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Os enigmas na pintura “Os embaixadores”, de Hans Holbein, o Jovem.

19 de janeiro de 2017

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BNCC

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O quadro “Os Embaixadores”, de Hans Holbein, uma obra do Renascimento, chama a atenção por suas dimensões (tem 2,07 m x 2,09 m) e pelo naturalismo da pintura que dá a ilusão de tratar-se de objetos reais e não representações, como o veludo dos casacos, o mármore do piso, o pesado tapete turco sobre a mesa e o brocado verde da cortina.

Observando, porém, mais atentamente, outros elementos se destacam como os objetos minuciosamente detalhados. Eles foram colocados ali intencionalmente e guardam mensagens de uma época marcada pela Reforma Religiosa, pela expansão marítima e por uma nova visão de mundo. A tela  é um labirinto de enigmas que desafiam os especialistas na interpretação de cada um deles, a começar pela estranha mancha diagonal na parte inferior da tela. O que ela significa? Como decifrar o código de Holbein?

  • BNCC: 7º ano. Habilidade: EF07HI04
Embaixadores, Holbein, anamorfose, Renascimento

Figura distorcida na parte inferior da tela “Os Embaixadores”, de Hans Holbein, que parece flutuar sobre o rico piso de mármore.

O artista e a época

Hans Holbein, o Jovem (1497-1543) nasceu e foi educado em Augsburgo, um centro de comércio internacional no sul da Alemanha, especialmente receptivo às ideias do Renascimento. Aos dezoito anos fixou-se na Suíça onde se destacou como desenhista e retratista. Por essa época, tinha início, na Alemanha, o confronto de Martinho Lutero com o Papa quando o monge fixou as 95 Teses na catedral de Wittenberg, criticando algumas práticas da Igreja Católica (1517).

Os conflitos se desdobraram na Reforma Protestante que logo atingiu a Suíça com o movimento reformista de João Calvino. Por essa época, Holbein partiu para a França onde ofereceu seus serviços ao rei Francisco I. Dali o artista alemão seguiu para a Inglaterra onde acabou se tornando o pintor da corte de Henrique VIII. Chegou a pintar o retrato de Henrique VIII – obra que, durante décadas, moldou o gosto inglês em matéria de retratos aristocráticos.

Holbein estava em Londres quando irrompeu a crise entre a Coroa inglesa e a Igreja Católica. Diante da recusa do papa ao pedido de divórcio, Henrique VIII decidiu agir por si mesmo: divorciou-se da rainha e casou-se secretamente com Ana Bolena no inverno de 1532. O casamento só foi revelado em 11 de abril de 1533 quando Henrique VIII informou o Conselho Real que Ana Bolena era agora sua esposa e rainha.

Esta data aparece na tela “Os Embaixadores”, como veremos a seguir. A pintura é um verdadeiro quebra-cabeça que encerra um código. Como muitas pinturas do Renascimento, ela contêm mensagens em símbolos e temas. Não é apenas o retrato de dois homens de pé ao lado de uma mesa cheia de objetos aleatórios, mas uma alegoria, um labirinto. Esses objetos foram intencionalmente colocados ali para contar uma história.

Desvendando 15 enigmas de “Os Embaixadores”

1. O quadro, de 1533, mostra dois embaixadores franceses: Jean de Dinteville (à esquerda) e Georges de Selve, bispo de Labaur (à direita). As vestes de tecidos caros e os objetos dispostos na mesa sinalizam a riqueza, status e cultura de ambos. A tapeçaria oriental sobre a mesa, a cortina de brocado verde ao fundo e o piso ricamente ladrilhado eram símbolos de luxo e grandeza. O piso lembra o da Abadia de Westminster, em Londres e o da Capela Sistina, no Vaticano.

Embaixadores, Holbein, Renascimento

“Os Embaixadores”, óleo de Hans Holbein, o Jovem, 1533, 207 cm x 209 cm, Galeria Nacional de Londres.

2. Jean de Dinteville usa um casaco pesado, guarnecido com pele de arminho, sobre uma camisa de seda rosa. No chapéu há um crânio, insígnia pessoal de Dinteville. A corrente de ouro ostenta o símbolo da ordem de São Miguel, condecoração concedida pelo rei de França.

3. Georges de Selve, bispo de Labaur veste um casaco adamascado guarnecido com pele e, na mão direita, segura um par de luvas, símbolo de status naquele tempo.

4. A adaga ou punhal na mão de Dinteville tem gravado “AET. SUAE 29”, uma referência aos 29 anos do nobre francês. O instrumento é uma faca ornamental, não destinada à luta.

5. O livro sobre o qual o bispo se apoia, traz escrito, na beirada, AETAT IS SUAE 25que informa a idade do embaixador, 25 anos.

Embaixadores, Holbein, Renascimento

Detalhe do livro sobre o qual o bispo de Labaur se apoia e onde se pode ler na beirada a frase em latim, AETAT IS SUAE 25” que informa a idade do bispo, 25 anos.

6. Na mesa, próximo ao cotovelo do bispo, tem um relógio de sol poliédrico, que marca a data de 11 de abril de 1533, uma Sexta-Feira Santa, quando foi revelado ao Conselho Real o casamento de Henrique VIII com Ana Bolena, fato que marcou a ruptura com a Igreja Católica.

7. Na parte superior da mesa estão dispostos um grande globo celeste (ou esfera armilar), um relógio de sol cilíndrico e outro poliédrico, um quadrante e um torquetum, aparelho usado para medições astronômicas. As marcas astronômicas nesses instrumentos remetem à data de 11 de abril.

Embaixadores, Holbein, Renascimento

Objetos na parte superior da mesa: 1) globo celeste, 2) relógio de sol cilíndrico, 3) quadrante, 4) relógio de sol poliédrico, 5) livro, 6) torquetum.

8. Na parte inferior da mesa tem um globo terrestre, um livro de aritmética semiaberto por um esquadro, um alaúde, um livro de cânticos, um compasso e quatro flautas que descrevemos abaixo.

9. Os objetos da mesa fazem alusão à Astronomia, Geometria, Aritmética e Música, as quatro disciplinas que compunham o quadrívio ensinado nas universidades após o trívio (gramática, lógica e retórica) dos anos iniciais. As sete matérias constituíam a base do conhecimento e do ensino desde a época medieval.

Embaixadores, Holbein, Renascimento

Objetos na parte inferior da mesa: 1) globo com mapa-múndi, 2) livro de aritmética, 3) esquadro, 4) alaúde, 5) livro de cânticos, 6) compasso, 7) flautas.

10. O globo terrestre está centrado na França, país de origem dos retratados. Pode-se ver, também, a África, a costa atlântica da América e a linha divisória do Tratado de Tordesilhas (1494). A viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães e Sebastião del Cano havia sido concluída poucos anos antes (1522) comprovando, de forma definitiva, a esfericidade da Terra.

11. O livro de Aritmética entreaberto permite ver que é uma obra impressa e em alemão usando, portanto, a nova tecnologia da imprensa. A página traz a palavra “dividir” e três exemplos de divisão – uma referência ao conflito que em breve levaria à ruptura entre a Inglaterra e Roma e à excomunhão de Henrique VIII. Os dois franceses, embaixadores do rei Francisco I na Inglaterra, tinham a difícil missão de impedir a ruptura, no que fracassaram, além de cuidar dos interesses da França.

12. O alaúde, junto com o livro de cânticos e as flautas, representa a música, uma das disciplinas do quadrívio. Tem uma corda quebrada, uma referência à harmonia perdida no seio da Igreja.

Embaixadores, Holbein, Renascimento

Alaúde com corda quebrada, detalhe da tela “Os Embaixadores”, de Hans Holbein, o Jovem.

13. As flautas estão em um estojo que deveria conter cinco flautas; a ausência de uma flauta reforça a mesma ideia da corda rompida do alaúde: a discórdia.

14. O livro de cânticos é um livro luterano e nele se pode ler, à esquerda, o primeiro verso do hino “Veni Sancte Spiritus” e, à direita, uma introdução aos Dez Mandamentos indicando o contraste entre o Evangelho e a Lei, que está diretamente ligado a um dos princípios fundamentais da teologia de Lutero, a salvação pela Fé.

15. Na parte superior da pintura, à esquerda, em uma dobradura da pesada cortina pode-se ver a metade de um crucifixo lembrando que os embaixadores são tementes a Deus, que os orienta em todos os campos da vida. Mas o símbolo cristão, visto só pela metade, pode ser também uma alusão ao movimento reformista que dividiu a Igreja.

Embaixadores, Holbein, renascimento

Detalhe do crucifixo que aparece semi encoberto pela cortina, na parte superior da tela.

Último enigma: o crânio distorcido

A anamorfose do crânio, o elemento mais inusitado da pintura, suscitou muita discussão entre os especialistas. Ele pode ser visto olhando-se de um ponto à direita da tela ou de frente, através de um copo com água. Para alguns, o crânio enfatiza a transitoriedade da vida, especialmente da vaidade e da riqueza lembrando que a morte iguala a todos, sejam ricos ou pobres, poderosos ou humildes. Outros afirmam tratar-se de uma espécie de assinatura do pintor, pois Holbein, em alemão significa “osso oco”.

Hans Holbein - "Os Embaixadores"

Observada de um ângulo superior direito do quadro, a representação anamórfica revela a caveira.

"Os Embaixadores"

A caveira também pode ser vista de frente, através de um copo com água.

Para ver detalhes da pintura “Os embaixadores”, clique aqui.

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Thelma De Carvalho Guimarães
Thelma De Carvalho Guimarães
7 anos atrás

Parabéns pelo artigo tão detalhado e bem pesquisado.

Joelza Ester
Joelza Ester
7 anos atrás

Obrigada Thelma!

Rosa Borges
Rosa Borges
7 anos atrás

Lindo seu artigo… Salvei o link… Esta página é uma delícia de se visitar. Tanta coisa boa q diminui o trabalho da gente e informa coisas e fatos q podem nos passar despercebidos… Parabéns… Inda vou fazer um curso de História dá Arte…

Joelza Ester
Joelza Ester
7 anos atrás
Reply to  Rosa Borges

Obrigada pelo incentivo Rosa!

Vera Valtingojer
Vera Valtingojer
6 anos atrás

Maravilhoso artigo. Obrigada por compartilhar conosco uma pesquisa tão bem feita. Parabéns.

Crístian Rosa
Crístian Rosa
6 anos atrás

Faltou a alusão ao compasso e ao esquadro, representação da influência da Maçonaria.

Joelza Ester
Joelza Ester
6 anos atrás
Reply to  Crístian Rosa

Não encontrei essa referência em nenhum dos especialistas em História da Arte. A maçonaria apesar de sua origem remontar à Idade Média, foi somente no século XVII que ela só se organizou sob a forma que conhecemos – o que é posterior à época de Holbein. Por outro lado, o compasso e o esquadro são objetos já conhecidos e relacionados à Matemática e Geometria consagradas no Renascimento como artes do conhecimento. Obrigada pela colaboração.

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