dom evidenciado por seu primeiro choro ao nascer (vagido, vagitus em latim).

Outros escritores romanos antigos como Plínio, o Velho (século I d.C.) e Sexto Pompeu Festo (século II d.C.) lembram que a região foi um ponto de encontro de adivinhos etruscos e que ali havia uma azinheira à qual foram atribuídos poderes mágicos e em cujo tronco foi afixada uma placa de bronze com algumas letras etruscas.

No século I a.C., ali existiu um santuário-gruta para o culto de Cibele, deusa da fertilidade, da natureza e da agricultura, e cujo sacerdote fazia vaticínios, vaticinium, em latim, “previsão”, “profecia” – palavra que sugere uma relação com o nome Vaticano.

É possível que tal santuário-gruta estivesse localizado sob a atual Basílica de São Pedro, porque quando esta igreja foi ampliada em 1608, uma série de altares lindamente trabalhados dos cultos de Cibele emergiram da terra, que agora pode ser visto no Museu do Vaticano.

A necrópole Vaticana

No século I d.C, instalou-se na encosta sul da colina do Vaticano uma grande necrópole. Era utilizada, em grande parte, por gregos libertos que tinham feito fortuna e que compravam um túmulo para si e suas famílias.

A partir do segundo século, aumentou o número de sepultamentos em substituição à cremação típica dos costumes funerários romanos. É possível que essa mudança se relacione com a crescente presença de cristãos na cidade os quais rejeitavam a cremação por considerá-la uma prática essencialmente pagã.

No ano 138, as cinzas do imperador Adriano foram depositadas no mausoléu mandado construir por ele no sopé da colina do Vaticano (atual Castelo de Santo Ângelo), provavelmente para dar um bom exemplo aos cidadãos romanos na escolha de locais para sepultar seus falecidos distantes do centro de Roma.

O Circo de Nero ou de Calígula

Foi também na encosta sul da colina do Vaticano, fora do que era então as muralhas da cidade, que o imperador Calígula  (37-41 d.C.)  mandou construir um circo. A obra foi terminada pelo imperador seguinte, Cláudio (41-54 d.C.), mas só foi plenamente utilizada por Nero (54-68 d.C.). Daí o circo ser chamado por dois nomes: Circo de Calígula e Circo de Nero.

O circo romano era um amplo espaço aberto, na forma de um retângulo alongado com um dos cantos arredondados onde se realizavam as corridas de bigas (puxadas por dois cavalos) e quadrigas (puxadas por quatro cavalos). Em Roma antiga não existiam corridas de cavalos montados. Os cavalos eram atrelados a um carro aberto de duas rodas conduzido por um cocheiro.

O circo era rodeado de arquibancadas onde se acomodava o público tendo ao centro uma mureta, a spina (‘espinha”) separando os dois lados da pista. Calígula mandou vir de Heliópolis, Egito, um obelisco de 327 toneladas que foi colocado no meio da spina. Hoje, o obelisco egípcio está no centro da praça de São Pedro.

O circo romano e suas instalações.

Corrida de bigas, relevo em mármore, arte romana, século III d.C.

Durante seu reinado, Nero usou o circo de Calígula como um parque de diversões particular. Ali ele conduzia sua biga correndo freneticamente em círculos exibindo-se para uma plateia obrigada a aplaudir e aclamá-lo como grande vencedor.

O circo também serviu a Nero de local para realizar o macabro espetáculo público de execução de cristãos.

 A execução dos cristãos no Circo de Nero

Nero acusou os cristãos de culpados pelo grande incêndio de Roma, em 64 d.C. Durante seis dias e seis noites, a capital imperial ardeu nas chamas e ficou destruída em grande parte.

Nero condenou 200 a 300 cristãos (a comunidade cristã de Roma reunia cerca de 3 mil membros) a penas máximas: a maior parte dos condenados foi queimada viva depois de ter as vestes embebidas em material inflamável, outros foram crucificados (os escravos e os estrangeiros), outros ainda lançados para serem devorados por cães ou lobos selvagens.

Entre os mortos estava Pedro, o apóstolo de Jesus que, àquela altura, liderava a igreja cristã embrionária em Roma, sendo seu primeiro bispo. Pedro foi preso e martirizado em Roma, aos 67 anos de idade. Segundo a tradição cristã, ele foi crucificado de cabeça para baixo por seu próprio pedido.

O túmulo do apóstolo Pedro

Pedro como outros cristãos executados foram enterrados na necrópole Vaticana, vizinha ao Circo de Nero. O seu túmulo foi inicialmente marcado apenas com uma pedra vermelha, símbolo do seu nome (Petrus em latim, significa “pedra”). Alguns anos mais tarde, foi construído um santuário nesse local.

É difícil confirmar se os restos mortais indicados com a pedra vermelha eram, de fato, do apóstolo, assim como se o santuário estava sobre o seu túmulo.

O testemunho mais antigo que atesta o sepultamento de Pedro no Vaticano são as palavras de Caio, um cristão romano do século III, e relatada por Eusébio de Cesareia, biógrafo e conselheiro de Constantino. Ele afirma que: “…. Posso mostrar-lhe os troféus (ou seja, os túmulos) dos apóstolos. Se você quiser ir ao Vaticano ou ao caminho de Óstia, encontrará os troféus dos que fundaram esta Igreja.” (Eusébio de Cesareia, II, 25-7).

Nos anos seguintes após a morte de Nero, a necrópole Vaticana expandiu-se recebendo mais túmulos. O Circo de Nero foi transformado em um jardim público pelo imperador Vespasiano (69-79) e depois dele acabou sendo abandonado, dilapidado e tomado pelo mato.

O Vaticano ao longo dos séculos em uma imagem digitalizada.

A primeira Basílica de São Pedro

Foi com imperador Constantino (reinado 306-337) que a colina do Vaticano e a necrópole receberam atenção do governo imperial. Constantino decidiu erguer uma igreja em homenagem ao apóstolo Pedro sobre seu suposto túmulo. Ele estava convencido de que os restos mortais do apóstolo Pedro estavam enterrados ali.

A necrópole ainda estava em uso e a lei romana determinava que os túmulos e necrópoles eram invioláveis. A profanação de um cemitério romano (violatio sepulchri) era uma ofensa criminal com penalidades severas.

Constantino, porém, não respeitou a lei nem a tradição: entre 326 e 333 ele mandou destruir túmulos e construir, sobre seus escombros, a igreja que pretendia. Afrontar a lei e a opinião pública dessa maneira flagrante é uma indicação do auge do poder que o imperador havia alcançado.

O imperador estava determinado a erguer a parte mais central e sagrada de sua igreja bem acima do local de descanso do apóstolo. Para conseguir espaço plano suficiente, ele ordenou que parte da necrópole fosse preenchida de terra e detritos e depois nivelada, preservando apenas o túmulo do apóstolo

O santuário deu lugar, então, à primeira Basílica de São Pedro. Desta basílica nada restou, porém, através de descobertas arqueológicas, descrições de peregrinos e desenhos antigos pode-se saber que ela seguia o modelo da basílica cívica romana, o tribunal de Justiça.

A arquitetura cristã primitiva

A igreja cristã não seguiu a arquitetura do templo romano, pois ela tinha uma função diferente: devia ser um local de reunião dos fiéis e celebração de cultos.

O templo pagão era apenas a morada do deus. Não precisava de grandes espaços interiores, pois os fiéis não entravam no templo, que era contemplado e admirado e não utilizado pelo fiel. Os sacrifícios se faziam num altar situado no pátio externo fronteiro. A maior beleza do templo estava, portanto, no exterior.

O templo cristão, ao contrário, destina-se a reunir grandes assembleias de crentes em seu interior. Por isso, o interior receberá mais decoração contribuindo para criar a atmosfera mística.

A basílica romana – edifício destinado a tribunal de Justiça – adequava-se às necessidades da igreja cristã. Era um amplo salão retangular, dividido em nave central e naves laterais. O espaço interior foi adaptado para servir de igreja. O trono do juiz chefe foi transformado no trono do bispo. Os bancos dos juízes assistentes tornaram-se os dos presbíteros. A cancela, uma pequena grade que separava as partes e as testemunhas na basílica romana, passou a separar as irmandades religiosas dos fiéis. O altar da deusa Minerva deu lugar ao altar do Deus cristão.

A Basílica de São Pedro tornou-se o local de peregrinação para a veneração do santo apóstolo. Com prestígio cada vez maior, a igreja foi sendo ricamente decorada com estátuas, móveis e candelabros elaborados e com mais altares laterais e túmulos de papas e santos.

Outras construções foram erguida na colina, especialmente as chamadas scholae, que ofereciam alojamento, capelas e cemitérios a peregrinos de diversas regiões. Assim, o Vaticano e a Basílica de São Pedro passaram a ser entendidas como a mesma área.

Sob papa Leão IV (pontificado 847-855), grandes fortificações foram construídas em torno de todo local de peregrinação e a colina do Vaticano foi incluída dentro dos limites da cidade de Roma. Os papas, porém, não residiam ali, mas no Palácio de Latrão, no centro de Roma.

O Vaticano só se tornou sede do Papa e administração da Cúria no final do século XIV, quando os papas regressaram do exílio em Avinhão após o cisma (1309-1376).

Em 1505, a Basílica de São Pedro foi foi demolida sob as ordens do Papa Júlio II que decidiu construir uma nova igreja no lugar da antiga. As obras da nova basílica começaram no ano seguinte.

Hoje, os Museus do Vaticano, os Jardins do Vaticano e o Palácio Papal estão localizados na colina. Todo o topo da colina é cercado por muros e forma o território do estado independente da Cidade do Vaticano.

A Cidade do Vaticano possui uma área total de 0,44 km² sendo que metade dessa área é reservada para espaço aberto, incluindo os Jardins do Vaticano.

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